RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA. (elaborado nos termos do art.155º do C.I.R.E.)

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1 RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA (elaborado nos termos do art.155º do C.I.R.E.) Notas prévias: Publicidade de Sentença efetuada no Portal Citius em Reunião realizada com o insolvente em INSOLVENTE: JORGE GONÇALVES CRUZ CONTRIBUINTE FISCAL RESIDÊNCIA: Rua da Estrada Nova, 898, Chafé, Viana do Castelo 2. ACTIVIDADE A QUE SE DEDICOU NOS ÚLTIMOS 3 ANOS E PRINCIPAIS CAUSAS DA SITUAÇÃO ACTUAL Artigo 155ª, nº 1, alínea a) do CIRE Análise dos elementos incluídos no documento referido no artigo 24ª, nº 1, alínea c) do CIRE A Actividade O insolvente é uma pessoa singular, engenheiro civil de profissão, separado de pessoas e bens de Maria Judite Peixoto Lages Gonçalves da Cruz. Actualmente, segundo o que foi declarado pelo insolvente na reunião realiza, encontra se em Angola à procura de trabalho. Quanto às causas da sua situação actual, pelo que foi dado a conhecer à administradora de insolvência, nomeadamente, do teor da Petição Inicial, da reunião realizada bem como dos elementos acarreados pelo insolvente, nos termos do disposto no artigo 24º nº 1, alínea c) do CIRE, sabe se que: O insolvente foi empresário na área do imobiliário e construção civil, tendo exercido ao longo dos tempos o cargo de administrador/gerente em diversas sociedades, nomeadamente: Eregir, Construções e Urbanizações, Lda.; Barca Gest, S.A.; Morar Imobiliária, S.A.; Barca do Lago Pinhos, S.A. e Golf da Quinta da Barca, S.A. Pelo que foi dito pelo insolvente, a sociedade Barca do Lago Pinhos S.A. era gerida de facto pelo sobrinho do ora insolvente José Manuel Lages. Nessa sequência, o insolvente foi sempre confiando na gestão levada a cabo pelo seu sobrinho. Sempre que eram solicitadas quantias monetárias, o insolvente disponibilizava as, através do recurso ao crédito bancário e com o seu aval, na convicção de que eram empregues numa gestão normal e diligente. 1/6

2 Pelo que, no desenvolvimento dessa actividade, o insolvente foi prestando diversos avais pessoais, juntamente com a sua esposa. Todavia, sucede que, Fruto da forte crise que se veio a instalar sobre o País, as sociedades das quais o insolvente era administrador/gerente, começaram a sentir as suas dificuldades financeiras, tendo culminado numa situação de insolvência. Assim, por Douta Sentença proferida a , foi declarada insolvente a sociedade Eregir, Construções e Urbanizações, Lda., cujo processo de insolvência correu termos 1º Juízo do Tribunal Judicial de Esposende sob o processo n.º 470/06.3TBEPS ( ) por Douta Sentença proferida a foi a sociedade Golf da Barca do Lago, S.A. declarada insolvente, cujo processo de insolvência correu termos 2º Juízo do Tribunal Judicial de Esposende sob o processo n.º 538/07.9TBEPS ( ) Por Douta Sentença proferida a , foi sociedade Barca do Lago Pinhos, S.A. declarada insolvente, cujo processo de insolvência correu termos 1º Juízo do Tribunal Judicial de Esposende sob o processo n.º 170/09.2TBEPS. Ora, com a declaração de insolvência das sociedades nas quais exercia as funções de administrador / gerente, todas as obrigações assumidas pelas referidas sociedades deixaram de ser cumpridas e, consequentemente operou se o seu vencimento automático. Ora tendo o insolvente dado o seu aval pessoal em diversas operações de financiamento, com maior incidência perante as sociedades Eregir, S.A., e Barca do Lago Pinhos, S.A., o insolvente constitui se como devedor solidário de todas as responsabilidades emergentes dos contratos caucionados pelos seus avais pessoais. Contudo, e ainda face à declaração de insolvência de tais sociedades, o insolvente ficou sem auferir qualquer rendimento, não tendo conseguido obter nova atividade profissional. Segundo o que é dito na petição inicial ( ) desde há cerca de quatro anos que o requerente se encontra desempregado ( ) o requerente é engenheiro civil e não consegue encontrar trabalho em virtude da crise económica que Portugal atravessa, com particular relevo na área da construção civil ( ) as empresas do requerente fecharam ou foram declaradas insolventes ( ) o requerente não tem quaisquer rendimentos e vive da ajuda da filha e familiares. Ainda pelo que é dito na Petição Inicial por força da difícil situação financeira em que vive, o requerente deixou de pagar impostos ao Estado Português ( ) deixou igualmente de pagar dívidas aos Bancos e Credores ( ) o requerente e a mulher de quem se separou de pessoas e bens perderam todos os bens que tinham, incluindo os que haviam herdado dos pais. Por análise aos expedientes de reclamação de créditos rececionados, verifica se que o passivo reclamado contra o insolvente é emergente, essencialmente, de financiamentos e transações comerciais celebradas com as sociedades nas quais o insolvente exercia as funções de administrador / gerente e aos quais deu o seu aval. No que concerne aos Créditos reclamados pela Autoridade Tributária e Segurança Social, os mesmos resultam de reversão em virtude das funções que o requerente desempenhou nas identificadas sociedades. Pelo que de todo o exposto, verifica se que o insolvente não possui condições para assumir, perante aquelas Instituições, as 2/6

