Pelas cidades: Jornadas de Planejamento Municipal pela proteção da memória e do patrimônio cultural em Minas Gerais



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Pelas cidades: Jornadas de Planejamento Municipal pela proteção da memória e do patrimônio cultural em Minas Gerais By the cities: Journeys of municipal planning for protection of memory and cultural heritage, Minas Gerais Las ciudades: Journeys Planificación Municipal para la protección de la memoria y el patrimonio cultural en Minas Gerais RESUMO O presente trabalho refere-se ao processo desencadeado para a elaboração do projeto de restauro da Capela do Rosário no município de Matias Barbosa, Minas Gerais. O trabalho está vinculado ao programa Pelas Cidades: Jornadas de Planejamento Municipal, com vistas a atender às demandas voltadas para o desenvolvimento urbano e rural das cidades integrantes da Zona da Mata Mineira, com atividades que envolvem a parceria de discentes e docentes das áreas de Arquitetura e Urbanismo, Turismo, Geografia, Serviço Social e Engenharia. Neste caso, se colocam as relações com questões patrimoniais e seus conflitos dentro do planejamento e do desenvolvimento urbano e rural. Protegida em estância federal pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional IPHAN, em 1969, com concordância do arquiteto Lucio Costa, na época Diretor da Divisão de Estudos e Tombamento, a construção se dá de forma imponente na região central da cidade, sendo usada para cultos religiosos, e como um referencial local, recebe visitação turística. Foram feitos levantamentos em acervos e no local, com vistas ao entendimento da memória da ocupação do território, bem como a inserção deste patrimônio edificado no contexto da própria cidade e sua região. Buscou-se também a compreensão do estado atual da edificação, e a sua valorização junto à comunidade, proporcionando a manutenção dos laços de identidade cultural e garantindo a permanência destes espaços em bom estado para as demais gerações. PALAVRAS-CHAVE: Identidade, Proteção do Patrimônio Cultural, Planejamento Urbano e Rural ABSTRACT The present work refers to the process initiated for drafting the restoration of the Chapel of the Rosary in the town of Matias Barbosa, Minas Gerais, Brazil. The work is linked to the program; Journeys of municipal planning for protection of memory and cultural heritage of municipalities in Minas Gerais, designed to reach the specific demands aimed at urban development and the rural members of the Zona da Mata Mineira region with activities involving the partnership of students and teachers in the areas of Architecture and Urban Planning, Tourism, Geography, Social Work and Engineering. In this case, they put relations with heritage issues and conflicts within the planning and urban and rural development. Protected by the Institute for National Artistic and Historical Heritage IPHAN in federal instance, in 1969 has been consolidated its overturning by agreement of architect Lucio Costa, at the time Director of Studies and Protection Division, the construction takes place in an imposing manner in the downtown area and is used for religious services and as a local reference, as well as a place of receiving tourist visitation. Surveys were done in collections and on site with a view for understanding the memory occupation of the territory, as well as the insertion of built heritage in the context of their own city and region. Also sought to understand the current state of the building, and its appreciation to the community, providing maintenance of ties of cultural identity and ensuring the permanence of these spaces in good condition for the other generations. KEY-WORDS: Identity, Cultural Heritage, Urban and Rural Planning RESUMEN El articolo se refiere al proceso iniciado el projecto de la restauración de la Capilla del Rosario en la ciudad de Matias Barbosa, Minas Gerais, Brasil. El trabajo se vincula con el programa ; POR LAS CIUDADES: 2

