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Transcrição:

1 PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N. 005.2008.000.286-71001. ORIGEM : 2 Vara da Comarca de São João do Rio do Peixe. RELATOR : Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. APELANTE : José Pereira dos Santos Material de Construção. ADVOGADO : Paulo Sabino de Santana. APELADO : Banco do Nordeste do Brasil S/A. ADVOGADO : David Sobral Peixoto. EMENTA: APELAÇÃO. MONITÓRIA. TÍTULO DE CRÉDITO SEM FORÇA EXECUTIVA. EMBARGOS JULGADOS IMPROCEDENTES. RECURSO. PRESCRIÇÃO. DA PRETENSÃO EXECUTIVA E DE COBRANÇA. DÍVIDA LÍQUIDA CONSTANTE DE INSTRUMENTO PARTICULAR. PRAZO PRESCRICIONAL DE TRÊS ANOS. AÇÃO MONITÓRIA. PRETENSÃO COM CINCO ANOS. CONTAGEM SUCESSIVA. LAPSO TEMPORAL NÃO EXAURIDO. MÉRITO. CÉDULA DE CRÉDITO COMERCIAL. ENCARGOS FINANCEIROS. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COM PREVISÃO CONTRATUAL. SÚMULA N. 93 DO STJ. POSSIBILIDADE. DISPOSIÇÕES DA LEI DE USURA QUE NÃO SE APLICAM ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. PROVIMENTO NEGADO. O prazo prescricional para a pretensão executiva da letra de crédito comercial é de três anos, contados do vencimento da dívida. A ação monitória fundada em título de crédito prescrito está subordinada ao prazo prescricional de cinco anos previsto no Art. 206, 5 0, I, do Código Civil. (Precedentes do STJ). A legislação sobre cédulas de credito rural, comercial e industrial admite o pacto de capitalização de juros (Súmula n. 93, do STJ). As disposições do Decreto 22626/1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o Sistema Financeiro Nacional. VISTO, relatado e discutido o procedimento n. 005.2008.000.286-7/001, relativo à Apelação Cível em que litigam José Pereira dos Santos Material de Construção em face do Banco do Nordeste do Brasil S/A. ACORDAM os Eminentes Desembargadores integrantes da Egrégia Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, acompanhando o Relator, conhecer do Recurso, rejeitar a arguição de prescrição e, no mérito, negarlhe provimento. VOTO.,- O Banco do.no es,e do Brasil S,2'.-k ajuizou Ação Monitória perante a 2a Vara.,,...,

da Comarca de São João do Rio do Peixe em face de José Pereira dos Santos Material de Construção, processo n. 005.2008.000.286-7. Alegou que (1) o Demandado emitiu em seu favor a Cédula de Crédito Comercial n. 65350367820, em 03/06/1997, com valor nominal de R$ 20.896,00, garantia de hipoteca e vencimento para o dia 03/03/2001; (2) em 25/09/1998 pactuaram um aditamento no qual ficou ajustado o vencimento final para o dia 03/04/2002, e como não houve adimplemento o saldo devedor atingiu o total de R$ 197.887,34, em 31/07/2008; e (3) inicialmente o título era dotado de força executiva na forma do Art. 585, VII, do CPC, Decreto-Lei n. 413/67 e Lei 6.840/80, mas perdeu a sua eficácia cambiária por ter decorrido prazo superior a três anos, o que motivou a adoção do procedimento monitório. Requereu a citação para pagamento da importância de R$ 197.887,34, atualizado até a data da propositura da Demanda e, ao final, a conversão do mandado de pagamento em titulo executivo judicial. O Demandado opôs Embargos Monitório, f. 51/54, arguindo a prescrição da pretensão para recebimento do crédito, com prazo de cinco anos, embasado no Art. 206, 5, I, do Código Civil, por ser a dívida líquida constante de instrumento particular, no caso uma cédula de crédito comercial. Alegou (1) que o caso concreto dispensa análise aprofundada a respeito da aplicabilidade da regra de transição do Art. 2.028, do CC, uma vez que, ao entrar em vigor o novo Código Civil, o prazo prescricional de vinte anos previsto no Código Civil de 1916 não tinha ultrapassado mais da metade, e por isso seria aplicável a nova regra do Art. 206, 5, I, do CC; (2) que também estaria prescrita a pretensão de cobrança por meio da ação monitória, que deveria ter sido ajuizada no prazo máximo de cinco anos contados da vigência do CC; e, (3) que o Autor está cobrando o crédito com juros abusivos, informando aplicação de juros simples, juros básicos com redutor, juros de capital e juros a titulo de encargos de inadimplência, enquanto que na realidade a cobrança era feita com juros capitalizados, prática expressamente vedada no Art. 4, da Lei de Usura, e com isso fez com que o saldo devedor de R$ 20.896,00 atingisse a cifra de R$ 197.887,34. Pugnou pela procedência dos Embargos para que fosse julgada improcedente a Monitória, acolhendo-se a arguição de prescrição, ou a procedência parcial para, reconhecendo a prática de anatocismo, determinar a remessa dos autos ao Contador Judicial para que fosse apurado o valor real da dívida. O Banco do Nordeste S/A ofereceu Impugnação, f. 58/74, alegando (1) que para deslinde do caso devem ser verificados dois prazos prescricionais e seus respectivos termos iniciais e finais; (2) que o prazo prescricional para execução da Cédula de Crédito Comercial seria de três anos, nos temos do Art. 70, do Decreto n. 57.663/66, que estabelece o prazo prescricional de três anos para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, estando em perfeita harmonia com o disposto no Art. 206, 3, VIII, do Código Civil, que tem a previsão de prazo prescricional de três anos para cobrança de tititlps de crédito, ressalvando disposições de leis especiais, e por isso não se aplicaria avegra geral do CC; (3) que o Código Civil de 1916 regulava a prescrição para :-as ações pessoais, ordinariamente, em vinte anos, conforme

