MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO



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Transcrição:

MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO AVALIAÇÃO DESPORTIVA DO CAVALO DE SALTO Tiago Haag Ocanha 1º Ten Cav Rio de Janeiro 2011

MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO AVALIAÇÃO DESPORTIVA DO CAVALO DE SALTO Tiago Haag Ocanha 1º Ten Cav Monografia apresentada à Escola de Equitação do Exército como requisito parcial à obtenção do título de Pósgraduação (latu sensu) em Equitação. Orientador: Fernando Queiroz Almeida (Doutor) Rio de Janeiro 2011

Tiago Haag Ocanha 1º Ten Cav AVALIAÇÃO DESPORTIVA DO CAVALO DE SALTO Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de Especialista em Equitação pela Escola de Equitação do Exército, submetida à aprovação da banca examinadora composta pelos seguintes membros: 1º Ten QCO RIANE Moreira Santos Thiago 1º Ten OVT Carla Parzonezi NEVES Pires 1º Ten OVT Marco VINICIO Ceppas de Carvalho Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2011.

AGRADECIMENTOS Inicialmente gostaria de agradecer à minha família, pelo amor e educação. Ao meu pai, por me mostrar e ensinar os primeiros passos da arte equestre. À minha mãe e ao meu irmão, pelo incentivo e motivação em todos os momentos. À Tatiana, minha amada esposa. Obrigado pelo carinho, paciência e compreensão, sem você do meu lado seria muito difícil à conclusão do curso. Ao meu orientador, Dr. Fernando Queiroz de Almeida, pelo apoio, incentivo e ensinamentos desde nosso primeiro contato, sempre se mostrando pronto para ajudar e sanar qualquer dúvida. Aos alunos dos cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que me apoiaram nesse projeto, mostrando camaradagem e dedicação na pesquisa e na realização das mensurações dos animais. Ao Cap Cav Miguel, instrutor da Escola de Equitação do Exército, pela ajuda na execução do experimento, sendo exemplo verdadeiro de um espora dourada. Ao meu fiel companheiro, Pecado, que me ensinou muito sobre equitação, me carregando sobre seu dorso, obedecendo meus comandos e sendo leal. Por fim, agradeço a todos que cooperaram de alguma forma com esse trabalho, seja com conversas, com incentivo ou na pesquisa.

Não dêem dinheiro aos seus filhos. Se puderem dêem-lhes cavalos. A equitação nunca arrastou ninguém à desonra. Nenhuma hora de vida passada numa sela é perdida. Muitos jovens têm se arruinado possuindo cavalos, apostando em cavalos, mas nunca montando um cavalo. SIR WINSTON CHURCHILL

RESUMO O presente trabalho teve por objetivo realizar testes de avaliação fisiológica de cavalos de salto avaliando a frequência cardíaca, o lactato sanguíneo e o desempenho do animal. A frequência cardíaca é um indicador de desempenho no qual podemos verificar o estado do cavalo atleta. O animal com bom preparo físico tem uma menor variação de frequência cardíaca quando submetido a um esforço físico do que o animal com um pior preparo. Outro indicar de desempenho é a concentração sanguínea de lactato, pois esta reflete as verdadeiras condições metabólicas do animal. A produção de lactato eleva quando existe a realização do exercício tendo a necessidade de utilização de mais energia pelo animal. O animal bem preparado fisicamente tem uma melhor recuperação após a realização do esforço físico. Foram utilizados cinco cavalos Brasileiros de Hipismo pertencentes à Escola de Equitação do Exército com idades de 7 a 14 anos. Antes dos testes foram realizadas coleta de sangue basal e a aferição da frequência cardíaca, com os animais em repouso. Os testes foram realizados na pista coberta General Rubem Continentino do 2º Regimento de Cavalaria de Guardas, apoio da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. O experimento iniciou com o aquecimento de 10 minutos ao passo, trote e galope e com o salto de 4 obstáculos a altura de até 1,00m. Após foram realizados três estágio incrementais: o primeiro com o salto de 4 obstáculos, o segundo com o salto de 8 obstáculos e o terceiro com o salto de 12 obstáculo, todos a altura de 1,00m, sendo que o ultimo obstáculo de cada estagio foi um obstáculo paralelo de 1,00m x 1,20m. Houve coleta de sangue e verificação da frequência cardíaca após cada estágio e também 10, 20 e 30 minutos após a realização dos testes. Os resultados foram analisados por estatística descritiva. A concentração do lactato e a frequência cardíaca aumentaram à medida que o número de saltos foi aumentando. Demonstrou-se que o lactato e a frequência tem grande importância na avaliação do desempenho físico do cavalo. Palavras-chave: CAVALO, FREQUÊNCIA CARDÍACA, LACTATO.

