DECISÃO EM RECURSO ADMINISTRATIVO



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Transcrição:

DECISÃO EM RECURSO ADMINISTRATIVO REFERÊNCIA: Tomada de Preços n.º 004/2015 OBJETO: Contratação de agência de comunicação para a prestação de serviços de programação visual, design gráfico, diagramação de textos para atender as demandas contínuas do CRP-PR RECORRENTE: ROTH DESIGN OFFICE S/S LTDA RECORRIDA: Comissão Permanente de Licitação do Conselho Regional de Psicologia 8ª Região. I. RELATÓRIO A referida licitação foi na modalidade de Tomada de Preço, do tipo técnica e preço, com sessão de julgamento de Habilitação e Propostas, no dia de 03 de novembro de 2015, às 14 horas. Na data e hora supracitada, foi instalada a sessão de julgamento de licitação na modalidade Tomada de Preços em epígrafe com o recebimento de envelopes de habilitação e propostas das empresas DUPA Publicidade e Comunicação Ltda; Elefante Mídia e Marketing Ltda; Sintática Editorial Comunicação Ltda ME e ROTH Design Office S/C Ltda. Após análise pela Comissão Permanente de Licitação restou habilitada a empresa DUPA Publicidade e Comunicação Ltda e inabilitadas as empresas Elefante Mídia e Marketing Ltda; Sintática Editorial Comunicação Ltda ME e ROTH Design Office S/C Ltda. Em 10/11/2015, a empresa ROTH Design Office S/C Ltda interpôs recurso, tempestivamente, na forma do disposto no item 13 do Edital. Recebida as razões recursais, a Comissão de Licitação deu ciência às empresas licitantes, para, caso quisessem, apresentassem contrarrazões no prazo de 05 (cinco) dias úteis. Transcorrido o prazo supracitado, houve impugnação ao recurso por parte da empresa DUPA Publicidade e Comunicação Ltda. É o relatório.

II. DO MÉRITO Insurge-se a empresa recorrente, contra decisão tomada pela Comissão Permanente de Licitação (CPL) no curso da Tomada de Preços nº 004/2015, que habilitou a empresa DUPA Publicidade e Comunicação Ltda, alegando em síntese o exposto abaixo: a) Inexequibilidade da proposta vencedora; b) Inaplicabilidade da Súmula 262 do TCU; c) Defeitos na pontuação da proposta técnica; d) Invalidade do atestado Top Imóveis. Analisando as razões de recurso interposto pela empresa ROTH Design Office S/C Ltda com o objetivo de ver reconsiderada a decisão da Comissão de Licitação que na Tomada de Preços nº 004/2015, inabilitou a mesma, passamos ao julgamento. Quanto a inexequibilidade da proposta vencedora e inaplicabilidade da Súmula 262 do TCU, a Lei de Licitações, em seu art. 48, inciso II, realmente, prevê a desclassificação de propostas contendo preços inexequíveis, assim considerados aqueles que não se revelam capazes de possibilitar a alguém uma retribuição financeira mínima (ou compatível) em relação aos encargos que terá de assumir contratualmente. Tal previsão legislativa não é exclusiva a obras e serviços de engenharia, e é utilizada por analogia, com o objetivo de: a) minimizar riscos de uma futura inexecução contratual já que o particular, ao apresentar proposta com preços muito baixos, pode estar assumindo obrigação que não poderá cumprir e b) tutelar valor juridicamente relevante, qual seja, o de que as atividades econômicas sejam lucrativas, promovendo a circulação de riquezas no país. Tendo em vista a repercussão do reconhecimento da inexequibilidade de determinada proposta, o legislador previu a possibilidade de que o licitante,

