ANÁLISE VISUAL E GRANULOMÉTRICA DO ENTORNO DA FÁBRICA LANG, PELOTAS, RS: BASES PARA DIRETRIZES DE PRESERVAÇÃO.

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Transcrição:

ANÁLISE VISUAL E GRANULOMÉTRICA DO ENTORNO DA FÁBRICA LANG, PELOTAS, RS: BASES PARA DIRETRIZES DE PRESERVAÇÃO. CHOER, André Mancini¹; KROLOW, Bernardo David¹; JANTZEN, Sylvio Arnoldo Dick³ ¹Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo FAURB/UFPel ²Prof. Dr. Arquiteto FAURB/UFPel Benjamim Constant, 1359 CEP 96010-020 1. INTRODUÇÃO Voltados para áreas de preservação, este estudo trata da aplicação da análise granulométrica combinada com outros procedimentos de leitura visual e análise de sítio urbano. 2. METODOLOGIA A granulometria Fazendo uma análise visual em uma foto aérea ou em um mapa, podemos determinar o tamanho do grão. O grão pode ser estabelecido a partir do tipo de parcelamento dos lotes de uma área, bairro ou região específica que se pretende estudar. Lotes residenciais, com tamanhos menores, podem ser chamados de grão menor, shoppings-centers ou fábricas poderiam ser denominados como os grãos maiores e assim por diante. Para esse estudo escolheu-se o entorno da antiga Fábrica Lang. A fábrica constituiu o fato urbano gerador e indutor da urbanização da área. O conceito de fato urbano é baseado no livro de Aldo Rossi, A arquitetura da cidade. A área é formada pelo triângulo das ruas Antonio dos Anjos, Gonçalves Chaves e Avenida Domingos de Almeida. Pequenos trechos das Ruas Doutor Amarante, Padre Felício, Almirante Barroso, Edmundo Berchon e Avenida JK de Oliveira convergem para esse triângulo, o qual ainda inclui a Rua Ambrósio P. Ferreira. Esse entorno fica próximo da Avenida Bento Gonçalves e da área central de Pelotas. 3. RESULTADOS Considerações O sítio em estudo apresenta-se de forma heterogênea, dividido em cinco sub-áreas, de acordo com o tecido urbano e seus elementos construídos, formados através de sua evolução, transformações e inter-relações. Para justificar intervenções na área e a inserção de novas edificações, compreender essa lógica possibilita a identificação de formas mais apropriadas, cultural e socialmente. A seguir foi caracterizada cada sub-área. Para cada quadra (trecho de quarteirão) foi elaborado um Perfil-Tipo. Perfil-Tipo:

Para a definição do perfil-tipo considerou-se a representatividade dos edifícios em diversos aspectos. Matematicamente, calculou-se a presença de cada tipo de edificação em número absoluto e em tamanho de testada. Posteriormente, agregou- originalidade, tipo edilício e local implantação, se a este cálculo fatores como escala, que conferiam importância diferenciada às edificações. Sub-área 1 - Fábrica Lang O lote da antiga Fábrica foi considerado uma sub-área. Além da grande chaminé, existe um conjunto de edificações imponentes de diversas épocas e estilos. A Fábrica sempre teve muita representatividade na área. Durante seu funcionamento, contribuiu com o entorno, na infra-estrutura e melhoras urbanas. Foi o primeiro conjunto edificado do local, e influenciou a urbanização dos demais lotes. A gleba da Fábrica sofreu parcelamentos sucessivos. Atualmente mede aproximadamente 8.000 m², é ocupada por 12 edificações, que apresentam em média entre 200m² a 300m² de área construída. A organização dos edifícios e equipamentos da Fábrica conforma espaços de rua e alguns espaços abertos. A granulometria das edificações e o estudo do parcelamento da Fábrica Lang representa o maior grão da área. Classificada como tipologia Industrial Tradicional, apresenta características nas fachadas tais como simetria e trimorfismos. As ruelas localizadas no terreno da Fábrica apresentam pavimentação em bom estado, original da época de sua construção. As vias são de uso misto, com tráfego de veículos restrito. Os serviços públicos e redes de infra-estrutura se dão através da Rua Gonçalves Chaves. A chaminé da Fábrica foi considerada como elemento excepcional, pois é uma das poucas da cidade que permanecem em pé. Além de possuir valor como marco referencial para a legibilidade e a orientabilidade do usuário na zona, também representa a memória dos fatos históricos relacionados aos espaços de trabalho. Com isso, o procedimento mais cabível seria incluí-la no Inventário do Patrimõnio Histórico da Cidade, para ser reconhecida pelos órgãos competentes, o que poderia facilitar à realização de obras de manutenção na chaminé. As edificações restantes, em geral, sofreram descaracterizações leves, não comprometendo os valores históricos, artísticos ou arquitetônicos do conjunto edilício. Contudo, percebe-se a necessidade da qualificação das vias, desde a pavimentação das calçadas até sua uniformização visual e condições de acessibilidade universal, passando pelo enriquecimento e ampliação do mobiliário urbano. Essas melhorias seriam conseqüência da aplicação de diretrizes adequadas, que permitam novos usos e requalificação da área. Uma das medidas cabíveis seria a integração do enclave que o lote e o conjunto de edifícios da Fábrica Lang representam, com a Rua Gonçalves Chaves. O conjunto ficaria inserido na percepção da via e valorizaria o bairro, tornando-o parte do roteiro das áreas mais importantes da cidade. Sub-área 2 - Rua Gonçalves Chaves Projetou-se em Pelotas no inicio do século XX, um bairro nobre organizado, com ruas largas, onde as edificações deveriam estar distanciadas e isoladas do alinhamento das vias pelos jardins. Esse tipo de projeto aproximava-se das propostas européias de Cidade Jardim, da virada do século XIX e XX.