3 obrigações decorrentes das operações elencadas, por total incapacidade financeira que permita o seu pagamento. Nota conclusiva: Da análise dos elementos constantes na petição inicial, bem como das diligências efetuadas pela administradora de insolvência, conclui se que a situação de insolvência do insolvente adveio, essencialmente, do facto de este ter assumido dívidas através do seu aval pessoal em prol das Sociedades nas quais exercia a função de gerente/administrador, e que, com a declaração de insolvência das referidas Sociedades e, consequentemente, com o vencimento de todas as obrigações por estas assumidas, levou o insolvente a ser solidariamente responsável pelas mesmas, contudo, não dispõe capacidade financeira para lhe dar cumprimento. 3. ANÁLISE ESTADO DA CONTABILIDADE DO DEVEDOR E OPINIÃO SOBRE OS DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA Artigo 155ª, nº 1, alínea b) do CIRE Não aplicável por força da alínea f) do nº 1 do artigo 24º do CIRE (não têm contabilidade organizada) 4. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESA DO DEVEDOR, NO TODO OU EM PARTE, DA CONVENIÊNCIA DE SE APROVAR UM PLANO DE INSOLVÊNCIA, E DAS CONSEQUENCIAS DECORRENTES PARA OS CREDORES NOS DIVERSOS CENÁRIOS FIGURÁVEIS Artigo 155ª, nº 1, alínea c) do CIRE Pelo que foi apurado, decorrente das diligências efetuadas pela AI e das buscas efetuadas no Serviço de Finanças, verifica se que: 1. O insolvente encontra se desempregado, não auferindo quaisquer rendimentos; 2. Sob o ponto de vista da propriedade, o insolvente não é titular de nenhum bem imóvel. Segundo o que foi declarado na P.I. o requerente não tem quaisquer bens para além dos seus objetos de higiene pessoal ; 3. Das buscas efetuadas, verifica se que consta averbado em nome do insolvente no Serviço de Finanças, um prédio rústico inscrito na matriz sob o artigo 3027 de Chafé, Viana do Castelo. Contudo, sabe se que o mesmo foi vendido em 2011 no âmbito de processo de execução fiscal, sendo que se encontra já registado nos serviços de Registo Predial a favor do adquirente António Alexandre Ferreira, desde ; 4. Na reunião realizada com o insolvente, este informou ainda a AI de que não é beneficiário de qualquer contrato de arrendamento ( ) não é titular de quaisquer direitos creditórios ( ) não é detentor de bens móveis em regime de aluguer 3/6

4 ou locação financeira ou venda com reserva de propriedade ; 5. Pelo que, atualmente, face à sua situação de desempregado e inexistência de rendimentos, não existe a possibilidade de o insolvente vir a gerar receitas para fazer face às suas obrigações. Consequentemente: I. Sem qualquer património passível de ser apreendido e integrado na massa insolvente, em beneficio dos credores, o insolvente não dispõe de meios para fazer face aos créditos que venham a ser apurados; II. E a massa insolvente (inexistente) é insuficiente para a satisfação das custas do processo e das restantes dívidas da massa insolvente. Concluindo: Assim, a administradora de insolvência conclui que estamos perante a insuficiência da massa insolvente para a satisfação das custas do processo e das restantes dívidas da massa, conforme prescreve o art.º 232º nº 7 do CIRE. Termos em que, Uma vez constatada que a massa insolvente é insuficiente para o pagamento das dívidas e custas da massa insolvente, a AI, muito respeitosamente, propõe à assembleia e requerer a Vª Exa: a) Que, após a apreciação da exoneração do passivo restante, seja o processo encerrado por insuficiência da massa insolvente, nos termos e para os efeitos do previsto no art.º 232º CIRE. 6. EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE Veio o insolvente requerer ao Tribunal, que fosse concedida a exoneração do passivo restante, nos termos do disposto nos artigos 235º do CIRE. Para tal, declara expressamente que se encontram preenchidos todos os requisitos estabelecidos e se obriga a observar todas as condições exigidas nos artigos 237º e s.s. do CIRE. Ora a administradora de insolvência não tem conhecimento de que o insolvente se enquadre em nenhuma das situações previstas no artigo 238º n.º 1 do CIRE. 4/6