ABSTRACT This study aimed at testing for physiological assessment of jumping horses evaluating the heart rate, blood lactate and animal performance. Heart rate is an indicator of performance in which we can check the status of the athlete horse. The animal with good physical fitness has a lower heart rate variation when subjected to a physical effort than the animal with a worst preparation. Another performance indicator is the blood lactate concentration, as this reflects the true metabolic conditions of the animal. Lactate production increases when there is performance of exercises with the need to use more energy by the animal. The animal wich is physically fit has a better recovery after the physical effort. It was used five horses belonging to the Brazilian Army Equestrian Riding School, aged 7 to 14 years. Before the tests were carried out blood sampling and measurement of baseline heart rate, with the animals at rest. The tests were performed in the indoor arena General Reuben Continentino of the 2nd Guard Cavalry Regiment, supported by the Federal Rural University of Rio de Janeiro. The experiment started with a warming up of 10 minutes on walk, trot and canter and to jump four obstacles to the height of 1.00 m. Once there were three incremental stages: the first with jumping of 4 obstacles, the second with eight obstacles and the third of 12 obstacles, all the height of 1.00 m, and the last obstacle of each stage was a parallel obstacle 1.00 m x 1.20 m. There was blood collection and verification of heart rate after each stage and also 10, 20 and 30 minutes after the tests. The results were analyzed by descriptive statistics. The concentration of lactate and heart rate increased as the number of jumps has increased. It was demonstrated that lactate and heart rate has a great importance in assessing the physical performance of the horse. Keywords: HORSE, HEART RATE, LACTATE.

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 8 2. PRESSUPOSTOS BÁSICOS... 10 2.1 O Cavalo... 10 2.2 O Salto... 11 2.3 A Fisiologia do Exercício... 13 2.4 O Lactato... 15 2.5 A Frequência Cardíaca... 16 3. MATERIAL E MÉTODOS... 18 3.1 Local do Teste... 18 3.2 Animais em Estudo... 19 3.3 O Teste... 19 3.4 Avaliação Fisiológica dos Cavalos de Salto... 21 3.5 Análises Estatísticas... 23 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 24 5. CONCLUSÃO... 27 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 29

1. INTRODUÇÃO A relação entre o homem e o cavalo existe a milhares de anos. No início os equinos eram usados apenas como alimento, assim como outros animais selvagens. Com o passar dos anos, houve a domesticação do equino que foi muito importante para o desenvolvimento das civilizações européias e asiáticas. Até a Idade Média, na Europa, o cavalo era utilizado exclusivamente pelos cavaleiros. O quadrúpede começou então a ser utilizado para o transporte e o trabalho. Porém foi nos combates que o equino foi empregado de forma decisiva e junto ao homem conquistou diversas nações. Com os adventos tecnológicos, o animal passou a ser substituído por máquinas e os cavalos começaram a ser utilizado no esporte, por causa de suas habilidades. O hipismo compreende várias práticas desportivas, como provas de salto, adestramento, corridas, pólo etc. Os cavalos de salto despertam o interesse de muitos criadores e praticantes do hipismo, ainda mais por se tratar de um esporte olímpico. A utilização do cavalo em competições de alto nível e com grandes recursos financeiros fez com que os estudos sobre os equinos tivessem grande incremento. O equino passou a ser estudado de forma minuciosa, sendo avaliado seu desempenho e suas habilidades. O estudo do cavalo tem seu primeiro livro intitulado como Manual da Cavalaria escrito por Xenofonte, escrito em 400 ac, contendo diversas informações e conhecimentos usados até os dias de hoje. Uma vez que os equinos são atletas, a avaliação de seus resultados se torna fundamental para conhecermos suas qualidades e habilidades. Através da avaliação de cada animal, podemos analisar alguns dados de maneira a verificar o seu desempenho e direcionar o treinamento de forma mais adequada. Os testes em esteiras rolantes são muito utilizados para analisar o desempenho do animal, uma vez que são realizados em um ambiente com temperatura e solo controláveis. Porém, para os testes com cavalos de salto as esteiras são instrumentos com algumas deficiências, por não possuírem nem o obstáculo e nem o cavaleiro. O estudo do animal é feito através de uma associação de seu desempenho e de algumas variáveis morfológicas e fisiológicas. Essa associação é analisada por

