1 Introdução. Information Society for All Lei de acessibilidade da União Européia.

Documentos relacionados
Núcleo de Educação a Distância Construindo parcerias e vencendo desafios

Conceitos Básicos. Aula 04 13/03/2013. INF1403 Introdução a IHC. Profa. Luciana Salgado

AVALIAÇÃO DA USABILIDADE DA SALA VIRTUAL MOODLE DO IFCE - CAMPUS IGUATU. PALAVRAS-CHAVE: Usabilidade, MOODLE, avaliação, sala virtual

Acessibilidade na Educação a Distância. Amanda Meincke Melo VIII Fórum EaD Bagé/RS

ANEXO I DO EDITAL DETALHAMENTO DOS SERVIÇOS

Jaguarão, 26 de fevereiro de Amanda Meincke Melo

ENGENHARIA DE USABILIDADE

Engenharia de Computação Disciplina: Projeto de Interação Professor: Luis Retondaro Turma: 1 Período

Construção de Front-end Guiado à Testes de Acessibilidade

Qualidade em IHC. INF1403 Introdução à Interação Humano-Computador Prof. Alberto Barbosa Raposo

Prof. Emiliano S. Monteiro. [Versão 7 Maio/2019]

Acessibilidade na WEB. Euder Flávio Fernando Iran Giovanne Librelon Victor Hugo

IHC Interação Humano-Computador. Silvério Sirotheau

Introdução. Para aumentarmos a qualidade de uso de sistemas interativos, devemos identificar os elementos envolvidos na interação usuário-sistemas:

Política de Governo Eletrônico e Modelo de Acessibilidade

AMBIENTE AUTOCONFIGURÁVEL COM IMPLEMENTAÇÃO DE ACESSIBILIDADE

Introdução Introdução

Lista de Exercícios AV2 01

AVALIAÇÃO DE INTERFACES

A seguir, apresentamos os itens que compõem cada um dos indicadores de Instituição, Curso e Infraestrutura.

VIABILIDADE E ACEITAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA COMO RECURSO DIDÁTICO NAS AULAS DO ENSINO MÉDIO DE MATEMÁTICA

Projeto 2B Portal de Teses da BVS Saúde Pública 19 de janeiro de 2005


A seguir, apresentamos os itens que compõem cada um dos indicadores de Instituição, Curso e Infraestrutura.

Você pode ter um site bonito, com um bom layout e facilmente navegável... Mas, isso não significa que todos estejam divertindo-se com ele.

Centro de Tecnologia e Sociedade

EditWeb: Auxiliando professores na autoria de páginas Web que respeitem critérios de Usabilidade e Acessibilidade

2 Delineamento da Pesquisa

CONTRIBUIÇÃO PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL: O USO DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVA

INTERFACE HOMEN- MÁQUINA DESENHO DE INTERFACES E ACESSIBILIDADE

Interface Usuário Máquina. Aula 05

MANUAL DO ALUNO INSTITUTO BÍBLICO DA IGREJA CRISTÃ MARANATA

Modelos Pedagógicos para Educação a Distância: pressupostos teóricos para a construção de objetos de aprendizagem

DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA DIVISÃO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DEP REQUISITOS E FORMAS DE ACESSO

7/1/2010. Acessibilidade Web. Ms. Informática na Educação-PPGEDU/UFRGS Acessibilidade

1 Introdução. 1.1.A pesquisa na WWW

Sistema de Informação da Indústria Brasileira de Software e Serviços SIBSS. Brasília, 24 de outubro/2007

PROPOSTA DE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM MEDIADO PELA TV DIGITAL INTERATIVA

Ergonomia e Usabilidade

RELEVÂNCIA PARA A FORMAÇÃO DO BOLSISTA

FACULDADE UNA DE UBERLÂNDIA COLEGIADO DE CURSOS RESOLUÇÃO Nº 34 DE 15 DE DEZEMBRO DE 2017

SmartNews: aliando tecnologia à informação 1

Formação de professores a distância e em serviço através de ambientes digitais A VIVÊNCIA DO PROINESP

TERMOS DE REFERÊNCIA PARA CONSULTORIA INDIVIDUAL

Aliana Pereira Simões. Avaliação Ergonômica da Usabilidade do Ambiente Virtual de Aprendizagem: CEAD-IFES/ES, um estudo de caso

INTERFACE HOMEM- MÁQUINA DESENHO DE INTERFACES E ACESSIBILIDADE

Recomendação de políticas Inclusão de pessoas com deficiência

COMO AMPLIAR MERCADO INVESTINDO EM ACESSIBILIDADE DIGITAL

POLO ESTEIO. (Matriculados = 43) (Respondentes = 41,36%) Não Existe Média. Desvio. Padrão SCO

Ensino em arquitetura e urbanismo: meios digitais e processos de projeto

que muitas empresas procurem outras alternativas para produzir sites dinâmicos, cada vez mais interativos e com o uso de banco de dados.

