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Transcrição:

Anais ISSN online:2326-9435 XXIII SEMANA DE PEDAGOGIA-UEM XI Encontro de Pesquisa em Educação II Seminário de Integração Graduação e Pós-Graduação FORMAÇÃO DE PROFESSORES: CONTEÚDOS DOS TEXTOS DISPONIBILIZADOS PELA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ (2009 2015) João Luiz Gasparin (UEM/DTP) Célia Aparecida Estevo Rubim (PG Educação/UEM) Eixo Temático: Formação de Professores e intervenção pedagógica. Resumo Em dois momentos distintos da história da educação no estado do Paraná foi adotado como referencial teórico-metodológico, em documentos curriculares, o materialismo histórico-dialético, presente na Pedagogia Histórico-Critica e na Psicologia Histórico-Cultural. Esses documentos foram o Currículo Básico e as Diretrizes Curriculares da Educação Básica. As Diretrizes Curriculares chegaram às escolas públicas do estado em 2008 e orientam a organização do trabalho pedagógico até os dias atuais. Assim, observando a discrepância existente entre uma proposta de organização do ensino escolar público, determinado por um referencial socialista, no bojo de uma sociedade capitalista como a nossa, levou-nos ao seguinte questionamento: a Secretaria de Estado da Educação do Paraná tem propiciado aos profissionais da educação uma formação continuada condizente e coerente com o referencial teórico preconizado pelas Diretrizes? Para responder ao problema, recorremos a alguns dos textos disponibilizados pela SEED/Pr. para os momentos reservados à formação dos profissionais da educação durante o ano letivo, no período de 2009 a 2015. Nosso objetivo, neste mini-curso, é demonstrar como os conteúdos desses textos oportunizam a apropriação do referencial teórico metodológico anunciado. Palavras chave: Formação continuada de Professores. Documentos Curriculares do Estado do Paraná. Materialismo Histórico-Dialético. Introdução A formação docente, tanto inicial quanto continuada, tem sido objeto recorrente em pesquisas quando o assunto é educação escolar. O baixo índice de

desempenho dos alunos das escolas públicas brasileiras pode ser considerado um dos principais aspectos que suscitam tais pesquisas. Libâneo (1998), ao discorrer sobre o assunto, considera ser este um dos principais fatores para a melhoria da qualidade da educação brasileira. Dada a relevância que do tema, Frigotto (1996) adverte que ele não deve ser tratado fora das análises das relações sociais e dos embates que se travam no interior da sociedade. A esse respeito, Saviani (2002), destaca que [...] os problemas educacionais não podem ser compreensíveis a não ser na medida em que são referidos ao contexto em que se situam (SAVIANI, 2002, p. 131). E, por isso, concordamos com Gasparin (2005), quando ensina que a Educação, [...] em cada momento histórico, constitui uma expressão e uma resposta à sociedade na qual está inserida [...] ela nunca é neutra, sempre ideológica e politicamente comprometida (GASPARIN, 2005, p. 2). Desse modo, destacamos que as políticas que orientam as reformas educacionais estão ligadas aos anseios sociais, e, por isso, revelam concepções de homem, mundo, sociedade, conhecimento, educação, condicionando não só o tipo de ensino, mas também, o cidadão que se pretende formar. No caso específico do Paraná, tanto em 1990, com o Currículo Básico para as Escolas Públicas do Estado, quanto em 2008, com as Diretrizes Curriculares Para a Educação Básica, em vigor até hoje, o referencial teórico preconizado em ambos os documentos é o materialismo histórico-dialético, e a Pedagogia oficial do estado é a Pedagogia Histórico-Crítica. Como em uma sociedade capitalista o Estado se constitui enquanto organismo a serviço da classe dominante, fica difícil aceitar uma proposta educacional pautada em um referencial socialista de educação. São os governos que reformam as políticas educacionais, e, sem dúvida, podemos afirmar que elas caminham acordadas com as vicissitudes de interesses políticos de manutenção do capital. Com esse entendimento, em nossa exposição, pretendemos apresentar os conteúdos de alguns dos textos disponibilizados pela Secretaria de Estado da Educação para os cursos de formação de professores no período de 2009 a 2015 e sua relação com o referencial adotado pelas Diretrizes Curriculares. Essa abordagem revela aspectos importantes da formação continuada e da prática pedagógica que delas decorrem.