indicadores de desempenho. Nas avaliações fisiológicas destacam-se a medição da frequência cardíaca e a medição da concentração sanguínea do lactato. A avaliação do lactato é utilizada em equinos como forma de verificar seu desempenho. Cavalos bem treinados possuem quantidades menores de lactato após realizarem exercícios físicos. A frequência cardíaca é outro indicador de desempenho do animal. Assim como nos humanos, o animal com bom preparo físico tem uma menor elevação e uma melhor recuperação de sua frequência cardíaca quando submetido a um elevado esforço físico. O Exército Brasileiro possui muitas unidades com cavalos que participam de provas de salto. Porém, existe carência de pesquisas e estudos acerca das variáveis fisiológicas de seus animais. O presente estudo foi motivado pela necessidade de comparar as variações fisiológicas de cavalos de salto da raça Brasileiro de Hipismo de forma a verificar a influência da frequência cardíaca e da concentração sanguínea do lactato no desempenho do animal.

2. PRESSUPOSTOS BÁSICOS 2.1 O Cavalo O cavalo, do latim caballu, é um mamífero hipomorfo, da ordem dos ungulados, uma das três subespécies modernas da espécie Equus ferus. A denominação para as fêmeas é égua, para os machos não castrados, garanhão e para os filhotes, potro. Esse grande ungulado é membro da mesma família dos asnos e das zebras, a dos equídeos. Todos os sete membros da família dos equídeos são do mesmo gênero Equus, e podem relacionar-se e produzir híbridos, não férteis, como as mulas (Enciclopédia BARSA, 2000). Os cavalos são sociáveis e vivem em manadas lideradas por matriarcas. Usam a linguagem corporal para se comunicarem entre si. Utilizam a sua velocidade para escaparem dos predadores. Desde a antiguidade, os cavalos foram domesticados, devido a suas características e possibilidades para locomoção, tração e grande presença perante o inimigo. Devido a suas habilidades cada vez mais os equinos eram utilizados e domesticados. Com o passar dos anos o cavalo ainda é utilizado em combate não convencionais, em operações de Garantia da Lei e da Ordem. Nesse tipo de operações uma tropa de homens montados é equivalente a três vezes o número de homens a pé. Os cavalos são também utilizados em trabalhos terapêuticos, em corridas de cavalos, em apresentações de circo, cavalgadas, rodeios. Devido a todas suas características os equinos são utilizados desde a antiguidade até os dias atuais. Antigamente somente como meio de transporte e máquina de guerra e nos dias atuais principalmente no esporte. O cavalo de salto deve ser leve, ágil, de grande porte, com uma boa altura. Deve ser bem destacado no peito e espádua, ter a cernelha destacada, dorso ligado à garupa e ao lombo, membros fortes. O cavalo deve ter ainda coragem, inteligência.

O equino de salto deve ter excelentes qualidades físicas, além de características naturais e adquiridas como rusticidade, franqueza, calma. 2.2 O Salto A história do salto começa com os ingleses que gostavam muito de passeios a cavalos, corridas a cavalos e a caça à raposa. Durante a caça à raposa, os cavaleiros eram acompanhados pelos seus cachorros e juntos corriam atrás de suas caças saltando os obstáculos naturais que apareciam no caminho. No século XIX, na sua segunda metade, os ingleses resolveram criar uma prova que simulassem suas caçadas. Criaram então obstáculos em um recinto fechado para poderem simular os encontrados durante sua caçada. Surgiram dessa maneira as provas de salto, com o passar dos anos essas provas foram sendo cada vez mais desenvolvidas e foram criadas regras para aprimorar o esporte. O salto pretende mostrar que o cavalo está submisso ao seu cavaleiro, tendo mostrar que o homem e o animal devem ter coragem, confiança, agilidade e principalmente harmonia. No inicio, os cavaleiros saltavam com o corpo para traz e na vertical, seu ponto de equilíbrio era a boca do cavalo. No fim do século XIX Frederico Caprilli, capitão italiano, inovou a técnica de salto, de forma que o cavaleiro não interferindo na cabeça do animal, deixando o cavalo buscar seu equilíbrio naturalmente. Além disso, Caprilli mudou a posição do cavaleiro, sendo ela mais a frente, os estribos mais curtos e tendo o corpo do cavaleiro inclinado para frente, facilitando a trajetória do equino (ALLEN, 2000).

