CONCLUSÃO =CLS= Proc. nº 1014/18.0T8STS. Insolvência pessoa coletiva (Apresentação)

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1 Insolvência pessoa coletiva (Apresentação) CONCLUSÃO (Termo eletrónico elaborado por Escrivã de Direito Maria Inês Lavandeira) =CLS= Insolvência n.º 1014/18.0 T8STS I. Relatório: Modelo e Ponto Sociedade Unipessoal, Lda., com sede na Rua da Bela, n.º 44, freguesia de Santo Tirso, Couto (Santa Cristina e S. Miguel) e Burgães, concelho de Santo Tirso, veio, ao abrigo do consagrado nos artigos 18.º e seguintes, do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE), apresentar-se à insolvência, alegando, em síntese, que se encontra impossibilitada de cumprir as obrigações que recaem sobre si, pelos fundamentos que constam da petição inicial e que aqui se dão por reproduzidos, esclarecendo acerca das causas da sua actual situação de insolvência. Terminou a defender que estão preenchidos todos os pressupostos para a declaração da sua situação de insolvência e a pedir tal declaração. A requerente juntou aos autos, no essencial, os elementos a que aludem os artigos 23.º e 24.º do CIRE, alguns após convite do tribunal para o efeito. II. O tribunal é competente em razão da nacionalidade, da matéria e da hierarquia. Não existem nulidades que invalidem todo o processo. A requerente tem personalidade, capacidade judiciária e é parte legítima. Não há excepções dilatórias, nulidades processuais nem questões prévias de que cumpra conhecer ou que obstem ao conhecimento do mérito. III. Ao abrigo do preceituado no artigo 28.º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE), considero confessados os factos articulados na petição

2 inicial, pois a apresentação à insolvência implica o reconhecimento pelo devedor da sua situação de insolvência. Pelo que, consideram-se provados os factos constantes da petição inicial, que aqui se dão por integralmente reproduzidos. IV. Fundamentação de Direito: A questão que se impõe é a de saber se perante os factos alegados e provados (por confissão e/ou prova documental), pela requerente, os pressupostos para decretar a sua insolvência estão, ou não, preenchidos. V. Apreciando: Dispõe o artigo 1.º do CIRE (código da insolvência e recuperação de empresas), que o processo de insolvência é um processo de execução universal que tem como finalidade a satisfação dos credores pela forma prevista num plano de insolvência, baseado, nomeadamente, na recuperação da empresa compreendida na massa insolvente, ou, quando tal não se afigure possível, na liquidação do património do devedor insolvente e a repartição do produto obtido pelos credores. E, conforme resulta do artigo 3.º do mesmo diploma, É considerado em situação de insolvência o devedor que se encontre impossibilitado de cumprir as suas obrigações vencidas (n.º1). Equipara-se à situação de insolvência actual a que seja meramente iminente, no caso de apresentação pelo devedor à insolvência (n.º4). No caso das pessoas colectivas e os patrimónios autónomos por cujas dívidas nenhuma pessoa singular responda pessoal e ilimitadamente, por forma directa ou indirecta, são também considerados insolventes quando o seu passivo seja manifestamente superior ao activo, avaliados segundo as normas contabilísticas aplicáveis (n.º 2), sendo que tal não sucederá quando o activo seja superior ao passivo, avaliados em conformidade com as regras aludidas no n.º 3 do mesmo normativo. No pedido de declaração de insolvência (consagra o artigo 23.º, sempre do mesmo diploma legal), são expostos os factos que integram os pressupostos da declaração requerida e se conclui pela formulação do correspondente pedido. No caso do pedido ser formulado pelo

3 devedor cfr. artigo 28.º -, a apresentação à insolvência por parte deste implica o reconhecimento pelo mesmo da sua situação de insolvência, como supra aludido. Em face da legitimidade que lhe é conferida pelos artigos 18.º e 19.º do CIRE, a requerente peticiona a sua declaração de insolvência, invocando factos caracterizadores daquela situação. Assim, analisados os factos dados como provados, e tendo em conta a definição estabelecida pelo legislador no artigo 3.º do diploma supra citado, resulta que a requerente se encontra numa situação de insolvência, com passivo acumulado e sem condições de gerar rendimentos e de cumprir as obrigações assumidas. Com efeito, verificam-se no caso dos autos as situações previstas nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 20.º do CIRE: a) Suspensão generalizada do pagamento das obrigações vencidas; b) Falta de cumprimento de uma ou mais obrigações que, pelo seu montante ou pelas circunstâncias do incumprimento, revele a impossibilidade de o devedor satisfazer pontualmente a generalidade das suas obrigações. Assim sendo, torna-se inútil tecer outras considerações, para concluir que deve proceder o pedido de declaração de insolvência da requerente. VI. Decisão: Face ao exposto, julgo reconhecida e declaro a situação de insolvência de Modelo e Ponto Sociedade Unipessoal, Lda., com sede na Rua da Bela, n.º 44, freguesia de Santo Tirso, Couto (Santa Cristina e S. Miguel) e Burgães, concelho de Santo Tirso, Fixo como residência da legal representante da requerente, ou seja, de Aurora Augusta de Oliveira Ferreira, a indicada na certidão de registo comercial, uma vez que não foi indicada outra morada mais actual da mesma: Rua Basílio Macedo, 688, Santo Tirso. Nomeio administrador da insolvência a Sra. Dra. Deolinda Ribas da Silva Albuquerque, melhor id. na lista dos Srs. Administradores de insolvência da comarca do Porto, por ter sido sorteada mediante a aplicação informática disponibilizada para o efeito,

