357 Processo nº: 0326-02.00/10-1 Matéria: Órgão: PROCESSO DE CONTAS LEGISLATIVO MUNICIPAL DE SAPUCAIA DO SUL Exercício: 2010 Gestor: JARBAS SAMPAIO VIEIRA Procurador: MILTON PINHEIRO DOS SANTOS OAB/RS nº 24.294 Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO Data da Sessão: 24-07-2013 SUSTENTAÇÃO ORAL PROCESSO DE CONTAS. FIXAÇÃO DE DÉBITO. MULTA. REGULARIDADE, COM RESSALVAS. RECOMENDAÇÃO AO ATUAL GESTOR. O desvio de finalidade no pagamento de diárias e inscrições em cursos de qualificação de servidores; as ausências de vereadores em sessões ordinárias sem o respectivo desconto nos subsídios; e os pagamentos de despesas com telefonia celular em valores excedentes ao estabelecido no contrato conduzem à fixação de débito. O descumprimento de normas constitucionais e legais reguladoras da gestão administrativa determina a imposição de penalidade pecuniária. A existência de falhas que, em seu conjunto, não comprometem a Gestão determina o julgamento pela regularidade, com ressalvas. As inconformidades verificadas justificam recomendação ao atual Administrador, no sentido da implementação de medidas preventivas e corretivas. Trata-se do Processo de Contas do Senhor Jarbas Sampaio Vieira, Administrador do Legislativo Municipal de Sapucaia do Sul, no exercício de 2010. A Supervisão de Instrução de Contas Municipais SICM ao consolidar o Feito, destacou que (fls. 207 a 209):
358 a) a documentação foi entregue nos termos do artigo 115, inciso I, do Regimento Interno do do Estado RITCE, e observado o prazo previsto no artigo 96, do citado Diploma Regimental; b) a Primeira Câmara, em Sessão de 18-10-2011, emitiu o Parecer n 10.988, pelo atendimento à Lei de Responsabilidade Fiscal LRF, exercício de 2010; c) não-encaminhamento de dados relativos à Base de Legislação Municipal BLM, e atraso na remessa dos dados pertinentes ao Sistema para Controle de Obras Públicas SISCOP; d) foram evidenciadas inconformidades, conforme Relatórios de Auditoria Ordinária Tradicional Acompanhamento de Gestão nºs 01/2010 e 02/2010 (final); Intimado a se manifestar, o Gestor apresenta esclarecimentos (fls. 214 a 223), firmados por procurador devidamente constituído (o advogado Milton Pinheiro dos Santos OAB/RS nº 24.294 fl. 224), acompanhados de documentação (fls. 225 a 322). A Área Técnica reinstruiu o Feito e, procedendo à análise das justificativas e documentação apresentadas, concluiu, em síntese, pela permanência das inconformidades a seguir (fls. 323 a 341). Da Auditoria Dos Relatórios de Auditoria Ordinária Tradicional Acompanhamento de Gestão nºs 01/2010 e 02/2010 (final) Item 1.1 Realização de dispêndios sem finalidade pública. Foram identificados empenhos para a realização de cursos de qualificação de servidores, com o consequente pagamento de diárias para participação em tais eventos, os quais ocupavam cargos dentro da administração que não possuíam nenhuma relação de pertinência com o conteúdo dos cursos realizados. Desobediência aos princípios constitucionais da economicidade, razoabilidade e eficiência. A Equipe de Auditoria sugere a fixação de débito do montante de R$ 9.200,00, referente aos gastos com as inscrições dos servidores nos mencionados
359 cursos e com as despesas relativas às diárias. A Supervisão de Instrução de Contas Municipais sugere a redução do indicativo de débito para R$ 7.570,00 (fls. 178, 179, 324 a 326). Item 2.1 A Lei Municipal n 3.205/2010 criou no âmbito da Procuradoria Geral da Auditada os cargos de Procurador-Geral, Procurador-Geral Adjunto e Assessor Jurídico, todos de provimento comissionado, e de Advogado, com provimento efetivo. Considerando-se a necessidade de independência funcional e da continuidade administrativa dos serviços afetos ao setor jurídico dos entes