disposto no seu Art. 177, e no novo Código Civil, Lei n. 10.406/02, houve redução para cinco anos, nos termos do Art. 206, 5 0, 1, sendo este o prazo prescricional para a ação monitória; (4) que o prazo para a pretensão de cobrança por meio da via ordinária, no caso a monitória, inicia-se após expirado o prazo de prescrição para ação executiva; (5) que o vencimento da dívida constante da Cédula de Crédito Comercial ocorreu em 03/04/2002, f 12, data esta em que teve início o prazo prescricional de três anos para a pretensão executiva, exaurindo-se em 03/04/2005, sendo este o termo inicial da pretensão da ação monitória, que por ser de cinco anos, expirar-se-ia em 03/04/2010, e a monitória foi ajuizada em 22/08/2008, não havendo o que se falar em prescrição da pretensão de cobrança; (6) que o Embargante não impugnou a obrigação constituída no título de crédito que ampara a monitória, não apresentou o valor que entende devido em função da dívida contraída e não consignou o débito, resultando incontroversa a exigibilidade do título; (7) que contra ele Promovente, por ser uma instituição financeira, não se aplica a Lei de Usura, Decreto n. 22.626/33, conforme Súmula n. 596, do STF, portanto não está sujeito à vedação de capitalização de juros de que dispõe a Súmula n. 121, do STJ; (8) que o Art. 192, 3, da Constituição Federal, que estabelecia juros de 12% ao ano, foi revogado pela Emenda Constitucional n. 40/03; (9) e que, nos termos da Súmula n. 93, do STJ, a legislação sobre cédula de crédito rural, comercial e industrial admite pacto de capitalização de juros. Sentenciando, f. 75/79, o Juízo a quo rejeitou a arguição de prescrição ao fundamento de que o prazo de cinco anos da pretensão de cobrança inicia-se depois de expirados os três anos para a pretensão executiva, e como o vencimento da dívida se deu em 03/04/2002, o credor poderia ajuizar a Demanda até o dia 03/04/2010, contando-se o prazo trienal da ação cambial somando ao quinquenal da pretensão de cobrança, no caso a ação monitória, não havendo prescrição por ter ajuizado a Demanda dentro do lapso temporal. No mérito, verificando que a Lei de Usura não se aplica às instituições financeiras, a Súmula n. 93, do STJ, admite pacto de capitalização de juros em cédula de crédito comercial e que a taxa de juros a longo prazo, TJLP, prevista no Contrato, pode ser utilizada como indexador de correção monetária nos contratos bancários, julgou improcedente os Embargos, constituindo o mandado inicial em título executivo judicial, determinando ao Réu que pague ao Banco do Nordeste do Brasil S/A a quantia de R$ 197.887,34, e honorários de sucumbência que arbitrou em 10% sobre o valor da causa. O Embargante interpôs Apelação, f. 51/54, alegando (1) que no caso concreto a prescrição é de cinco anos, conforme Art. 206, 5, I, do Código Civil, que estabelece o prazo prescricional para a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular, uma vez que a ação monitória reclama o crédito da Cédula de Crédito Comercial, com valor líquido de R$ R$ 20.896,00; (2) que a prescrição no Código anterior era de vinte anos, e que, embora tenha havido redução no atual Código, não há o que se falar em inaplicabilidade da prescrição quinquenária, uma vez que, ao entrar em vigor o Código Civil não havia ultrapassado mais da metade do prazo vintenário do Código de 1916; (3) que também decorreu o prazo prescricional para a ação monitoria, que é de cinco anos, na forma do Art. 206, 5, I, do CC, que no presente caso conta-se da data em que o Código Civil entrou em vigor, 11/01/2003, exa indo-se em 11/01/2008, e a Demanda foi ajuizada no dia 22/08/2008; e (4) o Jtiz cometeu equívoco ao julgar improcedente o pedido, uma vez

