Monitoramento e Avaliação do Plano Integral em Convivência e Segurança Cidadã

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Transcrição:

Coletânea Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa Monitoramento e Avaliação do Plano Integral em Convivência e Segurança Cidadã Empoderando vidas. Fortalecendo nações.

Coletânea Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa Guia de Monitoramento e Avaliação em Convivência e Segurança Cidadã 1ª Edição

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Brasil JORGE CHEDIEK Representante Residente Coordenação Érica Mássimo Machado PNUD Brasil Edição Bruna Pegna Hercog e Marialina Côgo Antolini ARNAUD PERAL Representante Residente Adjunto MARISTELA MARQUES BAIONI Representante Residente Assistente Equipe Técnica Alline Pedra, Bruna Pegna Hercog, Cíntia Yoshihara, Cristiano Pereira da Silva, Joselita Frutuoso de Araujo Macêdo Filha, Juliana Mattedi Dalvi, Marialina Côgo Antolini, Paulo Ricardo de Souza e Paiva, Ricardo de Lacerda Ferreira e Rita de Cássia Lima Andrea Textos Bruna Pegna Hercog, Cíntia Yoshihara, Joselita Frutuoso de Araujo Macêdo Filha, Juliana Mattedi Dalvi e Marialina Côgo Antolini Colaboradores Claudia Ocelli, Daniel de Castro, Daniel Luz, Débora Sol, Eugenia Piza-Lopez, Fernanda dos Anjos, Gabriela Dutra, Gerardo Berthin, Hugo Acero, Jairo Matallana, João José Barbosa Sana, José Carlos Arruti Rey, Lina Salazar, Maristela Marques Baioni, Moema Freire, Nicolas Garrigue, Norma Peña Projeto gráfico e editoração Valentina Garcia PREFÁCIO É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. Publicado pelo Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD). PNUD 2013 Projeto Gráfico: Valentina Garcia Primeira edição: dezembro de 2013 Tiragem: 800 exemplares Impressão: Estação Gráfica Ltda Para elaboração dos textos desta Coletânea, optou-se pelo uso de linguagem não discriminatória em relação a gênero, raça, etnia ou classe social. Em muitos casos, foi necessário o uso genérico do masculino, a exemplo do termo ator social, ou de termos neutros como crianças, adolescentes e jovens. Mesmo nesses casos, entende-se que o genérico do masculino refere-se a homem e mulher e que os termos neutros reúnem as especificidades e direitos adquiridos de cada cidadão e cidadã aqui representados. Guia de monitoramento e avaliação em convivência e segurança cidadã. Brasília : PNUD, 2013. 40 p. (Coletânea convivência e segurança cidadã : guias de gestão territorial participativa). Incl. bibl. ISBN: 978-85-88201-18-7 1. Segurança Cidadã 2. Direitos civis e políticos 3. Direitos humanos 4. Tolerância 5. Cultura de paz 6. Segurança humana 7. Participação social 8. Participação comunitária 9. Administração pública 10. Monitoramento 11. Avaliação 12. Política de desenvolvimento 13. Desenvolvimento humano 14. Brasil 15. Guias I. PNUD Impresso no Brasil A Redução da Vulnerabilidade e a Promoção da Segurança Cidadã formam um dos pilares da atuação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil. São claras as evidências de que os altos índices de criminalidade e de insegurança nos países da América Latina e Caribe têm imposto entraves significativos para o pleno desenvolvimento econômico e social da região, mesmo face às recentes melhorias na governança e na qualidade de vida das populações mais vulneráveis. Neste sentido, o PNUD Brasil compartilha da prioridade brasileira de promover melhorias na segurança pública como caminho necessário ao que chamamos de desenvolvimento humano sustentável. A contribuição a esta área vem da atuação de nossas equipes a partir da perspectiva conceitual da Convivência e Segurança Cidadã, que envolve a adoção de um enfoque integral, local e participativo no tratamento da segurança pública. Isto nos permitiu acumular, nos últimos anos, experiência corporativa relevante na área de Segurança, tanto em âmbito nacional quanto local, como resultado de várias atividades de prevenção do conflito, reforma institucional e construção de capacidades para a governabilidade democrática. Por meio de práticas efetivas em gestão da Segurança Cidadã, o PNUD vem desenvolvendo um conjunto de metodologias, instrumentos e ferramentas que visam apoiar e fortalecer os municípios no âmbito das políticas de prevenção à violência. São instrumentos que recuperam experiências de sucesso da região 5