públicos, revelando-se uma atividade típica de Estado, a vinculação por comissionamento afigura-se constitucionalmente ofensiva. A Equipe de Auditoria sugere a negativa de executoriedade do artigo 7 da citada Lei Municipal, na parte que cria os cargos comissionados de Procurador-Geral Adjunto e de Assessor Jurídico, forte na Súmula 347 do STF. A Supervisão de Instrução de Contas Municipais, por sua vez, mantém apenas a negativa de executoriedade em relação ao cargo em comissão de Assessor Jurídico (fls. 179 a 181 e 327 a 329). Item 3.1 A Lei Municipal n 3.058/2008 definiu em seu artigo 2º, que a reposição da perda do poder econômico dos subsídios dos Edis ocorreria sem distinção de índices e na mesma data dos reajustes dos servidores públicos municipais. Contudo, em 2009, enquanto os servidores municipais receberam recomposição salarial de 5,92%, aos Vereadores foi concedido 6,00%, ou seja, uma majoração indevida de 0,08%. Ofensa ao inciso X do artigo 37 da Constituição Federal e ao artigo 2º da Lei Municipal n 3.058/2008. Sugestão de débito no valor de R$ 523,08 (fls. 181 a 183 e 329 a 331). Item 3.2 - A Lei Municipal nº 3.058/2008 prevê em seu artigo 4º que o Vereador que deixar de comparecer injustificadamente às sessões legislativas ordinárias realizadas terá descontado, por cada ausência, o valor correspondente a R$ 591,87 de seu subsídio. Verificou-se na análise das listas de presenças e das atas das sessões ordinárias, que ocorreram ausências injustificadas de Vereadores sem o referido desconto nos subsídios. Violação dos princípios da legalidade e moralidade, previstos no caput do artigo 37 da Constituição Federal e do artigo 4º da Lei Municipal nº 3.058/2008. Sugestão de débito no valor de R$ 16.572,36 (fls. 183 a 186 e 331 a 333).
360 Item 4.1.1 A Resolução n 450/2008 estabeleceu os valores das diárias dos vereadores e servidores do Legislativo Municipal em percentuais fixos sobre subsídios/vencimentos. Tal situação não se coaduna com a natureza indenizatória do instituto, permitindo a existência de valores divorciados de parâmetros técnicos. Situação que expõe vulneração ao princípio da razoabilidade, insculpido no artigo 19 da Constituição Estadual. Irregularidade apontada nos exercícios de 2005, 2006, 2007 e 2008. A Equipe de Auditoria sugere a negativa de executoriedade da Resolução nº 450/2008. A Supervisão de Instrução de Contas Municipais, por sua vez, sugere o afastamento da negativa de executoriedade, em razão da edição da Resolução nº 468/2012 (fls. 186 a 188 e 333 a 335). Item 4.2.1 - A Auditada firmou com a empresa Vivo S/A o Contrato nº 001/2009, em 07 de maio de 2009, para prestação de serviço de telefonia celular móvel pessoal, para ligações locais e nacionais, mediante plano corporativo com fornecimento, em regime de comodato, de 40 linhas e 40 aparelhos celulares. Não houve a adequada autorização legislativa para efetivação das despesas associadas ao referido Contrato. Desrespeito ao princípio constitucional da legalidade. Sugestão de débito de R$ 22.872,00 (fls. 188, 189, 335 a 338). Item 4.2.2 Constataram-se pagamentos pelos serviços prestados à empresa Vivo S/A (Contrato n 001/2009) acima dos valores pactuados. Registre-se também a inexistência de controles por parte da Auditada do uso dos serviços e dos valores pagos, vulnerando a finalidade pública da despesa. Sugestão de débito no valor de R$ 12.187,82 (fls. 189 a 191 e 336 a 338). Do Relatório Geral de Consolidação das Contas Da Base de Legislação Municipal BLM e do Sistema para Controle de Obras Públicas SISCOP As remessas dos dados relativos à Base de Legislação Municipal do do Estado BLM (item 2), assim como as pertinentes ao Sistema para Controle de Obras Públicas SISCOP (item 3), não foram procedidas, na sua totalidade, de acordo com as condições e os prazos previstos