JORNADAS DEL PLANIFICACIÓN MUNICIPAL POR LA PROTECCIÓN DE LA MEMORIA Y EL PATRIMONIO CULTURAL DE LOS MUNICIPIOS EN MINAS GERAIS, diseñado para satisfacer las demandas específicas destinadas al desarrollo urbano y rurales de las ciudades de la Zona de la Mata Mineira, en Brasil, con las actividades relacionadas la asociación de estudiantes y profesores en las áreas de Arquitectura y Urbanismo, Turismo, Geografía, Servicio Social y Ingeniería. En este caso, se ponen las relaciones con cuestiones de patrimonio y conflictos dentro de la planificación y el desarrollo urbano y rural. Protegida nel âmbito del Instituto de Patrimonio Histórico y Artístico Nacional - IPHAN, en 1969 consolidó su vuelco por acuerdo del arquitecto Lucio Costa, en el momento Director de Estudios y División de Proteción, la construcción se lleva a cabo de una manera imponente en el centro de la ciudad y se utiliza para los servicios religiosos, y como una referencia local, recibe visitas de turistas. Las encuestas se realizaron en las colecciones y en el sitio con el fin de comprender la ocupación de la memoria del territorio, así como la inserción del patrimonio edificado en el contexto de su propia ciudad y la región. También trató de comprender el estado actual del edificio, y su agradecimiento a la comunidad, proporcionando el mantenimiento de los lazos de la identidad cultural y la garantía de la permanencia de estos espacios en buenas condiciones para las otras generaciones. PALABRAS-CLAVE: Identidad, Patrimonio Cultural, Memoria, Planificación urbana y rural 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O projeto de restauração da Capela do Rosário, em Matias Barbosa/MG configura-se como atividade inserida no programa Urbanismo em Minas Gerais da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão Urbanismomg - NPE Urbanismomg/UFJF. As áreas de atuação prioritárias para o programa envolvem os campos do desenvolvimento social e econômico, a gestão pública, a infraestrutura urbana, a cultura, o turismo e a cidadania, na perspectiva da proteção da memória e do patrimônio cultural. Para as atividades e aproximações sobre os municípios consideramos a participação dos pesquisadores colaboradores e dos bolsistas de Iniciação Científica e de extensão vinculados ao núcleo NPE - URBANISMOMG. 2 A CAPELA A capela se insere em trecho do centro urbano com vias de ligação locais e setoriais, estas últimas com tráfego de veículos constante. O principal acesso é feito pela antiga BR-3 - posteriormente 040, antes Estrada União e Indústria e Caminho Novo - na base inferior da encosta de implantação da edificação, lindeira ao rio Paraibuna, onde se tem acesso à escadaria frontal que conduz à Capela. 3

Figura 1: Aspecto geral da área de inserção da Capela, a Praça do Rosário, com o seu entorno já urbanizado. Na atualidade as novas construções interferem na ambiência do bem cultural. Fonte: acervo Urbanismomg/UFJF, 2013. Com a urbanização e o consequente parcelamento de solo do trecho, o contexto rural desta área, que remete às próprias origens da cidade, acabou se perdendo. O entorno imediato é constituído por lotes de dimensões reduzidas e ocupações caracterizadas por casas de 1 a 2 pavimentos - algumas destas com varandões-terraço cobertos por telhas metálicas. As repercussões das transformações deste trecho da cidade ao longo do tempo têm um impacto direto sobre a ambiência da Capela e, mesmo, sobre a sua própria integridade. As alterações na paisagem urbana, em termos de novas construções e anexos, interferem na leitura deste bem cultural. A Capela do Rosário foi construída em 1709, por Matias Barbosa da Silva e consiste em edificação em bloco único, com cobertura em duas águas. O partido apresenta apenas um altar com simplicidade e sacristias laterais para a invocação de um santo apenas, inicialmente Nossa Senhora da Conceição, posteriormente alterada para Nossa Senhora do Rosário. Esta característica estava presente na formação das primeiras povoações, de acordo com os estudos da arquitetura religiosa setecentista mineira, desenvolvidos por Sylvio de Vasconcellos, e pelos estudos acerca da evolução dos partidos da arquitetura religiosa brasileira de Lucio Costa. A singela capela apresenta ainda fundações em pedra, paredes em taipa e sacristias laterais em alvenaria, além dos túneis abaixo do assoalho que ligam a nave a um ponto em uma das ruas de seu entorno. Para se conhecer as origens desses túneis e os motivos de sua construção, foi constatada a necessidade de um levantamento mais detalhado por um especialista na área arqueológica, visto que as informações obtidas sobre sua formação apresentam diferentes versões contadas pelos moradores. 4