6 GUIA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO em segurança cidadã e também colocam à disposição dos governos suas redes de especialistas certificados, com experiências concretas e exitosas em diversos países. Um dos frutos desta experiência é esta Coletânea: Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa. As metodologias aqui apresentadas resultam do crescente compartilhamento de responsabilidades na prevenção e no enfrentamento da violência, do âmbito nacional ao local, revelando o quanto a participação das comunidades é fundamental para o sucesso de projetos e programas na área da segurança. A Coletânea foi elaborada a partir da experiência de execução do Programa Conjunto Interagencial da Organização das Nações Unidas (ONU) Segurança com Cidadania: prevenindo a violência e fortalecendo a cidadania, com foco em crianças, adolescentes e jovens em condições vulneráveis nas comunidades brasileiras. Essa experiência de cooperação técnica foi desenvolvida entre os anos de 2010 e 2013, em três unidades territoriais das cidades brasileiras de Contagem (MG), Lauro de Freitas (BA) e Vitória (ES). A Coletânea apresenta não só as metodologias utilizadas, como também fatos e histórias marcantes, que ocorreram ao longo da implementação do Programa nos três municípios e que ilustram a riqueza e a diversidade de experiências bem-sucedidas e o impacto gerado nessas localidades. Dessa forma, nosso objetivo é oferecer a governos, organizações, movimentos sociais, entre outros, materiais de referência para uma atuação local, integral e participativa na construção de uma cultura de prevenção à violência. Desejamos uma excelente leitura a todas e todos bem como nossos votos de que este material encontre uso efetivo na promoção da Convivência e da Segurança Cidadã neste país. Jorge Chediek Coordenador-Residente do Sistema das Nações Unidas no Brasil e Representante-Residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil SUMÁRIO APRESENTAÇÃo 6 O QUE É MONITORAMENTO E O QUE É AVALIAÇÃO? 8 POR QUE MONITORAR E AVALIAR? 10 Audiência com prefeito eleito 11 incentiva ação da Comissão de Comunicação Entrevista: Clarice Zilberman Knijnik 14 COMO MONITORAR E COMO AVALIAR? 18 Definindo princípios fundamentais para 18 uma boa prática de monitoramento e avaliação Identificando peças chaves para 20 o monitoramento e avaliação Monitorando 25 Comissão de Comunicação tem papel monitorador 27 no Programa Conjunto da ONU Segurança com Cidadania Avaliando 28 Elaborando um Plano de Trabalho 31 de monitoramento e avaliação Rodas de Diálogo: fortalecimento da sociedade civil e 32 envolvimento de jovens no processo de avaliação e monitoramento O QUE A PRÁTICA ENSINa 33 Cartilha do Plano: instrumento 35 de apoio ao processo de Monitoramento e Avaliação REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICas 36

APRESENTAÇÃO 8 GUIA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO O Guia de Monitoramento e Avaliação em Convivência e Segurança Cidadã faz parte da Coletânea Convivência e Segurança Cidadã: Guias de Gestão Territorial Participativa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), composta por um encarte conceitual e sete Guias: Preparação, Curso de Convivência e Segurança Cidadã, Diagnóstico Integral e Participativo, Plano Integral e Participativo, Intercâmbio de Experiências, Monitoramento e Avaliação e Comunicação e Mobilização Social e o Jogo Fica Seguro, que convida de forma lúdica e dinâmica para a vivência de todas as etapas da implementação de um projeto de Convivência e Segurança Cidadã. O objetivo do PNUD é oferecer a governos, organizações e movimentos sociais, entre outros, materiais de referência para a atuação local na construção de uma cultura de prevenção da violência. Este Guia tem como objetivo ser um instrumento que facilite o acompanhamento e o controle da execução