Figura 1: Posição do cavaleiro antes de Frederico Caprilli. No Brasil o esporte teve inicio em abril de 1641 quando foi realizado um Torneio de Cavalaria em Maurícea, onde hoje se situa Recife, em Pernambuco. Depois passaram mais de 200 anos até o começo oficial do esporte equestre no Brasil em 1863 quando surgiu a Escola de Equitação de São Cristóvão, no Rio de Janeiro-RJ (Confederação Brasileira de Hipismo, 2011). O esporte era praticado principalmente no eixo Rio-São Paulo e cresceu com a criação da Federação Brasileira de Hipismo em 1935, entidade inspiradora da criação da Confederação Brasileira de Hipismo, em 1941. Um marco importante para o esporte foi quando o Brasil em 1948 mandou uma equipe de salto para as Olimpíadas de Londres. Em 1950 foi organizado pela CBH o primeiro concurso Internacional no Rio de Janeiro (Confederação Brasileira de Hipismo, 2011). Nos anos seguintes a pratica do salto ganhou muitos praticantes e escolas em todo país. Hoje, a Confederação Brasileira de Hipismo possui 20 federações estaduais além da comissão de Desportos do Exército.

Foto 2: Rodrigo Pessoa montando Baloubet du Rouet, nas olímpiadas de Athenas 2004. A prova de salto é realizada em um percurso de aproximadamente de 8 a 13 obstáculos que tem por objetivo mostrar habilidades do cavalo e a equitação do cavaleiro. O campeão da prova é o cavaleiro que obtiver o menos número de penalizações e fizer o percurso em menos tempo, o que somar mais pontos ou então aquele que chegar mais perto do tempo ideal, dependendo do tipo da prova. 2.3 A Fisiologia do Exercício A Fisiologia do Exercício é responsável pela investigação das funções orgânicas e dos processos envolvidos no esforço físico, busca-se compreender o esforço e seu custo para o organismo. O primeiro estudo sobre o metabolismo energéticos dos cavalos durante o trabalho foi realizado por Procter, em 1934. Depois, nas décadas de 50 e 60, Irvaine e Pearson realizaram trabalhos sobre as alterações ocorridas nos equinos durante a realização do exercício. Mais tarde, em 1964, Karlsen e Nadaljak estudaram estudos sobre o uso de oxigênio pelos cavalos de corridas durante seu esforço máximo.

Na década de 80 cada vez mais foi aumentando o número de trabalhos a respeito da fisiologia em geral. Foi observada então a necessidade de métodos para avaliar a melhor capacidade física do animal. O esporte equestre foi evoluindo e dessa forma houve uma busca pela melhora da capacidade física do animal, havendo o estudo de variáveis ligadas à fisiologia do exercício para obtermos um melhor e mais eficiente desempenho dos cavalos. O cavalo atleta muitas vezes realiza um treinamento inadequado acarretando em lesões e falta de rendimento. O estudo e a preparação de programas de treinamento para os equinos faz com que se obtenham melhores rendimentos, evita lesões, além de diminuir o tempo que o animal leva para chegar à fadiga. Através do estudo da fisiologia dos equinos podemos fazer um planejamento anual do treinamento do animal fazendo com que o animal tenha um treinamento de acordo com a data e intensidade das competições. Dessa forma o cavalo chegará ao final do ciclo de treinamento atingindo o auge de sua preparação física. Os competidores e treinadores devem ter conhecimento da fisiologia do animal, pois teremos assim um treinamento que não atinja o limite da forma física do cavalo e evite lesões nos animais. As avaliações fisiológicas dos animais podem ser realizadas através da concentração de lactato do sangue e da frequência cardíaca. Através do lactato podemos verificar a concentração que indica o inicio da fadiga dos animais e a diminuição de seu rendimento. Com a frequência cardíaca observamos o tempo necessário para que o animal retorne a sua normalidade, quanto mais rápido esse retorno, melhor o preparo físico do equino. A utilização de testes para a verificação do desempenho do animal na pista e de suas respostas fisiológicas são ferramentas para obter um resultado máximo. Através da fisiologia do exercício buscamos uma melhora na busca de resultados positivos, tendo melhores treinamentos, excelentes condicionamentos físicos e evitando lesões.