361 na Resolução n 843/2009 e Instrução Normativa n 12/2009, e na Resolução n 612/2002 e Instrução Normativa n 23/2004, e suas alterações, respectivamente, conforme evidenciado na folha 208 (fls. 338 e 339). O Ministério Público junto a este, por meio do Parecer nº 8528/2013, da lavra da Adjunta de Procurador Daniela Wendt Toniazzo, opinou, em síntese, pela irregularidade das Contas do Senhor Jarbas Sampaio Vieira, pela imposição de multa e fixação de débito de responsabilidade do mesmo Gestor (itens 1.1, 3.1, 3.2 e 4.2.2 do Relatório de Auditoria), negativa de executoriedade do inciso III do artigo 7º da Lei Municipal nº 3.205/2010 e da Resolução nº 450/2008 (Súmula nº 347 do STF), cientificação ao Procurador-Geral de Justiça e ao Procurador Regional Eleitoral, determinação ao atual Administrador, para que adote as medidas cabíveis à autorização legislativa necessária à criação de despesas com telefonia móvel e verificação, em futura auditoria, das medidas implementadas pelo Responsável para o cumprimento da decisão exarada nestes autos (fls. 342 a 354). Havendo pedido de intimação do Procurador acerca da data de inclusão do Processo em julgamento, para o fim de produção de sustentação oral (fl. 222), determinei as providências de praxe. É o RELATÓRIO. Passo ao VOTO. Inicio o exame pelos itens onde há sugestão de negativa de executoriedade de normas locais. O item 2.1 do Relatório de Auditoria aponta que as atividades jurídicas do Poder Legislativo estão subordinadas a cargos em comissão e sugere que seja negada executoriedade ao artigo 7º da Lei Municipal nº 3.205/2010, na parte que trata dos cargos em comissão de Procurador-Geral Adjunto e Assessor Jurídico. A Supervisão de Instrução de Contas Municipais e o Agente Ministerial endossam o apontamento, mas mantêm a proposição de negativa de executoriedade do aludido diploma legal apenas ao cargo em comissão de
362 Assessor Jurídico, tendo em vista que o cargo em comissão de Procurador-Geral Adjunto foi extinto pela Lei Municipal nº 3.312/2011 (fl. 228). No exame dos autos, verifico que a matéria controvertida ficou restrita ao cargo em comissão de Assessor Jurídico, na medida em que o outro cargo criticado (Procurador-Geral Adjunto) foi extinto durante o exercício sob exame. Desde logo, devo dizer que em relação ao cargo em comissão de Assessor Jurídico, tenho me posicionado pela regularidade da nomeação de servidor em comissão para funções desta natureza, por entender que as atividades do cargo estão dentre as do trinômio de Direção, Chefia ou Assessoramento. Com efeito, o artigo 37, inciso V, da Carta Magna, faz referência à atribuição de assessoramento, o que, a meu juízo, se coaduna com o caso concreto. Assim, e em linha de convergência com os julgados deste Colegiado, quando da análise, por exemplo, dos Processos de Contas nºs 1303-02.00/09-3 Legislativo Municipal de Ciríaco; 2471-02.00/09-6 do Legislativo Municipal de Vacaria; 1280-02.00/09-1 Legislativo Municipal de Vila Maria; e 1640-02.00/09-7 Legislativo Municipal de Morro Reuter, os quais versam sobre matéria idêntica à que ora se aprecia, sou pelo afastamento do aponte. No item 4.1.1 do Relatório de Auditoria apontou-se que os valores das diárias foram fixados em percentuais fixos sobre os valores dos subsídios ou vencimentos, situação que não se coadunaria com a natureza indenizatória das diárias, em desobediência ao princípio da razoabilidade. Foi sugerida a negativa de executoriedade da Resolução nº 450/2008. A Supervisão de Instrução de Contas Municipais, ao analisar a matéria, opinou pelo afastamento da sugestão de negativa de executoriedade da Resolução nº 450/2008, em razão da edição da Resolução nº 468/2012.