4 para além de não ter sido aludida qualquer circunstância a atender especialmente para a nomeação de pessoa diversa e da necessidade de nomear equitativamente os Srs. Administradores de insolvência (cfr., ainda, artigos 36.º, al. d), 52.º, 32.º do CIRE e 13.º do Estatuto do Administrador). Ao abrigo do disposto no artigo 66.º, nº. 2, do C.I.R.E., pelo menos por ora não se nomeia Comissão de Credores. Determino que a insolvente disponibilize para exame ao Sr. Administrador da insolvência quaisquer documentos que caibam na previsão das diversas alíneas do n.º 1, do artº. 24.º, do C.I.R.E., e bem assim todos os seus elementos de contabilidade. Decreto a apreensão, para imediata entrega ao administrador da insolvência, dos elementos da contabilidade da devedora e de todos os bens da mesma devedora, ainda que arrestados, penhorados ou por qualquer forma apreendidos ou detidos, devendo a mesma entregar imediatamente ao administrador de insolvência os documentos referidos no n.º 1, do art.º 24.º, do CIRE, que ainda não constem dos autos. Não dispondo os autos de elementos suficientes para tal, por ora nada a ordenar quanto ao consagrado nos artigos 36.º, i) e 188.º e seguintes do CIRE. Fixo em 30 dias o prazo para a reclamação de créditos. Ao abrigo do disposto no artigo 36.º, n.º 1, al. n), parte final, do CIRE, prescinde-se da realização da reunião da assembleia de credores. Com efeito, face à própria alegação da requerente não se afigura viável a apresentação de um plano de insolvência/recuperação (cfr. artigo 36.º, n.º 2 a contrario), nem a requerente menciona tal possibilidade. Pelo contrário, da sua alegação conclui-se que não tem condições para continuar a sua actividade, que já terá encerrado de facto, dado que não gerava rendimentos suficientes para o efeito e pelos motivos a que alude.

5 Na hipótese de nenhum interessado requerer a convocação da assembleia (cfr. artigo 36.º, n.º 3, do CIRE), deverá o Sr. Administrador da insolvência apresentar o inventário, se for o caso, a lista provisória de credores e o relatório previstos nos arts. 153.º a 155.º, do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, bem como o parecer relativo à qualificação da insolvência, no prazo de 60 dias. Junto tal relatório e parecer, que deverá ser notificado pelo Sr. Administrador da insolvência a todos os intervenientes, aguarde o contraditório por 10 dias. Advertem-se os credores de que devem comunicar prontamente ao administrador da insolvência as garantias reais de que beneficiem; devem também os devedores da insolvente ser advertidos de que as prestações a que estejam obrigados deverão ser feitas ao administrador da insolvência e não à própria insolvente. Atento o disposto no artº. 88.º, n.º1, do CIRE, com a presente sentença fica vedada a possibilidade de instauração ou de prosseguimento de qualquer acção executiva que atinja o património da insolvente. Notifique a devedora e proceda-se à citação dos cinco maiores credores conhecidos e ainda dos credores desconhecidos e de outros interessados, de acordo com o disposto no artº. 37.º, do CIRE. Notifique, ainda, o Ministério Público (cfr. artº. 37.º, nº. 2, do CIRE) para, querendo, requerer quaisquer peças do processo, caso entenda haver indícios de infracção criminal (cfr. art. 36.º, al. h), do CIRE). Dê conhecimento da presente declaração de insolvência ao Fundo de Garantia Salarial. Proceda-se à avocação de todos os processos de execução fiscal pendentes contra a devedora, com a finalidade de serem apensados aos presentes autos, efectuando-se ainda as

6 citações estabelecidas no nº. 1, do art.º 181.º, do Código de Processo e Procedimento Tributário. D.N. para a publicitação da sentença, bem como para, dentro do prazo para apresentação das reclamações de créditos, qualquer interessado requerer, querendo, a convocação da assembleia de credores. Remeta certidão à Conservatória do Registo Comercial, no prazo de 5 dias, nos termos e para os efeitos previstos no artº. 38, nº. 2, al. b), e nº. 5, do CIRE, e dos artºs. 9.º, als.i) e l), do Código do Registo Comercial. Oportunamente, remeta nova certidão à Conservatória do Registo Comercial, com nota de trânsito em julgado. Comunique a presente sentença à DGCI e ao IGFSS, IP. Se o Sr. Administrador da Insolvência vier a apreender bens sujeitos a registo pertencentes à massa insolvente, deverá dar oportuno cumprimento ao preceituado no artº. 38.º, nº. 3 e 5, do CIRE. CIRE). Custas a suportar pela massa insolvente (cfr. artºs. 304.º e 303.º, do CIRE. Notifique e registe. Valor da Causa: por ora, o indicado pela requerente (cfr. artigos 15.º e 301.º, do A presente sentença foi proferida no dia , pelas 11:25 horas. Santo Tirso, d.s.