A tipologia da rua Gonçalves Chaves, compõe-se basicamente de tipos tradicionais característicos (Industrial Tradicional, Villa Burguesa, Neo-Colonial, Californiano, Proto-Moderno, Modernista, Casa de Porta e Janela e Eclético), conforme sua época. O parcelamento do solo é em lotes predominantemente retangulares, medindo entre 500m² e 1000m², edificados com recuos de ajardinamento. Conforme análise granulométrica e do pelo parcelamento do solo, nesse trecho predominam os grãos menores (residências) e há a presença do grão maior (fábrica), havendo também grãos pequenos (edifícios residenciais). A linha de coroamento da rua apresenta-se de forma regular, sendo acentuada bruscamente pela inserção de edifícios dominantes em relação à altura, possuindo proporção vertical, ao contrário da horizontalidade das edificações do trecho (há somente residências de um e dois pavimentos). Nesse trecho, localizam-se os marcos visuais mais fortes da área: chaminé da Fábrica, edifícios contemporâneos de até seis pavimentos, Colégio Assis Brasil e Posto de Combustível, funcionando como referência para o usuário se orientar. A área está plenamente contemplada com infra-estrutura, serviços urbanos e arborização. As calçadas encontram-se em sua maioria em bom estado, com pequenos trechos a serem melhorados por falta de ladrilhos. As edificações sofreram descaracterizações leves, não comprometendo os valores históricos, artísticos ou arquitetônicos do conjunto edilício. Percebeu-se a necessidade da implantação de medidas de acessibilidade para portadores de deficiências e de mobiliário urbano adequado como: lixeiras, bancos e cobertura nas paradas de ônibus. Para a inserção de novas edificações ou transformações nas existentes, devese respeitar: a forma urbana (traçado e parcelamento); a relação existente entre espaços construídos, espaços abertos e espaços verdes; a forma e aspecto das edificações, definidos por sua estrutura, volume, estilo, escala, materiais e cor; assim como o caráter da área. A análise granulométrica instrumenta a avaliação desses indicadores. Sub-área 3 - Rua Domingos de Almeida Área de transição entre o centro e o bairro Areal, apresenta sistema viário com fluxo intenso de veículos e ciclo-faixa. Por volta de 1960, conforme a evolução urbana da área, a rua Domingos de Almeida teve uma urbanização mais intensa após a consolidação da rua Gonçalves Chaves, apresentando lotes de dimensões, em geral entre 300 e 500m², testadas predominantes de 5m a 10m, com menos recuos e mais área construída. A tipologia do trecho se compõe por alguns tipos tradicionais de época (Casa de Porta e Janela, Proto-Modernismo, e Californiana), misturadas com tipos mais recentes, onde se encontram usos variados, com residências, serviços e comércio. O trecho sofre uma ruptura na Av. J.K. de Oliveira, provocando uma mudança de escala urbana e atuando como barreira entre as duas zonas Conforme análise granulométrica, do parcelamento do solo e volumes construídos, no trecho predomina o Grão menor ao Grão médio. A faixa possui uma linha de coroamento irregular, devido aos diferentes estilos arquitetônicos, edificados em diferentes épocas. As linhas de força são acentuadas e as pontuações ocorrem em edifícios isolados. Nas fachadas, há o predomínio da

