POSSIBILIDADES E LIMITES DA ESCOLA ITINERANTE CONTRIBUIR PARA A EMANCIPAÇÃO HUMANA: A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA ITINERANTE NO MST PARANÁ.
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- Iasmin Eger Barreto
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1 POSSIBILIDADES E LIMITES DA ESCOLA ITINERANTE CONTRIBUIR PARA A EMANCIPAÇÃO HUMANA: A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA ITINERANTE NO MST PARANÁ. KNOPF, Jurema de Fatima (UNIOESTE) NOGUEIRA, Francis Mary Guimarães (Orientadora/UEPG) Neste trabalho pretendemos expor em linhas gerais o projeto que orientará nossa pesquisa no programa de pós-graduação em mestrados em educação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste de Cascavel. Em virtude de a pesquisa estar ainda em sua fase inicial, apresentamos aqui algumas diretrizes norteadoras, desenvolvidas para inicialização do processo de pesquisa. Salientamos que ao longo de todo o processo esses caminhos poderão ser alterados visando a melhoria e a adequação dos objetivos a serem alcançados. O objetivo da pesquisa requer um tratamento metodológico que vai além de uma descrição dos fatos. Exige um olhar mais atento da realidade em estudo, por ela estar em constante movimento, por uma perspectiva social popular histórica, nesse sentido a elaboração deste trabalho de pesquisa pretende atuar a partir de pressupostos marxianos, compreender os fatos em seu contexto histórico e em suas múltiplas determinações, a fim de elucidar as contradições e os conflitos existentes na realidade focalizada como objeto de pesquisa, no caso em questão, a Escola Itinerante 1 trabalhadores Rurais Sem Terra. do Movimento dos Segundo MARX (2002), apenas os homens reais podem ser produtores de suas representações, idéias, etc, condicionados as determinadas circunstâncias do desenvolvimento das forças produtivas de uma sociedade. A consciência nunca pode 1 Aprovada pelo Conselho Estadual de Educação do Paraná com parecer n 1012/2003 de 08/12/2003, está fortemente vinculada à intitulação de políticas sociais voltadas a Educação do Campo subsidiada via ações das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo (publicadas pelo Ministério de Educação). Escola itinerante, significa que esta escola acompanha o itinerário do acampamento até o momento em que as famílias acampadas chegam à conquista da terra, ao assentamento. O nome Itinerante significa também uma postura pedagógica de caminhar junto com os Sem Terra, o que sinaliza um grande avanço no sentido de afinidade entre os processos formais de escolarização e as vivencias e práticas educativas de um movimento social organizado, como MST. 1
2 ser outra coisa senão o ser consciente, e o ser os homens é o seu processo real de vida (p 22). Sendo assim, um dos pressupostos para a análise é compreender a escola em determinadas relações sociais de produção, atrelada a forma como os homens produzem sua existência. A escola real, inserida nas circunstâncias próprias de seu tempo, é um forte elemento que ajuda a formar as representações e ideias de seu tempo. No Movimento 2 a Escola assume o seu projeto de formação humana e de sociedade e se deixa movimentar pelos anseios dos sujeitos que fazem parte da sua organicidade. A Escola Itinerante está inserida nos acampamentos do MST no Estado do Paraná. Portanto, está vinculada a luta de uma organização política que estabelece objetivos para além das dimensões didáticas pedagógica da própria escola enquanto instituição. Este elemento agrega a ela características específica, próprias das circunstâncias em que está imersa; dentre elas a preocupação com a formação de sujeitos sociais que se reconhecem como classe trabalhadora, possibilitando-lhes a apropriação do conhecimento elaborado e visando a compreensão das contradições da sociedade capitalista. Por assim ser, também questiona o Estado em sua forma de estabelecer a gestão desta instituição. No entanto, esta mesma relação precisa ser indagada a fim de compreender as contradições que são inerentes a este processo. Em que direção a Escola Itinerante caminha ao constituir-se uma política de Estado? Quais os elementos formativos que possibilitam a formação do sujeito social, próprio da relação escola, Movimento e luta? Como tem se materializado a relação entre Estado e Escola Itinerante, uma vez que esta última, sendo uma política de governo exige o reconhecimento oficial no sentido de garantir a legalidade dos estudos e seu financiamento, contudo, o Movimento não abre mão pensá-la de acordo a sua proposta de educação que vem sendo apontada como vinculada aos interesses da classe trabalhadora, e, portanto, contrária aos interesses do Estado burguês? Busca-se com a pesquisa apreender as contradições eminentes nesta relação e a função social atribuída a Escola itinerante no atual contexto do 2 Ao referirmos ao MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, utilizaremos a palavra Movimento, com letra maiúscula ou MST, com todas as letras maiúsculas. 2