do Plano Integral e Participativo de Convivência e Segurança Cidadã, por meio da disponibilização de orientações sobre o desenvolvimento de processos de monitoramento e de algumas noções para contribuir com os processos de avaliação. Pretende-se, com isso, responder à necessidade de suprir gestores públicos, técnicos e representações dos movimentos sociais com subsídios para uma prática de monitoramento e avaliação que possa ser participativa, enquanto recurso de controle social, e instigante do processo de planejamento, como etapa fundamental para a governança local. Desenho sobre foto de ação do Programa Conjunto da ONU Segurança com Cidadania

GUIA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO 10 ator social Um determinado indivíduo é um ator social quando representa algo para a sociedade, encarna uma ideia, uma reivindicação, um projeto, uma promessa, uma denúncia. Uma classe social, uma categoria social ou um grupo podem ser atores sociais, assim como instituições: partidos políticos, jornais, igrejas etc. (SOUZA, 1991). Os atores sociais, são portanto, todos aqueles que tenham interesse na questão da convivência e segurança cidadã. São, prioritariamente, aquelas que integram o território trabalhado, podendo se estender a todos que atuam com a temática. (Souza, 1991) e (RGCI, 2007) Leia mais sobre o conceito de Convivência e Segurança Cidadã no Guia de Apresentação. O QUE É MONITORAMENTO E O QUE É AVALIAÇÃO? Toda ação, para ser bem executada, precisa ser bem planejada, monitorada e avaliada. Atualmente, a importância e o uso dos recursos de planejamento já estão bastante difundidos entre os executores de políticas públicas e de programas ou projetos sociais. No entanto, a importância e o uso da avaliação e, principalmente, do monitoramento ainda não foi suficientemente absorvida por gestores, técnicos e lideranças comunitárias, como fundamentais para os processos de gestão do território. A dificuldade em seu uso se dá desde a compreensão do que são seus instrumentos de medição, como os indicadores, até quanto aos métodos de análise a serem utilizados no acompanhamento da execução das iniciativas para o alcance dos resultados esperados. O planejamento de iniciativas contextualizadas, voltadas para a Convivência e a Segurança Cidadã, preveem que, a partir de uma prática intersetorial, interdisciplinar e participativa, seja alcançada efetivamente a redução das práticas de violência e a promoção de uma cultura de paz. Tal tarefa desafiadora exige um amplo horizonte de tempo e a apropriação pelos atores sociais envolvidos para se concretizar e, por isso, deve ser pensada na perspectiva do planejamento de curto, médio e longo prazo. Assim sendo, ao se planejar planos, programas e projetos, as ações de monitoramento e avaliação se constituem em importantes ferramentas de gestão que auxiliam na superação de dificuldades que normalmente ocorrem no processo de execução, no acompanhamento do desempenho e no aperfeiçoamento contínuo da qualidade do que se almeja atingir. A palavra monitoramento vem do termo em latim monere, que significa alerta. Em português, tem-se traduzido como monitoria ou monitoramento, sendo usada também como sinônimo de vigilância, acompanhamento, seguimento. Pode-se dizer que monitorar é acompanhar algo para saber se seu desenvolvimento ou crescimento está se dando conforme o esperado. Monitorar é um ato contínuo de observação no qual os atores sociais envolvidos obtêm retorno de informações sobre o progresso que tem sido feito para o alcance de metas e objetivos. Monitorar é constatar. A avaliação, por sua vez, é estabelecer um juízo de valor, fazendo uma análise das vantagens e desvantagens dos procedimentos adotados, se estão respondendo ou não ao que se busca alcançar. Possibilita um olhar que identifica responsabilidades e processos a serem disseminados, reforçados ou reorientados. Em outras palavras, a avaliação é o processo de valoração das ações concluídas, ou em andamento, para determinar até que ponto estão sendo atingidos seus objetivos declarados e contribui para a tomada de decisão do