Qualidade em IHC. INF1403 Introdução à Interação Humano-Computador Prof. Alberto Barbosa Raposo

A importância da acessibilidade digital na construção de objetos de aprendizagem

ANEXO I. DISCIPLINAS A SEREM OFERECIDAS PELO BiBEaD:

Como as aplicações de entretenimento (em especial jogos digitais) têm enfrentado um constante crescimento, tanto em tamanho quanto em complexidade,

Ministério da Fazenda ABRIL B R A S Í L I A

AMBIENTES VIRTUAIS ACESSÍVEIS SOB A PERSPECTIVA DE USUÁRIOS COM LIMITAÇÃO VISUAL

Guia do Estudante

WEBINAR Acessibilidade na EaD

DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA DIVISÃO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DEP

JOF - JOINT OPERATIONS FACILITY

Acessibilidade de materiais digitais

Projeto Integrador. <Projeto Integrador> Documento Visão. Versão <1.0>

ConstruMED Metodologia para a Construção de Materiais Educacionais Digitais Baseados no Design Pedagógico. Acessibilidade

educação e tecnologia PLANO DE ENSINO Atualização em Tecnologias Assistivas: promovendo a aprendizagem e a inclusão da Pessoa com Deficiência

ACESSIBILIDADE COMUNICACIONAL NA UFRB: UMA ANÁLISE DO SITE INSTITUCIONAL. Eixo Temático: Contextos culturais, tecnologias e acessibilidade

AVALIAÇÃO DE AMBIENTES VIRTUAIS. Profa. Dra. Stela C Bertholo Piconez Pós-graduação da Faculdade de Educação - USP

A seguir, apresentamos os itens que compõem cada um dos indicadores de Instituição, Curso e Infraestrutura.

DIOGO ÂNGELO VIEIRA DA NÓBREGA

Comissão Própria de Avaliação CPA

portanto ativos no mercado de trabalho. Aproximadamente 95% de nossos alunos são professores da Educação Básica.

INTRODUÇÃO: INTERAÇÃO HUMANO- COMPUTADOR. Aula 2

DESIGN MULTIMÉDIA SÍTIOS DA WEB

Avaliação de Usabilidade Referências

CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA COMPEDE VERA CRUZ - RS I CONFERÊNCIA MUNICIPAL DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊCIA

Método de prototipação em papel Comparativo dos métodos de avaliação

Anexo I. Recomendações para construção de páginas acessíveis para o EAD da Universidade Caixa.

1. TEMA DA PESQUISA 2. OBJETIVOS DA PESQUISA 1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA DA PESQUISA

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA SUBÁREA: ENGENHARIAS INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE

Escola para todos: Inclusão de pessoas com deficiência

APRESENTAÇÃO DO CURSO

Metodologia Científica. Construindo Saberes

Material didático para acompanhamento das aulas. Para elaboração final do trabalho, consultar também os textos de apoio e as normas (ABNT).

ELEMENTOS ARTÍSTICOS COMO ESTRATÉGIA DE SALA DE AULA PARA A INOVAÇÃO DO USO DO LAPTOP EDUCACIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR

Ambientação à Plataforma Moodle

Uma Abordagem para Testes de Acessibilidade dos Sistemas Desenvolvidos no CPD-UFRGS

Interação Humano-Computador Introdução PROFESSORA CINTIA CAETANO

Objetos de Aprendizagem para professores da Ciberinfância

Seu site é adequado para a

Da Finalidade e Objetivos

Interação Humano-Computador

SOMOS. Acreditamos no poder da informação para tomar decisões e compartilharmos a vontade de fazer deste país um ambiente de negócios melhor.

A IMPORTÂNCIA DA ACESSIBILIDADE EM APLICAÇÕES WEB

TECNOLOGIAS ASSISTIVAS: FERRAMENTAS PARA USO DO COMPUTADOR

Título do Curso: Como construir um plano de Comunicação Digital. Número Máximo de Vagas: 35 no presencial Ilimitado no EaD

ACESSIBILIDADE PARA DEFICIENTES VISUAIS NO AMBIENTE VIRTUAL MOODLE: UM ESTUDO DE CASO NO CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DA UEG

INF1303 Introdução a Interação Humano-Computador Prova 1 - Parte 1 - Turma: 3VA 17-19h Professora: Maria Lúcia Seixas Data: 27/03/2007.

FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: O PROGRAMA ESCOLA ACESSÍVEL

ENGENHARIA DE USABILIDADE Unidade I Conceituação. Luiz Leão

Transcrição:

1 Introdução A construção de uma sociedade de plena participação e igualdade tem como um de seus princípios a interação efetiva de todos os cidadãos. Nessa perspectiva, é fundamental a construção de políticas de inclusão para o reconhecimento da diferença e para desencadear uma revolução conceitual que conceba uma sociedade em que todos devem participar, com direito de igualdade e de acordo com suas especificidades. As novas tecnologias da informação e da comunicação encerram potencialidades positivas ao contribuírem cada vez mais para a integração de todos os cidadãos. (CONFORTO e SANTAROSA, 2002). Atualmente há o desafio evidente de produção de sistemas computacionais para serem utilizados, na maior extensão possível, por todas as pessoas, segundo Melo e Baranauskas (2005). Para elas, esse desafio surge, por exemplo: Da necessidade de se oferecer qualidade de vida para todos, atendendo às exigências de setores da sociedade anteriormente excluídos, em consonância com a ideologia de inclusão social (ex. na escola, na universidade, no ambiente de trabalho, no acesso à informação), em construção no Brasil e em outros países do mundo; Da exigência de países para que os sistemas de informação da administração pública sejam acessíveis de forma indiscriminada, como por exemplo, o Decreto n 5.296 de 2 de dezembro de 2004, no Brasil, a Section 508 1, nos EUA e a Information Society for All 2, na União Européia; Da potencial ampliação do número de consumidores, uma vez que há cerca de 500 milhões de consumidores prospectivos de sistemas computacionais no mundo com algum tipo de deficiência (FGV, 2003). No Brasil, o acesso à informação é um direito constitucional e é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. (BRASIL, 1998 apud MELO e BARANAUSKAS, 2005). 1 Section 508 Lei americana de acessibilidade. http://www.section508.gov/ 2 Information Society for All Lei de acessibilidade da União Européia. http://www.e-europestandards.org/