Devemos salientar que o estudo fisiológico dos equinos para melhora no desempenho não tem resultado se os animais não possuírem condições físicas e qualidades morais necessárias aos animais de bom desempenho. 2.4 O Lactato O lactato é um produto da glicólise anaeróbica. A concentração sanguínea do lactato é bastante utilizada para avaliação do desempenho físico do cavalo. A velocidade em que os equinos atingem 4mmol/l (VL4) é um importante indicador do desempenho físico do animal. Nos equinos os sistemas musculares e sanguíneos aumentam a capacidade de ácido láctico. Cavalos bem treinados absorvem melhor o ácido láctico do que os nãos treinados, lembrando que o excesso de lactato causa a fadiga muscular. Em um organismo sadio, a produção de lactato aumenta durante o exercício quando se necessita mais energia por unidade de tempo do que a que pode ser produzida por metabolismo oxidativo (BOFFI, 2007). O lactato é produzido durante o repouso no intestino, fígado, músculos esqueléticos e nas hemácias. Sua remoção ocorre no coração, fígado, rins e fibras musculares. Pelo sangue ele é difundido e transportado para tecidos aeróbicos onde é metabolizado produzindo energia. A diferença entre a velocidade de transporte pelo sangue e sua metabolização é que indica a concentração de lactato (BOFFI,2007). A intensidade e duração dos exercícios determinam o nível do lactato. O exercício de baixa intensidade realizado por um período de tempo mais longo é considerado mais efetivo para aumentar a resistência do que os exercícios de alta intensidade realizados por um curto período de tempo (TRILK et al., 2002). A concentração de lactato é a variável que apresenta melhor correlação com o desempenho competitiva do animal (LINDNER, 2000). A realização de testes a campo é muito realista se forem realizados nas mesmas condições das competições. Segundo Lindner (2000) a análise da concentração do lactato presente no sangue, vem sendo utilizada rotineiramente e

com precisão, quanto aos parâmetros clínicos, fornecendo informações suplementares sobre o condicionamento atual do atleta. 2.5 A Frequência Cardíaca A frequência cardíaca (FC) é outro indicador de desempenho físico dos equinos. Assim como o lactato também é utilizado para verificarmos o condicionamento físico e a carga de trabalho do animal. A frequência cardíaca aumenta à medida que aumenta a intensidade das atividades físicas (CRAIG & NUNAN, 1998). Através da frequência cardíaca podemos verificar o preparo físico do animal. Em principio, a frequência cardíaca do cavalo durante o repouso varia entre vinte e cinco e quarenta batimentos por minutos (bpm). Se for mais de sessenta batimentos por minuto pode-se ter uma indicação de estresse fruto de excesso de trabalho ou até mesmo uma lesão (CRAIG & NUNAN, 1998). A frequência cardíaca máxima (FCmáx) é a frequência cardíaca no instante em que ela atinge o valor máximo e permanece nele mesmo ocorrendo um aumento da intensidade do exercício. Em cavalos, normalmente, situa-se entre 240 e 250 bpm. Como já dito, a frequência cardíaca máxima não se altera mesmo quando se aumenta a intensidade e duração dos exercícios, dessa maneira a frequência cardíaca máxima pode ser obtida mais rapidamente em um animal com excelente preparo físico do que em animais com preparo físico pior ou que apresentam algum problema pulmonar (CRAIG & NUNAN, 1998). Também podemos verificar o grau de condicionamento físico de um cavalo através de sua frequência cardíaca depois do exercício, durante o tempo de recuperação. Quanto mais rápido o animal voltar a ter a frequência cardíaca que possuía em repouso melhor será seu desempenho físico. Testes a campo, monitorados por Geo-Posicionamento por Satélite (GPS) e frequêncímetro digital, mostraram que a relação entre a velocidade máxima (Vmáx) e a velocidade observada durante a frequência cardíaca máxima (VFCmáx) podem auxiliar na predição de performance das diversas modalidade esportivas equestres (EVANS, 2000).

A frequência cardíaca é comumente usada como medida padrão para a intensidade do treinamento. Eis que quanto mais intenso, maior se espera a mensuração da frequência cardíaca (CRAIG & NUNAN, 1998).