previamente a eventual desclassificação em razão de aparente preço inexequível, possa demonstrar a exequibilidade de sua proposta. Tal possibilidade encontra-se prevista na parte final do art. 44, 3º e tem aplicabilidade pacificamente reconhecida pelo Tribunal de Contas da União, conforme entendimento já consolidado na Súmula de nº 262 de seguinte teor: O critério definido no art. 48, inciso II, 1º, alíneas a e b, da Lei nº 8.666/93 conduz a uma presunção relativa de inexequibilidade de preços, devendo a Administração dar à licitante a oportunidade de demonstrar a exequibilidade da sua proposta. Assim, os arts. 44, 3, e 48, II e 1 e 2 devem ser interpretados no sentido de que a formulação de proposta de valor reduzido exige avaliação cuidadosa por parte da Administração. Seguindo ainda a linha de raciocínio de Justen Filho, constatando que realmente há evidência de prática de valores irrisórios sendo ofertados, deve-se proceder a formulação de diligências destinadas a apurar a viabilidade da execução, inclusive com verificação de outros dados no âmbito do licitante. Assim cabe verificar se o sujeito efetivamente se encontra em dia com suas obrigações tributárias e previdenciárias. Deve exigir-se o fornecimento de informações sobre o processo produtivo e sobre a qualidade dos produtos e insumos. É necessário solicitar do sujeito esclarecimento sobre a dimensão efetiva de sua proposta e assim por diante. O que não pode ocorrer de forma alguma é o cancelamento da licitação ou desclassificação do licitante sob a argumentação que não conseguirá arcar com seus compromissos, pois não é da alçada do Estado fazer esse juízo de valor da empresa. Mas deve-se oferecer a oportunidade de defesa, em processo administrativo para que a empresa comprove por meio de balancetes e documentos hábeis a exequibilidade dos preços e garantia de entrega dos bens licitados.

O entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a interpretação do dispositivo não seja rígida, literal e absoluta. A presunção de inexequibilidade, também para a jurisprudência, deve ser relativa, oportunizando ao licitante à demonstração de exequibilidade da proposta. RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. PROPOSTA INEXEQUÍVEL. ART. 48, I E II, 1º, DA LEI 8.666/93. PRESUNÇÃO RELATIVA. POSSIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO PELO LICITANTE DA EXEQUIBILIDADE DA PROPOSTA. RECURSO DESPROVIDO. 1. A questão controvertida consiste em saber se o não atendimento dos critérios objetivos previstos no art. 48, I e II, 1º, a e b, da Lei 8.666/93 para fins de análise do caráter exequível/inexequível da proposta apresentada em procedimento licitatório gera presunção absoluta ou relativa de inexequibilidade. 2. A licitação visa a selecionar a proposta mais vantajosa à Administração Pública, de maneira que a inexequibilidade prevista no mencionado art. 48 da Lei de Licitações e Contratos Administrativos não pode ser avaliada de forma absoluta e rígida. Ao contrário, deve ser examinada em cada caso, averiguando-se se a proposta apresentada, embora enquadrada em alguma das hipóteses de inexequibilidade, pode ser, concretamente, executada pelo proponente. Destarte, a presunção de inexequibilidade deve ser considerada relativa, podendo ser afastada, por meio da demonstração, pelo licitante que apresenta a proposta, de que esta é de valor reduzido, mas exequível. 3. Nesse contexto, a proposta inferior a 70% do valor orçado pela Administração Pública (art. 48, 1º, b, da Lei 8.666/93) pode ser considerada exequível, se houver comprovação de que o proponente pode realizar o objeto da licitação. [...] a vencedora do certame demonstrou que seu preço não é deficitário (o preço

ofertado cobre o seu custo), tendo inclusive comprovado uma margem de lucratividade. [...] (STJ - REsp: 965839 SP 2007/0152265-0, Relator: Ministra DENISE ARRUDA, Data de Julgamento: 15/12/2009, T1 PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 02/02/2010). No mesmo sentido vem a pacificada posição do Tribunal de Contas da União, como se verifica, por exemplo: O critério definido no art. 48, inciso II, 1º, alíneas a e b, da Lei nº 8.666/93 conduz a uma presunção relativa de inexequibilidade de preços, devendo a Administração dar à licitante a oportunidade de demonstrar a exequibilidade da sua proposta. (Acórdão 587/2012 - Plenário, Rel. Min. Ana Arraes) Corrobora deste entendimento o renomado doutrinador Marçal Justen Filho: Como é vedada licitação de preço-base, não pode admitir-se que 70% do preço orçado seja o limite absoluto de validade das propostas. Tem de reputar-se, também por isso, que o licitante cuja proposta for inferior ao limite do 1º disporá da faculdade de provar à Administração que dispõe de condições materiais para executar sua proposta. Haverá uma inversão do ônus da prova, no sentido de que se presume inexequível a proposta de valor inferior, cabendo ao licitante o encargo de provar o oposto (JUSTEN FILHO, 2010, p. 609). Portanto, a legislação estabelece parâmetros de inexequibilidade dos preços, devendo ser oportunizado ao licitante a oportunidade de comprovação da exequibilidade da proposta.

