Desenvolvimento Urbano e Planejamento Territorial o caso brasileiro CONTEXTO RECENTE. Rosane Biasotto Arquiteta e Urbanista Coordenadora DUMA/IBAM



Documentos relacionados
Estatuto da Cidade e Plano Diretor Participativo

Estatuto da Cidade 22/05/2015. Lei Nº , de 10/07/2001. Medida Provisória Nº 2.220, de 04/09/2001. MP Nº 103, de 01/01/2003. Conselho das Cidades

ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL ZEIS

O Cenário Econômico e o Mercado Imobiliário de Campinas. Celso Petrucci Economista-chefe do Secovi-SP

RESUMO. É elaborado pelo Executivo municipal e aprovado pela Câmara municipal por meio de lei.

INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL IBAM ÁREA DE DESENVOLVIMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE DUMA ÁREA DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO O&G

Etapas do PLHIS PROPOSTAS

O DIREITO À MORADIA E O PROCESSO DE VALORIZAÇÃO DO SOLO. Instrumentos de planejamento e gestão do solo urbano em disputa

MINISTÉRIO DA SAÚDE FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA PANORAMA DO SANEAMENTO BÁSICO NO PAÍS

PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL: UMA VISÃO GERAL

O Estatuto da Cidade

INFORME INFRA-ESTRUTURA

Docente: Willen Ferreira Lobato

Oportunidades criadas pelo Plano Diretor Estratégico

Estatuto da Cidade - Lei 10257/01

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O ENFRENTAMENTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM ÁREAS URBANAS: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE BELÉM, PARÁ, BRASIL

ESTRUTURA DO MACROSSETOR

XVII Congresso Brasileiro de Direito do Trabalho Rural O TRABALHO INFANTIL NO MEIO RURAL

3 O Panorama Social Brasileiro

Ministério das Cidades Planejamento Urbano

FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO

PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA A produção de Habitação de Interesse Social na promoção do desenvolvimento urbano

ÍNDICE DE BEM-ESTAR URBANO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FLORIANÓPOLIS

INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL

Proposta de revisão do Projeto de Lei Nº 272/2015 elaborada pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável. PROJETO DE LEI Nº 272/2015

Questão 11. Questão 12. Resposta. Resposta. O mapa e os blocos-diagramas ilustram um dos grandes problemas do mundo moderno.

GEOGRAFIA Professores: Ronaldo e Marcus

Encontro Baiano de Artesanato. Construindo um Plano de Ação e Políticas de Articulação Territorial Para o Desenvolvimento do Artesanato Baiano

Capítulo 3. Fichas de Qualificação de Indicadores

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

IDENTIDADE DE POLÍTICOS E DESENVOLVIMENTO DE LONGO- PRAZO

30/11/2012. do adensamento populacional. crescimento desordenado. ocupação de áreas naturais e frágeis

PREFEITURA DE MACEIÓ

Aula5 POPULAÇÃO E DEMOGRAFIA NO BRASIL. Debora Barbosa da Silva

MINHA CASA, MINHA VIDA 2 Novas metas, maiores desafios

Gestão social da valorização fundiária urbana

-Esta apresentação foi realizada no âmbito do projeto Moradia é Central durante a Oficina 3 - Financiamento para habitação social em Centros.

Desenvolvimento Regional para a Integração Nacional. Nova Política Nacional de Desenvolvimento Regional PNDR II

Energia Elétrica: Previsão da Carga dos Sistemas Interligados 2 a Revisão Quadrimestral de 2004

Evolução da população do Rio Grande do Sul. Maria de Lourdes Teixeira Jardim Fundação de Economia e Estatística. 1 - Introdução

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

A Aliança de Cidades e a política habitacional de São Paulo

Nove Passos para a Obra Sustentável - resumo

Cidade de São Paulo. 3ª CLÍNICA INTEGRADA ENTRE USO DO SOLO E TRANSPORTES Rio, out/2011

O QUE É CFROI CASH FLOW RETURN ON

2º Curso a distância de autoinstrução - Instrumentos do Estatuto da Cidade

Políticas Públicas e Meio Ambiente: uma nova agenda regional?