Introdução 26 A internet fornece muitas informações preciosas e a população de usuários da web é diversificada, incluindo usuários de todas as idades, níveis educacionais e níveis de experiência com computadores (SHNEIDERMAN, 2000). Muitos usuários da web têm vários tipos de deficiência. Essas deficiências incluem: sensorial, como visão e audição; motor, com uso limitado de mãos; e cognitivas, com problemas de aprendizagem. Esses usuários com deficiência utilizam várias formas de tecnologias assistivas para auxiliá-los a navegar na web. Tecnologias assistivas incluem hardware e software como leitor de tela, reconhecimento de voz, teclado alternativo e outros (PACIELLO, 2000), que veremos com mais detalhes no próximo capítulo. Para Melo e Baranauskas (2005), enquanto algumas pessoas conseguem acessar informações de interesse público, (...) outras ainda enfrentam inúmeras barreiras para fazê-lo. Para elas, diante disso, o debate em torno dos temas acessibilidade e inclusão digital tem reunido representantes do governo, da sociedade civil, das instituições de ensino, entre outros. Um sítio, que é suficientemente flexível para ser usado por todas essas tecnologias, é chamado sítio acessível (SLATIN & RUSH, 2003). De acordo com Melo e Baranauskas (2005), a acessibilidade tem sido reconhecida como uma condição fundamental à inclusão digital, um dos mecanismos para viabilizar inclusão social (...). O capítulo que trata do acesso à informação e à comunicação, no Decreto n 5.296 de 2 de dezembro de 2004, por exemplo, prevê um prazo de 12 meses (a contar da data de sua publicação) para que as informações de portais e sítios da administração pública fiquem plenamente acessíveis às pessoas com deficiência visual (Brasil, 2004). Esse grupo representa 67,66% da população brasileira com algum tipo de deficiência que, segundo dados do Censo 2000 (IBGE, 2005), totalizam cerca de 24.600.256 de pessoas (14,61% da população brasileira). (MELO e BARANAUSKAS, 2005). Atualmente, também está em andamento a definição de recomendações de acessibilidade pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Governo Federal em conjunto com a ONG Acessibilidade Brasil e também de definições de normas técnicas visando à acessibilidade web, sob responsabilidade do Comitê Brasileiro de Acessibilidade (CB40) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Introdução 27 A observância de requisitos de acessibilidade tem impacto direto na qualidade da interação entre pessoas diferentes e sistemas computacionais. A web, por exemplo, tem sido utilizada por milhões de pessoas para obterem acesso a diversos serviços e informações atualmente veiculados nessa mídia e, através da comunicação (mediada por ferramentas de e-mail, fóruns de discussão, salas virtuais de bate-papo, sistemas de grupo, blogs, sistemas de educação à distância (EaD), comunidades virtuais, etc.), trocarem idéias e/ou fazerem parte de uma comunidade. Para tornar a interação humano-computador viável a um público heterogêneo em vários aspectos (ex. cultural, educacional, antropométrico, etc.), o design de interfaces tem exigido cada vez mais atenção a soluções que flexibilizem a interação e o acesso à informação como forma de atender as necessidades de seus diferentes usuários. Essas necessidades dizem respeito, entre outras coisas, às tecnologias de acesso à informação e de interação utilizadas (ex: browsers 3 e tecnologias assistivas), às características físicas e cognitivas dos usuários (ex: mobilidade, acuidade visual e auditiva, compreensão das informações), às condições oferecidas pelo ambiente (ex: espaço para aproximação e uso, iluminação e ruído). (MELO e BARANAUSKAS, 2005). Tornar a web indiscriminadamente acessível a todas as pessoas é uma tarefa que transcende a definição de padrões e normas de acessibilidade, segundo Melo e Baranauskas (2005). Elas pressupõem também: A sensibilização e educação para o reconhecimento e respeito às diferenças; A mobilização das próprias pessoas atualmente excluídas; O estabelecimento de leis e de políticas públicas. A pesquisa em questão se insere na linha de pesquisa Design: Ergonomia e Usabilidade e Interação Humano-Computador (IHC), no Programa de Pós Graduação em Design da Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e foi realizada entre os anos 2005 e 2006. Esta pesquisa está baseada em conceitos e práticas do design visando delinear um framework teórico-metodológico para abordar acessibilidade, usabilidade, desenho universal, interação humano-computador com o objetivo de identificar se as recomendações de acessibilidade, indicadas pelo Governo Federal, são suficientes para a adequação do conteúdo dos sítios governamentais brasileiros para pessoas com deficiência visual. Segundo Melo e Baranaukas (2005), o tema acessibilidade reflete diretamente na qualidade da interação entre diferentes pessoas e os sistemas computacionais. E por conta disso, o tema desta pesquisa refere-se ao estudo 3 Um browser é um programa de computador usado para acessar sítios e informações na rede. Fonte: Webster on-line (2006). Em: http://www.webster.com/dictionary/.

Introdução 28 ergonômico da acessibilidade nas interfaces de sítios governamentais e tem como assunto geral o estudo ergonômico da acessibilidade nas interfaces de sítios, e como assunto específico a acessibilidade nos sítios governamentais. O objeto desta pesquisa consiste na acessibilidade da interface do sítio da Eletrobrás. A partir da iniciativa a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Governo Federal em conjunto com a ONG Acessibilidade Brasil foi criada a primeira versão do Modelo de Acessibilidade e Cartilha Técnica com recomendações de acessibilidade para a construção de conteúdos do Governo Brasileiro na Internet em dezembro de 2004. Em 17 de Janeiro de 2005 foi lançada a versão 1.4 dos mesmos documentos. A versão mais recente dos documentos é datada de 14 de dezembro de 2005, como a versão 2.0. Esta pesquisa parte do problema que diante desse cenário, a maioria das equipes de desenvolvimento das empresas vinculadas ao Governo Federal e das produtoras de sítios desconhece a existência da Cartilha Técnica do Governo Federal, bem como do Decreto que obriga a acessibilização dos sítios governamentais sem levar em conta se as recomendações, constadas no referido documento, são válidas. Existem, atualmente, aproximadamente 3.000 sítios governamentais (sem contar as autarquias, fundações) contabilizando um montante de cerca de 3.000.000 de páginas, segundo a ONG Acessibilidade Brasil (2005). Algumas perguntas importantes são feitas e ainda estão sem resposta: Qual o nível de prioridade que o sítio deve atender, no prazo estipulado pelo decreto 5.296/2004 que é 02/12/2006? Quem fiscalizará os sítios? Será o Ministério onde a empresa está ligada? Terá uma periodicidade? Existirá algum grupo ou pessoa específica dentro dos ministérios para fazer essa validação? Sabemos que a acessibilização é um processo contínuo. O sítio pode estar acessível hoje, mas basta uma atualização equivocada na página para não estar mais acessível. Então como se dará o processo de fiscalização? O Ministério fiscalizou e encontrou alguma página com algum problema de acessibilidade, então a entidade pública será notificada e terá um prazo para atualizar aquela página? Que prazo será esse?