que deve permanecer, ser reorientado ou disseminado em determinada iniciativa. Avaliar é valorar. PARA COMPREENDER AS RELAÇÕES E DEPENDÊNCIAS ENTRE PLANEJAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO: Sem um planejamento adequado e uma articulação com os resultados desejados não fica claro o que deve ser monitorado, nem como; portanto, não se pode fazer bem o monitoramento sem planejamento eficaz, com resultados bem definidos, a base da avaliação é fraca; portanto, não se pode fazer bem uma avaliação sem um monitoramento atento, não se podem coletar os dados necessários; portanto, não se pode fazer uma boa avaliação Fonte: Adaptado de MANUAL DE PLANIFICACIÓN, SEGUIMIENTO Y EVALUACIÓN DE LOS RESULTADOS DE DESARROLLO, PNUD, 2009. Na prática, o monitoramento deve estar articulado com a avaliação; os dois aparecem juntos nos processos de acompanhamento, pois possuem objetivos comuns: garantir que a ação programada alcance metas e resultados previstos da melhor forma, ou seja, de modo eficiente e eficaz. Ambos são processos contínuos e têm metodologias próprias. A diferença fundamental entre os dois é que a avaliação exige análises mais rigorosas, muitas delas feitas de modo independente de quem executa, para indicar aos gestores e demais atores sociais envolvidos se estão ou não no caminho certo. o monitoramento é necessário, mas não suficiente, para a avaliação o monitoramento facilita a avaliação, mas a avaliação utiliza compilação de dados adicionais e diferentes quadros para análise o monitoramento e a avaliação de um programa, muitas vezes, levarão a mudanças em seus planos do programa. Isso pode significar mudanças adicionais ou modificações na coleta de dados para o monitoramento 11

GUIA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO 12 Leia mais no Guia do Plano Integral e participativo. O monitoramento fornece informações em tempo real necessárias para a gestão, enquanto a avaliação fornece uma análise mais abrangente. O processo de monitoramento pode gerar perguntas que devem ser respondidas pela avaliação. Juntos, monitoramento e avaliação fortalecem o planejamento e a aprendizagem, alimentando o ciclo do fazer, aprender e melhorar. As lições aprendidas do monitoramento são discutidas periodicamente e usadas para reforçar POR QUE MONITORAR E AVALIAR? O principal objetivo do Plano Integral de Convivência e Segurança Cidadã é a redução da criminalidade e da violência em um território. Para isso, são definidas diretrizes, ações e metas visando à prevenção e ao enfrentamento da violência e da criminalidade, com a atuação integrada entre o poder público, a comunidade e a sociedade civil organizada. Tais diretrizes, ações e metas são desdobradas em projetos que, por sua vez, são elaborados e implementados de modo participativo desde o planejamento até a execução. as ações e decisões. As avaliações devem ser feitas para melhorias programáticas, enquanto o programa ainda está em andamento, e para apoiar o planejamento de novos programas. Monitorar e avaliar vão além de fiscalizar ou de exercer controle social, são possibilidades de fazer com que planos, programas e projetos se tornem melhores, flexíveis e mais criativos. Um Plano bem monitorado e avaliado possibilita: Atendimento de diretrizes, ações e alcance de metas nos tempos previstos Aperfeiçoamento na utilização dos recursos Potencialização de resultados Promoção de uma gestão transparente do processo e incentivo à corresponsabilização dos atores para a execução das atividades e alcance dos objetivos e impactos esperados METODOLOGIA Audiência com prefeito eleito incentiva ação da Comissão de Comunicação A troca da gestão municipal em Vitória (ES) apresentou uma oportunidade não esperada de avaliação da metodologia utilizada no desenvolvimento de projetos na área de Convivência e Segurança Cidadã e para uma ação de monitoramento da Comissão de Comunicação e Mobilização Social Puxaí. O prefeito eleito, antes de tomar posse, realizou audiências públicas nas regiões administrativas do município, com o objetivo de ouvir as principais demandas da população