Intermodalidade e Multimodalidade? Existem diferenças entre. Então qual a diferença?



Documentos relacionados
Operador de Transporte Multimodal: Desafios e Perspectivas. André Dulce G. Maia Especialista em Regulação - ANTT

Unidade: Transporte Multimodal. Revisor Textual: Profa. Esp. Márcia Ota

Art. 3º Para inscrever-se no registro de Operador de Transporte Multimodal, o interessado deverá apresentar à ANTT:

AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES TRANSPORTE NO BRASIL. Fórum Intermodal FGV-CELog São São Paulo, abril de de 2006

Lex Garcia Advogados Dr. Alex Garcia Silveira OABSP

REFERÊNCIA Transporte Rodoviário Agenda Setorial 2012 Acompanhamento/Monitoramento da política pública de transporte rodoviário

Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga TRANSPORTE E LOGÍSTICA NO BRASIL VISÃO DO SETOR PRIVADO

TRANSPORTE RODOVIÁRIO INTERNACIONAL ENTRE O BRASIL E OS PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL. Outubro 2008

REGULAMENTO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FACULDADE DE APUCARANA FAP

As finalidades do Conhecimento de Transporte Multimodal de Cargas de acordo com as legislações brasileiras

DISTRIBUIÇÃO E ARMAZENAGEM TRANSPORTES

Como utilizar o cadastro de Tributos de Mercadorias (NCM) Sumário

PROCEDIMENTOS PARA INEXIGIBILIDADES DE LICITAÇÃO. Tal modalidade é prevista pela lei 8666/93 nos artigos abaixo transcritos:

Acordo Tripartite nº 1 - Transporte Terrestre/MRE, de 30/11/88 ACORDO TRIPARTITE Nº 1 TRANSPORTE TERRESTRE

DIRETRIZES E PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS DE CURSOS NOVOS DE MESTRADO PROFISSIONAL

Matéria elaborada com base na legislação vigente em: Sumário:

TERCEIRIZAÇÃO NA MANUTENÇÃO O DEBATE CONTINUA! Parte 2

Controle Ambiental do Transporte de Produtos Perigosos. 28 de Junho de 2013

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL GOIANO CÂMPUS POSSE-GO

Interpretação do art. 966 do novo Código Civil

1) O que é o RTU? 2) O RTU já foi regulamentado?

Introdução ao Comércio Internacional

INSTRUÇÃO NORMATIVA SEAP/PR Nº 4, DE 8 DE OUTUBRO DE 2003

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 5 a 8 de outubro, RESUMOS EXPANDIDOS...132

NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE NBC TSC 4410, DE 30 DE AGOSTO DE 2013

ANÁLISE DE PROJETOS INDUSTRIAIS EM ZONAS DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÕES - ZPE INFORMAÇÕES BÁSICAS

PROPOSTA DE NOTA TÉCNICA CÂMARA TÉCNICA DE INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA

Instruções para o cadastramento da Operação de Transporte e geração do Código Identificador da Operação de Transporte CIOT.

Cliente Empreendedorismo Metodologia e Gestão Lucro Respeito Ética Responsabilidade com a Comunidade e Meio Ambiente

ENCONTRO 4 Transporte Rodoviário e Ferroviário

Materiais de Construção Civil

CÓDIGO DE CONDUTA E INTEGRIDADE DE FORNECEDORES

REQUERIMENTO DE INFORMAÇÃO N..., DE 2011 (Do Deputado BETO MANSUR)

ESCLARECIMENTOS SOBRE O SIMP LUBRIFICANTES RESOLUÇÃO ANP Nº 17/2004 (Atualizado em 30/06/2016)

Programa de Gestão de Fornecedores. da White Martins. Sua chave para o sucesso

Condições de Oferta dos Serviços STV

A Multimex é mais do que uma Empresa de Comércio Exterior, é um portal de negócios internacionais.

ESTUDO PARA O DESENVOLVIMENTO DO SETOR DE CABOTAGEM NO BRASIL. WORKSHOP Nº2: Revisão do diagnóstico e dos incentivos à Cabotagem

PRIMEIRA RODADA DE NEGOCIAÇÃO DE COMPROMISSOS ESPECÍFICOS EM MATÉRIA DE SERVIÇOS

Base Legal da Ação Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998.

