AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA NA PRODUÇÃO E MANEJO DE UMA AMOSTRA LEITE CRU IN NATURA DO MUNICÍPIO DE PORCIÚNCULA-RJ

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DO LEITE CRU E DO LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADOS NO OESTE DE SANTA CATARINA

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANAS DO LEITE CRU REFRIGERADO CAPTADO EM TRÊS LATICÍNIOS DA REGIÃO DA ZONA DA MATA (MG)

Avaliação da qualidade microbiológica do leite pasteurizado tipo C produzido na região de Araguaína-TO

Leite de qualidade LEGISLAÇÃO DO LEITE NO BRASIL. Leite de Qualidade. Histórico 30/06/ Portaria 56. Produção Identidade Qualidade

20/05/2011. Leite de Qualidade. Leite de qualidade

Contagem Padrão em Placas. Profa. Leila Larisa Medeiros Marques

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE: ESTUDO DE CASO EM PROPRIEDADES LEITEIRAS DE FERNANDES PINHEIRO E TEIXEIRA SOARES-PR

BOAS PRÁTICAS DA PRODUÇÃO DE LEITE

EMPREGO DE AQUECEDORES DE ÁGUA DE BAIXO CUSTO PARA REALIZAÇÃO DA ROTINA HIGIÊNICA EM ORDENHA MANUAL DE LEITE BOVINO

AVALIAÇÃO DA CONTAGEM BACTERIANA TOTAL NO LEITE DE TANQUES COM DIFERENTES CONTAGENS DE CÉLULAS SOMÁTICAS. Apresentação: Pôster

ASPECTOS PARA QUALIDADE E HIGIENE DO LEITE CRU BOVINO (Bos taurus) PRODUZIDO EM BANANEIRAS-PB

DIAGNÓSTICO HIGIÊNICO-SANITÁRIO DE PROPRIEDADES LEITEIRAS AVALIADAS NO MUNICÍPIO DE BANANEIRAS-PB

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS FRESCAL PRODUZIDOS POR PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIPIO DE GUARAPUAVA E REGIÃO

Análise da qualidade no processo produtivo de leite pasteurizado do tipo C em um laticínio de pequeno porte

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA HIGIENIZAÇÃO DE MESAS DE MANIPULAÇÃO DE FRUTAS E HORTALIÇAS DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DO IFMG CAMPUS BAMBUÍ RESUMO

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM QUEIJO MINAS FRESCAL¹

TÍTULO: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE ESPONJAS UTILIZADAS NA HIGIENIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS DE COZINHA DE RESTAURANTES DO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS-GO

QUALIDADE DO LEITE E DA ÁGUA APOIO TÉCNICO AOS PRODUTORES DE LEITE PR

Faculdade Assis Gurgacz FAG Scheila Maiara Dal Posso

Pesquisa de resíduos de antibióticos e teste de lactofermentação em amostras de leite cru, pasteurizado e UAT na região do Gama - DF

Grupo: Andressa, Carla e Thalita. Sequência lógica de aplicação do sistemas de APPCC

PRINCIPAIS MUDANÇAS DO SETOR LÁCTEO NACIONAL

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE MÃOS DE MANIPULADORES, MÁQUINAS DE MOER CARNE E FACAS DE CORTE, EM SUPERMERCADOS DA CIDADE DE APUCARANA- PR

ANÁLISE DA QUALIDADE DO LEITE UTILIZANDO O TESTE (CMT) NO DIAGNOSTICO DE MASTITE SUBCLÍNICA

TEORES DE GORDURA E PROTEÍNA DO LEITE CRU REFRIGERADO INDIVIDUAL E COMUNITÁRIO DE PROPRIEDADES RURAIS DO VALE DO RIO DOCE (MG) 1

ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE ACIDEZ, ph E TESTE CMT PARA DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE INDIVIDUAL DE BOVINOS LEITEIROS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE DA UNIDADE DIDÁTICA DE BOVINOCULTURA LEITEIRA DA UNICENTRO

APOIO TÉCNICO E TECNOLÓGICO À PRODUÇÃO QUEIJEIRA ARTESANAL: PRODUTOR DE CARAMBEÍ PARANÁ.