local. Em São Pedro região de Vitória integrante do Programa Conjunto da ONU Segurança com Cidadania, a audiência aconteceu no final de novembro de 2012 e reuniu lideranças dos dez bairros que compõem o território. Na dinâmica da reunião, todos poderiam se inscrever para em poucos minutos falar sobre o problema que gostaria de ver resolvido pela nova gestão. Dentre os mais de cem participantes, havia tanto pessoas que conheciam o Diagnóstico e o Plano Integral e Participativo, como aquelas que não sabiam da existência do Programa. Assim, a Comissão de Comunicação composta principalmente por algumas lideranças locais e jovens da região fez a entrega do Plano para o novo prefeito, apresentando-o como uma demanda da comunidade local. À medida que as demais colocações dos presentes iam sendo feitas, foi possível perceber que boa parte delas estavam, de alguma forma, inseridas no Plano. Um dos problemas mais destacados durante a audiência foi a falta de segurança na Rodovia Serafim Derenze principal via da região. A melhoria na segurança desta avenida está prevista no Plano Local, por meio do projeto de Ampliação das Políticas de Acessibilidade e Mobilidade da Região de São Pedro, que tem como uma de suas metas a implantação do Corredor da Serafim Derenze, proposta já existente na Secretaria de Desenvolvimento da Cidade, mas ainda não executada. Outra questão levantada diversas vezes durante a audiência foi o problema do lixo e dos entulhos que se acumulam na região. A coleta seletiva do lixo e a implantação de programas de sensibilização para importância da separação de resíduos são ações também contidas no Plano. Dessa mesma maneira, diversos temas contemplados, tanto no Diagnóstico quanto no Plano, foram aparecendo ao longo da reunião: melhoria no acolhimento de mulheres vítimas de violência, ampliação das vagas dos programas de escola em tempo integral, falta de uma escola de ensino médio e técnico na região, criação de programas de capacitação profissional, conclusão de obras do Orçamento Participativo e melhoria da iluminação pública, entre outros. Assim, foi possível checar que a metodologia proposta e desenvolvida na região vai ao encontro dos anseios da comunidade de São Pedro, contribuindo para apresentar de forma clara as principais questões enfrentadas naquele território e propondo alternativas de melhoria da qualidade de vida na região. 13

GUIA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO 14 Leia mais no Guia de Comunicação e Mobilização Social. O monitoramento e a avaliação possibilitam a geração de informações fidedignas sobre os resultados alcançados, a identificação de restrições ou dificuldades enfrentadas na implantação, bem como que sejam criadas recomendações para auxiliar a tomada de decisão dos gestores Para melhorar as chances de sucesso da ação, devem-se fortalecer quatro áreas principais 1. Planejamento e definição do programa e do projeto Projetos e programas têm uma maior chance de sucesso quando seus objetivos e seu alcance são bem definidos e compreendidos. Isso reduz a chance de encontrar desafios significativos durante a implantação. 2. Participação ampliada Altos níveis de compromisso de usuários, atores sociais envolvidos na execução e partes interessadas na iniciativa são cruciais para seu sucesso. 3. Comunicação Uma boa comunicação resulta numa mobilização e maior aceitação por parte dos interessados. Além públicos e dos diversos atores sociais das comunidades participantes dos planos, programas e projetos. É importante saber se o que aconteceu é por causa da ação empreendida e que mudanças essa ação provocou em relação ao problema que se pretendia resolver. disso, a melhoria da comunicação esclarece objetivos, papeis e responsabilidades, bem como as informações sobre o andamento e desempenho do projeto. Essa clareza ainda ajuda a garantir a utilização ótima dos recursos. 