Figura 2 - Detalhe do túnel mostrando a escada em madeira. Deterioração por umidade e ataque de insetos. Fonte: Acervo Urbanismomg/UFJF, 2011. Em julho de 1969, a solicitação do Prefeito Municipal João Villaça e do Diretor do Colégio Municipal João Baptista Garcia Neto ressaltava o... desejo de que sejam preservados os marcos históricos nacionais e baseados em documentos de autoridades e pesquisadores, vêm, mui respeitosamente, REQUERER do Patrimônio as medidas necessárias para que não se perca um dos templos mais antigos de Minas Gerais. Neste mesmo ano o então diretor do órgão federal de patrimônio solicitava material gráfico e fotográfico para subsidiar o processo de tombamento. A proteção ocorreu no mesmo ano, [...] para os fins estabelecidos no Decreto- lei nº25, de 30 de novembro de 1937, [...] (tendo sido) determinada a inscrição nos Livros do Tombo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,[...] Estava consolidado o processo de tombamento do bem cultural, com a concordância do Diretor da Divisão de Estudos e Tombamento, o arquiteto Lucio Costa, e parecer favorável do conselho, com a inscrição sob o no 418 no Livro de Tombo nº2, e a respectiva anuência do arcebispo metropolitano que não se opôs à proteção. O objetivo principal do trabalho foi repensar a visão sobre o conjunto urbano, com a consideração de uma totalidade, por assim dizer, levando-se em conta o processo de desenvolvimento municipal ao longo da historia. Assim, se coloca de maneira relevante a consideração da dinâmica de transformações do território para a elaboração das diretrizes de proteção incluídas no Dossiê em concordância com a comunidade e as demandas do município. O enfoque multidisciplinar explorado foi um dos objetivos também, com diálogos entre professores, pesquisadores e acadêmicos, profissionais ligados à administração municipal e à comunidade. As aproximações da realidade local e regional possibilitaram extrapolar os âmbitos acadêmicos e técnicos, para uma visão múltipla sobre a preservação do patrimônio cultural inserido no conjunto, com abordagem que ampliou as questões já colocadas anteriormente em termos de políticas públicas municipais. Por esta via, também se coloca a revisão dos 5

instrumentos de gestão de maneira integrada de modo a considerar a preservação do patrimônio cultural não como um adendo a estes, ao contrário, como eixo fundamental para se pensar os vários temas da administração municipal, sejam as questões imobiliárias, as expansões urbanas, sejam os transportes a e circulação, a educação, a saúde, as infraestruturas urbanas, dentre tantos outros. Na atualidade, novas expansões construídas como os novos loteamentos, alguns destes empreendidos como condomínios, têm alterado a dinâmica municipal com a imposição de desafios para a administração municipal. A abordagem destes problemas considerados na elaboração do Dossiê, tem como objetivos também ressaltar a continuidade das políticas públicas. Tendo estes pressupostos, se colocou a definição do perímetro do conjunto, considerando a importância da preservação da paisagem cultural conformada principalmente em torno da Praça Nossa Senhora da Glória, núcleo central de desenvolvimento urbano do município. Neste perímetro se inserem bens culturais já protegidos com o grau de tombamento, no âmbito municipal, como o Chafariz de Pedra, a própria Praça e o prédio da Prefeitura Municipal, além de outros bens de interesse cultural, alguns destes com indicação da necessidade da proteção com o mesmo grau de tombamento mencionado. O conjunto reúne, assim, componentes, em termos de bens imóveis, móveis e mesmo bens imateriais, como a Festa de Nossa Senhora da Glória, cruciais para o entendimento da memória da ocupação do município, principalmente no que se refere à formação urbana do Distrito Sede. As diretrizes para o Conjunto Urbano foram estabelecidas através do Dossiê de proteção aqui mencionado, que inclui textos, mapas e fotografias, com o inventário do patrimônio inserido no mesmo, o levantamento do estado de conservação, tendo em vista as transformações ao longo do tempo e a condição atual dentro das dinâmicas municipais. Em concordância com as diretrizes urbanísticas estabelecidas ainda em 2006, no plano diretor, para o município, a proteção do conjunto foi proposta como uma Área de Interesse Cultural- AIC, com diretrizes especiais no tocante à conservação dos bens imóveis de interesse cultural abrangendo também a própria paisagem urbana. 3 O PROJETO, A RESTAURAÇÃO E A PRESERVAÇÃO DO BEM CULTURAL As ações necessárias para a restauração do bem cultural em questão se inserem nas políticas públicas desenvolvidas pela administração municipal, em particular a Prefeitura Municipal de Matias Barbosa, com o apoio da Universidade Federal de Juiz de Fora. A restauração da Capela, referencial para a cidade, e a conservação da mesma deve ser vista como um processo contínuo, numa perspectiva que considera a participação da comunidade como essencial, para que se garanta a preservação da integridade deste patrimônio edificado, o que contribui de modo relevante para a identidade cultural do município. Neste sentido, os procedimentos adotados para a restauração do bem cultural levou em conta a vitalidade em termos de usos e o estado de conservação razoável da Capela. A construção revela-se de maneira imponente no ambiente urbano de Matias Barbosa, sendo ainda hoje utilizada para cultos religiosos, e como um referencial local também recebe visitação turística. Com o intuito sustentável de conservação e restauro deste bem, torna-se possível a melhor utilização deste patrimônio ao longo do tempo e consequentemente por várias gerações, 6