PLANEJAMENTO E PROJETO: AS FERRAMENTAS ESSENCIAIS PARA CONSTRUIR UM BRASIL MELHOR

Aspectos Sociais e Econômicos da Sociedade da Informação. Eduardo Navarro de Carvalho Brasília, 14 de Novembro de º Painel Telebrasil

Colégio Policial Militar Feliciano Nunes Pires

12.1. Tipologia atual dos imóveis habitacionais no município de

POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA. LEI de janeiro de 2012

NFSP (% PIB) ' 8. indexador: dezembro (%) 9. produto potencial (% a.a.) 15. idade (%) 24. anual (%) 24

POLÍTICAS PERMANENTES DE HABITAÇÃO

VAZIOS URBANOS ou melhor VACÂNCIAS FUNDIÁRIAS NAS CIDADES BRASILEIRAS

11. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Fornecimento de Óculos para Alunos Portadores de Deficiência Visual

Crédito Imobiliário: Ação Governamental no Brasil

REDES DE COOPERAÇÃO SOLIDÁRIA: estratégias emancipatórias de desenvolvimento

Plano Local de Habitação de Interesse Social PLHIS SÃO BERNARDO DO CAMPO

TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV E SÍFILIS: ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO E ELIMINAÇÃO

Análise do IBEU para a RIDE-DF e a AMB

PLANO LOCAL DE HABITAÇAO DE INTERESSE SOCIAL - PLHIS

PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO - PLANSAB

Dimensão social. Habitação

Estado do Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Planejamento Urbano

2. O que significam interações estéticas no Ponto de Cultura?

Perspectivas para o Desenvolvimento do Nordeste. Sergio Duarte de Castro Secretário de Desenvolvimento Regional

Paulo Ferreira Secretário Nacional de Saneamento Ambiental

ESPELHO DE EMENDAS DE ACRÉSCIMO DE META

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Nota MDS Brasília, 02 de maio de 2011.

O Rio de Janeiro, com a extinção da FUNDREM, em 1989, não possui, até hoje, o órgão gestor dos assuntos metropolitanos.

Análise dos resultados

9 Fórum de Saneamento e Meio Ambiente ASSEMAE ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO. Arnaldo Luiz Dutra Presidente Nacional

2. Referencial Prático 2.1 Setor das Telecomunicações

Subsecretaria de Captação de Recursos SUCAP/SEPLAN Secretaria de Planejamento e Orçamento do Distrito Federal SEPLAN Governo do Distrito Federal

ESCRITÓRIO TÉCNICO DE ESTUDOS ECONÔMICOS DO NORDESTE ETENE INFORME RURAL ETENE PRODUÇÃO E ÁREA COLHIDA DE CANA DE AÇÚCAR NO NORDESTE.

7ºano 2º período vespertino 25 de abril de 2014

LIMITES E POSSIBILIDADES DO PLANO DIRETOR DO RIO DE JANEIRO PARA O ACESSO À MORADIA E A TERRA URBANIZADA

1 Introdução 1.1. A necessidade de se reforçar os solos

O PAPEL DOS MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO SUL NA AMPLIAÇÃO DO ATENDIMENTO EM CRECHE ÀS CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS

Luciano Coutinho Presidente

OCUPAÇÕES IRREGULARES E IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS NA REGIÃO NOROESTE DE GOIÂNIA

QUALIDADE. Avaliação positiva

Construção Civil, Habitação e Programa Minha Casa Minha Vida

Unidade III FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA

Analise este mapa topográfico, em que está representada uma paisagem serrana de Minas Gerais:

Contagem da População 2015

PROGRAMA DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO E TECNOLÓGICO CONSELHO DIRETOR

TEXTO 1 1. CONJUNTURA BRASILEIRA As Transformações Recentes

RESENHA resenha resumo resenha crítica Título: Identificação do resenhista: Referência: Dados sobre o(s) autor(es): Dados sobre a obra: Apreciação:

Propostas Mobiliza Curitiba para a revisão do Plano Diretor 2014

Fórum Nacional de Prevenção e erradicação do Trabalho Infantil. Estratégias para o Enfrentamento ao Trabalho Infantil em 2016

UMA BREVE DESCRIÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL, DESTACANDO O EMPREGO FORMAL E OS ESTABELECIMENTOS NO NORDESTE

ANEXO I TERMO DE REFERENCIA PROCESSO LICITATÓRIO Nº 006/2011- FAO/GCP/BRA/070/EC

Projeto em Planejamento Urbano e Regional III Prof. Edvaldo Gonçalves de Amorim

Missão. Quem somos: Promover o conceito de Gerenciamento Integrado do Resíduo Sólido Municipal; Promover a reciclagem pós-consumo;

XIV COBREAP CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES VENDA DE IMÓVEIS OCUPADOS: QUAL O DEFLATOR?