4. Acompanhamento e avaliação Os programas e projetos com fortes componentes de monitoramento e avaliação tendem a ser relevantes para ter continuidade e serem replicados. Além disso, muitas vezes os problemas são detectados antes, reduzindo a probabilidade de custos excessivos ou atrasos significativos. Fonte: Adaptado de MANUAL DE PLANIFICACIÓN, SEGUIMIENTO Y EVALUACIÓN DE LOS RESULTADOS DE DESARROLLO, PNUD, 2009. Todos os envolvidos no processo deverão ter a oportunidade de monitorar e avaliar a implantação do Plano e de seus respectivos projetos ao longo do tempo. Assim, é possível a identificação dos efeitos e dos impactos alcançados pelas ações, de modo que seja possível agregar, continuamente, valor ao que se está sendo executado. Isso representa um aumento da capacidade governamental de responder às demandas da gestão da Convivência e Segurança Cidadã dentro das capacidades existentes em cada localidade. Para serem efetivos, o monitoramento e a avaliação exigem métodos e recursos rigorosos e, muitas vezes, dispendiosos para a gestão pública. Apesar disso, quanto mais participativo for o processo, maior será a chance de obtenção de informações qualificadas e válidas para alimentar os indicadores e as análises e, como consequência, pode-se baratear os custos e otimizar os recursos disponíveis. Embora muitas sejam as dificuldades para se assumir esta decisão, os ganhos posteriores e o nível de envolvimento da comunidade se configurarão em um legado que, aos poucos, tornará o monitoramento e a avaliação imprescindíveis na gestão de qualquer iniciativa para o desenvolvimento local com base no desenvolvimento humano. 15

Entrevista Clarice Zilberman Knijnik É importante ter em mente que o monitoramento é um instrumento de participação, transparência e cidadania. Clarice Zilberman Knijnik é consultora do PNUD em Monitoramento e Avaliação para o Programa Conjunto da ONU Segurança com Cidadania. Mestre em Planejamento de Políticas Públicas e Meio Ambiente pela Universidade de Paris XII, Clarice trabalha desde 2006 com consultoria em desenho, monitoramento e avaliação de projetos em diferentes áreas de políticas públicas para organizações internacionais. Na entrevista abaixo, ela fala um pouco sobre os desafios dos processos de monitoramento e da avaliação. GUIA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO 16 Como pode ser definida, de maneira sucinta, a diferença entre monitoramento e avaliação? O monitoramento é um insumo da avaliação. Você não consegue avaliar perfeitamente se não tiver um processo de monitoramento bem definido e executado de maneira efetiva, ao longo de toda a implementação do projeto. Sem monitoramento não se faz avaliação. Quais as especificidades que um projeto tão amplo como o Plano Integral e Participativo de Convivência e Segurança Cidadã tem no viés do monitoramento e da avaliação? A primeira delas é o monitoramento de longo prazo. Isso é um grande desafio, principalmente em períodos de troca de governo. O monitoramento tem que ser um compromisso assumido pela comunidade, por técnicos e autoridades desde o início da formulação do projeto. Existem instituições coparticipantes que, independente das autoridades e das pessoas que estão incluídas no processo, podem assumir conjuntamente esse compromisso, porque isso é uma forma de assegurar que as atividades vão continuar. A segunda especificidade é a metodologia que será adotada. O monitoramento feito de forma participativa, com o envolvimento de ONGs, comunidade e instituições públicas, é um processo que exige uma maior capacidade dos diferentes atores de articulação, assim como o entendimento das responsabilidades e das contribuições a serem dadas. Por isso, a metodologia adotada deve ser clara, discutida e acordada pelos parceiros e atores envolvidos. E quais são os fatores que merecem mais atenção durante esse processo de monitoramento e avaliação? Uma das coisas importantes é a constituição de uma linha de base. Ela é anterior à implantação do projeto. Teoricamente, ela teria que dar os insumos para o detalhamento do projeto. Por exemplo: por que, em determinada ação de um projeto, é sugerida a capacitação de 300 pessoas? De onde saiu essa meta a ser alcançada? Temos a situação atual, geradora de uma demanda (diagnóstico), que pode ser de mil pessoas capacitadas. No