BRUNO AUGUSTO VIGO MILANEZ FELIPE FOLTRAN CAMPANHOLI COMPLIANCE CRIMINAL

Importação por Conta e Ordem e Importação por Encomenda (LUCIANO - 15/05/2006)

Condições Gerais Programa de fidelidade O CLUBE FITNESSBOUTIQUE Junho 2011

MANUAL PARA REGISTRO DE CERTIFICADO DE DEPÓSITO DE VALORES MOBILIÁRIOS - BDR NÍVEL I NÃO PATROCINADO

Gestão de Ginásios e Centros de Lazer

MODAL FERROVIÁRIO DE CARGA

CONTRATOS E INCOTERMS. Sobre contratos que regulamentam as importações e as exportações, é possível afirmar que

POLÍTICA DE GESTÃO DE RISCO - PGR

REGULAMENTO DO PROCESSO SELETIVO Nº 086/2012

1. O que é a Nota Fiscal Eletrônica - NF-e?

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Conhecimento de Transporte Eletrônico Estado Bahia

Resumo Aula-tema 05: Legislação empresarial especial

Regulamento para a Certificação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

LOGÍSTICA Professor: Dr. Edwin B. Mitacc Meza

Manual do. Almoxarifado

I - território nacional, compreendendo as águas continentais, as águas interiores e o mar territorial;

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UNIVERSIDADE ABERTA DO PIAUÍ

I. ESTATUTO DO VENDEDOR DIRETO. 1. Venda Direta

Os Cuidados na Comprovação dos Requisitos de Sustentabilidade

POR UNANIMIDADE 06 (seis) meses

Situações especiais em relação ao Fundo de Comércio nas Sociedades Simples

PROJETO DE LEI N.º 7.581, DE 2014 (Do Sr. Marco Tebaldi)

Lista de Exercícios: Vantagem Estratégica. Exercício 1

Correntes de Participação e Critérios da Aliança Global Wycliffe [Versão de 9 de maio de 2015]

PROJETO DE LEI Nº 053 /2012

VERITAE TRABALHO PREVIDÊNCIA SOCIAL SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

INSTRUÇÃO NORMATIVA SCL SISTEMA DE COMPRAS, LICITAÇÕES E CONTRATOS Nº 001/2015.

Estudos para Reorganização do Setor Elétrico

Ética no exercício da Profissão

MANUAL DO ANALISTA DE VALORES MOBILIÁRIOS

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Manual de Risco Operacional

MANUAL DE EMISSÃO DA CL-e


INVENTÁRIO DE MERCADORIAS Data de aprovação: 18/07/2001 Data de alteração: 07/04/2009

TERMOS DE USO. Decathlon.com.br

MANUAL DO GERENCIAMENTO DE RISCO OPERACIONAL

5 MUDANÇAS. com a nova lei que regulamenta a profissão do motorista: lei /12

RESOLUÇÃO Nº 052/2014 CONSUNI (Alterada pela Resolução n 107/2014 CONSUNI)

Regulamento. Projeto Gouveia StartUp

Parecer Consultoria Tributária de Segmentos Operação de Venda Presencial com Entrega Interestadual

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A LEGISLAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA. Atualizadas pela Lei Brasileira de Inclusão da PCD (Lei 13.

5 Instrução e integração

Sistema de Gerenciamento de Projetos V 1.01 MANUAL DO COORDENADOR

RESOLUÇÃO Nº 08/03-COUN

Professor Gabriel Rabelo Contabilidade 15 QUESTÕES SOBRE ESTOQUES PARTE DO E-BOOK CONTABILIDADE FACILITADA PARA A ÁREA FISCAL PROVAS COMENTADAS

LMA, Solução em Sistemas

Regulamento de Compras :

Comércio Exterior. Cursos Completos

Ministério das Obras Públicas

Licenciamento de instalações de armazenamento de GPL GUIA DE PROCEDIMENTOS

PRODUTOS ORGÂNICOS SISTEMAS PARTICIPATIVOS DE GARANTIA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

PROCEDIMENTO ESTRUTURA: 1-Objetivo: 2- Campo de Aplicação: 3- Documento de Referência: 4- Definições e Siglas: 5- Descrição do Procedimento:

PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE TRANSPORTE DE PRODUTOS PERIGOSOS

PROCEDIMENTO GERAL. Identificação e Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais

Transcrição:

Intermodalidade e Multimodalidade Existem diferenças entre Intermodalidade e Multimodalidade? As duas não são irmãs como muitos acreditam, sendo apenas primas, pois embora partam de uma mesma matriz, tomam caminhos diferenciados logo adiante. As duas significam transportes de cargas com mais de um modal. Isto quer dizer transportar uma mercadoria do ponto de origem até o ponto de entrega por modais diferentes. Então qual a diferença? A intermodalidade significa a emissão de documentos de transportes independentes, um de cada transportador, cada um assumindo a responsabilidade pelo seu transporte. Na multimodalidade, ao contrário, existe a emissão de apenas um documento de transporte, emitido pelo OTM Operador de Transporte Multimodal, de ponta a ponta. Quanto a responsabilidade da carga ela é do OTM, do ponto de partida até a entrega final ao destinatário. 1

Em 1993, na European Conference of Ministers of Transport, o conceito de Intermodalidade foi assim definido: O movimento de bens em uma única unidade de carregamento, que usa sucessivos modais de transporte sem manuseio dos bens na mudança de um modal para outro. No livro americano Intermodal lfreight httransportation ti (1995) a definição para transporte multimodal é a seguinte: Transporte realizado por mais de um modal, caracterizando um servi;o porta a porta com uma série de operações de transbordo realizadas de forma eficiente e com a responsabilidade de um único prestador de serviços através de documento único. Para o transporte intermodal que utiliza contêiner, a carga permanece no mesmo contêiner por toda viagem. A lei no 9.611 de 19 fevereiro de 1998 dispõe sobre a prática do Operador de Transporte Multimodal (OTM). Esta lei define o transporte multimodal de cargas como aquele que, regido por um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, utilizando se do OTM. A maior dificuldade desta lei se tornar uma realidade está ligada à questão fiscal e a questão da infra estrutura. Com a implementação do uso de um único documento de transporte (Conhecimento de Transporte Multimodal), alguns estados, representados por suas Secretarias de Fazenda, argumentam que seriam prejudicados na arrecadação do ICMS. Para uma empresa brasileira ser credenciada como OTM, deve entrar com solicitação junto ao Ministério dos Transportes. A Multimodalidade, como esta definida na legislação, ainda esbarra em questões infra estruturais, tais como: eficiência dos portos, terminais para integração entre os modais A infraestrutura do sistema de transportes no Brasil ainda deixa muito a desejar. Os tipos de produtos predominantemente transportados por mais de um modal são commodities, como minério de ferro, grãos e cimento, todos caracterizados como produtos de baixo valor agregado. Portanto, para que estes produtos sejam competitivos é indispensável um sistema de transporte eficiente, pois o custo de transporte é uma parcela considerável do valor destes produtos 2

Vantagens da utilização do Transporte Multimodal Contratos de compra e venda mais adequados; Melhor utilização da capacidade disponível da nossa matriz de transporte; Utilização de combinações de modais mais eficientes; Melhor utilização das tecnologias de informação; Ganhos de escala e negociações do transporte; Melhor utilização da infra estrutura para as atividades de apoio, tais como armazenagem e manuseio; Aproveitamento da experiência internacional tanto do transporte como dos procedimentos burocráticos e comerciais; Redução dos custos indiretos. Atribuições da ANTT no que se refere ao Transporte Multimidal de cargas Segundo a Resolução ANTT nº 104, Art. 46, compete à Superintendência de Logística e Transporte Multimodal SULOG, entre outros: I. Articular com entidades de classe, transportadores, donos de cargas, agências reguladoras de outros modais, órgãos de governo e demais envolvidos com a movimentação de bens para promover o transporte multimodal; II. Propor a habilitação dos Operadores de Transporte Multimodal; III. Elaborar normas e regulamentos técnicos relativos ao transporte multimodal de cargas; IV. Desenvolver estudos, acompanhar a logística de distribuição de bens e propor medidas para desenvolver o transporte multimodal; V. Atuar na defesa e proteção dos direitos dos usuários; VI. Aferir a satisfação dos usuários com a prestação dos serviços de movimentação de bens; VII. Harmonizar interesses e conflitos entre prestadores de serviços e entre estes e os clientes e usuários. 3