de forma a permitir um diálogo do passado inserido na dinâmica atual da cidade e possibilitando as gerações futuras conhecerem suas origens. Figura 3: O edifício como referencial modesto urbano. Fonte: Acervo Urbanismomg/UFJF, 2013. Com relação ao desenvolvimento do projeto, iniciou-se através de levantamentos do estado de conservação em função dos danos provocados não somente pelo tempo, mas, talvez principalmente, pelas intervenções errôneas feitas no edifício, desrespeitando importantes valores estéticos e a memória arquitetônica que registra um importante período da história de Minas Gerais. Além disso, foram utilizados relatos de pedidos anteriores de recursos para a restauração, fato que evidenciou as alterações implementadas sobre o bem cultural, seja em ações drásticas, como a retirada do sino do adro lateral, seja pela substituição de materiais. No que diz respeito a um ponto importante e agravante ao levantamento do estado de conservação, ressalta os túneis escavados na terra sob o assoalho da Capela que colocam em risco a sua estabilidade. Neste caso, a primeira medida adotada diz respeito a um estudo arqueológico e de mecânica dos solos para a reversão desta condição de riscos à estabilidade. Estes estudos também devem privilegiar o adro da igreja, na lateral onde eram feitos sepultamentos, e a averiguação do local de implantação das traves de madeira que sustentavam o sino. As ações de restauro da Capela do Rosário passam pela restrição das intervenções no seu entorno, com o estabelecimento de Área de Diretrizes Especiais, com perímetro definido abrangendo os imóveis do entorno da Capela e do percurso de acesso através da escadaria. Dessa forma, para fins de proteção do patrimônio cultural, deve-se incluir no planejamento global do munícipio, os seguintes parâmetros urbanísticos: uma taxa de ocupação de 40 %, para as novas edificações, com gabarito resultante de cone de proteção e estudos específicos em termos de cores e textura de materiais para adequação à ambiência em que se insere este bem 7

cultural. Outra importante ação a ser desencadeada trata-se da revisão da pavimentação asfáltica com a retirada desta no entorno da Capela e a colocação de pavimentação em pedra, buscando um revestimento que dialogue com o período em que a capela foi construída, século XVIII, sendo chão batido originalmente. Com a escolha de lajinhas de pedras irregulares (pé-de-moleque), permitimos maior permeabilidade do solo, reduzimos a velocidade dos carros que alí transitam e consequentemente garantimos a integridade do bem cultural. Além da facilidade de encontrarmos estas pedras na região. Ainda coloca-se em questão a iluminação externa, uma ação que busca realçar de modo diferenciado os elementos compositivos da edificação e de seu entorno. Com a substituição dos pontaletes em pvc e concreto armado com correntes em esferas metálicas permite-se maior visibilidade ao patrimônio além de garantir segurança ao trajeto dos visitantes em relação ao fluxo de veículos. Em termos de partido arquitetônico não foram propostas modificações na composição do edifício da Capela, pelo contrário, o que se buscou foi a valorização do mesmo com intervenções de repintura - após estudos de prospecções realizadas em todas as paredes, no interior e exterior, pelo menos em três pontos diferenciados para atestar a presença de camadas distintas de pinturas; tratamento químico de madeiras em pisos, forros, portais, mobiliários, equipamentos do altar e madeiramento do telhado, para interromper a ação de insetos xilófagos. Peças com destruição parcial deverão ser substituídas por outras similares que sejam encontradas em mercado local compatíveis para os usos específicos; com relação à limpeza das telhas cerâmicas, deve ser feita sem a retirada da pátina. A escada de acesso frontal as pedras devem ser limpas, sem o emprego de jato de areia, além da retirada de recomposições inapropriadas, como no caso da Capela caracterizado por remendos em argamassa. Estes devem ser refeitos com preenchimento das lacunas utilizando-se a própria pedra. A iluminação interior deve ser revista, sendo que os atuais refletores instalados na Capela devem ser substituídos e a localização dos novos aparelhos deve ser pensada de maneira a buscar uma adequação que não interfira na ambiência deste espaço. Além das instalações elétricas, devem ser revistas também as instalações hidráulicas e sanitárias, assim como devem ser substituídos os aparelhos e as peças sanitários. Com relação à umidade ascendente, a mesma deve ser interrompida através de cortina executada com materiais distintos na parte externa da edificação que possibilitem a absorção da água residual, que provoca a deterioração dos revestimentos. Vale ressaltar a necessidade da condução das águas pluviais para canaletas em pedras de mão, que acompanhem a extensão do edifício. Para os muros laterais na parte externa foram pensados, no lado direito, painéis elucidativos da memória da ocupação destes trechos, bem como do próprio processo de restauração dos mesmos. Tais painéis serão afixados nos muros e serão confeccionados em suportes de vidro temperado com textos e desenhos explicativos. Com relação à acessibilidade foi pensada para a Capela a complementação da escadaria existente com o seu prolongamento pela encosta na parte frontal da mesma. Tal trabalho requer a revisão do paisagismo atual dos canteiros ajardinados. Ainda, um importante elemento a ser instalado, ao longo deste percurso de chegada pela subida da encosta, trata-se do sino buscando recuperar a sua condição referencial no adro da Capela. Para isto, propõe-se um suporte estrutural em material metálico remetendo às antigas traves de madeira que o sustentavam ao lado do templo. Propõe-se também a revisão do revestimento 8