363 Em consulta ao texto da Resolução Plenária nº 468/2012 1, que fixa os valores das diárias para os servidores e vereadores do Poder Legislativo, observo que a crítica da auditoria não mais persiste, na medida em que foram estabelecidos novos valores para as diárias, agora expressos em moeda corrente nacional. Portanto, considerando que a situação apontada foi corrigida e que a Resolução nº 450/2008 foi tacitamente revogada pela Resolução Plenária nº 468/2012, conforme entendimento da Área Técnica, voto pelo afastamento do aponte. A seguir, passo à análise dos itens onde há indicativo de glosa. No item 1.1, a Equipe de Auditoria aponta o desvio de finalidade no pagamento de diárias a servidores, bem como de inscrições para a participação destes em curso, seminário e congresso, cujos conteúdos programáticos não apresentariam correlação com as funções desempenhadas pelos mesmos. Há sugestão de fixação de débito no valor de R$ 9.200,00. O Administrador, em sua defesa, alega que a participação dos servidores Elvis da Silva Costa e Franciele da Silva Chiesa, Agentes de Segurança, e das servidoras Leci Cardoso e Marinez Ribeiro Machado, Porteiras, nos eventos, se deu em razão da ativa participação dos mesmos na Comissão Permanente de Licitações e na Controladoria da Casa, sendo indispensável a qualificação destes colaboradores. A Supervisão de Instrução de Contas Municipais, ao analisar a inconformidade, sugere a redução do indicativo de débito para R$ 7.570,00, ao passo que o Agente Ministerial propõe seja fixado débito no valor de R$ 5.940,00. No exame da matéria, verifico que o conteúdo programático do evento intitulado Estudo sobre as Rotinas Administrativas e a Importância do Processo Legislativos Municipais (fl. 22) não apresenta correlação com as funções desempenhadas pelo servidor Elvis da Silva Costa, assim como nada trata sobre o tema licitações. 1 Disponível na Base de Legislação Municipal do do Estado. Acesso em: 05/07/2013.
364 Constato, também, que a defesa não acostou aos autos qualquer elemento comprobatório de que o evento intitulado Congresso Regional sobre Gestão de Câmaras de Vereadores tenha tratado de matérias relacionadas com as atribuições desempenhadas pelos servidores Elvis da Silva Costa, Marinez Ribeiro Machado e Francieli da Silva Chiesa, ou da temática licitações e contratos administrativos, já que esses servidores integram a Comissão de Licitações. Assim, em sintonia com o posicionamento do Agente Ministerial, entendo que houve desvio de finalidade no pagamento de diárias e de inscrições nos dois eventos retromencionados, fatos que ensejam, além da aplicação de sanção pecuniária ao Administrador, a fixação de débito no valor de R$ 5.940,00. Quanto ao item 3.1, onde é apontado que teria havido reajuste indevido nos subsídios dos vereadores, com sugestão de débito no valor de R$ 523,08, acolho a manifestação da defesa (fls. 217 e 218), no sentido de que o parâmetro a ser utilizado no reajuste dos subsídios dos vereadores é o percentual de recomposição dos vencimentos dos servidores do Poder Legislativo. Considerando que o reajuste dos vencimentos dos servidores do Legislativo foi de 6% (fl. 229), percentual idêntico ao concedido aos subsídios dos vereadores (fl. 72), entendo que não houve ofensa à norma do inciso X do artigo 37 da Constituição Federal e ao artigo 2º da Lei Municipal n 3.058/2008, impondo-se o afastamento do aponte. No item 3.2, a Equipe de Auditoria aponta a ausência injustificada de vereadores em Sessões Ordinárias, sem o respectivo desconto nos subsídios, com o que sugere seja fixado débito, ao Administrador Responsável, no valor de R$ 16.572,36, no que é acompanhada pela área Técnica e pelo Agente Ministerial. A defesa alega que quatro vereadores reconheceram algumas ausências às sessões plenárias como não-justificadas e autorizaram o ressarcimento ao erário dos valores apontados, mediante o desconto em folha de pagamento. Com relação aos dias em que ocorreram duas sessões, o Gestor argumenta que a segunda sessão não é remunerada, e que, portanto, seriam indevidos esses apontamentos.
