Instrumentos econômicos e financeiros para o GIRH. Introdução ao financiamento de recursos hídricos

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Transcrição:

Instrumentos econômicos e financeiros para o GIRH Introdução ao financiamento de recursos hídricos

Metas e objetivos da sessão: explicar como as partes que constituem o setor de águas obtêm financiamento. considerar como uma estrutura de financiamento nacional, que seja coerente, adequada e auto-sustentável, pode ser organizada.

Resumo da apresentação Instrumentos econômicos e financeiros Financiamento para o setor de águas Categorias de custo e fontes de financiamento Construção de estratégia de financiamento para GIRH O alcance dos instrumentos financeiros Estudo de caso: dois exemplos de financiamentos coerentes, França e Holanda

Introdução O setor de águas de uma nação inclui variadas funções e serviços. O ponto de partida na construção de uma estratégia de financiamento é considerar, para cada parte do setor, suas fontes e modalidades de financiamentos, a condição financeiro das entidades envolvidas, e suas exigências financeiras futuras.

Instrumentos financeiros e econômicos Alguns instrumentos podem desempenhar tanto objetivos econômicos como financeiros: 1. Instrumentos econômicos são aqueles que influenciam o comportamento dos usuários com relação à água e à alocação de recursos. 2. Instrumentos financeiros geram receitas financeiras para a operação e o desenvolvimento do setor. Contudo, os dois efeitos podem ficar sobrepostos, e o mesmo instrumento pode desempenhar um objetivo ou ambos os objetivos em circunstâncias diferentes. Por exemplo: uma tarifa pode servir aos dois propósitos.

Catálogo do setor nacional de águas Estabelecimento de regras e coordenação do setor Regulação econômica & ambiental & Monitoramento de desempenho Desenvolvimento de recursos hídricos e gestão Distribuição de água canalizada Saneamento básico; Coleta, transporte e tratamento de águas residuais

Categorias de custo e fontes de financiamento Custos recorrentes são as despesas ininterruptas envolvidas na operação de todas as partes do setor de água, incluindo proventos & salários, combustível, eletricidade, produtos químicos, peças de reposição e itens menores de capital para manter e consertar o sistema. Custos de capital são relativos a grandes itens de investimento e incluem: - Infraestrutura (represas, redes de abastecimento, etc.); - Desenvolvimento de recursos (proteção de reservatórios e perfuração de poços, etc.); - Consertos de maior vulto e modernização (atualização de ETAs) - Reabilitação de instalações antigas ou deterioradas

Fontes de financiamento nos anos 90 Setor público doméstico 65 70%; Setor privado doméstico 5%; Agências internacionais de doações e IFIs 10 15%; Instituições privadas internacionais 10 15%

Construindo uma estratégia de financiamento para a GIRH (1) Uso das finanças públicas para bens públicos Recuperação de custos de usuários para serviços diretamente produtivos Delegação apropriada de poderes financeiros para entes sub-soberanos & agentes locais Elevado autofinanciamento de fornecedores de serviço Tomada de subvenções externas

Construindo uma estratégia de financiamento para a GIRH (2) Co-financiamentos deveriam ser buscados para projetos transnacionais e aqueles com benefícios internacionais O custo de esquemas multipropósitos pode ser compartilhado com outros setores Algumas externalidades podem ser arrecadadas em dinheiro e aplicadas em GIRH Parcerias são um bom modo de obter novas fontes de financiamento O financiamento de fontes comerciais

O alcance dos instrumentos financeiros Encargos sobre uso ou benefícios Subvenções governamentais locais ou nacionais ou outro Concessões externas (ODA) Filantropia Empréstimos comerciais e ações

Instrumentos para o financiamento do setor de águas (1) i) Pagamento pelo uso da água ou de seus serviços: - Encargo pela derivação (retirada) -Tarifas para residências, indústrias, propriedades rurais e grandes usuários -Tarifa de lançamento de esgoto e de efluentes - Tarifa de poluição gerada - Taxas pela outorga e tarifas pelo uso de serviços específicos -Tributo pela proteção contra inundações

Instrumentos para o financiamento do setor de águas (2) ii) Subvenções governamentais nacionais, empréstimos & garantias do orçamento nacional, estadual, municipal e/ou intermediários financeiros e bancos de desenvolvimento. iii) Subvenções externas e empréstimos (ODA) iv) Agências filantrópicas e parcerias v) Empréstimos comerciais, ações & PSP, por exemplo: empréstimos de IFI, Empréstimos bancários comerciais& microfinanciamento, Títulos, ações ordinárias, garantias externas & divisão de riscos, contratos de PSP de vários tipos (COTs, concessões, etc).

Caso: exemplo de financiamento coerente na França

Características peculiares do modelo holandês Modelo de propriedade do setor público para Comitês de Água &Companhias de Abastecimento d'água (PLCs); Estrutura democrática dos Comitês de Água, com representação forte dos grupos de interesse; Forte fluxo de rendimentos para Comitês de Água & provedores de água para PLCs; O Banco Holandês de Água é uma fonte dedicada de empréstimos a longo prazo; Fornecimento de água & coleta e tratamento de águas residuais são agora autofinanciáveis (por fluxo de caixa & empréstimos); Fortes agências sub-soberanas que atraem finanças de longo prazo, em boas condições; Alto grau de auto-regulação & benchmarking por Comitês de Água & PLCs.

Pense nisso Existe a prática de adoção de mercados de capitais e de financiamento comercial no setor de águas de seu país? Quais são os segmentos principais do setor de águas do seu país? Quais são as fontes de financiamento de cada uma delas? (diferencie os gastos recorrentes dos itens de investimento) A estrutura de financiamento atual é racional e sensível? Faça sugestões para melhorá-la. Faça sugestões para atrair mais fontes de financiamento para o setor de águas no seu país. Sempre existem coisas não vistas!

Fim O próximo capítulo vai trazer alguns exemplos de instrumentos financeiros usados no setor de águas de países em desenvolvimento.