Centro universitário UniFMU Curso de Educação Física FORÇA NÃO AFETA O SUBSEQUENTE DESEMPENHO DE POTÊNCIA RODRIGO VITASOVIC GOMES N 35 2003, 1414C



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Transcrição:

Centro universitário UniFMU Curso de Educação Física SUPLEMENTAÇÃO DE CARBOIDRATO ASSOCIADA AO EXERCÍCIO DE FORÇA NÃO AFETA O SUBSEQUENTE DESEMPENHO DE POTÊNCIA AERÓBIA RODRIGO VITASOVIC GOMES N 35 2003, 1414C TCC SANDRA MAHECHA MATSUDO VALERIA DOS SANTOS DE ALMEIDA MARCELO SALDANHA AOKI São Paulo 2003 1

Dedicatória Este trabalho é dedicado aos meus pais e irmãos, pelo amor, apoio e compreensão. Além disso, gostaria de dedicar este manuscrito aos meus Guias Espirituais supervisionados por Jesus Cristo, de quem recebo a habilidade, a força e o estímulo para realizar a tarefa de redigir um trabalho como este. 2

Agradecimentos Desejo expressar meus agradecimentos especiais ao professor, Prof. Mestre Doutorando Marcelo Saldanha Aoki por seu apoio na realização deste manuscrito, o qual contribuiu de forma significativa na elaboração e execução dos testes e do trabalho, além de auxiliar e engrandecer minha futura vida profissional; As senhoritas Sandra Mahecha Matsudo e Valéria Dos Santos De Almeida por seu auxilio na revisão ao longo da execução do trabalho e do manuscrito final. 3

RESUMO Objetivo: inicialmente foi verificar se o exercício de força altera o subseqüente desempenho no teste de 12 minutos (Teste de Cooper), além disto, foi de interesse do mesmo avaliar se a suplementação de carboidrato exerce efeito ergogênico durante o exercício concorrente. Método: foram selecionadas 10 jovens mulheres estudantes de educação física, fisicamente ativas que realizassem no mínimo três sessões de treinamento por semana. As participantes foram submetidas a um exercício prévio de repetição máxima no leg-press 45 de inclinação (3 séries a 60% de 1-RM e 3 séries a 90% de 1-RM, com intervalo entre as séries de 1 minuto e 30 segundos), seguido imediatamente do teste de 12 minutos, em dois dias distintos, recebendo solução placebo ou solução de carboidrato (60g.1L -1 ). O exercício de força realizado previamente não foi capaz de alterar a potência aeróbica, aferida pela distância percorrida e o Vo 2max atingindo no Teste de Cooper. Resultado: A suplementação de carboidrato não alterou o desempenho no Teste de Cooper (teste inicial sem a execução prévia do exercício de força: 1998 ± 129,7m e Vo 2max, 33,2 ± 2 ml.kg -1.min -1 ; experimento com administração de placebo: 1885 ± 212,9m e Vo 2max 30,7 ± 4,7 ml.kg -1.min -1 ; experimento com administração de carboidrato: 1904 ± 157,3m e Vo 2max 30,9 ± 3,9 ml.kg -1.min -1 ), indicando que a disponibilidade de carboidrato como substrato energético parece não ser determinante nesta situação. Outras variáveis, como o nível de condicionamento-adaptação ao treinamento concorrente e o padrão de recrutamento de fibras parecem ser fatores mais relevantes. Conclusão: Ainda são necessários estudos adicionais para acessar o papel da suplementação de carboidrato durante o exercício concorrente. Outros modelos experimentais com protocolos de exercício de força com maior volume ou manipulações dietéticas com restrição de carboidrato e/ou jejum, que reconhecidamente causam drástica redução no conteúdo de glicogênio, precisam ser testados. 4

Sumário I. Introdução... 2 1.1 Definição do problema... 2 1.2 Justificativa... 3 1.3 Objetivo... 3 II. Revisão da literatura... 4 2.1 Função da suplementação de carboidrato... 4 2.2 Gasto energético... 5 2.3 Carboidrato e atividade física... 5 2.4 Treinamento simultâneo... 8 III. Métodos... 12 3.1 Amostra... 12 3.2 Procedimentos... 12 3.2.1 Protocolo de teste... 12 3.2.2 Protocolo de experimento... 13 3.2.3 Protocolo de suplementação...13 3..2.4 Determinação da glicemia...13 3.3 Analise estatística... 13 V. Resultados... 14 V. Discussão... 16 VI. Conclusão... 19 VII. Referencia Bibliográfica...\20 5

