TAQUICARDIAS DE QRS LARGO

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Transcrição:

Página: 1 de 9 1. Diagnóstico - Arritmias com frequência 100 bpm e QRS com duração >120 ms. - O correto diagnóstico pode ser estabelecido com o eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações em 90% dos casos, através de critérios bem estabelecidos. - As Taquicardias ventriculares (TV) são responsáveis por cerca de 80% das Taquicardias de QRS largo (TQL). - As Taquicardias supraventriculares (TSV) conduzidas com aberrância respondem por cerca de 15-20% das TQL e podem ser por bloqueio de ramo pré existente (direito ou esquerdo) ou funcional (bloqueio frequência dependente e só ocorre na vigência de taquicardia), por ação de drogas que alteram a condução do impulso pelo tecido cardíaco (como antiarrítmicas), por distúrbios hidroeletrolíticos (como hiperpotassemia) ou até mesmo por ritmo de marcapasso. - TSV pré-excitada (da Síndrome de Wolff-Parkinson-White): 1-5% das TQL. Aspecto eletrocardiogáfico indistinguível de TV.

Página: 2 de 9 2. Diagnóstico diferencial das TQL - História de doença cardíaca prévia: discriminador a favor de TV, com valor preditivo positivo de 95%. - presença de dissociação atrioventricular (AV): favorece o diagnóstico de TV. - presença de complexos QRS com contornos nítidos, com início e término bem definidos, sugere o diagnóstico de TSV.

Página: 3 de 9 - término da arritmia com manobras como Valsalva, massagem do seio carotídeo ou medicações como adenosina sugere fortemente o diagnóstico de TSV, embora haja raros tipos de TV que respondam à essas medidas. - presença de batimentos de fusão sugere o diagnóstico de TV. - duração do QRS superior a 140 ms favorece a TV, sendo observada em 69% dos casos. 3. Algoritmo de Brugada:

Página: 4 de 9 4. Algoritmo de Vereckei Vi e Vt: voltagem inicial e terminal (medido em mv, nos 40ms inicial e final do complexo QRS, respectivamente).

Página: 5 de 9 - Para o diagnóstico de TSV pré-excitada, a presença de intervalo RR irregular e resposta ventricular elevada (acima de 180 bpm), sugere o diagnóstico de fibrilação atrial conduzida com pré-excitação. Quando o ritmo é regular, o diagnóstico diferencial com TV é dificultado, sendo em muitos casos realizado somente durante o estudo eletrofisiológico (EEF). 5. Taquicardia ventricular

Página: 6 de 9 6. Taquicardia Supraventricular conduzida com aberrância 7. Taquicardia pré-excitada

Página: 7 de 9 8. Abordagem terapêutica 8.1 Taquicardia ventricular - com sinais de instabilidade hemodinâmica: Cardioversão elétrica (CVE) sincronizada sob sedação. - sem sinais de comprometimento hemodinâmico: - Cardioversão elétrica (CVE) sincronizada sob sedação - Cardioversão química (CVQ): Amiodarona: a dose de ataque é de 150mg, em infusão por 10 minutos, seguindo de manutenção de 1mg/min por 6 horas e 0,5 mg/min por 18 horas e nos próximos dias se necessário; Em caso de recorrência ou não controle, uma nova dose de ataque pode ser tentada. A lidocaína é outra droga a ser utilizada, sobretudo em casos de TV na fase aguda de infarto do miocárdio. A dose usual é de 1-1,5mg/kg, podendo ser repetida a cada 3-5 minutos até uma dose total de 3mg/kg. A dose de manutenção da lidocaína é de 1-4 mg/min. - Nos casos de TV secundária à intoxicação digitálica, o tratamento de escolha é farmacológico, sendo as medicações recomendadas a lidocaína e a difenil-hidantoína (fenitoína), na dosagem de 100mg IV, em 5 a 10 minutos, podendo repetir novo bolus de 100mg, em caso de insucesso, até a dose máxima de 1,0g. 8.2 Taquicardia supraventricular aberrante - Seguir orientações proposta para taquicardias de QRS estreito. 8.3 Taquicardia pré-excitada - com sinais de comprometimento hemodinâmico: Cardioversão elétrica (CVE) sincronizada sob sedação.

Página: 8 de 9 - sem sinais de instabilidade hemodinâmica: Optar inicialmente para CVQ com amiodarona (em dosagem já relatada anteriormente) ou Propafenona 450 a 600mg em dose única VO. Ressalta-se que essa última medicação não é indicada em portadores de cardiopatia estrutural. 9.Referências bibliográficas: 1. Pastore CA, Pinho JA, Pinho C, Samesima N, Pereira-Filho HG, Kruse JCL, et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol 2016; 106(4Supl.1):1-23 2. Condutas em urgências e emergências da Faculdade de Medicina de Botucatu- UNESP / editores Regina Helena Garcia Martins, Silvana Artioli Schellini. - Botucatu: UNESP, Faculdade de Medicina de Botucatu e Pró-Reitoria de Graduação da UNESP: Cultura Acadêmica, 2014 v. 1. Adulto v. 2. Pediátrico ISBN 9788565318020 (v. 1) ISBN 9788565318037 (v. 2) 3. Magalhães LP, Figueiredo MJO, Cintra FD, Saad EB, Kuniyishi RR, Teixeira RA, et al. II Diretrizes Brasileiras de Fibrilação Atrial. Arq Bras Cardiol 2016; 106(4Supl.2):1-22 4. Blomström-Lundqvist C, Scheinman MM, Aliot EM, Alpert JS, Calkins H, Camm AJ, et al. ACC/AHA/ESC Guidelines for the management of patients white supraventricular arrythmias. Washington: American College of Cardiology, American Heart Association Task Force and the European of Cardiology Committee for Practice Guidelines; 2003. p.2-48

Página: 9 de 9 5. 2015 ESC Guidelines for the management of patients with ventricular arrhythmias and the prevention of sudden cardiac death - European Heart Journal (2015) 36, 2793 2867 doi:10.1093/eurheartj/ehv316 6. Fotos: internet Médico Cardiologista CRM/SP: 111.952 Diretora Clínica / Médica CRM/SP: 45325 Diretor Técnico / Médico CRM/SP: 90410