5 7. OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES PARA A TRAMITAÇÃO ULTERIOR DO PROCESSO Artigo 155ª, nº 1, alínea e) do CIRE Situação Patrimonial do Insolvente: Não é conhecido ao insolvente qualquer bem passível de ser apreendido e integrado na massa insolvente em benefício dos Credores. Contudo, e quanto ao património de que o insolvente foi titular, sabe se que: O insolvente, conjuntamente com a sua esposa, constituiu hipoteca voluntária para garantia do pagamento de todas e quaisquer responsabilidades assumidas ou a assumir perante o BCP, S.A. até ao limite de ,00 e que fossem solicitadas pelas sociedades Barca do Lago Pinhos, S.A. e Eregir Construções e Urb., Lda., sobre os seguintes bens, de que eram titulares: Prédio urbano, composto por terreno destinado a construção, inscrito na respetiva matriz predial sob o artigo 2651, freguesia de Chafé, concelho de Viana do Castelo; Prédio urbano, composto por edifício de rés do chão e logradouro, inscrito na respetiva matriz predial sob o artigo 1413, freguesia de Chafé, concelho de Viana do Castelo; Prédio urbano, composto por edifício de rés do chão, inscrito na respetiva matriz predial sob o artigo 888, freguesia de Chafé, concelho de Viana do Castelo; Todavia, face ao incumprimento do referido contrato, o BCP, S.A. instaurou contra o insolvente e sua esposa ação executiva, que corre seus termos sob o n.º 4742/06.9TBVCT no 3º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Viana do Castelo. Acontece que, no âmbito dos referidos autos, os imóveis dados de garantia e acima referidos, foram adjudicados ao Credor Hipotecário BCP.S.A, na diligência de venda judicial, cuja abertura de propostas ocorreu a O Credor Hipotecário/Exequente foi dispensado do depósito do preço, nos termos do disposto no artigo 887º n.º2 do CPC. Contactada a agente de Execução, foi a AI informada de que à ordem daqueles autos não existe qualquer quantia penhorada e passível se ser transferida a favor da massa insolvente. No que concerne às ações instauradas, O insolvente é executado nos autos de execução n.º 284/06.0TBOVR a correr termos no 1º Juízo do Tribunal Judicial de Ovar. Contactado o Agente de Execução dos referidos autos, foi a AI informada de que os mesmos encontram se extintos, não havendo qualquer quantia a distribuir, passível de integrar a massa insolvente. O insolvente foi ainda executado nos autos de execução n.º 469/05.7TBEPS, a correr termos no 1º Juízo do Tribunal Judicial de Esposende, sendo que os mesmos encontram se já arquivados. Quanto aos autos de execução fiscal n.º , contactado o Serviço de Finanças de Esposende, foi a AI informada de 5/6

6 que o saldo obtido a favor dos referidos autos foi já distribuído, nada mais havendo a penhorar. No que concerne à ação executiva nº 862/06.8TBEPS, em que é executado o ora insolvente e sua mulher Maria Judite Peixoto Lages, contactada a Agente de Execução, foi a AI informada de que se encontra penhorada à ordem dos referidos autos a quantia de ,00 euros. Contudo, a mesma é proveniente de penhora efetuada ao vencimento/pensão auferida pela mulher do insolvente Mª Judite Lages, a qual se vem a efetuar desde 2006, no montante mensal aprox. de 800,00 euros. Pelo que, nessa sequência, não é a referida quantia passível de ser transferida a favor da massa insolvente, considerando o disposto no artigo 88º do CIRE. Pelo que, atualmente, o insolvente não é titular de quaisquer saldos penhorados, passiveis de serem apreendidos e integrados na massa insolvente. Pede deferimento, Muito atentamente A administradora de insolvência Anexos: Lista provisória de credores 6/6