APLICAÇÃO DO DIAGRAMA DE ISHIKAWA VISANDO A ORIENTAÇÃO DE PRODUTORES DE LEITE: ESTUDO DE CASO NO CENTRO OESTE PAULISTA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE MILHOS BRANCO E AMARELO PARA PRODUÇÃO DE RAÇÃO ANIMAL

INSPEÇÃO DE LEITE E DERIVADOS PROFª ME. TATIANE DA SILVA POLÓ

CARACTERIZAÇÃO FISÍCO-QUÍMICA E MICROBIOLOGICA DO LEITE CRU COMERCIALIZADO NO MUNICÍPIO DE AÇAILÂNDIA MA

Perspetivas da Produção de Leite na Região Autónoma da Madeira

RESÍDUO DE ANTIBIÓTICOS NO LEITE CAPRINO DO MUNICÍPIO DE SENHOR DO BONFIM BA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE IN NATURA UTILIZADO NO PROCESSO PRODUTIVO DE UM LATICÍNIO NA REGIÃO DO CURIMATAÚ PARAIBANO

COLABORADOR(ES): ALINE DA SILVA FERRAZ, DRIELE DE OLIVEIRA AZEVEDO, LUANA MIQUELETTI

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 51, DE 18 DE SETEMBRO DE 2002.

MONITORAMENTO DE PEQUENAS PROPRIEDADES LEITEIRAS DA REGIÃO OESTE DO PARANÁ

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANA DO LEITE CRU REFRIGERADO INDIVIDUAL E COMUNITÁRIO DE PROPRIEDADES RURAIS DO VALE DO RIO DOCE (MG) 1

PERFIL DO CONSUMO DE LEITE E DO QUEIJO FRESCAL NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT

Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis

O DEAg- UNIJUÍ na Rede Leite: Contribuição nas Ações Interdisciplinares 2

PERCENTUAL DE AMOSTRAS DE LEITE DE VACAS NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL QUE SE ENQUADRAM NA INSTRUÇÃO NORMATIVA 62 1

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 26, DE 12 DE JUNHO DE 2007 (*)

EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE DE COOPERATIVAS DA REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA PERANTE A INSTRUÇÃO NORMATIVA 51

QUALIDADE DO LEITE PRODUZIDO NO ARRANJO PRODUTIVO LÁCTEO DE SÃO LUÍS DE MONTES BELOS, GO

ANÁLISE COMPARATIVA DA POPULAÇÃO VIÁVEL DE BACTÉRIAS LÁTICAS E QUALIDADE HIGIÊNICA INDICATIVA DE TRÊS MARCAS DE LEITES FERMENTADOS

ATIVIDADE DAS ENZIMAS FOSFATASE E PEROXIDASE COMO INSTRUMENTO DE VERIFICAÇÃO DA EFICÁCIA DA PASTEURIZAÇÃO LENTA DE LEITE PREVIAMENTE ENVASADO

Implantação do Kit Embrapa de Ordenha Manual em Comunidades Rurais Produtoras de Queijo Minas Artesanal na Região da Serra da Canastra

Análise e controle da qualidade de inoculantes microbianos de interesse agrícola: bactérias fixadoras de nitrogênio

ANÁLISE DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DO LEITE CRU ADMITIDO EM LATICÍNIO DA REGIÃO DE VAZANTE-MG

QUANTIFICAÇÃO DE LEVEDURAS EM AMOSTRAS DE QUEIJOS COLONIAIS PRODUZIDOS PELA AGOINDUSTRIA FAMILIAR DA REGIÃO DE TEUTÔNIA - RIO GRANDE DO SUL - BRASIL

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA CARNE BOVINA COMERCIALIZADA IN NATURA EM SUPERMERCADOS DO MUNICÍPIO DE ARAPONGAS-PR

ANÁLISE DE PRESENÇA DE Staphylococcus aureus EM QUEIJOS ARTESANAIS, COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE APUCARANA- PR

ANÁLISE DA VIDA DE PRATELEIRA DE DIFERENTES MARCAS DE LEITE UHT/UAT ENCONTRADAS NO MUNICÍPIO DE SEROPÉDICA- RJ.

