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TERCEIRA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO Nº 10985/ CLASSE CNJ COMARCA DE POXORÉO

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Transcrição:

RECURSO ESPECIAL Nº 907.451 - GO (2006/0265729-5) RELATOR : MINISTRO JOSÉ DELGADO RECORRENTE : ESTADO DE GOIÁS PROCURADOR : ALEXANDRE SCARPONI CRUZ E OUTRO(S) RECORRIDO : UNIDOS ELETRODOMÉSTICOS LTDA ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. BEM ARREMATADO EM HASTA PÚBLICA. PLURALIDADE DE PENHORAS. INEXISTÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO PROCESSUAL DA FAZENDA PÚBLICA. LEGALIDADE DA REALIZAÇÃO DO REGISTRO DE TRANSFERÊNCIA DE DOMÍNIO EM FAVOR DO ARREMATANTE. DISPOSITIVOS LEGAIS NÃO PREQUESTIONADOS (ARTIGOS 686, 690, 2º e 709, II, TODOS DO CPC, 29, 30 e 31 DA LEI 6.830/80). DIVERGÊNCIA PRETORIANA NÃO DEMONSTRADA. ARGUMENTOS DE RECURSO ESPECIAL QUE NÃO SE VINCULAM OU ELIDEM OS FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO EM PARTE E DESPROVIDO. 1. Trata-se de recurso especial interposto pela Fazenda Pública do Estado de Goiás contra acórdão que, em sede de agravo de instrumento tirado de execução fiscal, confirmando decisão do juízo singular, reconheceu legal e compulsória a realização de registro de transferência (pelo Cartório de Registro de Imóveis - CRI) de propriedade de imóvel que, objeto de penhora pela Fazenda Pública e, também, pelo credor particular, foi por este último arrematado em hasta pública. 2. Verifica-se dos autos que, à exceção do artigo 711 do Código de Processo Civil, a matéria constante nos diversos dispositivos legais tidos como violados (artigos 686, 690, 2º e 709, II, todos do CPC, 29, 30 e 31 da Lei 6.830/80) não foi objeto de prequestionamento. 3. No que toca à apontada divergência pretoriana, melhor sorte não se reserva ao inconformismo, isto porque as hipóteses enfrentadas pelos acórdãos paradigmas não guardam similitude fática com os acontecimentos registrados e decididos nos autos. O primeiro (Resp 33.524/MG, DJ 15/04/2002, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior) trata de dação em pagamento e cancelamento de penhora, e o segundo (Apelação Cível 2000.01.1.013579-5, TJDF, DJ 18/02/2002), em linhas gerais, afirma que ""... a baixa dos gravames que pesam sobre um imóvel não é requisito à transcrição da alienação de direitos sobre o bem...", entendimento que, a propósito, está em desacordo com os argumentos esposados pela própria recorrente. 4. No mérito, há que se registrar que a Corte recorrida se vinculou a pressupostos legais específicos, no sentido de não haver impedimento a que o bem objeto de penhoras múltiplas fosse levado à praça e, também, no fato de a Fazenda não haver apresentado no momento hábil a impugnação processual cabível, fundamentação não atacada de forma direta e, também, não elidida pelos argumentos de recurso. 5. Recurso especial conhecido em parte e, nessa, não-provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Documento: 717659 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/09/2007 Página 1 de 11

Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer parcialmente do recurso especial e, nessa parte, negar-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux, Teori Albino Zavascki (Presidente) e Denise Arruda votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 04 de setembro de 2007 (Data do Julgamento) MINISTRO JOSÉ DELGADO Relator Documento: 717659 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/09/2007 Página 2 de 11