Assim, com o intuito de apresentar a totalidade histórica que circunda o tema, destacamos, de forma breve, o contexto social, político, econômico e educacional brasileiro e a conjuntura estadual paranaense desde a década de 1980 até os dias atuais. O fato de tratarmos sobre documentos curriculares nos leva à necessária apresentação de uma comparação entre o Currículo Básico para as Escolas Públicas do Estado de 1990 e as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica de 2008, destacando aspectos comuns a todas as disciplinas. Concedemos, também, especial atenção ao conceito de Currículo presente em ambos os documentos. Referencial Teórico-Metodológico Partindo da concepção de que o desenvolvimento humano se dá no interior das relações sociais, e que é no desenvolvimento dessas relações que o indivíduo se torna um ser social educado, destacamos a formação de professores, vinculada à totalidade histórica. Assim, assumimos como referencial teórico, para nossa proposta de mini-curso, o materialismo histórico-dialético. Seu compromisso vinculase às relações que se estabelecem no contexto de toda a sociedade, conhecendo os problemas, identificando as mudanças que orientam os fatos, a evolução, as transformações e contradições que se apresentam, permitindo uma leitura da realidade que se organiza em dois importantes aspectos com relação ao ensino escolar: de um lado a relação entre escola e sociedade, entre formação de professores e prática pedagógica e de outro, o pensamento teórico-científico atual, suas peculiaridades e tendências. Abordar tais questões é de fundamental relevância em um evento sobre a educação escolar como esse. Metodologia: Para a realização do mini-curso seguimos os seguintes passos: 1) Problematizar a realidade da escola pública brasileira e, em particular a paranaense, o papel do professor nesse contexto e a relevância de formação profissional docente, seja inicial ou continuada; 2) Contextualizar, de forma breve, o aspecto histórico, político e econômico e educacional brasileiro em décadas anteriores até a atualidade e seu reflexo na organização da escola pública paranaense e no Currículo Escolar que se planeja oferecer aos alunos;

2) Demonstrar, por meio de comparação, a concepção de Currículo presente em dois documentos orientadores da organização do ensino no estado do Paraná: o Currículo Básico de 1990 e as Diretrizes Curriculares de 2008; 3) Apresentar os conteúdos de alguns dos textos disponibilizados pela SEED/Pr., entre os anos de 2009 2015, destacando como os referenciais adotados nos mesmos condizem com o referencial preconizado pelas Diretrizes Curriculares. Considerações finais Ao longo das últimas décadas, a formação continuada dos profissionais da educação recebeu destaque entre as políticas públicas educacionais. Dessa maneira, reformas foram sendo administradas e implementadas em estados e municípios, atendendo à lógica racional e à ideologia que lhes dão sustentação, exprimindo seus discursos e valores. No estado do Paraná, nos anos finais da década de 1980, houve tentativas de adotar a Pedagogia Histórico-Crítica como pedagogia oficial do Estado. Essa postura foi retomada em 2008, quando chegaram nas escolas públicas as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica. Esses documentos orientam o trabalho pedagógico até hoje. A adoção de uma pedagogia de caráter socialista como a Pedagogia Histórico-Crítica em uma sociedade capitalista provoca algumas dúvidas quando à sua real aplicação. É, pois, essa indagação que trazemos para o mini-curso enquanto possibilidade para reflexão. Assim, a contextualização histórica, a observância do conceito de Currículo na comparação do Currículo Básico com as Diretrizes Curriculares e a abordagem dos conteúdos de alguns dos textos disponibilizados para estudo dos profissionais da educação do estado podem fazernos entender a quantas anda a formação dos profissionais da educação, haja vista que a escola e a universidade são reflexos da sociedade. Referências: FRIGOTTO, G. A formação e profissionalização do educador: novos desafios. In: SILVA, T.T.; GENTILI, P. Escola S/A. Quem ganha e quem perde no mercado educacional do neoliberalismo? Brasília, DF. CNTE, 1996. P. 75 105. GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a Pedagogia Histórico Crítica. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.

LIBÂNEO, José C. Congressos, encontros, seminários de educação: espaços de desenvolvimento profissional a mercado entusiasmado.(verificar se é assim mesmo a parte final do título) Revista da Educação, [s.n.] v. 27, n. 109. Out/dez 1998. PARANÁ. Currículo Básico para a escola pública do estado do Paraná. Curitiba, 2003. Secretaria de Estado da Educação. Disponível em: http://www8.pr.gov.br/portals/portal/instituciinal/def/pdf/currículo_basico_escola_pub_ pr.pdf.> acesso em fevereiro de 2016. PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Secretaria de Estado da Educação. Curitiba, PR: SEED, 2008. SAVIANI, Demerval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 14ª edição. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2002. Coleção educação contemporânea.