Transcrição:

Desenvolvimento Urbano e Planejamento Territorial o caso brasileiro CONTEXTO RECENTE Rosane Biasotto Arquiteta e Urbanista Coordenadora DUMA/IBAM

1 - BREVE PANORAMA DA DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO NO TERRITÓRIO 2 QUADRO INSTITUCIONAL PLANEJAMENTO TERRITORIAL E DESCENTRALIZAÇÃO 3 DESAFIOS DOS MÚNICÍPIOS BRASILEIROS O CASO DE NATAL: UMA METRÓPOLE EM FORMAÇÃO

1 - BREVE PANORAMA DA DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO NO TERRITÓRIO

Ano População % Pop. Urbana % Pop Rural Cresimento Demográfico e Evolução Urbana no Brasil 1940 41.236.315 31,24 68,76 1950 51.944.397 36,16 63,84 1960 70.070.457 44,67 55,33 1970 93.139.037 55,92 44,08 1980 119.002.706 67,59 32,41 1991 146.825.475 75,59 24,41 2000 169.799.170 81,25 18,75 Inversão da curva urbana X rural ao longo do século XX. Expressivo crescimento absoluto da população brasileira Em 2010 são cerca de 190 milhões de pessoas e, provavelmente, mais de 150 milhões vivendo em cidades

Como esta população se distribui no território: 5.565 MUNICÍPIOS 70% do municípios brasileiros têm menos de 20.000 habitantes 50% da população vive em 253 municípios 20% da população vive em 14 municípios com mais de 1 milhão de hab Porte dos Muncípios Até 20.000 habitantes Mais de 20.000 até 50.000 habitantes Mais de 50.000 até 100.000 habitantes Mais de 100.000 até 300.000 habitantes Mais de 300.000 até 1milhão habitantes Mais de 1milhão habitantes Total de Municípios Total de Habitantes % da População Brasileira % Acumulado 4.002 33.482.144 18,21 18,21 996 30.011.331 16,32 34,53 313 21.826.290 11,87 46,40 174 28.649.927 15,58 61,98 65 31.453.168 17,10 79,08 14 38.465.981 20,92 100,00 Fonte: IBGE, PNAD2007

Estoque de riqueza acumulada e dinâmica de crescimento das microrregiões Produto Interno Bruto (PIB) Municipal MR1 - de alta renda, qualquer que seja a dinâmica do PIB MR2 - de renda baixa ou média e dinâmica do PIB elevada MR3 - de renda média e pequena dinâmica do PIB MR4 - de baixa renda e pouco dinamismo do PIB 5 REGIÕES POLÍTICAS ADMINSITRATIVAS 4 MICROREGIÕES NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL Fonte: PNDR, 2003 / PLANHAB, 2007. Estudo Ministério de Integração Regional - Brasil

TOTAL 190.732.694 pessoas IBGE 2010 População urbana sobe de 81,25% para 84,35%

Déficit Habitacional Básico por Região Centro-Oeste Sul Norte 59.202 340.448 399.650 108.708 502.319 611.027 270.863 497.242 768.105 Total urbana rural Nordeste 39% Centro-Oeste 7% Sul 10% Norte 13% Sudeste 162.005 1.830.082 1.992.087 Sudeste 32% Nordeste 856.633 1.507.081 2.363.714 TOTAL 1.457.411 4.677.171 6.134.582 0 1.000.000 2.000.000 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.000 76% área urbana Fonte, PLANHAB, 2007

Padrão de desigualdade São Paulo condomínio luxuoso x favela Fonte: Revista Piauí, 2007

Distribuição da população no Rio de Janeiro faixa de renda Assentamentos de Baixa Renda Fonte:IBAM. Censo 2000, IBGE dados por setores censitários; SABREN/PCRJ

2 QUADRO INSITUCIONAL GERAL - PLANEJAMENTO TERRITORIAL DESCENTRALIZAÇÃO

Gestão metropolitana Mudança de paradigma (estratégias x neutralidade técnica e científica) planos TERRITORIAIS concebidos no campo político. Mecanismos de compatilhamento: consórcios públicos, formação de conselhos e gestão financeira com controle social. Comitês para gestão Ambiental.