entanto, a decisão do projeto de atender somente 300 numa primeira etapa se baseou no tempo exíguo para a execução e em recursos limitados. Então, a primeira recomendação é o estabelecimento de linha de base para orientar o planejamento da proposta de projeto, apoiar a avaliação da iniciativa e permitir, em um prazo maior, medir os impactos do projeto. O segundo ponto, muito importante, é que muitas vezes as pessoas não conhecem direito esse processo de acompanhamento de um projeto. Em certas ocasiões, os atores podem ter uma atividade mais executiva e conhecem bem certas etapas do projeto, reduzindo a visão do todo. Monitorar um projeto significa também ter uma visão completa dele. E quando esse processo é acompanhado por diversos atores, como é o caso, é 17

GUIA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO 18 importante ter em mente que o monitoramento é um instrumento de participação, transparência e cidadania. Ele exige e permite condições de transparência do que está sendo efetivamente executado, como está sendo e os avanços e dificuldades enfrentados na implantação do projeto. Em geral, algumas instituições públicas não criam espaços que permitam a participação da sociedade em termos de cobrança, de colaboração e de acompanhamento dos projetos. Este processo de planejamento participativo vem se incorporando com mais força nas ações públicas na última década. Assim, é preciso que a comunidade conheça os processos de planejamento participativo (incluindo monitoramento e avaliação), criando formas de colaboração e de cobrança de resultados das instituições públicas, que têm sua existência voltada ao atendimento da sociedade. É um instrumento de participação, de exercício de cidadania e de governança. O local onde o Plano Integral e Participativo de Convivência e Segurança Cidadã e seus processos de monitoramento e avaliação estão sendo executados tem influência no perfil do projeto? Na constituição dos Planos, apesar de serem semelhantes nos eixos de atuação, encontramos conteúdos diferentes. Significa que não tem uma única receita! Existe um quadro de referência para o planejamento das ações, que são os grandes eixos de desenvolvimento, mas podemos ver refletidas no Plano as dificuldades, as facilidades e as vantagens de cada localidade. Assim, é preciso que as especificidades dos territórios e das comunidades sejam respeitadas. A metodologia deve ser aplicada para atender aos anseios locais, tendo em mente que os processos e as articulações para a implantação de projetos são diferentes em cada lugar, respeitando as características das comunidades envolvidas. Qual é o perfil ideal do comitê ou da pessoa que irá acompanhar o processo de monitoramento e avaliação? O comitê deve ser constituído por um número não muito grande de pessoas, mas ele tem que ter pelo menos um membro representativo de cada uma das categorias de atores, parceiros e beneficiários envolvidos. É fundamental ter pessoas com um perfil comunicativo, que apresentem muita liderança, consigam receber informações, analisá-las e devolvê-las para as comunidades e que tenham poder de agregação grande. Essas pessoas devem saber escutar e disseminar o que foi decidido, além de trazer respostas de consultas à comunidade ou à instituição à qual representam. Principalmente, pessoas que tenham a capacidade de pensar nos benefícios do projeto como um todo, deixando de lado os interesses específicos das suas instituições ou organizações para tratar os temas em termos de comunidade e cidadania. É um desafio em que as pessoas têm que deixar questões internas das suas entidades de lado e pensar sempre: qual é o objetivo e por que nós estamos aqui? Determinados temas muitas vezes exigem que o comitê apresente em sua composição uma pessoa neutra, altamente reconhecida pela sociedade e que aporte expertise em determinados temas. Essa pessoa atuará como um mediador nos conflitos que podem acontecer ocasionalmente nos processos de implantação de projetos e de planos. 19

