CONSULTA PÚBLICA Nº 008/2010. Revisão da Metodologia de Estabelecimento dos Limites dos Indicadores Coletivos de Continuidade
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1 CONSULTA PÚBLICA Nº 008/2010 Revisão da Metodologia de Estabelecimento dos Limites dos Indicadores Coletivos de Continuidade Rio de Janeiro, 23 de Agosto de 2010
2 Apresentamos a seguir as nossas respostas às questões encaminhadas através da CP- 008, aproveitando para agradecer à ANEEL a oportunidade de contribuir no processo de definição da metodologia de estabelecimento dos limites de indicadores de continuidade. 1. Há necessidade de se estudar mais atributos? Para sucesso da metodologia apresentada, é fundamental que os atributos garantam que os diversos agrupamentos (clusters) sejam constituídos por conjuntos semelhantes. Apesar de reconhecer o esforço da ANEEL no sentido de ampliar os atributos dos conjuntos de consumidores, entendemos que existe a necessidade de incorporar aos atributos quantitativos atualmente utilizados atributos qualitativos, que influenciam na qualidade do serviço de distribuição de energia elétrica. Nesse sentido, sugerimos a inclusão dos seguintes atributos: grau de arborização, condições atmosféricas, intensidade de surtos atmosféricos, maresia, condições de acesso. Desta forma, buscamos aumentar a probabilidade de que os conjuntos agrupados sejam semelhantes, sendo a comparação de seu desempenho mais aderente à sua realidade. Em outras palavras, os que estão classificados em condições semelhantes deverão se comportar através de seus resultados de forma semelhante. Por isso, definir ou estabelecer atributos qualitativos adicionalmente aos quantitativos já existentes no modelo de clusterização, sem dúvida, agregará valor ao processo de comparação de desempenho. 2. É necessário aprimorar o método utilizado para a seleção dos atributos? Com a possibilidade de utilização de novos atributos qualitativos, será necessário o estabelecimento de novas formas de coleta desses dados, exigindo um aprimoramento para seleção dos mesmos, bem como para fiscalização por parte da ANEEL da veracidade das informações apresentadas pelas distribuidoras. 3. Das variáveis analisadas, existem variáveis que deveriam ter sido selecionadas ou excluídas? Entendemos que todas as variáveis apresentadas que descrevam alguma característica comparável dos conjuntos e que sejam independentes devem ser selecionadas para o processo de clusterização. 4. Há necessidade de se avaliar outros métodos de clusterização? O estabelecimento de novos atributos qualitativos enseja a oportunidade de avaliação de outros métodos de clusterização em busca daquele mais adequado. 5. A quantidade de clusters selecionada é adequada? Se não, qual deveria ser o critério? A quantidade de clusters a ser utilizada deve surgir naturalmente a partir da definição da metodologia e dos atributos. Consulta Pública 011/2010 2
3 6. A padronização das variáveis deve ser aplicada no universo de todos os conjuntos, ou em cada pré-cluster existente? Entendemos que tal resposta deve surgir naturalmente a partir da definição da metodologia a ser utilizada e dos atributos que estão aptos para uma apropriação nos estudos. Caso a metodologia final escolhida seja sensível às variações de escala/magnitude entre os atributos, a padronização deve ser aplicada verificando a oportunidade em que ela é mais satisfatória, podendo não haver necessidade da préclusterização. 7. Deve ser realizada a exclusão dos outliers previamente à clusterização? Dentro de uma modelagem estatística, quando do cálculo da média dos valores observados, a exclusão de outliers pode ser recomendável. Entretanto, é preciso garantir que os procedimentos anteriores à exclusão garantam a obtenção de uma amostra adequada com atributos bem definidos. É pouco provável que uma determinada distribuidora apresente percentual muito elevado de conjuntos excluídos como outliers. Caso isso aconteça, é provável que os atributos utilizados não estejam refletindo as reais dificuldades para o fornecimento de energia elétrica nos conjuntos excluídos. Finalmente, cabe lembrar que quando se utiliza a mediana dos valores observados, a exclusão de outliers não deve ser aplicada. 8. Há necessidade de se avaliar outros métodos de clusterização? Os métodos apresentados são consistentes, não havendo necessidade de nova metodologia, contudo ressaltamos que tais métodos carecem de entradas (atributos) adequadas para que o produto seja consistente. 9. Qual estratégia é a mais indicada para a definição dos limites de continuidade? A metodologia que vem sendo utilizada pela ANEEL, desde 1999, baseia-se em três pilares interdependentes, a saber: a) formação de conjuntos e clusters; b) definição de metas e de limites toleráveis de desempenho (LTD) e c) sistema de compensações por violação dos limites toleráveis de desempenho. Para o sucesso da aplicação dessa metodologia é fundamental que os seus três pilares interdependentes estejam adequadamente harmonizados entre si. Reconhecemos que os procedimentos implantados pela ANEEL em 1999 cumpriram um importante papel na melhoria da continuidade do fornecimento no país, mas também é notório que, atualmente, todos os três pilares dessa metodologia precisam sofrer ajustes em seus procedimentos, de modo a garantir, com equilíbrio, o incentivo à melhoria da qualidade. Quanto à estratégia mais indicada para a definição dos limites de continuidade, entendemos que o benchmark não é a melhor alternativa disponível e não estamos no estágio ideal para utilização do DEA. No contexto do processo de comparação de desempenho entre distribuidoras para a qualidade dos serviços, o setor elétrico Consulta Pública 011/2010 3
