Insolvência pessoa singular (Requerida) 385426396 CONCLUSÃO - 04-10-2017 (Termo eletrónico elaborado por Escrivão Auxiliar Paula Manuela Moreira Silva) =CLS= Visto. Atento o teor da informação que antecede julgo os requeridos regularmente citados. Relatório: BANCO BILBAO VIZCAYA ARGENTARIA (PORTUGAL), S.A., id. nos autos, veio requerer a declaração de insolvência de MARCELO GONÇALVES SILVA e de PAULA CRISTINA DA SILVA COSTA, casados no regime de comunhão de adquiridos, contribuintes fiscais n.ºs 209372982 e 222598700 respetivamente, residentes na Rua Leopoldo de Almeida, 60, em Valongo, alegando, em síntese, que é titular de crédito sobre os requeridos decorrente de contratos bancários com os mesmos celebrados e factos suscetíveis de demonstrar que os requeridos se encontram em situação de insolvência. Juntou documentos e assentos de nascimento dos requeridos. Quanto aos elementos identificativos e à identificação dos cinco maiores credores requereu que fossem os requeridos notificados para os identificar, porquanto os desconhece. Os Requeridos, regular e pessoalmente citados, não deduziram oposição. Atenta a falta de oposição por parte dos requeridos, ao abrigo do disposto no artigo 30º/5 do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, considero confessados os factos alegados na petição inicial. Assim, julgo demonstrados os seguintes factos: 1. O Requerente é uma sociedade comercial anónima que se dedica à atividade bancária.
2. No exercício da sua atividade, o Banco Requerente celebrou dois contratos de mútuo com hipoteca com os Requeridos, que têm um saldo devedor na respetiva conta de depósitos à ordem, além de terem sido fiadores e avalistas de diversas dívidas da sociedade Uniluso Indústria e Comércio de Madeiras e Transportes, Lda. decorrentes de operações financeiras contratadas com o Banco Requerente. 3. No dia 21 de Novembro de 2006, o Banco Requerente e os Requeridos outorgaram uma escritura de mútuo com hipoteca no Cartório Notarial de Matosinhos. 4. Por esta escritura, os Requeridos constituíram hipoteca voluntária a favor do Requerente, sobre o prédio urbano, sito no Lugar de S. Bartolomeu (lote dois), na freguesia e concelho de Valongo, descrito na Conservatória do Registo Predial de Valongo sob o n.º 4050 e inscrito na matriz sob o art.º 5944. 5. Esta hipoteca foi constituída para garantia de um empréstimo concedido pelo Banco aos Requeridos, no montante de 130.000,00, destinado a financiar a construção de uma moradia no imóvel supra identificado, para habitação própria e permanente, que se confessaram e constituíram-se devedores da quantia mutuada, respetivos juros, despesas e demais encargos. 6. O empréstimo foi concedido pelo prazo de 40 anos, obrigando-se os Requeridos a amortizá-lo em prestações mensais de capital e juros. 7. O Requerido deixou de cumprir as obrigações assumidas para com o Banco, decorrentes do mencionado contrato de mútuo, não tendo pago as prestações vencidas desde 30 de Setembro de 2012, não obstante ter sido interpelado para tal. 8. Face ao incumprimento o Banco Requerente é credor da quantia de 132.418,98, por conta do empréstimo à habitação concedido aos Requeridos. 9. O Banco Requerente é o legítimo portador de uma livrança na quantia de 129.164,52 cujo vencimento ocorreu em 15 de Março de 2013.