3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Local do Teste A pesquisa foi realizada na Pista Coberta General Rubem Continentino, no Parque Equestre General Eloy Menezes, Vila Militar, Rio de Janeiro, RJ. As análises dos resultados dos testes foram realizadas no Laboratório de Avaliação do Desempenho de Equinos, na Escola de Equitação do Exército, Vila Militar, Rio de Janeiro, RJ. Figura 3: Pista Coberta General Rubem Continentino. Figura 4: Laboratório de Avaliação do Desempenho de Equinos

3.2 Animais em Estudo Foram utilizados cinco cavalos da Escola de Equitação do Exército, de ambos os sexos, com faixa etária de 7 a 14 anos e peso médio de 513,4 kg. Os animais foram escolhidos do piquete de Salto do Curso de Instrutor de Equitação em 2010, por ter um excelente e similar desempenho, sendo cavalos aptos a competir provas de 1,10m. Esses animais são treinados pelos alunos do curso de segunda a sábado e com descanso no domingo. Os cavalos são mantidos nas baias da Escola de Equitação do Exército, recebendo uma dieta diária de 6 kg de ração concentrada comercial e 4 kg de feno de capim Coast-cross. Os equinos foram pesados e medidos na manhã de realização da pesquisa. As medidas mensurações foram à altura da cernelha, altura da garupa, comprimento do corpo. 3.3 O Teste Os testes foram realizados no dia 30 de agosto de 2011, as 14:00h e terminando as 17:20h. Inicialmente, foram feitas coletas de sangue com os animais em repouso e aferida a frequência cardíaca. Cerca de 30 minutos antes da pesquisa houve a preparação de cada cavalo através da encilhagem com material de salto e a colocação do frequencímetro cardíaco. Figura 5: Colocação do frequencímetro digital.

O experimento começou com o aquecimento animal em 10 minutos ao passo, trote e galope com o salto de quatro obstáculos. Os estágios incrementais foram realizados pelo aumento do número de esforço, conforme tabela: Estágio Altura Número de Obstáculos Aquecimento 60cm/80cm/80cm/1,00m 4 Incremental 1 1,00m 4 Incremental 2 1,00m 8 Incremental 3 1,00m 12 Figura 6: Pista pronta para a realização dos testes. A pista foi mobiliada com cinco obstáculos, quatro obstáculos verticais de 1,00m e um obstáculo paralelo de 1,00m x 1,20m, com distância da partida para o obstáculo nº1 de 35 metros, do obstáculo nº1 para o nº2 de 30 metros, do obstáculo nº2 para o nº3 de 60 metros, do obstáculo nº3 para o nº4 de 30 metros e do obstáculo nº4 para a chegada de 35 metros.

Na fase incremental 1 foi realizada uma volta na pista, na fase incremental 2 foram duas voltas e na fase incremental 3 foram três voltas. Cada volta teve a extensão de 195m, totalizando 1170m. Os estágios incrementais foram realizados com intervalo de 3 minutos até a realização do próximo esforço físico. A coleta de sangue para análise da concentração de lactato foi realizada imediatamente após cada estágio do exercício, sendo que a primeira coleta foi realizada antes do inicio do aquecimento. Figura 7: Coleta de sangue após o termino da incremental. O período de recuperação do teste teve duração de 30 minutos, com os equinos mantidos ao passo. Foram retiradas amostras de sangue e aferição da frequência cardíaca aos 10 minutos, 20 minutos e 30 minutos após o teste. Após as coletas de sangue, os tubos foram resfriados e levados para as análises no Laboratório de Avaliação de Desempenho de Equinos. Nos testes, os animais foram montados pelo Capitão Cavalaria Miguel, Instrutor da Escola de Equitação do Exército. 3.4 Avaliações Fisiológicas dos Cavalos de Salto

A tabulação das frequências cardíacas foi executada com a utilização do frequencímetro digital e GPS Polar. Esse processo foi realizado antes do inicio do exame, após cada estágio e 10minutos, 20 minutos e 30 minutos após a realização dos testes. Figura 8: Frequencímetro digital e o GPS Polar O sangue foi coletado por punção da veia jugular esquerda com agulhas para coleta de sangue a vácuo Vacuette, em tubo para coleta a vácuo BD Vacutainer. Foram realizadas coletas basais, ao fim de cada estágio e aos 10, 20 e 30 minutos após o exame. Além disso, foram utilizados outros materiais como algodão com álcool iodado, agulhas, luvas esterilizadas, tubos a vácuo e estande de tubos. Depois das coletas de sangue, os tubos foram resfriados e conduzidos até o laboratório de Avaliação do Desempenho de Equinos, sendo centrifugados para a separação do plasma.