RECURSO ESPECIAL Nº 907.451 - GO (2006/0265729-5) RELATÓRIO O SR. MINISTRO JOSÉ DELGADO (Relator): Trata-se de recurso especial (fls. 40/48) fundado nas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional, interposto pela Fazenda Pública do Estado de Goiás contra acórdão assim resumido (fl. 35): AGRAVO DE INSTRUMENTO. CARTA DE ARREMATAÇÃO. REGISTRO. OBRIGATORIEDADE. CRÉDITO PREFERENCIAL. MOMENTO OPORTUNO. I - O Oficial do Cartório de Registro de Imóveis não se pode negar a registrar Carta de Arrematação de bens arrematados em outro processo de execução fiscal, mesmo havendo sobre eles constrição a favor da Fazenda Pública Estadual. II - O momento oportuno para se discutir sobre o crédito preferencial é o constante no art. 711 do Código de Processo Civil. III - Recurso conhecido e improvido. Decisão unânime. O presente litígio tem origem em agravo de instrumento incidental à ação de execução fiscal movida pela Fazenda Pública do Estado de Goiás, havendo a Corte recorrido assim resumido a controvérsia (decisão de fl. 15): ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público interno, interpõe agravo de instrumento em Ação de Execução Fiscal, objetivando conferir efeito suspensivo e pedido de antecipação de tutela à decisão de fl 12, proferida pelo Dr. Rodrigo de Silveira, Juiz de Direito da Vara Cível, das Fazendas Públicas e de Registros Públicos da comarca de Formosa. Narra o agravante que a decisão agravada cancelou a penhora (e registro) em Execução Fiscal, deixando de observar a ordem de preferência do crédito tributário, por considerar que o direito de preferência deve ser discutido nos autos onde se opera a hasta pública. Diz que o registro da penhora visa assegurar o juízo e evitar que terceiros de boa-fé sejam prejudicados. Diz que nos casos do credor particular arrematar o bem penhorado com seu próprio crédito, devem ser aplicados por analogia os artigos 709, incisos I e II e 711 do Código de Processo Civil, a fim de ser observada a ordem de preferência do crédito público. Alega que tal decisão viola os artigos 30 e 31 da LEF, pois após a baixa do registro no Cartório de Registro Imobiliário (CRI), o bem não mais responde pelo pagamento da dívida ativa e o Oficial do mencionado Registro é obrigado a dar baixa na penhora, sem qualquer prova de quitação ou concordância da Fazenda Pública. Conclui requerendo o provimento do presente recurso para que ao final Documento: 717659 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/09/2007 Página 3 de 11

seja determinada no Juízo monocrático a manutenção da penhora e registro no CRI local. Consoante o teor da ementa retrocitada, o Tribunal recorrido negou provimento ao pedido, em síntese, sob o argumento de que (fls. 29/36): a) nos dispositivos legais referidos pelo recorrente não consta a proibição de se fazer o registro de arrematação no Cartório de Registro Imobiliário; b) não se discute nos autos a preferência de crédito que se reserva à Fazenda Pública, mas tão-somente a impossibilidade de se negar o registro e a transferência de domínio de imóvel objeto de arrematação; c) a Fazenda Pública se quedou inerte durante o procedimento que resultou na efetivação da hasta pública, não tendo havido, no momento adequado, a apresentação dos recursos cabíveis, conforme dispõe o artigo 29 da Lei 6.83/80 d) mesmo sendo empregado o argumento de o julgador deixou de considerar que o bem foi arrematado com crédito do próprio exeqüente, deveria a Fazenda Pública ter exercido o seu direito de preferência. Contra esse acórdão, a Fazenda Pública do Estado de Goiás interpôs recurso especial, ao fundamento de que: a) não se pretende anular a Carta de Arrematação, mas sim transferir a penhora sobre bem de maior liquidez, o dinheiro decorrente da praça; b) o cancelamento da penhora importa em negativa à atuação do Poder Judiciário, o que resulta em violação dos artigos 686, 690, 2º, 709, II e 711, todos do CPC, 29, 30 e 31 da Lei 6.830/80, dos quais, indica-se o teor: Do Código de Processo Civil Art. 686. A arrematação será precedida de edital, que conterá: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) Documento: 717659 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/09/2007 Página 4 de 11