I - Introdução: 1.1 Definição do problema: A evolução experimentada nas ultimas décadas, nas áreas de pesquisas relacionadas à nutrição e performance tem trazido contribuições significativas para o desporto de alto rendimento. Como conseqüência, os métodos de diagnostico da performance vem percorrendo caminhos semelhantes neste processo evolutivo. No que se refere ao aspecto nutricional, as pesquisas tem sido direcionadas, de maneira geral, a buscar as relações entre manipulações de nutrientes básicos na dieta e o aumento da performance. Partindo deste pressuposto, surgiu o conceito de se submeter o atleta a uma sobrecarga de carboidratos antes da competição, no intuito de retardar a fadiga, apesar da dieta de supercompensação aumentar, com sucesso, o conteúdo muscular de glicogênio durante a fase de privação de carboidratos, a alta intensidade de treinamento pode ocasionar prejuízos psicológicos e físicos. Todos os esforços para atrasar o início da fadiga conduziram os estudos em promover a oxidação de lipídio, uma vez que, as reservas de glicogênio hepático e muscular são relativamente pequenas, e à depleção destes estoques estão associadas com a instalação da fadiga em exercícios de cargas constantes. Muitos estudos mostraram que as concentrações elevadas de ácidos graxos livres no plasma podem reduzir a utilização de glicogênio muscular durante o exercício e melhora do desempenho Maximo da resistência. Apesar dos ácidos graxos livres serem a principal fonte de combustível para o metabolismo esquelético no descanso e durante exercícios de intensidade sub-máxima, os estudos demonstraram que os resultados obtidos não foram muito condizentes com os desejados. Entretanto, as suplementações de carboidrato durante exercícios de resistência muscular aeróbia, promovem um retardamento da instalação da fadiga, fornecendo uma grande quantidade de glicose, o qual é o principal substrato oxidado nestas atividades. A energia obtida dos carboidratos pode ser liberada no 6

interior dos músculos em atividades a uma velocidade até três vezes maior do que a energia derivada da gordura, devido suas características de absorção intestinal. Já está estabelecido na literatura que o consumo de carboidratos antes e durante o exercício físico, em condições especificas, melhora o desempenho de atletas. Entretanto, esta informação deve ser analisada com muito cuidado. Pessoas mal informadas podem interpretar esta informação equivocadamente e lançar mão desta estratégia. Como por exemplo, um indivíduo que tenha como objetivo melhorar seu condicionamento físico e reduzir seu percentual de gordura. Se o mesmo ingerir de uma grande quantidade de CHO antes da atividade física a sua capacidade de queimar gordura será minimizada. Além disto, o desempenho deste indivíduo pode ser prejudicado por uma hipoglicemia. Será que este indivíduo que podemos chamar de fisicamente ativo, e diga se de passagem bem diferente de um atleta, estará se beneficiando desta suplementação. 1.2 Justificativa: Esta falta de informação cientifica sobre os efeitos de tal solução em praticantes regulares de atividade física, levaram-me a tentar esclarecer se o uso de uma suplementação de CHO é capaz de melhorar a capacidade da potência aeróbia mesmo depois de exercícios de força, conscientizando a população fisicamente ativa que se utilizam desta substância e executam exercícios combinados, relatando os reais efeitos de tal solução auxiliando os profissionais da área de educação física, assim como, os nutricionistas em adotarem este tipo de suplemento, além de uma identificação pessoal por essa área do conhecimento. 1.3 O objetivo deste trabalho é de verificar se o exercício de força realizado previamente é capaz de alterar a capacidade aeróbia. Além disto, uma vez que o possível mecanismo relacionado à interferência do treinamento concorrente seja a redução do glicogênio muscular. O presente trabalho visa determinar se a suplementação de carboidratos durante a realização do exercício de força exerce algum efeito ergogênico no subseqüente exercício de aeróbio. 7