Figura 9: Centrifuga. Depois as amostras foram analisadas em espectofotômetro Bio System 310 para a verificação da concentração do lactato do plasma. Figura 10: Espectofotômetro Bio System 310 3.5 Análises Estatísticas Foi analisada a variável concentração plasmática do lactato (mmol), frequência cardíaca (bpm), número de obstáculos derrubados. Os resultados foram avaliados por análise descritiva.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pode-se verificar na Tabela 1 a uniformidade entre os cavalos escolhidos para o experimento. Os equinos utilizados têm grande semelhança na altura da cernelha, altura da garupa, comprimento do corpo e peso, além de possuírem o mesmo tipo de treinamento. Tabela 1. Altura da cernelha, altura garupa, comprimento do corpo e peso dos equinos utilizados no experimento. Nome Altura da cernelha (cm) Altura da garupa (cm) Comprimento do corpo (cm) Peso (kg) CINDERELA 1,62 1,60 1,69 517 FORMOSURA 1,65 1,63 1,70 508 GARGANTILHA 1,56 1,57 1,67 528 HEBRAICA 1,64 1,66 1,64 530 JOANINHA 1,60 1,59 1,66 484 Os equinos apresentaram variação da concentração sanguínea de lactato, de acordo com o aumento do esforço físico (Tabela 2). A concentração média de lactato sanguíneo foi de 0,299; 1,189; 2,682; 3,608; 4,276; 2,234; 1,181; 0,879 mmol/l, respectivamente, antes do aquecimento, após o aquecimento, depois da primeira, segunda e terceira fase incremental e, no período de recuperação, aos 10, 20 e 30 minutos após o teste. TABELA 2. Concentração do lactato sanguíneo (mmol/l) Lactato (mmol/l) Aquecimento Esforço Incremental Recuperação Nome Antes Após Fase Fase Fase 10 20 30 1 2 3 CINDERELA 0,363 1,76 3,67 4,37 5,40 4,46 2,16 0,378 FOMOSURA 0,316 0,960 1,91 2,25 4,01 2,18 0,906 0,684 GARGANTILHA 0,304 0,442 1,48 3,65 3,87 1,16 0,392 1,11 HEBRAICA 0,0907 0,944 3,14 3,48 3,73 1,86 1,17 1,42

JOANINHA 0,42 1,84 3,21 4,29 4,37 1,51 1,28 0,802 Os cavalos apresentaram resposta na frequência cardíaca conforme as exigências dos esforços (Tabela 3), com valores médios de 39; 104,2; 125,2; 152,4; 168,2; 79,4; 58,2; 53 bpm, respectivamente, antes do aquecimento, após o aquecimento, depois da primeira, segunda e terceira fase incremental e, no período de recuperação, aos 10, 20 e 30 minutos após o teste. TABELA 3. Frequência Cardíaca (bpm) Frequência Cardíaca (bpm) Aquecimento Esforço Incremental Recuperação Nome Antes Após Fase Fase Fase 10 20 30 1 2 3 CINDERELA 57 120 126 153 160 74 68 60 FOMOSURA 31 116 138 167 174 77 63 54 GARGANTILHA 29 65 122 145 159 67 64 62 HEBRAICA 40 84 78 122 150 117 48 43 JOANINHA 38 136 162 175 198 62 48 46 A intensidade do exercício é verificada através da intensidade do esforço físico. Sendo assim, quanto maior a frequência cardíaca maior a intensidade do esforço físico. Com aumento do esforço físico ocorre também a aceleração do fluxo sanguíneo até o tecido muscular, contribuindo para o aumento do lactato. O lactato e a frequência cardíaca apresentam aumento conforme o aumento das exigências do experimento. A frequência cardíaca e o lactato tiveram seus maiores valores durante a terceira incremental que foi a de maior exigência por parte do cavalo. Através dos resultados podemos verificar que foram pequenas as variações da frequência cardíaca e da concentração do lactato sanguíneo, devido a pequena exigência do teste, com percursos com pequena distância e altura razoável. O valor máximo de frequência cardíaca observado foi de 198 bpm, na terceira fase incremental do cavalo Joaninha do Rincão e, o valor máximo de lactato, de 5,40 mmol/l, na terceira fase incremental no cavalo Cinderela do Rincão.