horizontalidade das edificações e não há uma composição padrão, não se percebe regras de composição definidas. A infra-estrutura urbana do trecho é satisfatória, com pavimentação do leito carroçável em asfalto, ciclo-faixa e calçadas em bom estado de conservação, necessitando maior arborização. Abastecida por infra-estruturas e serviços urbanos. Além de rampas de acessibilidade e piso podotátil para deficientes, mobiliário urbano adequado e maior sinalização ou individualização da ciclo-faixa, constatouse a necessidade da implantação de locais de permanência, como praças ou parques públicos de lazer, convívio e contemplação. Sub-área 4 - Miolo de Quadra A sub-área é caracterizada como servidão, gerada a partir de lotes com diferentes formas e tamanhos, parcelados em uma malha urbana triangular em expansão. O trecho foi urbanizado entre os anos de 1975 e 1985, formado por um eixo de circulação viário, em torno do qual são parcelados os lotes, em geral retangulares, ocupados por tipos edilícios térreos, de dois e quatro pavimentos. Possuindo poucos recuos de ajardinamento e predomínio da massa edificada aos vazios dos lotes. Ao final do eixo viário, encontra-se um ginásio poli-esportivo que se constituiu no fato urbano mais marcante da servidão. Encontra-se abastecida por redes infra-estrutura e serviços urbanos. Com pavimentação nas ruas e calçadas, carecendo de um melhor tratamento na calçada da Av. J.K. de Oliveira, onde há necessidade de pavimentação, aplicação de mobiliário urbano apropriado, acessibilidade para deficientes e arborização. No entroncamento das avenidas Domingos de Almeida e J.K. de Oliveira, com as ruas Ambrósio Pinto e Antônio dos Anjos, outra deficiência foi identificada quanto ao sistema viário. As sinaleiras não suportam a vazão de automóveis, tornando o trânsito lento, a solução poderia estar na construção de uma rótula articulada para comportar o tráfego de veículos. O trecho caracterizado como miolo de quadra, encontra-se isolado do resto da área e possui pouca visibilidade. Percebe-se a necessidade de um marco visual, para fazer a marcação do acesso, melhorando a orientabilidade dos usuários. Outra intervenção possível seria a abertura de ruas, ligando o miolo do quarteirão às diferentes sub áreas, tornando o sítio mais homogêneo. Sub-área 5 - Rua Antônio dos Anjos Da urbanização mais recente, é caracterizada pela verticalidade das massas construtivas e também pela presença marcante de arborização nos passeios públicos, levando o observador à ver a imagem de um emolduramento urbanístico típico. A tipologia do trecho é composta por edifícios de até seis pavimentos, de uso residencial e alturas de 12 m a 20 m, impl antados em lotes com formas e dimensões variadas, com recuos de ajardinamento, onde se destaca o conjunto de edifícios contemporâneos (que se estendem até a rua Gonçalves Chaves), possuindo dimensões verticais elevadas dentro da área, em parte compensada pelos recuos de ajardinamento, associados à intensa arborização do trecho. 4. CONCLUSÕES

Desenvolver bases para formulação de diretrizes para possíveis intervenções, respeitando a forma urbana, a relação entre os espaços construídos, os espaços abertos, as áreas verdes, a forma e os aspectos das edificações, definidos por sua granulometria, volume, estilo, relações de escala, assim como o caráter da área, atribuído pela análise perceptiva e da orientabilidade (leitura topoceptiva). O estudo considera o problema da possibilidade de inserção de novas edificações em zonas de preservação, as quais têm caráter significativo na configuração da imagem da cidade. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEL RIO, Vicente, Introdução ao Desenho Urbano no Processo de Planejamento, São Paulo, Pini, 1990. JANTZEN, Sylvio A. Dick, Tipologias Arquitetônicas em Pelotas e no Sul do Rio Grande do Sul, NEAB - Núcleo de Estudos de Arquitetura Brasileira, Pelotas, 2005. KOHLSDORF, Maria Elaine, A apreensão da forma da cidade, LYNCH, Kevin (1960), A Imagem da Cidade, São Paulo, Martins Fontes,1985. ROSSI, Aldo. A arquitetura da Cidade, São Paulo, Martins Fontes, 1995.