Da Lei 6.830/80 I - a descrição do bem penhorado com os seus característicos e, tratando-se de imóvel, a situação, as divisas e a transcrição aquisitiva ou a inscrição; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) (..) Art. 690. A arrematação far-se-á com dinheiro à vista, ou a prazo de 3 (três) dias, mediante caução idônea. (...) Art. 711. Concorrendo vários credores, o dinheiro ser-lhes-á distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas prelações; não havendo título legal à preferência, receberá em primeiro lugar o credor que promoveu a execução, cabendo aos demais concorrentes direito sobre a importância restante, observada a anterioridade de cada penhora. Art. 29 - A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento. Parágrafo Único - O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: I - União e suas autarquias; II - Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata; III - Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata. Art. 30 - Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento da Divida Ativa da Fazenda Pública a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declara absolutamente impenhoráveis. Art. 31 - Nos processos de falência, concordata, liquidação, inventário, arrolamento ou concurso de credores, nenhuma alienação será judicialmente autorizada sem a prova de quitação da Dívida Ativa ou a concordância da Fazenda Pública. Alega-se, também, dissenso pretoriano com julgado assim formado: CIVIL E PROCESSUAL. EXECUÇÕES PROMOVIDAS POR CREDORES DISTINTOS. AQUISIÇÃO DE UM DOS CRÉDITOS PELA IRMÃ DO DEVEDOR. DAÇÃO EM PAGAMENTO E CANCELAMENTO DA PENHORA. TRANSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO. COISA JULGADA. ALCANCE LIMITADO ÀS PARTES ACORDANTES. DESINFLUÊNCIA SOBRE OUTRA EXECUÇÃO COM PENHORA DOS MESMOS BENS POR CREDOR DIVERSO. FRAUDE À EXECUÇÃO CONFIGURADA. HIGIDEZ DA CONSTRIÇÃO JÁ EXISTENTE SOBRE O IMÓVEL. Documento: 717659 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/09/2007 Página 5 de 11

I. A transação realizada nos autos de uma execução não tem o condão, nos termos dos arts. 1.030 e 1.031 do Código Civil, de influir sobre outro credor, cuja cobrança judicial tramita em Vara distinta. II. A sub-rogação do crédito feita por parentes do devedor, e sua substituição pelo credor primitivo, com o posterior recebimento de um dos bens constritados em dação em pagamento e a respectiva baixa das penhoras, têm efeito limitado ao processo em que tais atos ocorreram, sendo ineficazes para configurar aquisição por terceiro de boa-fé, de modo a afastar a outra penhora também existente sobre aquele patrimônio, decorrente de execução promovida por credor diverso, por diferente título. III. Situação peculiar, que caracteriza fraude à execução. IV. Recurso especial não conhecido. (Resp 33.524/MG, DJ 15/04/2002, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior) Aponta-se, ainda, divergência com a Apelação Cível 2000.01.1.013579-5, TJDF, DJ 18/02/2002, na qual se dispôs que "... a baixa dos gravames que pesam sobre um imóvel não é requisito à transcrição da alienação de direitos sobre o bem...".' Sem contra-razões o recurso, inadmitido pela decisão de fls. 78/79, subiu a esta Corte por força de provimento a pedido formulado em agravo de instrumento (fl. 89). É o relatório. Documento: 717659 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/09/2007 Página 6 de 11

