RELATO DE CASO: HOLIDAY HEART SYNDROME
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- Anderson Deluca Quintão
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1 RELATO DE CASO: HOLIDAY HEART SYNDROME RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de um paciente de 53 anos, sexo masculino, portador da Holiday Heart Syndrome (HHS), cujas informações foram obtidas mediante revisão de prontuário. A HHS é definida como uma perturbação aguda do ritmo cardíaco em pessoas aparentemente saudáveis após um episódio de consumo abusivo de álcool sem evidências de doença cardíaca prévia. O principal sintoma relatado pelos pacientes é a palpitação, podendo ser referido também outros sintomas ou até mesmo não apresentar nenhuma outra sintomatologia. Além disso, a HHS pode levar à morte súbita, sendo assim de grande importância seu diagnóstico adequado, cabendo ao médico explicar a síndrome ao paciente e recomendar a abstinência do álcool como medida para evitar novos episódios. Palavras chave:arritmias; álcool; Holiday Heart Syndrome INTRODUÇÃO: O álcool é a droga com atividade psíquica mais consumida pela nossa sociedade. Tem ampla aceitação cultural, diversas apresentações, modos de consumo e fácil acesso ao usuário. No entanto, seu consumo exagerado aumenta o risco de morte por várias causas, incluindo doenças cardiovasculares. Dentre os efeitos cardiovasculares, o abuso regular de álcool parece aumentar a pressão arterial, levando à hipertensão arterial, o que por si só é um fator de risco para outras doenças cardiovasculares e para morte súbita. Seu consumo crônico de grandes quantidades também está associado à miocardiopatia alcoólica. (Bau, 2009) Embora muito se fale nos danos decorrentes do consumo crônico e exagerado do álcool, já se sabe que sua ingestão aguda também pode causar repercussões cardiovasculares. Uma associação entre a ingestão de álcool aguda e o aparecimento de arritmias cardíacas foi relatada pela primeira vez em 1978 por Philip Ettinger que descreveu a Holiday Heart Syndrome (HHS) como a ocorrência de uma perturbação aguda do ritmo cardíaco, ocasionando arritmia em pessoas saudáveis e sem doença cardíaca conhecida, após o consumo abusivo de álcool. Esta síndrome pode ocorrer tanto em consumidores regulares, como não regulares de álcool, estando associada principalmente a arritmias supraventriculares, sendo a fibrilação atrial (FA) a arritmia cardíaca mais comum da síndrome. No entanto, outros tipos menos frequentes de arritmias também podem ocorrer, tais como: flutter atrial, taquicardia atrial paroxística, e extrassístoles ventriculares isoladas. (Tonelo, et al.2013) Os pacientes com HHS são aparentemente saudáveis, sem histórico pessoal ou familiar de palpitações ou outros sintomas sugestivos de anomalias cardíacas estruturais ou qualquer evidência clínica de doença cardíaca ou outras condições que poderiam levar a arritmias cardíacas, tais como níveis de eletrólitos anormais. Testes laboratoriais e outros exames geralmente são normais, e após retornar ao ritmo sinusal normal, os eletrocardiogramas também são em sua maioria normais. Além disso, um fator importante é a ausência de novos episódios com a abstinência de álcool e a recorrência dos sintomas com o abuso continuado de álcool. (Thornton, 1984 e Tonelo, et al.2013) O principal sintoma relatado por pacientes com HHS é a palpitação, porém eles podem apresentar outros sintomas como pressão ou dor precordial, síncope e dispneia.