4 brasileiro não está, ainda, maduro o suficiente para utilizar metodologia com a complexidade matemática e exigências de adequação dos inputs como o DEA. Embora tenha uma aplicação crescente em regulação, é preciso inicialmente conferir a todo o processo regulatório uma garantia de estabilidade e exatidão dos atributos que serão utilizados, aspecto que muito pode influir nos resultados obtidos com o DEA: a) a opção por uma metodologia não paramétrica do tipo DEA impossibilita a avaliação adequada das variáveis utilizadas, assim como dos ajustes dos modelos, sendo impossível inferir de forma adequada sobre a consistência do modelo proposto; b) a condição de homogeneidade dos grupos, necessária a utilização do modelo DEA, não foi garantida nos processo de clusterização anteriores; c) na estimação do DEA foram utilizadas apenas duas variáveis o que limita a definição dos parâmetros de eficiência e d) não foram utilizadas variáveis de custo de operação, limitando a análise a uma analise de eficiência técnica e não econômica. Portanto, a utilização do percentil continua se mostrando a alternativa mais adequada, embora tenha sido possível avaliar que cada cluster montado possui uma dada distribuição dos conjuntos em relação às metas de DEC e FEC encontradas. Essa observação nos leva a considerar a necessidade de utilização de um decil variável, e não de um valor único, dependendo da distribuição dos conjuntos dentro do cluster. Tal providência permitiria o aproveitamento de um conceito de área de eficiência, variável para cada cluster dependendo da distribuição dos conjuntos. Dessa forma, o decil para uma dada família poderia ser o 2º, mas para outra o indicado já seria o 1º e ainda para outra o 4º, dependendo da distribuição dos indicadores de DEC e FEC dos conjuntos dentro do cluster. Outro aspecto importante a ser considerado na discussão, em fase com o conceito de área de eficiência, é a necessidade de avaliação do vetor econômico da modelagem, ou seja, a compatibilização dos limites fixados frente à quantidade de recursos correspondentes (CAPEX e OPEX), para que o conjunto efetivamente tenha condições de avançar na qualidade dos serviços. Nesse ínterim, algumas perguntas se apresentam: a) estágio tecnológico: é tecnicamente possível atingir as metas? Sabe-se que o sistema elétrico brasileiro, em sua grande parte, é aéreo e sujeito às condições do meio em que o serviço é disponibilizado; b) investimentos necessários: o indicador é economicamente alcançável? Quanto custará ao consumidor ter este indicador de qualidade? Existe disponibilidade de recursos? c) eficiência e factibilidade: o indicador é eficiente? A quantidade de recursos alocada em um dado conjunto frente os valores de indicadores realizados indica adequacidade, ou o melhor, o DEC ou FEC da família encontra-se em um Consulta Pública 011/2010 4
5 conjunto com uso desproporcional de recursos? É factível esperar que os demais conjuntos acompanhem esse resultado? d) período de tempo: Quanto tempo será dado para o objetivo a ser alcançado ou uma melhoria em relação ao padrão? Ou seja, gostaríamos de registrar a premência de estender a discussão da qualidade dos serviços para o vetor econômico da modelagem, de forma que a fixação dos limites não se restrinja tão somente a observação de valores de DEC e FEC dentro de um cluster, mas leve em consideração os recursos necessários para atingi-los e a compatibilidade com obrigações e direitos das concessionárias de serviço público de distribuição de energia. Por fim, cumpre destacar que a utilização de valores de DEC e FEC de apenas um ano, para definição dos limites a serem observados, acarreta desvios significativos para os resultados. 10. Optando-se pelo modelo DEA, questionam-se quais são os insumos adequados? Vide questão anterior. 11. Independentemente da estratégia a ser adotada, deve-se avaliar os indicadores DEC e FEC conjuntamente ou de forma separada? Os indicadores DEC e FEC analisados de forma conjunta refletem o tempo de atendimento da região. Assim entendemos que esses indicadores devam ser a vistos em conjunto. 12. Qual seria a melhor forma de definir a trajetória para os conjuntos atingirem os valores alvo? O ponto de partida da curva guia de cada conjunto (V0) deve ser definido com base no maior valor entre a média do realizado nos últimos três anos ou a meta fixada anteriormente pela ANEEL para o último ano do período. Para a definição do ponto de chegada (V8), além do benchmark do cluster (decil variável em função da distribuição dos conjuntos na família), pode também ser avaliada a oportunidade de consideração do padrão da rede, atrelados de qualquer forma a um limite máximo da taxa anual de redução ( V8 Flutuante ). Tal medida visa garantir que o processo de melhoria da qualidade observe limites de velocidade, que compatibilizem o desejo do Regulador à disponibilidade de recursos e às necessidades do consumidor. Por fim, dada a situação crítica que as distribuidoras vivenciam em função da aprovação da última versão dos Procedimentos de Distribuição PRODIST, reiteramos nosso entendimento quanto à necessidade de se implantar um sistema de compensações por violações de Limites Toleráveis de Desempenho - LTDs baseado em indicadores coletivos e individuais, que promova, mediante sinal econômico adequado, a melhoria contínua tanto do desempenho médio como da uniformidade do conjunto, bem como a redução dos casos inaceitáveis. É preciso ainda destinar o montante de compensações por violação dos limites toleráveis de desempenho dos indicadores coletivos de um conjunto, para Consulta Pública 011/2010 5
6 investimentos, a título de obrigações especiais, na melhoria da qualidade do fornecimento do conjunto em questão. O atual sistema de compensações, baseado exclusivamente em indicadores individuais é eficaz para promover a redução dos casos extremos com desempenho considerados inaceitáveis (incluídos os últimos percentis da curva de distribuição de frequência do universo considerado), mas não é eficaz para promover a melhoria contínua nem do desempenho médio e nem da uniformidade do conjunto. Consulta Pública 011/2010 6
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