RECURSO ESPECIAL Nº 907.451 - GO (2006/0265729-5) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. BEM ARREMATADO EM HASTA PÚBLICA. PLURALIDADE DE PENHORAS. INEXISTÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO PROCESSUAL DA FAZENDA PÚBLICA. LEGALIDADE DA REALIZAÇÃO DO REGISTRO DE TRANSFERÊNCIA DE DOMÍNIO EM FAVOR DO ARREMATANTE. DISPOSITIVOS LEGAIS NÃO PREQUESTIONADOS (ARTIGOS 686, 690, 2º e 709, II, TODOS DO CPC, 29, 30 e 31 DA LEI 6.830/80). DIVERGÊNCIA PRETORIANA NÃO DEMONSTRADA. ARGUMENTOS DE RECURSO ESPECIAL QUE NÃO SE VINCULAM OU ELIDEM OS FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO EM PARTE E DESPROVIDO. 1. Trata-se de recurso especial interposto pela Fazenda Pública do Estado de Goiás contra acórdão que, em sede de agravo de instrumento tirado de execução fiscal, confirmando decisão do juízo singular, reconheceu legal e compulsória a realização de registro de transferência (pelo Cartório de Registro de Imóveis - CRI) de propriedade de imóvel que, objeto de penhora pela Fazenda Pública e, também, pelo credor particular, foi por este último arrematado em hasta pública. 2. Verifica-se dos autos que, à exceção do artigo 711 do Código de Processo Civil, a matéria constante nos diversos dispositivos legais tidos como violados (artigos 686, 690, 2º e 709, II, todos do CPC, 29, 30 e 31 da Lei 6.830/80) não foi objeto de prequestionamento. 3. No que toca à apontada divergência pretoriana, melhor sorte não se reserva ao inconformismo, isto porque as hipóteses enfrentadas pelos acórdãos paradigmas não guardam similitude fática com os acontecimentos registrados e decididos nos autos. O primeiro (Resp 33.524/MG, DJ 15/04/2002, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior) trata de dação em pagamento e cancelamento de penhora, e o segundo (Apelação Cível 2000.01.1.013579-5, TJDF, DJ 18/02/2002), em linhas gerais, afirma que ""... a baixa dos gravames que pesam sobre um imóvel não é requisito à transcrição da alienação de direitos sobre o bem...", entendimento que, a propósito, está em desacordo com os argumentos esposados pela própria recorrente. 4. No mérito, há que se registrar que a Corte recorrida se vinculou a pressupostos legais específicos, no sentido de não haver impedimento a que o bem objeto de penhoras múltiplas fosse levado à praça e, também, no fato de a Fazenda não haver apresentado no momento hábil a impugnação processual cabível, fundamentação não atacada de forma direta e, também, não elidida pelos argumentos de recurso. 5. Recurso especial conhecido em parte e, nessa, não-provido. VOTO O SR. MINISTRO JOSÉ DELGADO (Relator): Trata-se de recurso especial interposto pela Fazenda Pública do Estado de Goiás contra acórdão que, em sede de agravo de instrumento tirado de execução fiscal, confirmando decisão do juízo singular, reconheceu legal e compulsória a realização de registro de transferência (pelo Cartório de Registro de Imóveis - CRI) de propriedade de imóvel que, objeto de penhora pela Fazenda Pública e, também, pelo credor particular, foi por este último arrematado em hasta pública. Documento: 717659 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/09/2007 Página 7 de 11

Verifica-se dos autos, no entanto que, à exceção do artigo 711 do Código de Processo Civil, a matéria constante nos diversos dispositivos legais tidos como violados (artigos 686, 690, 2º e 709, II, todos do CPC, 29, 30 e 31 da Lei 6.830/80) não foi objeto de prequestionamento, evidência que resulta, no particular, na impossibilidade de conhecimento do apelo. Com efeito, embora tais regras tenham por objeto a regulação de procedimento executivo, é certo que o aresto, ante a situação fática apresentada, a eles não se reportou. No que toca à apontada divergência pretoriana, melhor sorte não se reserva ao inconformismo, isto porque as hipóteses enfrentadas pelos acórdãos paradigmas não guardam similitude fática com os acontecimentos registrados e decididos nos autos. O primeiro (Resp 33.524/MG, DJ 15/04/2002, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior) trata de dação em pagamento e cancelamento de penhora, e o segundo (Apelação Cível 2000.01.1.013579-5, TJDF, DJ 18/02/2002), em linhas gerais, afirma que ""... a baixa dos gravames que pesam sobre um imóvel não é requisito à transcrição da alienação de direitos sobre o bem...", entendimento que, a propósito, está em desacordo com os argumentos esposados pela própria recorrente. No mérito, há que se registrar que a Corte recorrida se vinculou a pressupostos legais específicos, no sentido de não haver impedimento a que o bem objeto de penhoras múltiplas fosse levado à praça e, também, no fato de a Fazenda não haver apresentado no momento hábil a impugnação processual cabível, como se constata (fls. 31/34): De todos os dispositivos legais citados pelo agravante, depreende-se que em nenhum deles consta a proibição de se fazer o registro da carta de arrematação no Cartório de Registros Imobiliários. Não se discute nos autos a preferência de que goza a Fazenda Pública Estadual, ao contrário, o digno julgador, na decisão objurgada, asseverou que o Oficial do CRI não poderia negar registro à carta de arrematação pelo fato de existir registro de penhora anterior (ao registro da carta) a favor do agravante em razão de que um dos efeitos da arrematação, obviamente, é a transferência do domínio do bem ao arrematante. Na obra CURSO AVANÇADO DE PROCESSO CIVIL, 2. cd, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999, v. 2, Processo de Execução, tendo como coordenador Luiz Rodrigues Wambier, p. 196-197, extrai-se o seguinte entendimento: Embora o Código silencie a respeito, será necessária a certificação da hasta Documento: 717659 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/09/2007 Página 8 de 11