Controle de qualidade do leite: análises físico-químicas

MANUAL INFORMATIVO PARA ORDENHA MANUAL BPA REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

AULA PRÁTICA PARA DETECÇÃO DA PRESENÇA OU NÃO DE AMIDO EM DOIS TIPOS DE QUEIJOS COMERCIALIZADOS NA FEIRA CENTRAL DE CAMPINA GRANDE-PB

TÍTULO: APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE MICROBIOLOGIA PREDITIVA EM PATÊ DE PEITO DE PERU PARA BACTÉRIAS LÁTICAS

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO TÉRMICO DO LEITE PASTEURIZADO TIPO C, COMERCIALIZADO NO MUNICÍPIO DE UBERLANDIA-MG.

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO FÚNGICA EM ALIMENTOS DISTRIBUÍDOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE CAMPOS GERAIS, MINAS GERAIS.

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE MANTEIGAS COMERCIALIZADAS EM VIÇOSA (MG) 1. Introdução

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS TIPO MINAS FRESCAL FISCALIZADOS E COMERCIALIZADOS NA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA

Teste Simplificado para Detecção de Coliformes Totais

ENUMERAÇÃO DE COLIFORMES A 45 C EM LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADO EM CAXIAS, MA

USO DO MÉTODO ESPECTROFOTOMÉTRICO PARA A DETERMINAÇÃO DE ENXOFRE EM FERTILIZANTES.

ESTUDO DE CASO: APOIO TÉCNICO A UM PRODUTOR DO MUNICÍPIO DE CARAMBEÍ PR

INCIDÊNCIA E INFLUÊNCIA DA MASTITE SOBRE A QUALIDADE DO LEITE CRU EM DIFERENTES REBANHOS LEITEIROS E TIPOS DE ORDENHA

Redução da contagem bacteriana na propriedade

QUALIDADE DO LEITE DE PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS DA REGIÃO SUDESTE DO PARANÁ.

CONTAMINAÇÃO POR BACTÉRIAS MESÓFILAS AERÓBIAS NA CARNE MOÍDA COMERCIALIZADA EM CAXIAS MA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE DE CABRA IN NATURA PRODUZIDO NO ESTADO DE SERGIPE. Goat in milk quality assessment produced in natura sergipe state

5 Aula Prática Exame do Microcultivo de levedura. Plaqueameno de Açúcar. Ensaio de Óxido-Redução com Resazurina

PARÂMETROS DE QUALIDADE DA POLPA DE LARANJA

PERFIL MICROBIOLÓGICO DE AMOSTRAS DE LEITE PASTEURIZADO DE ACORDO COM AS ESPECIFICAÇÕES MUNICIPAIS (SIM) E ESTADUAIS (IMA)

Microbilogia de Alimentos I - Curso de Engenharia de Alimentos Profª Valéria Ribeiro Maitan

Análise da presença de Coliformes Totais em caldo de cana comercializados em quatro municípios goianos

NORMAS TÉCNICAS REDEBLH-BR PARA BANCOS DE LEITE HUMANO:

QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE IOGURTES COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA (MG) 1. Introdução

Higiene na ordenha. Bruno Lopes Alvares. Coordenador do Comitê de Higienização do CBQL Químico Industrial - Universidade Paulista

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA PARA UMA PEQUENA FÁBRICA DE QUEIJOS TIPO FRESCAL 1INTRODUÇÃO

Autor (1) Claudiany Silva Leite Lima; Autor (2) Eleilde de Sousa Oliveira; Orientador (1) Denise Silva do Amaral Miranda.

Instrução Normativa 51. Qualidade do leite. Contagem Bacteriana Total. Células Somáticas. Ordenhador ideal? Manejo de ordenha e conservação

Mastite ou mamite é um processo inflamatório da glândula mamária causada pelos mais diversos agentes. Os mais comuns são as bactérias dos gêneros

A QUÍMICA PRESENTE NAS INDÚSTRIAS ALIMENTÍCIAS

Palavras-chave: Alimentos seguros; PPHO; BPF. Categoria/área de pesquisa: Nível superior; Área de Ciências Agrárias.

PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO PADRÃO - POP

PRODUÇÃO E BENEFICIAMENTO DO LEITE IN62

Impactos do uso de Produtos Veterinários e de Alimentos para Animais na produção de alimentos seguros

Teste Simplificado para Detecção de Coliformes Totais

Diagnóstico da adequação de propriedades leiteiras em Valença-RJ às normas brasileiras de qualidade do leite

Pagamento por qualidade como alternativa de adequação à Instrução Normativa nº. 51: o caso da indústria Lactobom

Instrução normativa 62/2003: Contagem de coliformes pela técnica do NMP e em placas

XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE DOCE DE LEITE COMERCIALIZADO NA CIDADE DE NOVO ITACOLOMI PR. Discentes do Curso de Ciências Biológicas FAP

ANÁLISE DE AMIDO EM LEITE EM PÓ

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DO LEITE EM UM ENTREPOSTO

QUALIDADE DO LEITE DE UMA PROPRIEDADE RURAL NO MUNICIPIO DE OLIVENÇA-AL.

CONTROLE DA MASTITE E COLETA DE LEITE

QUANTIFICAÇÃO DE Staphylococcus aureus E BACTÉRIAS MESÓFILAS AERÓBIAS NO PROCESSO DE HIGIENIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE ORDENHA

Transcrição:

ÁREA e SUB-ÁREA: QUÍMICA / QUÍMICA DE PRODUTOS NATURAIS AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA NA PRODUÇÃO E MANEJO DE UMA AMOSTRA LEITE CRU IN NATURA DO MUNICÍPIO DE PORCIÚNCULA-RJ Aline Alves FIUZA 1 ; Eduarda Ramos BENITES 1, João Víctor Gomes FERREIRA 1 ; Lara da Silva ALVES 1 ; Lucas Silva Gama GOMES ; Salomão Brandi da SILVA 2. 1 Discentes do Curso Técnico em Química do Instituto Federal Fluminense campus Itaperuna-RJ 2 Professor Mestre do Instituto Federal Fluminense campus Itaperuna-RJ RESUMO O leite é importante na alimentação humana, pois apresenta um alto valor nutritivo contendo proteínas, lipídeos, carboidratos, vitaminas e sais minerais. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade do leite cru in natura, ordenhado manualmente e obtido na cidade de Porciúncula. Foram analisadas três amostras de leite cru obtido de uma fazenda do município de Porciúncula no laboratório de microbiologia do Instituto Federal Fluminense campus Itaperuna, quantificando-se as colônias de bactéria presentes pelo método de duplicatas. O meio de cultura utilizado foi o Count Plate Ágar preparado com água peptonada com posterior diluição fracionada. Adiante, as placas de petri com o meio de cultura e o leite diluído foram colocadas dentro de uma estufa com a temperatura de 35 C, onde ficaram por 48 horas. O resultado da fazenda de Porciúncula mostrou significativa contaminação microbiana, em torno de 1.000.000 UFC/ml, sendo que o limite previsto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é de 100.000 UFC/ml. A maneira como o leite é obtido interfere, muitas vezes interfere na qualidade microbiológica e nutricional deste alimento, a qualidade dos produtos é uma exigência cada vez maior por parte do mercado consumidor. Portanto, ficou constatado que a amostra do leite analisada apresentou um nível muito elevado de contaminação, acima do permitido. Desta forma, os produtores devem estar sempre atentos para a melhoria no processo de ordenha, armazenamento e transporte do leite, assim como a verificação do estado de saúde dos animais. Palavras-chave: Leite. Qualidade. Porciúncula. Contaminação. 1. INTRODUÇÃO Entende-se por leite, o produto oriundo da ordenha completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas (BRASIL, 2002). Do ponto de vista nutritivo, o leite é considerado o mais nobre dos alimentos, por sua composição rica em nutrientes como proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e sais minerais (MÜLLER, 2002). No entanto, sua riqueza em constituintes nutritivos torna-o um excelente meio de cultura para o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis ou patogênicos. Há diversos fatores que podem interferir na qualidade do leite, desde problemas de saúde do animal até a contaminação do produto durante o manejo de ordenha e beneficiamento. Esses fatores podem causar grandes prejuízos econômicos à produção leiteira, além da redução da produtividade