que o Art. 4 0, da Lei de Usura veda expressamente a capitalização de juros, e o Apelado utilizou-se de anatocismo, fazendo com que o débito atingisse a cifra de R$ 197,887,34. Pugnou pelo provimento do Recurso para que fosse declarada a prescrição, julgando procedente o pedido dos Embargos, ou reconhecida a cobrança abusiva de juros capitalizados, devendo o processo retornar ao Juízo para ser encaminhado ao contador judicial. Nas Contrarrazões, f. 114/120, o Apelado arguiu a possibilidade de aplicação do Art. 557, do CPC, defendendo que o Recurso estaria em confronto com a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça. No mérito, alegou (1) que o prazo prescricional de cinco anos para a pretensão de cobrança, por meio da ação monitória, não estava exaurido, uma vez que ele é contado após expirado o prazo da pretensão executiva, e como o vencimento da dívida foi pactuado para 03/04/2002, contando-se os três anos para a pretensão executiva, somados aos cinco da pretensão de cobrança, a Ação Monitória poderia ter sido ajuizada até o dia 03/04/2010, o que foi observado, porquanto foi distribuída em 22/08/2008; (2) que os juros remuneratórios são legais, as restrições da Lei de Usura não se aplicam às instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional, conforme Súmula n 596, do STF; e (3) que o Art. 192, 3, da Constituição Federal, que previa a limitação de juros, foi revogado pela Emenda Constitucional n. 40/03, e por isso seria indevido o argumento de que os juros cobrados pelas instituições financeiras não podem ultrapassar o limite de 12% ao ano. Pugnou pelo desprovimento do Recurso. Desnecessária a intervenção Ministerial no feito, por inexistirem quaisquer das hipóteses do Art. 82, I a III, do Código de Processo Civil. É o relatório. Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço da Apelação. As discussões travadas no Recurso resumem-se à ocorrência da prescrição da pretensão cambiária da pretensão de cobrança pela via ordinária, e dos encargos financeiros da Cédula de Crédito Comercial. As partes ajustaram um empréstimo bancário representado pela Cédula de Crédito Comercial, f. 08/11, no dia 03/06/1997, inicialmente com valor de R$ 20.896,00, tendo posteriormente havido renegociação da dívida por meio de Aditamento, f. 12, no qual pactuaram o vencimento da dívida para o dia 03/04/2002, com valor de R$ 23.990,54. O Juízo afastou a prejudicial de mérito ao fundamento de que o prazo da prescrição da pretensão de cobrança é contado após expirado o interregno da pretensão executiva, tendo o Autor observado o lapso temporal. A prescrição da pretensão executiva para cédula de crédito comercial é de três anos, nos termos çt A1t.70, do Decreto n. 57.663/66, que assim dispõe: "Todas as