II - Revisão da Literatura 2.1 Função da suplementação de carboidrato: A busca constante por um melhor desempenho é o objetivo principal de todos os atletas. Independente do esporte praticado. Esse objetivo é alcançado somente com a soma de vários fatores, mas principalmente pela escolha criteriosa dos métodos de treinamento. Apesar da evolução desses métodos e das pesquisas aplicadas em áreas correlatadas que contribuem significativamente para melhorar o desempenho, não é possível minimizar o papel de três variáveis que constituem a base de qualquer programa de treinamento: intensidade, freqüência e duração do exercício JUNIOR et al (2000). Levando-se em consideração essas três variáveis de treinamento e no que se refere ao aspecto nutricional, as pesquisas tem sido direcionadas, de maneira geral, a buscar as relações entre manipulações de nutrientes básicos na dieta com o treinamento físico para melhora da performance MASSICOTE et al (1992). A suplementação de carboidrato antes da competição, tem o intuito de retardar a fadiga, uma vez que as reservas de glicogênio hepático e muscular são relativamente pequenas, e a depleção destes estoques está associada com a instalação da fadiga em exercícios de longa duração e cargas constantes BERNING (1996) & ROY et al (2000). A participação em competições desportivas pela população em geral vem aumentando largamente. Dentre essas competições, as que despertam um maior interesse são as chamadas provas de ultra-resistencia ou de longa duração FERREIRA et al (2001). Segundo COYLE (2002), a cada ano verifica-se um numero maior de inscrições nos, por ele chamado, esportes de desafio, como por exemplo as super e ultramaratona (a partir de 84 KM), o iroman (3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida), provas que duram mais de 24h. Esse grande interesse na participação de provas de longa duração vem ocasionando também maior interesse pela população na nutrição, que de acordo com GOMES & TIRAPEGUI (2000) a suplementação de carboidrato em 8

atletas pode reduzir a fadiga, permitindo que o atleta treine mais tempo ou que se recupere melhor entre os treinos, porém pouco se sabe sobre o efeito desta estratégia nos participantes que não são atletas, apesar de possuir uma capacidade física adequada para competir nestas provas extenuantes. 2.2 Gasto energético: o substrato energético utilizado pelo organismo vai depender, segundo JUNIOR (2002) da natureza, intensidade e duração do exercício; do consumo alimentar; do ambiente em que é realizado, e de uma variedade de fatores individuais como idade, sexo, peso e composição corporal, o tipo de fibra muscular predominante, estado de treino e habilidade técnica. As principais fontes de energia para os exercícios prolongados são os carboidratos e as gorduras CAREY et al (2001). No entanto, vem sendo demonstrado que o esforço físico prolongado e a depleção de glicogênio aumentam a parcela de contribuição energética do exercício JEUKENDRUP et al (1995); GALLANI et al (1997); TREUTH et al (1996) & ECKEL et al (1992). Em virtude do grande gasto energético durante competições e rotinas de treinamento, os praticantes de exercícios de longa duração, durante rotinas de treinamento devem consumir 70% ou mais de carboidratos na dieta, principalmente na semana anterior a competição WILLET (1998). Dentre esses recursos os mais viáveis para a população em geral, até mesmo pela praticidade, são os carboidratos, que estão presentes nas sports bars, nos repositores em gel, nas bebidas energéticas e nas estratégias de sobrecarga glicídica, FERREIRA et al (2001). 2.3 Carboidrato e exercício físico: Em um estudo realizado por JEUKENDRUP et al (1996) utilizando sete ciclistas bem treinados, com a finalidade principal de investigar e determinar se uma quantidade tolerável de ingestão de triacilgliceróis de cadeia media (TCM), no fato, reduz a oxidação de glicogênio muscular durante exercício intenso (84% VO2max), e por ventura se a adição de uma refeição de carboidrato a esta solução de TCM aumentaria a glicose plasmática e sua disponibilidade antes e durante o exercício. 9