e do valor agregado do produto, o que pode interferir no processo industrial de produção de laticínios e até mesmo na diminuição do consumo dessa matéria prima (BRASIL, 2002). A qualidade microbiológica do leite depende das condições de higiene e saúde do animal, adotadas no sistema de produção, procedimento e na comercialização deste produto. A Instrução Normativa n 51 do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), estabelece critérios e parâmetros de identidade e qualidade do leite, desde a ordenha até o transporte, incluindo requisitos físico-químicos e microbiológicos, contagem de células somáticas (CCS) e limites máximos de resíduos (LMR) de antimicrobianos (BRASIL, 2002). Com base nessa legislação, acredita-se que a médio e longo prazo, o leite poderá apresentar melhor qualidade e os produtores melhor retorno financeiro, fazendo com que o país possa dispor de um produto de alta qualidade e que atenda aos padrões internacionais, ampliando e possibilitando as exportações no setor (BRASIL, 2002). Por ser um alimento bastante propício à contaminação microbiológica, a qualidade do leite é uma constante preocupação para técnicos e autoridades ligados à área de saúde, principalmente pelo risco de veiculação de microrganismos relacionados com surtos de doenças de origem alimentar (LEITE JR. et al, 2000; TIMM et al., 2003). Sendo assim, o objetivo deste trabalho, foi analisar a qualidade do leite após a ordenha comercializado na zona rural do município de Porciúncula-RJ. 2. MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi realizado no município de Itaperuna, no período de Junho a Agosto de 2017. A cidade de Itaperuna está localizada na Microrregião de Itaperuna, na Mesorregião do Noroeste Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, no Brasil. As análises foram realizada no laboratório de microbiologia do Instituto Federal Fluminense campus Itaperuna, no laboratório de Química da Instituição e a amostra do leite foi coletada na cidade de Porciúncula - RJ. Os materiais utilizados foram 2 pipetas de 10 ml; 10 placas de Petri; 1 Erlenmeyer de 250 ml; 1 béquer de 500 ml; 10 tubos de ensaio de 20 ml; 10 tubos de ensaio de 20 ml; 1 vidro de coleta de 80 ml; 1 balança analítica; 1 autoclave O leite foi coletado diretamente da carroça dos vendedores, em recipientes de vidro estéreis de 80 ml, os quais foram identificados o dia da coleta. As amostras foram então armazenadas em recipientes térmicos que foram refrigerados no freezer a uma temperatura de 20 C por entre 10 e 12 horas. Posteriormente, foram transportados para os laboratórios do IFF campus Itaperuna, onde foram analisados no laboratório de microbiologia. Para preparar o meio de cultura, utilizou-se 4,7g de Count Plate Ágar que foram adicionados a 200 ml de água destilada em um erlenmeyer de 250 ml e aquecido até sua total solubilização e, depois, foram distribuídos 20 ml em tubos de ensaio esterilizados em autoclave. A diluição procedeu-se da seguinte maneira: 315 ml de água peptonada, 3,5g de peptona e 2,7g de cloreto de sódio (NaCl) foram adicionados a 315 ml de água destilada em um becker de 500 ml, homogeneizados e esterilizados em autoclave. 90 ml da água peptonada foram distribuídos igualmente em tubos de ensaio de 10 ml. Em seguida, executou-se o processo de diluição fracionada no qual 25 ml do leite cru e homogeneizado foram adicionados aos 225 ml de água peptonada restantes e homogeneizados, resultando em um coeficiente de diluição de 10-1. Retirou-se então 1 ml da solução de leite cru diluído com água peptonada e adicionou-a a um dos tubos com 9 ml de água peptonada resultando em um coeficiente de diluição de 10-2. A solução deste frasco (10-2 ) foi homogeneizada e retirou-se 1 ml para adicionar em outro tubo de ensaio com 9 ml de água peptonada, resultando em um coeficiente de diluição de 10-3 ; repetiu-se o procedimento até se atingir o coeficiente de diluição 10-5. Posteriormente, as soluções de cada tubo de ensaio foram adicionadas em placas de petri distintas, de maneira simultânea ao ágar e levadas ao bico de Bünsen