Leis que disciplinam o Transporte Multimodal no Brasil As leis que disciplinam o Transporte Multimodal no Brasil são: Decreto 1.563 de 19/07/1995 Dispõe sobre a execução do Acordo de Alcance Parcial para a Facilitação do Transporte Multimodal de Mercadorias, entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, de 30 de dezembro de 1994. Lei 9.611 de 19/02/1998 Dispõe sobre o Transporte Multimodal de Cargas e dá outras providências; Decreto 3.411 de 04/12/2002 Regulamenta a Lei nº 9.611, de 19 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre o Transporte Multimodal de Cargas, altera os Decretos nºs 91.030, de 05 de março de 1985, e 1.910, de 21 de maio de 1996, e dá outras providências. Leis que disciplinam o Transporte Multimodal no Brasil (continuação) Decreto 5.276, de 19/11/2004 Altera os arts. 2o e 3o do Decreto no 3.411, de 12 de abril de 2000, que regulamenta o Transporte Multimodal de Cargas, instituído pela Lei no 9.611, de 19 de fevereiro de 1998, e dá outras providências. Resolução ANTT nº 794, de 22/11/04 Dispõe sobre a habilitação do Operador de Transporte Multimodal, de que tratam a Lei nº 9.611, de 19 de fevereiro de 1998, e o Decreto nº 1.563, de 19 de julho de 1995. A legislação referente ao Transporte Multimodal pode ser encontrada no site do Ministério dos Transportes http://www.transportes.gov.br e no endereço: http://www.antt.gov.br/legislacao/multimodal/index.asp. 4

O que é um Operador de Transporte Multimodal OTM? O Operador de Transporte Multimodal é a pessoa jurídica contratada como principal para a realização do Transporte Multimodal de Cargas da origem até o destino, por meios próprios ou por intermédio de terceiros. O Operador de Transporte Multimodal deve possuir frota própria? O Operador de Transporte Multimodal poderá ser transportador ou não transportador, não sendo, portanto, necessário que tenha frota própria. Quais as atribuições do OTM? O OTM assume a responsabilidade pela execução desses contratos, pelos prejuízos resultantes de perda, por danos ou avaria às cargas sob sua custódia, assim como por aqueles decorrentes de atraso em sua entrega, quando houver prazo acordado. Além dos transportes Inclui os serviços de coleta, unitização, desunitização, movimentação, armazenagem e entrega de carga ao destinatário. 5

Para exercer a atividade de OTM é necessário registro? Sim. O interessado no registro de OTM deverá inscrever se na Agência Nacional de Transportes Terrestres ANTT. Qual a abrangência do registro do OTM? Nacional e Internacional: para âmbito de atuação no Brasil e exterior (exceto Mercosul); Mercosul: para âmbito de atuação nos paises do Mercosul. O candidato a OTM deve fazer suas opções no ato da solicitação do Registro. Logística, e a participação da Atividade de Transporte A Logística trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria prima até o ponto de consumo final, assim como todos os fluxos de informações que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviços adequados aos clientes a um custo razoável. Possui atividades iidd primárias i que são: transportes, manutenção de estoques e processamento de pedidos. O transporte é a atividade básica que trata da movimentação tanto de matérias primas quanto do produto final. É considerada por muitos como a atividade mais notória e conhecida no meio empresarial, devido a sua importância nos custos logísticos: absorve cerca de 2/3 desses custos. Conhecimento de Transporte Multimodal de Cargas O Conhecimento de Transporte Multimodal de Cargas é aquele que evidencia o contrato de transporte multimodal e rege toda a operação de transporte, desde o recebimento da carga até sua entrega no destino, podendo ser negociável ou não, a critério do expedidor. 6

Exemplo de modelo de conhecimento de transporte multimodal de cargas Fim 7