JEUKENDRUP et al (1996) observaram que a adição de TCM a refeição de carboidrato, alterou significativamente a taxa de glicose sanguínea, aumentou o esvaziamento gástrico e a absorção intestinal, entretanto, não alterou a oxidação do substrato durante o exercício de ciclo ergômetro a 84% do VO2max no período de 30 minutos, nem aumentou a concentração de AGL plasmático. Como também, BERGMAN et al (1999) utilizando nove ciclistas masculinos treinados em resistência, os quais submeteram-se a ingestão de 400ml no início do exercício e então 100ml a cada 10min de uma solução de 10% de glicose, 10% de glicose + 1,73% TCM ou 10% glicose + 3,44% TCM, com intuito de examinar os efeitos da ingestão de concentrações crescentes de TCMs com CHO nos sintomas gastrointestinais e na oxidação de CHO durante um ciclo ergométrico de 2h de duração a 63% do consumo máximo de oxigênio. Reportaram que as concentrações de B-hidroxibutarato aumentaram significativamente quando as concentrações elevadas de TCMs eram ingeridas, assim como, elevou as concentrações de ácidos graxos livres, porém não afetaram a oxidação do substrato ou o desempenho dos ciclistas, o que foi explicado pelo índice elevado de CHO pré-experimentação que elevou os níveis de insulina plasmática, o qual pode promover a oxidação de carboidrato, apesar das concentrações elevadas de AGL com a ingestão de TCM. Entretanto, JEUKENDRUP et al (1998) compararam a ingestão de três soluções, contendo 6% de carboidrato(cho), outra 6% de carboidrato (CHO) mais 4,3 de triacilgliceróis de cadeia media (TCM) e uma com placebo doce. Os oitos homens treinados realizaram 100km de corrida num período de 2,5 a 3h, com o intuito de determinar a eficácia destes produtos nas intensidades sustentadas de exercícios similares aos eventos dos competidores de resistência, com aproximadamente 75% do VO2max. Os pesquisadores demonstraram que a ingestão de CHO durante 100km simulados, em atletas bem treinados, o desempenho é realçado, entretanto a adição de TCM a bebida ingerida de CHO, não altera as concentrações de ácidos graxos livre no plasma nem promove um redução adicional nos estoques endógenos de carboidrato. 10

Estes estudos mostram que os métodos mais eficientes de se retardar a fadiga em atletas de exercício de longa duração, se dá através da suplementação de carboidrato, a qual não promove aflição gastrointestinal, no contraste do TCM, que além de promover esta não possui nenhum estudo cientifico, que de acordo com AOKI & SEELANDER (1999), mostra o aumento do desempenho de atletas, há não ser pela infusão intravenosa de heparina. CAREY et al (2001) testando o efeito da ingestão de carboidratos em homens treinados, imediatamente antes e durante uma sessão de exercícios de força, em duas series repetidas de extensão das pernas, sendo que, os atletas foram divididos em dois grupos, que ingeriram um polímero de glicose ou placebo, antes e durante as sessões. A resistência muscular foi medida pelo numero de repetições (149 x 129 para carboidrato e placebo, respectivamente) e pelo numero de sessões (17,1 x 14,4 para carboidratos e placebo, respectivamente). Os resultados mostraram uma tendência benéfica da ingestão de carboidratos, mas não foram estatisticamente significativos. Outros estudos foram direcionados para avaliar o efeito ergogênico do consumo de carboidratos antes e durante os exercícios, dentre estes, foram demonstrados prolongamento no tempo de trabalho em 45%, em uma serie de tiros de 1 minuto em bicicleta, com intervalo de 3 minutos entre os tiros RANKIN (2001), os autores acreditam que o aumento no desempenho ocorra devido à manutenção da glicemia pela ingestão de carboidratos entre os tiros, que pode ter reduzido a utilização de glicogênio muscular ou aumentado à síntese deste no intervalo entre os tiros. Uma dieta pobre em carboidratos pode contribuir significativamente para instalação prematura da fadiga, pela redução da capacidade tamponante do organismo. Existem evidencias que a ingestão de uma alimentação com baixo teor de carboidratos promove a acidose metabólica e reduz a capacidade tamponante acida, como já foi demonstrado em diversos estudos, como os de VAN ZYL et al (1996); JEUKENDRUP et al (1995); RANKIN (2001) & BERGMAN et al (1999), estes achados incentivam a curiosidade do efeito da suplementação de carboidrato em indivíduos fisicamente ativos, na tentativa de obter os efeitos 11