2 As arritmias podem ocorrer também sem quaisquer sintomas clínicos, tornando alguns episódios de HHS mais difíceis de diagnosticar (Thornton,1984 e Ettingeretal,1978). O diagnóstico dessa síndrome é de grande importância, visto que a arritmia associada à HHS após o consumo abusivo de álcool pode levar à morte súbita. Suspeita - se de HHS quando o paciente apresenta sinais de intoxicação alcoólica ou relata um episódio recente de consumo excessivo de álcool, com presença de arritmia cardíaca e ausência de doenças cardíacas evidentes. É imprescindível que o médico explique a síndrome ao paciente e recomende a abstinência do álcool para evitar novos episódios de HHS (Toneloet al, 2013). MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo de caso clínico, realizado em julho de As informações foram obtidas por meio de revisão de prontuário, após autorização prévia da direção hospitalar de uma unidade terciária do município de Barbalha-CE, para seu manuseio, contendo dados da história clínica, registros fotográficos dos métodos diagnósticos aos quais o paciente foi submetido e revisão da literatura nas bases de dados Scielo e MedLine. RESULTADOS E DISCUSSÃO Paciente, S.M, 53 anos, sexo masculino, comerciante, pardo, casado, procedente de Ipubi-PE. Comparece ao hospital da sua cidade em dia de domingo, após uso abusivo de bebida alcoólica recente, com queixa de palpitações paroxísticas. Refere que já havia apresentado esse quadro ao fazer uso de bebida alcoólica em outras ocasiões, porém costumava ceder espontaneamente. Ex-tabagista há 15 anos, etilista social, dislipidêmico, sem historia familiar de doença arterial coronaniana. Nega alergia medicamentosa, Asma, Diabetes Mellitus, HAS, úlcera ou passado cirúrgico. Foi realizado Eletrocardiograma (ECG) que constatou Fibrilo - Flutter Atrial (Figura1) sendo administrado Amiodarona na dose de 5mg/kg, injetável em bolus, obtendo melhora do quadro. Porém, algumas horas após, ao realizar novo ECG, foi evidenciada a presença de extrassistolia supraventricular (ESSV) com condução aberrante (Figura 2). O mesmo ficou em observação e na manhã seguinte ao realizar novo ECG detectouse Ritmo Sinusal (RS) com Salvas de ESSV e pausas (Figura3). Foi encaminhado ao hospital terciário de referência da cidade de Barbalha- CE, aonde chegou sem queixas, com os resultados de exames já descritos. Ao exame físico: apresentava-se em bom estado geral, corado, hidratado, anictérico, acianótico com ausculta do aparelho cardiovascular apresentando ritmo cardíaco irregular, bulhas cardíacas normofonéticas sem ruídos acessórios, pressão arterial de 130/82 mmhg, frequência cardíaca de 82 batimentos por minuto, sem demais alterações. Foi internado, sendo realizada hidratação venosa, além de exames laboratoriais com os seguintes resultados: hemoglobina= 13,7, leucócitos= 6.700, plaquetas= , glicose=88, uréia=32, creatinina=0,7, ácido úrico=4,5, colesterol total=209, triglicerídeos=250, colesterol de alta densidade ou HDL= 32, transaminase glutâmico oxalacética=36, potássio=4,5, sódio=142, T4 Livre=0,8, hormônio estimulante da tireóide=1,0. Realizou também
3 outros exames, tais como: Ecocardiograma, que revelou ausência de alteração e o Holter que mostrou Frequência Cardíaca mínima=37, Média=68, Máxima=114, ExtrassistolesVentriculares=9, ESSV=11. O paciente obteve alta sem medicações e assintomático com eletrocardiograma normal (figura 4), recebeu o diagnóstico de HHS, foi orientado a evitar o uso de bebidas alcóolicas e encaminhado ao consultório de cardiologia para prosseguir acompanhamento clínico ambulatorial. EXAMES ECG com Fibrilo - Flutter Atrial. Figura 1. ECG- Fibrilo-Flutter Atrial ECG revelando RS com ESSV (Extrassistolia Supraventricular) com condução aberrante Figura 2. ECG Ritmo Sinusal com Extrassistolia Supraventricular com condução aberrante (seta vermelha).
4 ECG apresentando RS com Salvas de ESSV e pausas. Figura 3. Ecg Ritmo Sinusal com salvas de Extrassistoles Supraventriculares (seta vermelha) e pausas (seta azul). ECG da Alta Hospitalar Figura 4. ECG Ritmo Sinusal Regular traçado normal.
5 CONCLUSÃO: Diante de paciente sem cardiopatia estrutural, com quadro de arritmia paroxística, após consumo de bebida alcoólica, o diagnóstico de Holiday Heart Syndrome deve ser lembrado para evitar prováveis complicações cardiovasculares fatais ou não fatais. REFERÊNCIAS: BAU, P.F.D. Repercurssões cardiovasculares da ingestão aguda de alcool. Universidade federal do Rio grande do Sul. Porto Alegre-RS, p ETTINGER, P.O; WU C.F; DE LA CRUZ, C.JR; WEISSE, A.B; AHMED, S.S.;REGAN T.J. Arrhythmias and the Holiday Heart : alcohol-associated cardiac rhythm disorders. Am Heart J, THORNTON, J. R. Atrial fibrillation in healthy non-alcoholic people after an alcoholic binge, TONELO, D.;PROVIDÊNCIA, R.;GONÇALVES, L. Síndrome do Coração Pós-Feriado Revisto após 34 Anos. Arquivo Brasileiro Cardiologia, Coimbra, 30 Janeiro
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