a aproximadamente 100 C para evitar possíveis contaminações. As placas de petri foram agitadas em uma superfície em forma de oito para homogeneizar o meio de cultura e a solução de leite diluída à água peptonada. Adiante, as placas de Petri foram colocadas dentro de uma estufa com na temperatura de 35 C, onde ficaram por 48 horas. Após este tempo, foram feitas as contagens nas placas para quantificar as colônias de bactérias presentes. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 01 apresenta os resultados das médias das duplicatas de análises das colônias totais das amostras preparadas com leite cru da Fazenda pesquisada e mostrou significativa contaminação microbiana, em torno de 1.000.000 UFC/ml, sendo que o limite previsto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é de 100.000 UFC/ml. Tabela 01: Dados da coleta e resultados obtidos com as análises do leite cru. Amostras Data de coleta do leite Resultado Contaminatório Placa mais infectada Colônias totais (UFC/mL) 1 9/7/2017 POSITIVO 10-4 1.570,000 2 16/7/2017 POSITIVO 10-4 1.239,000 3 6/8/2017 POSITIVO 10-4 1.280,000 Fonte: Dados da pesquisa. A partir dos dados obtidos, percebe-se que há um desequilíbrio dos procedimentos e responsabilidades no que se diz respeito à gestão da qualidade. Percebe-se que os resultados obtidos nesta análise não foram satisfatórios e, portanto, alguns fatores devem ser avaliados e posteriormente informados ao produtor com objetivo de mantê-lo ciente dos diversos efeitos negativos durante o processo utilizado. Viabilizando assim, uma melhora na qualidade e eficiência do processamento do leite. Alguns conceitos de qualidade são fundamentais para obter o resultado final desejado, como a saúde da vaca, higiene e limpeza no local do manejo e onde o leite é armazenado após o manejo. De acordo com as Boas Práticas na Pecuária de Leite, para assegurar a saúde dos animais é necessário: estabelecer o rebanho com resistência a doenças; prevenir a entrada de doenças na propriedade; estabelecer um programa eficiente de sanidade do rebanho e utilizar produtos químicos e medicamentos veterinários conforme orientação técnica. Outro fator importante para melhoria no resultado é garantir que o transporte de animais dentro e fora da propriedade não introduza doenças no rebanho e garantir que a ordenha seja realizada em condições higiênicas e após a ordenha permanecer limpo e organizado o local da ordenha e os equipamentos utilizados (SCALCO, SOUZA, 2006). Os resultados das médias aritméticas das amostras apresentaram resultados muito superiores ao limite permitido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que é de 100.000 UFC/ml. Portanto, o resultado demonstra claramente risco de contaminação do leite cru e consequentemente possíveis malefícios para os consumidores. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho trouxe uma contribuição para a cadeia de produção de leite, na medida em que procurou diagnosticar e analisar a qualidade do leite na cidade de Porciúncula-RJ e desta forma foi possível comparar os resultados com os conceitos de gestão da qualidade do leite de acordo com as