10. A referida livrança foi subscrita pela sociedade Uniluso e avalizada pelos Requeridos e entregue ao Banco para garantia das obrigações decorrentes do contrato de locação financeira mobiliária n.º 005/930000114. 11. Apesar de ter sido apresentada a pagamento, aquela livrança nunca foi paga, nem na respetiva data de vencimento, nem posteriormente, não obstante as sucessivas interpelações do Requerente. 12. Os Requeridos são devedores solidários ao Banco Requerente do montante de 140.527,00. 13. O Banco Requerente é o legítimo portador de outra livrança, subscrita pela Uniluso, Lda. e avalizada pelos Requeridos, no valor de 379.502,14, vencida em 25/07/2012. 14. Tal livrança foi entregue ao BBVA para garantia do cumprimento das obrigações decorrentes de um contrato de confirmação de pagamentos a fornecedores. 15. Apresentada a pagamento tanto à subscritora como aos avalistas, esta livrança não foi paga, nem na data de vencimento, nem posteriormente. 16. Pelo que na qualidade de avalistas, os Requeridos são devedores solidários ao Requerente de 453.220,01. 17. Os Requeridos suspenderam os pagamentos a quase todos os seus credores. 18. Os Requeridos são responsáveis por mais dívidas que, apesar de vencidas, não foram pagas, o que levou os respetivos credores a promoverem ações executivas. 19. No registo predial da fração autónoma pertencente ao Requerido, encontram-se registadas as seguintes penhoras: a) Ap. 2578 de 2011/03/31, a favor de O Feliz- Metalomecânica, S.A.., no processo executivo n.º 1694/11.7YYPRT, a correr termos no 1.º Juízo 1.ª Secção do Tribunal Judicial do Porto, para cobrança de dívida no montante de 20.416,00;
b) Ap. 3518 de 2011/11/17, a favor de Alubilete Comércio de Alumínios, Lda., no processo executivo n.º 1655/11.6TBPRD, a correr termos no 1.º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Paredes, para cobrança de dívida no montante de 20.350,13; c) Ap. 33 de 2012/10/09, a favor de N-Quadros, Montagem de Quadros Elétricos, Lda., no processo executivo n.º 353055/10.0TIPRT-A, a correr termos no 2.º Juízo do Tribunal Judicial de Valongo, para cobrança de dívida no montante de 28.799,99; d) Ap. 6576 de 2015/05/20, a favor da Autoridade Tributária e Aduaneira, no âmbito do processo executivo fiscal n.º 1899207301069063, para cobrança de dívida no montante de 1.685,53. 20. O imóvel que garante o empréstimo à habitação, tem um valor patrimonial tributário de 201.918,25. 21. O valor do único bem conhecido dos Requeridos não é suficiente para liquidar sequer a totalidade das dívidas ao BBVA, para além de que já se encontra onerado com quatro penhoras. 22. A Uniluso Indústria e Comércio de Madeiras e Transportes, Lda. foi declarada insolvente por sentença proferida a 26/11/2012, no processo n.º 8076/12.1TBBRG, atualmente a correr termos no Tribunal Judicial da Comarca de Braga - Juízo Local Cível de Braga - Juiz 3, no âmbito do qual o BBVA não logrou obter qualquer pagamento dos créditos. Os factos dados como demonstrados tiveram por base a confissão dos Requeridos e o teor dos documentos juntos aos autos. A declaração de insolvência exige que se mostrem verificados os condicionalismos expressos nos artigos 3º e 20º/1 do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE).
É considerado em situação de insolvência o devedor que se encontre impossibilitado de cumprir as suas obrigações vencidas artigo 3º/1 do CIRE. O artigo 20º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas permite a qualquer credor, seja qual for a natureza do seu crédito, requerer a declaração de insolvência do devedor sempre que ocorre qualquer das circunstâncias referidas nas diversas alíneas do nº 1 do citado preceito, nomeadamente e no que para o caso dos autos releva: -Suspensão generalizada do pagamento das obrigações vencidas (alínea a)); - Falta de cumprimento de uma ou mais obrigações que, pelo seu montante ou pelas circunstâncias do incumprimento, revele a impossibilidade de o devedor satisfazer pontualmente a generalidade das suas obrigações (alínea b)); - Incumprimento nos últimos seis meses de dívidas tributárias e de contribuições e quotizações para a segurança social ( ) iv) rendas de qualquer tipo de locação, incluindo locação financeira, prestações do preço da compra ou de empréstimo garantido pela respetiva hipoteca, relativamente ao local em que o devedor realize a sua atividade ou tenha a sua sede ou residência (alínea g)). No caso vertente, decorre da própria posição assumida pelos Requeridos, que não deduziram oposição, que os mesmos estão em situação de insolvência. De facto, tendo em conta a falta de pagamento dos seus créditos, a natureza dos créditos e a inexistência de património desonerado, impõe-se concluir pela inexistência de bens penhoráveis suscetíveis de satisfazer o crédito do Requerente e demais credores. Assim, é manifesto que, neste momento, os Requeridos não possuem capacidade para solver estas dívidas ou quaisquer outras que possua, encontrando-se, pois, numa situação de insolvência. Pelo exposto e de harmonia com o disposto nos art. 3º/1 e 20º/1/a)/b), do CIRE, verifica-se os Requeridos se encontram numa situação de insolvência. Decisão: Pelo exposto, decido declarar a insolvência dos Requeridos MARCELO GONÇALVES SILVA e de PAULA CRISTINA DA SILVA COSTA, casados no regime de comunhão de adquiridos, contribuintes fiscais n.ºs 209372982 e 222598700 respetivamente, residentes na Rua Leopoldo de Almeida, 60, em Valongo.