GUIA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO 20 COMO MONITORAR E COMO AVALIAR? Como dito anteriormente, o monitoramento e a avaliação são práticas complementares e interdependentes. Por isso, há a necessidade de se estabelecer com cuidado o desenho do projeto, considerando as demandas de informações que irão orientar tanto a execução quanto o acompanhamento. O Plano Integral e Participativo é uma ferramenta que define o conjunto de ações a serem realizadas, relacionando compromisso e responsabilidades dos diversos atores sociais envolvidos, além dos prazos e recursos necessários para a implementação. Ao definir as ações que serão detalhadas em programas e projetos, o Plano traça caminhos a serem trilhados para o alcance das mudanças desejadas. Esses Definindo princípios fundamentais para uma boa prática de monitoramento e avaliação Apropriação pelo Governo, pela comunidade e pelas lideranças do Plano Integral de Convivência e Segurança Cidadã Assegurar a participação ampla dos diversos atores sociais em todos os estágios do Plano favorece o fortalecimento pelo governo de sua capacidade institucional, associada a uma cultura de gestão voltada para o alcance dos caminhos, para serem acompanhados, precisam de marcos que sinalizarão onde se está chegando. Estes marcos são chamados de indicadores. Além dos indicadores, é preciso descrever de forma clara e objetiva as metas (mudanças desejadas), os meios de verificação (como serão encontrados os indicadores), a linha de base (situação anterior à implementação do projeto) entre outros elementos de planejamento, que, ao serem bem definidos, favorecem o alcance dos resultados. O resultado é aquilo que se espera ao final da execução de uma atividade, de um projeto ou de um programa. São os resultados que provocam as mudanças esperadas em relação aos problemas ou às necessidades inicialmente identificados. resultados, com forte contribuição da comunidade, de modo consultivo, e de seus representantes de diversos setores, de modo deliberativo. Assim, potencializam-se os acordos estabelecidos quando da elaboração do Plano, o que incentiva o uso dos resultados do Monitoramento e da Avaliação para a proposição e reformulação de políticas públicas. Relevância e aplicabilidade Para serem relevantes, o monitoramento e a avaliação devem ser desenhados para responder as demandas de Convivência e Segurança Cidadã que são importantes para a comunidade e os beneficiários. O planejamento conjunto favorece a compreensão sobre o que realmente a comunidade espera conhecer, ser informada ou colaborar. Isso assegura um bom desenho de plano de trabalho de monitoramento e avaliação, o que aumenta a probabilidade de que as lições aprendidas e recomendações possam alimentar a formulação de novas iniciativas e de políticas públicas. Flexibilidade e adaptabilidade às condições locais É imprescindível que haja flexibilidade e adaptabilidade do Monitoramento e da Avaliação para as especificidades locais. Para tanto, o planejamento deve ser pensado de modo a adaptar o projeto aos contextos institucionais, sociais e econômicos em que irá ser desenvolvido. Isso envolve uma análise prévia quanto aos atores sociais envolvidos em termos de disponibilidade, nível de conhecimento e possibilidade de acesso às informações, que inclui as condições das organizações envolvidas e a capacidade de disponibilização de recursos financeiros. A metodologia existe como referência para o processo, mas deve ser trabalhada como orientadora da ação, inclusive ao considerar as possibilidades de reorientação de suas etapas, fases ou procedimentos às condições locais. Tempo e Oportunidades de Monitoramento e Avaliação A implementação do Plano em sua totalidade e os seus diferentes projetos, indica o prazo que é necessário para o alcance de determinados resultados. Este tempo que leva para alcançar os resultados é um importante elemento a considerar para a definição da frequência do monitoramento e dos momentos adequados de avaliação. As avaliações intermediárias e finais normalmente deveriam ser focadas naqueles resultados que possam mostrar mudanças mais rápidas, de acordo com o plano de trabalho e as metas a alcançar. 21