Trata-se, ainda, de assegurar o cumprimento do interesse público com economia de recursos. Uma vez que o equívoco pode não ser na proposta baixa do licitante, mas, sim, na estimativa elaborada pela Administração. A qualidade do valor orçado pela Administração é questão de destacada pelo notável Prof. Carlos Motta, para a aferição da proposta apresentada na licitação: Destarte, e em resumo, o critério descrito no art. 48, notadamente, no 1, almeja aferir parâmetros de concretude, seriedade e firmeza da proposta. A consecução desse objetivo dependerá certamente da fidedignidade do valor orçado pela Administração, base de todo o cálculo. (MOTTA, 2008, p. 534) Comprovada a exequibilidade da proposta através da apresentação da documentação pertinente, deverá o licitante seguir na disputa, se o valor proposto for 80% inferior ao limite de exequibilidade estabelecido em lei, deveria prestar garantia adicional da execução, conforme estabelece o 2 do artigo 48 da Lei n 8.666/93: 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo anterior cujo valor global da proposta for inferior a 80% (oitenta por cento) do menor valor a que se referem as alíneas a e b, será exigida, para a assinatura do contrato, prestação de garantia adicional, dentre as modalidades previstas no 1º do art. 56, igual a diferença entre o valor resultante do parágrafo anterior e o valor da correspondente proposta. O artigo 40, inciso X, da Lei n 8.666/93 dispõe ainda sobre o critério de aceitabilidade dos preços. O dispositivo veda a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de variação em relação aos preços de referência.

Desse modo, o legislador intenciona evitar o preço-base, banir o piso eliminatório, ou seja, impedir que os editais prevejam um valor mínimo abaixo do qual as propostas sejam automaticamente desclassificadas. A Lei n 9.648/98 (que alterou a Lei n 8.666/93) foi a responsável pela adoção desse critério e também dos critérios de inexequibilidade introduzidos ao artigo 48 nos parágrafos 1º e 2º transcritos acima, que, como visto, referem o limite de preço a partir do qual haverá a presunção de inexequibilidade da proposta, implicando na necessidade de o proponente demonstrar a viabilidade do preço ofertado. Outrossim, está acostado ao processo licitatório comprovações de viabilidade da proposta de preços apresentada pela empresa DUPA Publicidade e Comunicação Ltda, entendendo esta comissão que as comprovações são satisfatórias e tranquilizam a autarquia quanto ao cumprimento do objeto licitado. Quanto aos defeitos na pontuação da proposta técnica, com o equívoco da empresa DUPA Publicidade e Comunicação Ltda na apresentação de um informativo ao invés de jornal, temos que o entendimento da subcomissão deste procedimento licitatório é o mesmo da data do certame, já que entende que o documento apresentado é aceitável e que cada peça técnica solicitada em edital foi apresentada como o exigido, o que é chancelado por esta CPL. Quanto ao atestado apresentado, o Atestado de Capacidade Técnica é uma declaração emitida em papel timbrado (da empresa privada ou órgão público a quem você ou sua empresa forneceu produto e/ou prestou serviço) que comprova e atesta que uma empresa forneceu produtos e/ou prestou serviços a uma outra empresa privada ou pública. Este documento deverá ser assinado pelo representante legal da empresa ou órgão público e deve conter informações sobre a empresa contratada e como se deu o atendimento do que foi contratado, conforme se observa do item 3.2 do Anexo I, do Edital.

A empresa DUPA Publicidade e Comunicação Ltda acostou nas contrarrazões ao recurso o contrato social da empresa Top Imóveis, no qual se verifica que o representante legal da empresa é o senhor Eduardo Schulman, restando a irresignação da empresa ROTH Design Office S/C Ltda sem fundamento. III. CONCLUSÃO Com base no exposto acima, a Comissão Permanente de Licitação firma convencimento no sentido de que, em que pesem os argumentos da recorrente, tal pleito não merece acolhimento, vez que a decisão de habilitação da empresa DUPA Publicidade e Comunicação Ltda está fulcrada nos princípios e normas que regem o procedimento licitatório brasileiro. IV. DECISÃO FINAL Pelo exposto, em respeito ao instrumento convocatório e em estrita observância aos demais princípios da Licitação, CONHEÇO do recurso apresentado pela empresa ROTH Design Office S/S Ltda ME, tendo em vista a sua tempestividade, para no MÉRITO, NEGAR-LHE PROVIMENTO. Desta forma, nada mais havendo a relatar submetemos à Autoridade Administrativa Superior para apreciação e decisão, tendo em vista o princípio do duplo grau de jurisdição e conforme preceitua o art. 109, 4º da Lei 8.666/1993. Curitiba, 18 de novembro de 2015. Psic. Renata Campos Mendonça Presidente da Comissão Permanente de Licitação