Introdução 29 É dessa forma que funcionará ou não? A hipótese desta pesquisa é que mesmo seguindo o modelo e os padrões de acessibilidade propostas pelo Governo Federal, os sítios governamentais brasileiros não serão eficazes na sua utilização por pessoas com deficiência visual. A pesquisa tem como objetivo geral propor recomendações e oferecer a todos os grupos sociais, sejam eles com algum tipo de deficiência ou não, acessos tecnologicamente neutros à informação pública nos sítios governamentais através da melhoria da acessibilidade e colaborando com um movimento de inovação rumo à construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva. E como objetivos específicos: Verificar e estudar as normas, leis e recomendações de acessibilidade web ao redor do mundo; Descrever o modelo e a cartilha técnica do Governo Federal; Listar as principais ferramentas de avaliação de acessibilidade; Adaptar o sítio da Eletrobrás com base nas recomendações, Verificar o conhecimento do desenvolvedor brasileiro sobre o termo acessibilidade, das ferramentas de validação de sítios; Conhecer hábitos de desenvolvimento; Saber se as empresas estão trabalhando para se enquadrar ao decreto brasileiro; Obter informações sobre como os gerentes da Eletrobrás vêem a importância de tornar o sítio da Eletrobrás acessível para pessoas com deficiência visual; Validar as páginas conforme o processo de acessibilização de sítios; Identificar os problemas que os usuários cegos poderiam encontrar ao navegar pelo protótipo funcional do sítio da eletrobrás; Identificar como o usuário cego navega na Internet., dentre outros aspectos. Os métodos e procedimentos utilizados nesta pesquisa foram: Questionário on-line com desenvolvedores web: O objetivo deste questionário era verificar o conhecimento do desenvolvedor brasileiro sobre o termo acessibilidade, das ferramentas de validação de sítios, conhecer hábitos de desenvolvimento, saber se as empresas estão trabalhando para se enquadrar ao Decreto brasileiro e sobre a relevância de se pensar na inclusão digital como caminho para a inclusão social, dentre outros aspectos; Avaliação de acessibilidade no sítio da Eletrobrás (estudo de caso): Com objetivo de avaliar e identificar os possíveis problemas existentes na página principal da área de Relações com Investidores dentro do sítio da Eletrobrás (versão 2004/2006); Entrevistas com gestores da Eletrobrás (estudo de caso): Com objetivo de obter informações sobre como eles vêem a importância de tornar o

Introdução 30 sítio da Eletrobrás acessível para pessoas com deficiência visual, se acreditam que a acessibilização é um fator de obrigatoriedade por conta do decreto ou uma questão de responsabilidade social, se o estudo deve ser ampliado para as empresas do Grupo Eletrobrás, se a Eletrobrás como holding deve ser parâmetro para as outras empresas do Grupo, ou seja, como a Eletrobrás encara a questão da acessibilidade web em todos os aspectos; Desenvolvimento de um protótipo: Com base na avaliação da acessibilidade web realizada, foi desenvolvido um protótipo funcional do sítio da Eletrobrás contendo a Home, a página principal da área de Relações com Investidores e uma página interna da área de Relações com Investidores utilizando as recomendações do Modelo de Acessibilidade do Governo Eletrônico e corrigido os problemas encontrados nas páginas originais com o levantamento feito da avaliação da acessibilidade web; Avaliação Cooperativa junto a usuários com deficiência visual testando o protótipo: Com objetivo de identificar os problemas que os usuários com deficiência visual poderiam encontrar ao navegar pelo protótipo funcional do sítio da Eletrobrás na busca de alguma informação, mesmo depois desse protótipo ter passado por todas as etapas de validação de acessibilidade. Como justificativa, para alcançar esses objetivos citados acima, é necessário que as normas, diretrizes e recomendações sobre acessibilidade na web sejam usadas pelos desenvolvedores dos conteúdos dos sítios governamentais. De acordo com Borges et al. (2003), seguindo as regras de acessibilidade os desenvolvedores estarão abrindo a possibilidade do acesso às informações apresentadas nas páginas aos usuários com deficiência, (...). A partir da análise dos dados foi possível confirmar a hipótese dessa pesquisa e concluir que é necessária a participação do usuário desde o início do projeto. Mesmo as recomendações não sendo suficientemente eficazes para atender ao Decreto, entendemos que essa medida foi apenas um primeiro passo rumo a uma sociedade verdadeiramente inclusiva no Brasil. A seguir apresenta-se uma tabela descritiva com o resumo das informações de cada capítulo.