3 enfrentamento de classe, destacando seus limites e possibilidades em contribuir com a emancipação humana dos trabalhadores. No intuito de aprofundar a pesquisa elencamos como hipótese que o espaço do acampamento produz relações sociais coletivas que contribui para a emancipação humana dos sujeitos sociais, em que a escola está inserida, compreendendo que é um espaço de disputa de projeto. Portanto, o princípio de oposição é vivenciado com maior intensidade, ou seja, o enfrentamento com o latifúndio, a resistência e a unidade da coletividade Sem Terra em defesa de objetivos comuns. Neste sentido, aponta a reflexão destacada por Luis Carlos de Freitas, quando afirma que a Escola Itinerante pode ser um espaço privilegiado para contrariar a escola hegemônica, acresce a esta compreensão Bahniuk, (2008, p. 12) que em pesquisa recente afirma: Reconhecemos que as escolas do MST, em particular as escolas itinerantes, possuem potencialidades maiores em questionar o modelo escolar vigente, pois se encontram num espaço de contestação da ordem legal e hegemônica que são os acampamentos. E, ainda, pautam-se em uma proposta educacional questionadora, tendendo a nos trazer maiores elementos para refletirmos sobre as possibilidades concretas de a escola direcionar-se à perspectiva de emancipação humana. No entanto, a própria estrutura estatal capitalista, a qual ela se vincula, imprime contradições que se materializam na sua forma escolar, que demandam estudos aprofundados para compreender e redimensionar alternativas contrárias a dominação capitalista. Para compreender esta relação faz-se necessário compreender o Estado como um produto da sociedade numa certa fase de seu desenvolvimento, sendo assim, em acordo com Lenin (2007) O Estado é o produto e a manifestação do antagonismo inconciliável entre duas classes (p 25), expressa à manifestação de uma força política e militar que emana da sociedade e colocasse acima dela, com a finalidade de atenuar os conflitos no limite da ordem. Neste sentido o Estado institui-se como a expressão das contradições das relações de produção na sociedade civil as quais dele é parte essencial, nelas tem 3
4 fincado sua origem e são estas contradições que em última instância determina suas ações. A partir destes conceitos busca-se compreender a relação tênua entre Estado, Escola e Política Pública e as possibilidades e limites da Escola Itinerante contribuir para a emancipação humana dos trabalhadores e destacar a função atribuída a esta escola. Entretanto os processos de mudanças estruturais não se efetiva apenas pela escola, acontecem para além dela. Uma sociedade organizada sobre outras formas de sociabilidade humana implicaria na superação histórica do sistema educacional atual, exercício que Décio Saes (2005) denominou de proletarização da educação, através do qual, segundo ele: as massas trabalhadoras tenham de fato acesso a ciência e a cultura, rompendo assim o monopólio exercido pela classe média sobre ambas (p 32). A luta pela escola pública atrelada aos objetivos da luta do MST, que pretendem a transformação da sociedade precisa ser compreendida a partir da lógica da contradição em que o tensionamento do Estado faz-se necessário, inclusive para garantir o que está inerente a sua própria natureza. É nestas circunstâncias que se expressa a prática educativa da Escola Itinerante. A relevância social da pesquisa acentua-se pela importância da abordagem de estudos de uma prática educativa que acontece em acampamentos do Movimento, acrescendo contribuições para que a Escola Itinerante contribua com a luta pela emancipação humana dos trabalhadores. A atualidade da temática investigada é ressaltada pelo interesse dos Movimentos Sociais Populares do Campo e, em especial, a educação na perspectiva do MST, bem como, é relevância a investigações científicas desde as universidades. REFERÊNCIAS BAHNIUK, Caroline, Educação, trabalho e emancipação humana: um estudo sobre as escolas itinerantes nos acampamentos do MST. Florianópolis: UFSC, 2008, 162 p Dissertação (Mestrado em Educação) Programa de pós Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
5 FREITAS, Luis Carlos, palestra no III Seminário Nacional da Escola Itinerante, Faxinal do Céu, Paraná, LENIN, Vladimir, O Estado e a revolução: o que ensina o marxismo sobre o Estado e o papel do proletariado na revolução. São Paulo, Expressão Popular, MARX, Karl e ENGEL, Friedrich. A Ideologia Alemã. São Paulo: Centauros, SAES, Décio Azevedo Marques, in Marxismo e socialismo do século XXI. Campinas, Cemac, SAVIANI, Demerval, Coleção Polêmicas do nosso tempo, Escola e democracia. São Paulo: Cortez,
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