Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na. Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão,

Transcrição

1 Exmo(a). Senhor(a) Doutor(a) Juiz de Direito da 2ª Secção de Comércio Instância Central de Vila Nova de Famalicão J2 Processo nº 4590/15.5T8VNF V/Referência: Data: Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão, contribuinte nº , Administrador da Insolvência nomeado no processo à margem identificado, vem requerer a junção aos autos do relatório a que se refere o artigo 155º do C.I.R.E.. Mais informo que não foi elaborada a lista provisória de créditos prevista no artigo 154º do CIRE, uma vez que vai ser junto aos autos a relação de credores a que alude o artigo 129º do CIRE. P.E.D. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 23 de Julho de 2015 Página 1

2 I Identificação da Devedora Juliana Filipa Freitas Gonçalves, N.I.F , solteira, residente na Rua Dom Dinis, nº 376, 2º Esq., freguesia de Calendário, concelho de Vila Nova de Famalicão. II Situação profissional e familiar da devedora A devedora, actualmente com 26 anos, reside em união de facto com Gabriel Nuno Martins Pimenta, conjuntamente com as suas duas filhas menores (Letícia Gonçalves Pimenta de 6 anos e Leonor Gonçalves Pimenta de 4 anos), em casa arrendada pelo seu companheiro, o qual paga, a título de renda o valor mensal de Euros 250,00. A devedora encontra se desempregada desde 2008 sem auferir qualquer valor a título de subsídio de desemprego (apenas tendo realizado quatro dias de trabalho em Maio último, a titulo experimental). O companheiro da devedora trabalha na empresa Construções Irmãos Silva Pinheiro, Lda., N.I.P.C , onde exerce funções como Pedreiro de 2ª e aufere um rendimento mensal bruto no valor de Euros 550,00, sendo esta a única fonte de rendimento do agregado familiar. Por sentença de 28 de Maio de , foi o companheiro da devedora declarado em situação de insolvência, tendo se verificado o encerramento do processo por insuficiência da massa (a assembleia de credores realizou se em 30 de Junho último). III Actividade da devedora nos últimos três anos e os seus estabelecimentos (alínea c) do nº 1 do artigo 24º do C.I.R.E.) 1 Processo nº 4510/15.7T8VNF da Comarca de Braga, Instância Central de Vila Nova de Famalicão, 2ª Secção de Comércio J1 e em que o signatário exerce também as funções de Administrador da Insolvência Página 1 de 5

3 Atendendo ao indicado pela devedora na petição inicial, as dividas por si contraídas são referentes a consumos normais do agregado familiar e intensificaram se nos últimos meses. Ao longo dos tempos, a devedora celebrou diversos contratos de crédito ao consumo e de prestação de serviços. Pelo incumprimento das obrigações a que se vinculou, a devedora foi ainda demandada judicialmente, tendo a correr contra si várias acções executivas 2, pelo que se verifica que as dificuldades a nível financeiro da devedora não são recentes: 1 No decurso do ano de 2010 e 2013 a devedora acumulou algumas dívidas junto da MEO Serviços de Comunicação e Multimédia, S.A. ; 2 Em 2007 e 2012 acumulou passivo junto da NOS Comunicações, S.A., o que levou este credor a intentar a acção executiva nº 1378/12.9TJVNF 3 ; 3 A 24 de Abril de 2011, por incumprimento do contrato celebrado com o Banco Credibom, S.A., a devedora viu se obrigada a entregar o veículo automóvel com a matrícula RG para amortização da divida registada 4 ; 4 O veículo foi vendido pelo valor de Euros 1.800,00, contudo insuficiente para pagar o valor em dívida, ficando ainda em dívida, nessa data, o valor de Euros 4.707,79; 5 Pelo que foi interposta a acção executiva nº 744/14.0TJVNF 5. Para além das reclamações de créditos recepcionadas, a devedora identifica na petição inicial outros valores que estão em divida: 6 Por saldo devedor em conta de depósito à ordem junto do Banco Comercial Português, S.A., é a devedora notificada em Dezembro de 2014 para liquidar o valor de Euros 731,32; 2 Face aos processos executivos em curso, recairam sobre o salário do companheiro da devedora duas ordens de penhora em Novembro e Dezembro de 2014 à ordem dos processos de execução supra referidos. 3 Que corre termos na Comarca de Braga Instância Central de Vila Nova de Famalicão 2ª Secção de Execução J1. 4 Este constituía, à data o único activo disponível para fazer face às suas obrigações; 5 A correr termos na Comarca de Braga Instância Central de Vila Nova de Famalicão 2ª Secção de Execução J2. Página 2 de 5