As metas dos programas de treinamento são incrementar a capacidade dos cavalos ao exercício, aumentando o tempo do início da fadiga e melhorando a capacidade física considerando-se a força, velocidade e resistência do animal (ROSE, 2000). Apesar de pequena a diferença entre os animais pode verificar que os equinos com melhor desempenho, segundo os atletas, apresentam melhores preparo físico. Através da frequência cardíaca pode-se observar que o animal que obteve maior aumento foi a Joaninha, demonstrando ter pior rendimento que os demais animais. Os outros animais demonstraram ter um melhor rendimento físico, pois mesmo com o aumento do esforço físico não obtiveram uma considerável elevação da frequência cardíaca. Pode-se verificar que os obstáculos derrubados (Tabela 4) foram falhas dos cavalos ou do cavaleiro e que não tem nenhuma relação com a frequência cardíaca ou a concentração sanguínea de lactato, pois quando houve o derrube dos obstáculos por parte dos equinos não houve uma diferença considerável das variáveis. TABELA 4. Obstáculos derrubados pelos equinos durante os testes. OBSTÁCULOS DERRUBADOS (número) Nome Aquecimento Incremental 1 Incremental 2 Incremental 3 CINDERELA Nenhum nº 2 nº 7 nº 10 FORMOSURA Nenhum Nenhum nº 5 nº 3 e 9 GARGANTILHA Nenhum Nenhum Nenhum nº 2 e 9 HEBRAICA Nenhum nº 2 nº 8 nº 2 e 8 JOANINHA Nenhum nº 1 Nenhum Nenhum Total 0 3 3 7

5. CONCLUSÃO O salto é uma modalidade que necessita uma grande preparação do cavalo e do cavaleiro. Estudos sobre as variações fisiológicas dos animais são de grande importância devido à necessidade de melhoria do conjunto. Concluiu-se que a frequência cardíaca e a concentração sanguínea do lactato com a realização de esforço físico por parte dos equinos são excelentes indicadores para avaliação do verdadeiro condicionamento físico dos cavalos de salto. A realização dos testes teve como objetivo a verificação da influência do lactato sanguíneo e da frequência cardíaca no desempenho dos equinos da modalidade salto. Os testes realizados com os animais demonstraram pouca diferença na concentração do lactato sanguíneo, uma vez que foi realizado um esforço pequeno por parte dos animais. Mesmo assim, pode-se perceber a diferença de preparo físico de cavalos, pois mesmo com animais com porte físico e trabalhos semelhantes houve alguma diferença na mensuração. A frequência cardíaca também teve resultados parecidos entre os animais, devidos também ao pequeno esforço físico. Mas assim como na concentração do lactato observou-se alguns animais com pior condicionamento físico. Esses resultados têm grande importância para que se possa adequar o melhor treinamento para os equinos, sem que exageros na carga do treinamento e de forma que possa evitar futuras lesões. A realização de testes a campo aproxima mais da realidade do que os testes realizados em laboratório, uma vez que há as variáveis de local, piso e temperatura, chegando dessa forma em um resultado mais próximo da realidade dos equinos de salto. Através desses testes pode-se então avaliar de maneira correta as variações do desempenho dos animais e aplicar aos treinamentos dos animais de salto. Dessa forma, os testes realizados com os cavalos de salto, mostram a necessidade de análise das variações fisiológicas dos cavalos atletas e uma necessidade de continuar os estudos a respeito do assunto para que os

treinamentos não ultrapassem o limite físico do animal. O objetivo final é chegar cada vez mais perto do resultado máximo que esperamos de nossos equinos.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLEN, L; DENNIS, D. 101 Jumping exercises for horse and rider. Interglope, 228p, 2000. BARSA. Enciclopédia. São Paulo: Abril, 24v, 506p, 2000. BOFFI, F. M. Metabolismo enerjéticos y exercício. In:. Fisiologia del ejercicio em equinos. Buenos Aires: Inter-médica Editoral, p. 302, 2007. CÂMARA & SILVA, I. A.; DIAS R. V. C.; SOTO BLANCO, B. Determinação das atividades séricas de creatina quinase, lactato desidrogenase e aspartato aminotransferase em equinos de diferente categorias de atividade. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59, n. 1, p.250-252, 2007. CAVALCANTI, P. C. Equitação global: concurso completo de equitação 1ª ed.- São Paulo: Nobel Editora. 186p. 1993. COUROUCÉ, A.; CHATARD, J. C.; AUVINET, B. Estimation of performance potential of Standardbred trotters from blood lactate concentrations measured in field conditions. Equine Veterinary Journal, v. 29, n. 5, p. 365-369, 1997. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HIPISMO, Salto, Históricos. Disponível em : < http://www.cbh.org.br/site/historias_mod.php?mod=1> Acessado em 27 de Ago 2010. CRAIG, N.; NUNAM MICHAEL. Heart Rate Training for Horses Australia, Performance Mastters PTY LTD, July 1998. EATON, M.D. Energetics and performance. In: HODGSON, D.R.; ROSE,R.J.; The athletic horse: principles and practice of equine sports medicine. Philadelphia: W B Saunders. p. 49-62,1994.

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