365 Por fim, assevera que as demais ausências apontadas estão justificadas nas próprias atas das sessões plenárias. No exame dos autos, verifico que três vereadores reconheceram que não houve o desconto dos valores correspondentes às suas ausências nãojustificadas às sessões plenárias (fls. 236 a 241), todavia, a defesa não comprova o efetivo ressarcimento desses valores ao erário, procedimento que poderá ser levado a efeito na fase recursal. No que tange à alegação de que a segunda sessão plenária no mesmo dia não é remunerada, destaco que o Gestor não faz prova dessa afirmativa, bem como a Lei Municipal nº 3.058/2008, que dispõe sobre os subsídios dos vereadores (fls. 67 a 69), não estabelece nenhuma diferenciação ou especificação acerca da existência de sessões não remuneradas. Quanto às demais ausências injustificadas criticadas pela Auditoria, destaco a bem lançada análise da Área Técnica, aduzindo que (fl. 333): [...] as Atas acostadas pelo Gestor não se afiguram como meio suficiente para justificar a ausência dos Vereadores em determinadas sessões, vez que tais documentos se limitam a afirmar que os respectivos Edis não compareceram a sessões por razão justificada, porém não há qualquer especificação e/ou detalhamento a respeito da citada justificativa, impossibilitando, dessa forma, sua idônea comprovação. Diante do exposto, em sintonia com as manifestações Técnica e Ministerial, voto pela fixação de débito no valor de R$ 16.572,36. No item 4.2.1 foi apontado que as despesas associadas ao contrato nº 001/2009, de 07-05-2009, celebrado com a empresa Vivo S/A, destinado à prestação de serviços de telefonia celular, mediante plano corporativo, em regimento de comodato, de 40 linhas e 40 aparelhos celulares, careciam de autorização legislativa e, portanto, o dispêndio de R$ 22.872,00 seria passível de ressarcimento ao erário por ofensa ao princípio da legalidade.
366 Verifico, pelo relato da Equipe Técnica, que a contratação foi objeto de procedimento licitatório (Tomada de Preços nº 001/2009) e que, segundo o documento de folha 173, as despesas foram contabilizadas na Atividade 1020 Outros Serviços de Terceiros Pessoa Jurídica, Elemento de Despesa 3.3.90.39.58.00.00.00 ou 3.3.90.39.47.00.00.00, portanto, estavam abarcadas pela dotação orçamentária específica do Poder Legislativo. Considerando que a despesa foi licitada e que os gastos estavam autorizados pela Lei Orçamentária Anual, entendo como regular a despesa, impondo-se o afastamento do aponte. Todavia, sou por recomendar ao Atual Administrador para que adote providências no sentido de regulamentar o uso dos aparelhos telefônicos móveis pelos vereadores e servidores, especificando quem está autorizado a utilizar os telefones celulares corporativos, assim como fixando cota mensal de despesa com as ligações telefônicas. Em relação ao item 4.2.2 (pagamentos à empresa Vivo S/A, por conta do contrato nº 001/2009, em valores excedentes ao pactuado pelos serviços de telefonia celular, com sugestão de débito no valor de R$ 12.187,82), observo que a justificativa apresentada pela defesa não se sustenta, na medida em que os documentos acostados não são hábeis a comprovar o efetivo ressarcimento dos valores ao erário, bem como o somatório dos alegados descontos dos servidores folhas 314 a 322 alcançam R$ 7.698,02, valor diverso do apontado. Assim, em convergência com as manifestações Técnica e Ministerial, sou pela fixação de débito no valor de R$ 12.187,82. Quanto aos itens 2 e 3 do Relatório Geral de Consolidação das Contas, que envolvem atraso ou não-envio de dados e informações à Base de Leis Municipais BLM e ao Sistema para Controle de Obras Públicas SISCOP, registro, na linha que venho adotando em convergência com o entendimento deste Tribunal, em situações similares, que estas inconformidades não sujeitam o responsável ao alcance de penalidade pecuniária 2, cabendo recomendação ao 2 Exemplificativamente, Processo de Contas nº 0189-0200/11-2, LM de Ibirapuitã, cujo Voto deste Relator foi acolhido, à unanimidade, na Sessão Plenária de 03-04-2013.