3 DESAFIOS DOS MÚNICÍPIOS BRASILEIROS O CASO DE NATAL: UMA METRÓPOLE EM FORMAÇÃO

Abrangência territorial da Região Metropolitana de Natal Fonte: IBAM apud Diagnóstico Plano Estratégico de Natal (2006).

Foto: Acervo da Prefeitura de Natal.

Fato curioso em Natal é que tem sido verificado um processo de tornar cada vez mais seletiva a ocupação de prédios residenciais de alto padrão construtivo. Ocupados por apenas uma unidade por andar, os projetos induzem soluções arquitetônicas cujo resultado final volta-se para uma tipologia prédios esguios que demandam soluções estruturais especiais para enfrentamento dos ventos dominantes na região, diferentes do padrão usual na cidade. As fotos abaixo ilustram, de forma comparativa, a observação no bairro de Petrópolis. Fonte: Acervo IBAM. Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=481517

PD de 2007

Plano Diretor de 2007

Trajetória da OODC e da TDC em Natal desde 1994 O primeiro período demarcado pela aprovação e implementação do Plano Diretor PD de 1994 que pela primeira vez cria no Município as condições necessárias para aplicação da Outorga Onerosa do Direito de Construir - OODC. O segundo iniciado após a revisão do PD em 2007 que consolida a aplicação do instrumento.

O aprimoramento da aplicação da OODC pode ser associado a um processo de simplificação da legislação urbanística e o estabelecimento de um foco mais nítido sobre a incidência do instrumento no território. Em Natal, destaca-se um zoneamento que vem sendo aperfeiçoado para identificar de maneira clara áreas com maior potencial de adensamento. Seja por terem melhores condições de infra-estrutura, seja pela própria dinâmica do mercado imobiliário.

Em Natal destaca-se: Manutenção do Coeficiente de Aproveitamento Básico CA Básico único para todo o território municipal, desde 1994. Adoção do CA Básico como principal parâmetro de referência para aplicação da OODC a partir de 2007, em detrimento dos indicadores de densidade demográfica variáveis por uso que eram adotados, originalmente, pelo PD de 1994. Redução (a partir de 2007) do CA Básico de 1,8 para 1,2.

Sobre a fórmula de cálculo: O custo da construção se mantem como referência monetária principal. Por quê não é o método mais adequado? Estuda-se agora a revisão desta forma de calcular a contrapartida financeira, buscando métodos mais adequados e associados, diretamente, a valorização da terra. A fórmula de cálculo que está sendo avaliada é baseada no método do terreno virtual (de acordo com o relatório técnico do IBAM, elaborado em 2009)

Sobre a gestão financeira dos recursos da OODC: Em Natal o ciclo completo da gestão financeira dos recursos da OODC não está devidamente estruturado, apesar da previsão - nos PDs de 94 e 2007 - de um Fundo Municipal FURB específico para aplicação dos recursos financeiros obtidos com a OODC. Não foram elaborados planos de trabalho anuais (previstos nos PDs de 94 e 2007) e não há uma gestão financeira específica para lidar com os recursos obtidos com a OODC os recursos atualmente são registrado nominalmente, porém são direcionados para o caixa único da Prefeitura, utilizados em despesas correntes.

Algumas considerações? Regulação do solo urbano e gestão dos serviços urbanos para que? (controle do preço da terra; recuperação de investimentos públicos; redistribuição do ônus e bonus da urbanização). Revisão dos focos e dos obetivos que legitmam e justificam o planejamento o controle do solo urbano recuperação de parte da da valorização fundiária e preservação e conservação ambiental para promoção da função social da propiedade.

Gracias!