em cimentado do passeio lateral e de fundos, com substituição por lajinhas de pedra irregulares. Ainda no tocante aos revestimentos de pisos e paredes não foram feitas modificações na Capela, a não ser as lajotas cerâmicas presentes nas sacristias, as quais devem ser substituídas por cimentado com pigmentação em terra Com baixo custo e alta durabilidade, remetendo ao piso em chão batido utilizado em cômodos que não possuíam porão alto. Deve-se considerar a participação comunitária para a compreensão mais abrangente da diversidade que se revela nas cidades, refletindo-se principalmente os múltiplos horizontes históricos. No momento em que a comunidade se envolve nas questões municipais, a mesma se torna a principal responsável pela manutenção das políticas de preservação, bem como a mentora das propostas de planejamento, fato de suma importância para a manutenção da preservação do patrimônio cultural e, consequentemente reverter o quadro de degradação ambiental e cultural que se repete atualmente nas cidades. O projeto de Restauro da Capela do Rosário foi discutido com a comunidade, bem como encaminhado à Arquidiocese de Juiz de Fora e aos órgãos de proteção no âmbito federal e municipal. 4 CONCLUSÃO Como conclusão, ressaltamos os resultados obtidos que contribuem de forma efetiva aos anseios da comunidade de Matias Barbosa bem como a necessidade de envolvimento e à eficácia do mesmo com relação a comunidade participante, visto que, em Minas Gerais, as dificuldades para a preservação do patrimônio cultural são muitas tendo em vista...a falta de recursos econômicos [...] frente aos nossos mais significativos monumentos, sejam eles: as pequenas edificações religiosas, a arquitetura vernacular existente nos distritos quase rurais e os centros históricos de municípios de pequeno ou médio porte. Para a efetiva restauração deste conjunto de bens tombados é necessária a formação de parcerias entre os diversos órgãos de preservação, [...] o Ministério Público, as prefeituras com seus conselhos municipais de Cultura, e, principalmente, as comunidades locais. Os resultados aqui obtidos contribuem também como laboratório para as atividades do Grupo de pesquisa Urbanismo MG, conjugando atividades de ensino, pesquisa e extensão. Neste sentido, as repercussões na comunidade são diretas, no momento em que se percebe a história conservada e inserida na vida da cidade, materializada neste importante marco referencial, garantindo a memória do município. REFERÊNCIAS ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1993 CHOAY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio. São Paulo: Editora UNESP, 2001. CASTRIOTA, Leonardo. Patrimônio Cultural: conceitos, políticas, instrumentos. São Paulo: Annablume; Belo Horizonte: IEDS, 2009. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, 220 p., 1a edição 1936. IBGE. Brasil. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros: Rio de Janeiro, 1959. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (Brasil). Cartas patrimoniais. Brasília: IPHAN, 1995, (Cadernos de Documentos n 3). LEME, Maria Cristina da Silva (org.). Urbanismo no Brasil: 1895-1965. São Paulo: Studio Nobel; FAUUSP; FUPAM, 1999, 600 p. LIMA, Fabio Jose Martins de. (org.) Urbanismo em Minas Gerais: Pelas Cidades. Juiz de Fora: UFJF, 2010. LIMA, Fabio Jose Martins de et al. Caderno do Projeto de Restauração: Capela do Rosario, Matias Barbosa/MG. 9

Matias Barbosa: UFJF; Prefeitura Municipal de Matias Barbosa, 2011. OLIVEIRA, Mário Mendonça de. Tecnologia da Conservação e da Restauração: materiais e estruturas, um roteiro de estudos. Salvador: EDUFBA, 2006, 243 p.. PORTES, Raquel von Randow et al. Dossiê de Proteção do Conjunto Urbano Sede Municipal de Simão Pereira/MG. Simão Pereira: NPE URBANISMO.MG/UFJF, 2013. PESSOA, José (org.). Lucio Costa: documentos de trabalho. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. VEYNE, Paul. Como se escreve a história; Foucault revoluciona a história. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1995. 10