e da arrematação, no momento em que ocorre, inclusive para que possam ser contados os prazos que se iniciam na data e hora da praça ou leilão. É o caso da lavratura do auto de arrematação, que terá de ocorrer 24 horas depois da praça ou leilão (art. 693). Durante esse intervalo, pode ainda haver a remição dos bens ou da execução, que deixarão sem efeito a alienação judicial. O auto de arrematação será assinado pelo juiz, pelo escrivão, pelo arrematante e pelo condutor da hasta pública. Lavrado e assinado o auto, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável (art. 694, caput), só podendo ser desfeita (art. 694, parágrafo único): (I) por vício de nulidade (inc. I). Servem de exemplo várias hipóteses já mencionadas: falta de correta publicação dos editais; falta de intimação do executado; arrematação feita por pessoa que estava proibida de licitar; (II) se não for pago o preço ou se não for prestada a caução (inc. II). Isso ocorrerá quando o exeqüente não preferir a execução do arrematante remisso ou seu fiador (art. 695, 1º e 2 ), ou quando ele mesmo, exeqüente, for o arrematante remisso (art. 690, 2, parte final); (III) quando o arrematante provar, nos três dias seguintes, a existência de ônus real não mencionado no edital (inc. III); (IV) em outros casos previstos no Código (inc. IV), que faz expressa referência aos arts. 698 e 699). A decisão do julgador, ora agravada, diz: Por isso, reconheço que a penhora realizada neste processo referente à bens arrematados em outro processo não mais subsistem, determinando a expedição de oficio para orientação do Oficial do CRI a fim de que não cometa mais este desconchavo. Verifica-se dos autos que a Fazenda Pública se quedou inerte durante a tramitação dos autos em que se operou a hasta pública (art. 711 do CPC), momento oportuno para interposição dos recursos cabíveis para exercer o direito de preferência, de acordo com o disposto no art. 29 da Lei n 6.830/80, sendo, portanto, inoperante a discussão perante o Oficial do Cartório de Registros de Imóveis. Dessa forma, deve-se considerar a inexistência de previsão legal de subsistência de penhora nesta hipótese, em face de arrematação dos bens em outro processo. Mesmo o argumento utilizado pelo recorrente de que o julgador deixou de observar que o bem foi arrematado com crédito do próprio exeqüente no processo de execução, em detrimento da Fazenda Pública, esta deveria ter exercitado seu direito de preferência, porém não o fez. Ademais, a agravante dispõe de meios processuais adequados para, no caso de constatação de alguma nulidade, anular os atos processuais dela decorrentes. Ante o exposto, tomo conhecimento do recurso e nego-lhe provimento para manter a decisão objurgada em seus termos. Note-se, de outro ângulo, que essa fundamentação não mereceu contestação direta no recurso especial, havendo a recorrente articulado razões que não guardam sintonia com os elementos que foram efetivamente apreciados e decididos pelo decisório atacado. Documento: 717659 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/09/2007 Página 9 de 11

Nesse panorama, conheço do recurso especial em parte e, nessa, nego-lhe provimento, mantendo-se o acórdão recorrido pelos seus próprios e jurídicos fundamentos. É o voto. Documento: 717659 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/09/2007 Página 10 de 11

CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA Número Registro: 2006/0265729-5 REsp 907451 / GO Números Origem: 160549272 200300095400 200601123495 200601248958 312164185 5086914 9501090426 PAUTA: 04/09/2007 JULGADO: 04/09/2007 Relator Exmo. Sr. Ministro JOSÉ DELGADO Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. JOÃO FRANCISCO SOBRINHO Secretária Bela. MARIA DO SOCORRO MELO AUTUAÇÃO RECORRENTE : ESTADO DE GOIÁS PROCURADOR : ALEXANDRE SCARPONI CRUZ E OUTRO(S) RECORRIDO : UNIDOS ELETRODOMÉSTICOS LTDA ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS ASSUNTO: Execução Fiscal CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, conheceu parcialmente do recurso especial e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux, Teori Albino Zavascki (Presidente) e Denise Arruda votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 04 de setembro de 2007 MARIA DO SOCORRO MELO Secretária Documento: 717659 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/09/2007 Página 11 de 11