normas estabelecidas. Constatou-se um alto nível de contaminação microbiológica do leite cru analisado, que apresentou um número de UFC/ml dez vezes maior que o permitido. Conclui-se, portanto, que a amostra de leite analisada não apresentou boa qualidade. Desta forma, os produtores e ordenhadores do município devem buscar alternativas para melhorar o processo de ordenha e transporte do leite, assim como a verificação do estado de saúde dos animais. Eles devem adequar-se à legislação vigente e adotar boas práticas para a mudança nos índices dos atributos de qualidade do leite, adaptando-se às novas regras. É de suma importância que o produtor tenha conhecimento das leis em vigor e, mais do que isso, adapte os seus procedimentos de manejo e ordenha. Atitudes simples como, por exemplo, uma intervenção educativa desenvolvida na forma de cartilha para o produtor de leite, utilizando a linguagem do próprio produtor, a fim de capacitá-lo com os procedimentos de gestão da qualidade podem colaborar para que as Boas Práticas de Higiene e Programa de Higienização Ambiental sejam atendidas. 5. AGRADECIMENTOS A equipe de pesquisa agradece aos professores Salomão Brandi e Anders Teixeira pelo suporte durante esse trabalho, estando sempre disponíveis para esclarecer nossas dúvidas e nos ajudando de todas as formas. 6. REFERÊNCIAS BONILHA, T. A. M.; DIAS, H. K. M. F.; FERREIRA, G. C. A. Análise microbiológica do leite cru produzido na fazenda do centro universitário cesumar unicesumar coletado por ordenha mecânica e manual. VIII EPCC Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar UNICESUMAR Centro Universitário Cesumar Editora CESUMAR Maringá Paraná Bras. 2013. Disponível em: <http://www.cesumar.br/prppge/pesquisa/epcc2013/oit_mostra/tayrine_adovanir_micena_bonilha _2.pdf> acessado em 23 de agosto de 2017. GUERREIRO, P. K. Qualidade microbiológica de leite em função de técnicas profiláticas no manejo de produção. Ciênc. agrotec. Lavras, v. 29, n. 1, p.216-222,jan./fev.2005. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1413-70542005000100027&script=sci_abstract&tlng=pt> acessado em 23 de agosto de 2017. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa nº 51, de 18 de setembro de 2002. Aprova os Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A, do Leite tipo B, do Leite tipo C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu Transporte a Granel, em conformidade com os Anexos a esta Instrução Normativa. Diário Oficial da União, 20 set. 2002. Seção 1, p.13. Disponivel em: <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&v ed=0ahukewis6rus0qzwahwfijakhzn6bgoqfggrmaa&url=http%3a%2f%2fadcon.rn.gov. br%2facervo%2femater%2fdoc%2fdoc000000000001051.pdf&usg=afqjcnevw8_ xybgaki1moyiafymdljps3q> Acessado em 23 de agosto de 2017. NERO, L. A; VIÇOSA, G. N.; PEREIRA, F. E.V. Qualidade microbiológica do leite determinada por características de produção, Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas. v. 29, n.2. p. 386-390,

abr./jun.2009. Disponível:<http://www.scielo.br/pdf/cta/v29n2/24.pdf>Acessado em 23 de agosto de 2017. SCALCO, A. R., SOUZA, R. C. Qualidade na cadeia de produção de leite: diagnóstico e proposição de melhorias. Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 8, n. 3, p. 368-377, 2006, disponível em:<http://www.redalyc.org/html/878/87880308/> acessado em 23 de agosto de 2017. SGARBIERI, V. C. Revisão: propriedades estruturais e físico-químicos das proteínas do leite, Braz. J. Kood Tecnol. Preprint Serie, n. 185, 2005. Disponível em: <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&v ed=0ahukewiz84v4w6zwahwkj5akhxw7cdgqfggnmaa&url=http%3a%2f%2fmoodle.st oa.usp.br%2fmod%2fresource%2fview.php%3fid%3d38848&usg=afqjcnhnogoifizmzmkj I3wmqy6AKK3Nmw>Acessado em 23 de agosto de 2017. SOUZA, M. F., NOGUEIRA, S. M., NUNES, F. C. Qualidade microbiológica do leite cru comercializado informalmente na cidade de Areia-PB. Agropecuária Técnica. v. 32, n. 1, 2011, disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/index.php/at/article/download/10164/5785> acessado em 23 de agosto de 2017. VENTURINI, K. S., Sarcinelli, M. F., SILVA, L. C. Características do leite. Universidade Federal do Espírito Santo - UFES, Boletim Técnico (PIE-UFES:01007), editado em 26 de agosto de 2007. Disponível em: <http://agais.com/telomc/b01007_caracteristicas_leite.pdf> Acessado em 23 de agosto de 2017.