367 atual Administrador para a observância dos respectivos normativos, evitando sua ocorrência. Por fim, entendo que as falhas verificadas, em seu conjunto, não comprometem a Gestão em exame, destacando, ainda, o atendimento à Lei de Responsabilidade Fiscal. Ante o exposto, VOTO: a) pela fixação de débito, no valor total de R$ 34.700,18 (trinta e quatro mil, setecentos reais e dezoito centavos), relativamente aos itens nºs 1.1 (desvio de finalidade no pagamento de diárias e inscrições em cursos de qualificação de servidores R$ 5.940,00); 3.2 (ausências de vereadores em sessões ordinárias sem o respectivo desconto nos subsídios R$ 16.572,36); e 4.2.2 (pagamentos de despesas com telefonia celular em valores excedentes aos fixados contratualmente R$ 12.187,82), ao Senhor Jarbas Sampaio Vieira; b) pela imposição de multa no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) ao mesmo Gestor, nos termos dos artigos 67 da Lei Estadual nº 11.424/2000 e 132 do Regimento Interno deste RITCE, por inobservância das normas constitucionais e legais reguladoras da gestão administrativa, conforme destacado neste Voto; c) pela remessa dos autos à Supervisão de Instrução de Contas Municipais SICM para que proceda à atualização do débito fixado na letra a, retro, elaborando o correspondente demonstrativo, juntamente com o da penalidade pecuniária imposta na alínea b desta decisão, nos termos dispostos na Resolução nº 897/2010, e respectivas alterações; d) por intimar o Responsável para que, no prazo de 30 (trinta) dias, promova o recolhimento dos valores de que tratam as alíneas a e b deste decisório aos Cofres do Município e do Estado, respectivamente, apresentando as devidas comprovações perante este ; e) pela emissão das Certidões de Decisão Títulos Executivos, caso não cumprida a presente decisão e após o seu trânsito em julgado;
368 f) pela recomendação ao Atual Administrador para que adote providências no sentido de regulamentar o uso dos aparelhos telefônicos móveis pelos vereadores e servidores, especificando quem está autorizado a utilizar os telefones celulares corporativos, assim como fixando cota mensal de despesa com as ligações telefônicas. g) pela recomendação ao atual Gestor para que sejam observadas as condições e os prazos quanto ao encaminhamento, a esta Corte de Contas, dos dados relativos à Base de Legislação Municipal BLM e ao Sistema para Controle de Obras Públicas SISCOP, devendo tal matéria ser objeto de verificação em futura auditoria; h) pela regularidade, com ressalvas, das Contas do Senhor Jarbas Sampaio Vieira, Administrador do Legislativo Municipal de Sapucaia do Sul, no exercício de 2011, com fulcro no inciso II do artigo 99 do RITCE; i) transitada em julgado a presente decisão, proceda-se ao arquivamento destes autos. Em 24 de julho de 2013. Conselheiro Marco Peixoto, Relator. 06/