Fixo a residência dos insolventes na Rua Leopoldo de Almeida, 60, em Valongo. Para exercer o cargo de administrador da insolvência nomeio Nuno Carlos Lamas de Albuquerque, indicado pelo credor e face aos fundamentos pelo mesmo alegados. Determino que o devedor entregue imediatamente ao Administrador da Insolvência os documentos referidos no art. 24º/1 do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, que ainda não constem dos autos (art. 36º/f), do CIRE). Decreto a apreensão dos elementos da contabilidade do insolvente para entrega imediata ao Sr. Administrador da Insolvência. Deverá o Sr. Administrador da Insolvência proceder, de imediato, à apreensão de todos os bens da insolvente, ainda que penhorados ou por qualquer forma apreendidos ou detidos, seja em que processo for, com ressalva dos que hajam sido apreendidos em virtude de infração, quer de carácter criminal, quer de mera ordenação social, e ainda que objeto de cessão aos credores nos termos dos art. 831º e ss do Código Civil. Caso os bens já tenham sido vendidos, a apreensão terá por objeto o produto da venda caso este ainda não tenha sido pago aos credores ou entre eles repartido (art. 36º/g), 149º/1/a) e b), e nº 2 e 150º, do CIRE). Vão os autos com vista ao Ministério Público, nos termos e para os efeitos previstos na al.ª h) do art.º 36.º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Os elementos constantes dos autos não evidenciam qualquer dos factos previstos no art. 186º/1/2 e 3, do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, motivo pelo qual não se justifica, por ora, declarar aberto o incidente de qualificação da insolvência (cfr. art. 36º/1 e art. 188º do CIRE).
Fixo em 20 dias o prazo para a reclamação de créditos. Conforme resulta dos factos alegados, os insolventes não têm meios para solver as dívidas. Por outro lado, não pediram a exoneração do passivo restante. Pelo exposto, dispenso a realização da assembleia de credores (art. 36º/1/n), do CIRE), devendo, por isso, os autos prosseguir para a fase da liquidação dos bens (art. 158º do CIRE). Não se procede, neste momento, à nomeação de Comissão de Credores, tendo em conta a previsível simplicidade da liquidação (art. 66º/ 2, do CIRE). Cite os credores do insolvente para os efeitos do disposto no art. 36º/l), do CIRE). Cite os devedores do insolvente para os efeitos do disposto no art. 36º/m), do CIRE. Avoque todos os processos de execução fiscal pendentes em que se tenha efetuado qualquer ato de apreensão ou detenção de bens compreendidos na massa insolvente - art. 85º/2 do CIRE. Custas pela massa insolvente nos termos do disposto no art. 304º do CIRE. Registe, notifique e publicite (art. 37º e 38º do CIRE). Nos termos do disposto no art. 23º/1 e 29º/2, da Lei nº 22/2013, de 26 de fevereiro, fixo em 2.000 a remuneração do Administrador da Insolvência, a qual será paga em duas prestações de igual montante: - a primeira será paga na data da presente nomeação; e - a segunda será paga seis meses após a nomeação ou no momento do encerramento do processo se este ocorrer em data anterior.
A titulo de provisão para despesas, nos termos do disposto no art. 29º/8, da Lei nº 22/2013, de 26 de fevereiro, fixo o montante de 500, a pagar em duas prestações de igual montante: - a primeira será paga na data da presente nomeação; e - a segunda será paga após a elaboração do relatório. S. Tirso, d.s. (15h e 35m). A Juiz de Direito Ana Cristina Guedes da Costa