ações contra o aceitante relativa a letra prescrevem em três anos a contar do vencimento". O dispositivo legal não foi revogado pelo Código Civil, que em seu Art. 206, 3, VIII, prevê a prescrição de cinco anos para cobrança de título de créditos, fazendo ressalva das disposições regulamentadas em leis especiais, e como as cédulas de créditos estão regulamentadas na Lei Uniforme, aplica-se a prescrição nela prevista. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que prescrição das cédulas de créditos é de três anos, por estarem regulada em lei especial. Nesse sentido: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CÉDULA DE CRÉDITO INDUSTRIAL. SOLIDARIEDADE CAMBIAL. PRAZO PRESCRICIONAL. 1. A solidariedade cambial não se confunde com a solidariedade civil, razão pela qual a interrupção da prescrição operada em relação a um coobrigado não prejudica os demais. Precedentes. 2. Em se tratando de cédula de crédito industrial, o prazo prescricional incidente na espécie é o de três anos, previsto na Lei Uniforme. Precedentes. 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 207.746/SP, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 15/09/2009, DJe 05/10/2009). Nessa linha, como o título de crédito tinha vencimento previsto para o dia 03/04/2002, com o decurso dos três anos a Cédula de Crédito Comercial perdeu a sua eficácia executiva em 03/04/2005, restando ao Autor/Apelado o uso da via monitória para satisfação do seu crédito, cujo prazo prescricional é de cinco anos, conforme entendimento jurisprudencial do STJ (Resp. 1038104/SP, Rel. Ministro Sidnei Beneti e Resp. 1197473/RN, Rel. Vasco Delia Giustina (Desembargador Convocado do TJ/RS). Portanto, considerando que o prazo prescricional para ação monitória inicia-se após o exaurimento da prescrição da pretensão executiva, correto entendimento do Juízo ao rechaçar a tese da prejudicial de mérito, posto que a dívida teve vencimento em 03/04/2002, e o termo final, contando-se os dois prazos, seria o dia 03/04/2010, sendo que a Monitória foi ajuizada em 21/08/2008, f. 02. A inaplicabilidade da regra de transição do Art. 2.028, do CC, arguida pelo Apelante a título de ilustração, dispensa maiores discussões, posto que na data inicial da vigência do Código Civil não havia decorrido mais da metade do prazo presericional, sendo aplicáveis as disposições legais atualmente vigentes. Rejeito a prejudicial de mérito. Passo a analisar o mérito do Recurso. O Apelante argumentou que a Sentença deve ser reformada por ter admitido como legal a prática de anatocismo, confrontando assim com o disposto no Art. 4, da Lei de Usura. A capitaliza ão de juros foi ajustada expressa na Cédula de Crédito Comercial, f. 08/11, especifica ente na Cláusula relativa aos "Encargos Financeiros", constando a

previsão de incidência de juros básicos segundo a TJLP, que é a taxa de juros a longo prazo, divulgada pelo Banco Central do Brasil, bem assim o encargo "Del-credere", com taxa efetiva de 3% ao ano, com saldo devedor capitalizado no dia três de cada mês, o que demonstra a inexistência de má-fé para cobrança dos encargos, porquanto possuíam previsão contratual. Acrescente-se que a capitalização de juros em cédulas de crédito comercial não é pratica ilegal das instituições financeiras, porquanto existe regulamentação legal e o STJ pacificou o entendimento a respeito da legalidade da cobrança. Súmula n. 93, do STJ: A legislação sobre cédulas de credito rural, comercial e industrial admite o pacto de capitalização de juros. Quanto à alegação de que a Sentença não observou o Art. 4, da Lei de Usura, verifica-se que o dispositivo não se aplica ao caso concreto, posto que as instituições fmanceiras que integram o Sistema Financeiro Nacional não se submetem às disposições do Decreto 22.626/33, e por isso o Apelado não estava obrigado a observálo, conforme entendimento pacificado com a Súmula n. 596 do STF: As disposições do Decreto 22626/1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o sistema financeiro nacional. Posto isso, conhecido o Recurso e rejeitada a prejudicial, no mérito, negolhe provimento. É o voto. Presidiu o julgamento, realizado na Sessão Ordinária desta Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, no dia 29 de maio de 2012, conforme Certidão de Julgamento, o Exmo. Des. Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho, com voto, dele participando, além deste Relator, a Exma. Dra. Vanda Elizabeth Marinho, Juíza Convocada. Presente à sessão a Exma. Sra. Dra. Jacilene Nicolau Faustino Gomes, Procuradora de Justiç Gabinetelo TEPB em/joão essoa, 05 de junh de 2012. Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira Relator

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