4 7 Por carta de Abril de 2015, requer a AVON The Company for Women o pagamento de Euros 477,96; 8 Em Março de 2015 foi a devedora notificada da injunção nº 13839/15.3YIPRT com força executiva, por incumprimento junto da Galp Power, S.A.. Verificamos assim que a devedora cumula um passivo superior a Euros ,00. Pela análise das declarações de rendimentos da devedora (e do seu companheiro) verificamos que nos aos de 2010 e 2014 o valor anual dos seus rendimentos foi deveras reduzido 6 e insuficiente para responder pelas obrigações assumidas. Tendo sido solicitado ao mandatário da devedora o envio das declarações de rendimentos dos anos de 2011, 2012 e 2013, informou o mesmo que não foi entregue o Modelo 3 de IRS quanto a este período. Sem rendimentos nem património capazes de responder pelas obrigações anteriormente assumidas, viu se a devedora na obrigação de se apresentar a tribunal e requerer que fosse declarada a sua insolvência, tendo iniciado os procedimentos para tal necessários em Abril de IV Estado da contabilidade da devedora (alínea b) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) Não aplicável. V Perspectivas futuras (alínea c) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) A devedora apresentou o pedido de exoneração do passivo restante, nos termos do artigo 235º e seguintes do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. 6 No ano de 2010 os rendimentos constantes da Declaração de Rendimentos ascenderam a Euros 3.164,60. Já em 2014, este valor chegou a Euros 5.231,89. Página 3 de 5

5 Estabelece o nº 4 do artigo 236º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas que na assembleia de apreciação do relatório é dada aos credores e ao administrador da insolvência a possibilidade de se pronunciarem sobre o requerimento do pedido de exoneração do passivo. Por sua vez, o artigo 238º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas enumera as situações em que o pedido de exoneração do passivo é liminarmente indeferido. A aceitação do pedido de exoneração do passivo determina que durante um período de 5 anos o rendimento disponível que a devedora venha a auferir se considere cedido a um fiduciário. Integram o rendimento disponível todos os rendimentos que advenham a qualquer título à devedora com exclusão do que seja razoavelmente necessário para o sustento minimamente digno da devedora e do seu agregado familiar, não podendo exceder três vezes o salário mínimo nacional (subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas). Actualmente o salário mínimo nacional mensal é de Euros 505,00. Conforme atrás foi referido, a devedora encontra se desempregada desde 2008 sem auferir qualquer valor a título de subsídio de desemprego, pelo que o seu rendimento disponível é, neste momento, nulo. Entende o signatário que o momento determinante na situação financeira da devedora será o final do ano de Nessa data, já a devedora estava em incumprimento do contrato outorgado com o Banco Credibom, S.A.. Ainda no ano de 2012 a devedora viu contra si intentada a acção executiva nº 1378/12.9TJVNF. Tais factos determinaram claramente o descalabro da situação financeira da devedora. Acresce ainda que, alegadamente, a devedora não dispõe de qualquer fonte de rendimento desde 2008 pelo que, entende o signatário que há vários anos que não se pode perspectivar uma melhoria da sua situação financeira, que lhe permitisse cumprir todas as obrigações já vencidas. Página 4 de 5

6 Apesar de se verificar um atraso na apresentação à insolvência, o signatário entende que resulta daqui prejuízo para os credores, para além do acumular dos juros. Não entende o signatário que se tenha subtraído o acervo patrimonial da devedora e que consequentemente, se verifique a oneração do seu património ou mesmo qualquer comportamento sejam gerador de novos débitos que agravem as dificuldades financeiras em que já se encontrava. Pelo exposto, não pode o signatário considerar preenchidos todos os pressupostos previstos na alínea d) do nº 1 do artigo 238º do CIRE. Nesta conformidade, sou de parecer que nada obsta a que seja deferido o pedido de exoneração do passivo apresentado pelo devedor, devendo fixarse o rendimento disponível nos termos previsto na subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Considerando que a massa insolvente se encontra numa situação de insuficiência patrimonial, nos termos do disposto no artigo 232º do CIRE, face ao valor diminuto dos activos constantes do inventário elaborado nos termos do artigo 153º do CIRE, deverão os credores deliberar no sentido do encerramento do processo nos termos da alínea e) do nº 1 do artigo 230º do CIRE, caso venha a ser proferido despacho inicial de exoneração do passivo restante, ou nos termos da alínea d) do mesmo artigo, caso venha a ser indeferido o pedido de exoneração formulado pelo devedor. Castelões, 22 de Julho de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Página 5 de 5