Introdução 31 Quadro de Capítulos Capítulo Conteúdo Objetivos Delineamento da pesquisa de forma preliminar mostrando o estado da arte, tema e desenvolvimento, problema, objeto, variáveis, hipóteses, objetivo, justificativa, métodos e técnicas e conclusão. 1. Introdução 2. Acessibilidade 3. Novas perspectivas da Interação Humano- Computador (IHC) 4. Legislação brasileira de acessibilidade na web 5. Diretrizes e recomendações para promover a acessibilidade web 6. Delineamento da pesquisa 7. Métodos e técnicas da pesquisa e estudo de Princípios e conceitos da acessibilidade de uma forma ampla. Histórico das iniciativas internacionais. Desenho Universal, tecnologias assistivas, Inclusão Digital e Social são assuntos também abordados. Condições especiais de acesso à web por pessoas com deficiência, além de categorizá-los de forma preliminar. São discutidos os termos com uma abordagem ergonômica, mostrando que além de se prover acesso à informação existe a necessidade de se ter satisfação, eficiência, eficácia na navegação. Apresentação de uma forma preliminar de decretos e leis que compõe a legislação brasileira no que diz respeito à acessibilidade, mostrando a sua evolução em forma de lei. São apresentadas diretrizes e recomendações do W3C/WAI. São mostrados também o modelo de acessibilidade do Governo Brasileiro e a cartilha técnica para desenvolvimento de sítios acessíveis. É apresentado de forma completa o delineamento da pesquisa, estado da arte, tema, problema, objeto, hipótese, variáveis, objetivos geral e específico e sua justificativa. Será apresentado o estudo de caso (sítio da Apresentar a presente pesquisa de forma introdutória, mostrando o que foi feito ao longo da pesquisa. Apresentar conceitos que cercam a temática da acessibilidade. Conceituar acessibilidade sob a ótica da IHC apresentando conceitos de interface, interação e principalmente a usabilidade neste contexto fazendo um comparativo com acessibilidade. Buscar a evolução da temática da acessibilidade, no Brasil, na forma de lei. Apresentar as diretrizes e recomendações para desenvolvimento de sítios acessíveis Fala-se também sobre a necessidade de harmonização mundial desses padrões. Tem como objetivo apresentar as premissas da pesquisa delineadas ao longo do curso de Mestrado em Design. Apresentar os métodos e técnicas que serão

Introdução 32 caso no sítio da Eletrobrás 8. Tabulação e análise dos dados 9. Desenvolvimento de sugestões ergonômicas de acessibilidade e conclusão Referências bibliográficas Apêndices Eletrobrás) apresentando um pequeno histórico da empresa. Serão discutidos também os métodos utilizados na pesquisa: questionário on-line, entrevistas, avaliação de acessibilidade web, desenvolvimento de um protótipo funcional e avaliação cooperativa. Mostram-se os resultados da pesquisa aplicada analisando-se os resultados e apresentando as conclusões parciais de cada método. Em seguida é feita uma avaliação de todos os resultados obtidos pelas técnicas utilizadas. Apresentam-se os resultados obtidos, as recomendações propostas, as lições aprendidas, os desdobramentos da pesquisa, as contribuições para o design no Brasil e as considerações finais. Livros utilizados, artigos pesquisados, sites visitados, reportagens de jornais e revistas e profissionais entrevistados. São colocados nessa seção os materiais que foram utilizados para aplicação das técnicas, como o questionário, que foi aplicado para os desenvolvedores, os gráficos dos resultados do questionário e da avaliação cooperativa e as entrevistas na íntegra com gerentes da Eletrobrás. Tabela 01: Conteúdo detalhado da dissertação. auxiliarão a pesquisa e apresentar também o estudo de caso. Apresentar e discutir os resultados obtidos com a metodologia aplicada. Concluir a pesquisa, servir de referência e fornecer indicadores para próximos estudos sobre o tema. Organizar referencial comprovando as informações descritas ao longo da pesquisa. Servir de apoio na leitura da dissertação e embasamento para tudo o que foi escrito relacionado à metodologia aplicada no estudo.