positivos semelhantes aos encontrados nas pesquisas com atletas, detalhando o uso desta substância para indivíduos que às utilizam em academias, apesar de não serem atletas. 2.4 Treinamento Simultâneo: Os atletas envolvidos em diferentes modalidades esportivas e indivíduos fisicamente ativos executam freqüentemente o treinamento de força e o treinamento aeróbio simultaneamente. Entretanto, a combinação destes dois estímulos diferentes pode acabar afetando o desenvolvimento destas duas capacidades físicas (força e capacidade aeróbia). Isto se deve à natureza de ambos estímulos induzir diferentes adaptações energéticas, enzimáticas, neurológicas e de recrutamento de fibras (LEVERITT et. al. (1999); HICKSON (1980) & TANAKA e SWENSEN (1998). Durante o exercício simultâneo o músculo tenta adaptar-se a ambos os estímulos. No entanto, isto não é possível porque as adaptações ao treinamento aeróbio são freqüentemente inconsistentes com as observadas durante o treinamento de força. O treinamento de endurance demonstra aumentar a atividade das enzimas envolvidas em processos oxidativos. No entanto, a atividade destas enzimas pode ser diminuída após o treinamento de força ALBERNETHY e BRIAN (1993). O treinamento de força induz pouca ou nenhuma mudança na atividade dos fosfagênios e das enzimas glicolíticas e oxidativas KRAEMER et. al (2001); TANAKA e SWENSEN (1998) & LEVERITT et. al (1999). Assim, o treinamento simultâneo elicia adaptações enzimáticas diferentes no músculo esquelético, no contraste das adaptações observadas normalmente quando cada modalidade é executada isoladamente POEHLMAN & CRISTOPHER. (1998) & HARE et. al (1999). O recrutamento de fibras musculares durante o exercício aeróbio depende da intensidade do exercício BAKER (2001). O recrutamento preferencial pelas fibras do TIPO I (fibras de contração lenta) ocorre durante atividades de intensidade baixa à moderada. Já o treinamento de força é caracterizado geralmente pelas ações musculares próximas aos níveis máximos de força, na quais todas as fibras musculares dentro do pool específico de cada unidade 12

motora de movimento são recrutadas durante esta atividade BISHOP et al. (1998). Isto sugere que as alterações no recrutamento de unidades motoras podem ser em parte responsáveis para inibição no desenvolvimento durante o treinamento simultâneo. A perda no desenvolvimento de tensão durante o exercício de força é um fator crítico em produzir um bom desempenho de força no treinamento simultâneo MCCARTHY et al. (2001), uma vez que, a tensão suficiente pode não ser gerada durante o componente de força no treinamento simultâneo, um ótimo desenvolvimento de força e adaptações podem não ocorrer BISHOP et al. (1999). Assim, a hipótese aguda sugere que simplesmente executar o treinamento simultâneo de força e endurance, necessariamente causara danos ao desenvolvimento da força TANAKA e SWENSEN (1998). Quando a sessão de treinamento se encontra invertida, e sessões de treinamento de força precedem imediatamente sessões de treinamento de endurance, o desenvolvimento aeróbico tem se demonstrado prejudicado SALE et al (1990). Conseqüentemente, parece que algum formulário de uma atividade precedente produz fadigas residuais que podem reduzir a qualidade de uma atividade subseqüente do treinamento. Isto então nos conduz que o treinamento induz uma inibição normal as respostas adaptativas associadas a uma segunda atividade LEVERITT et al (1999). Dois estudos foram conduzidos para comparar programas simultâneos de treinamento de força e endurance com organizações de sessões de treinamento diferentes. SALE et al (1990) encontraram que o treinamento simultâneo de força e de endurance conduzidos em dias alternados produz maiores ganhos de força do que o treinamento simultâneo executado no mesmo dia. Os participantes nesta investigação executaram o treinamento simultâneo 2 dias por semana. O treinamento de força precedeu o treinamento de endurance em 1 destes dias. A ordem de treinamento foi invertida então no segundo dia. COLINS e SNOW (1992) também compararam 2 programas de treinamento simultâneo que diferiram na seqüência de treinamento. Um grupo executou o treinamento de endurance antes do treinamento de força. Está 13

seqüência foi invertida no outro grupo. No contraste a SALE et al (1990), encontraram que a seqüência do treinamento não teve nenhum efeito no desenvolvimento da força ou do endurance. A freqüência, a intensidade e a duração do treinamento de força e resistência eram iguais para ambos os grupos experimentais neste estudo. No entanto, SALE et al (1990) encontraram que o volume total (peso multiplicado pelo numero de repetições) do treinamento de força executados pelas mesmas condições do dia era menor do que o grupo alternado. Não está claro se as reduções agudas na qualidade do treinamento de força são responsáveis por causar danos no desenvolvimento da força durante o treinamento de força e de endurance TANAKA e SWENSEN (1998); LEVERITT et. al (1999); MCCARTHY et al. (2001) & BISHOP et al. (1998). Algumas causas possíveis de fadiga periférica de forma aguda incluem o acumulo dos metabólicos (fosfato inorgânico, acido lático e amônia) e a depleção dos estoques de energia tais como ATP, creatina fosfato e glicogênio muscular (KRAEMER et. al (2001); LEVERITT et. al (1999); MCCARTHY et al. (2001) & BISHOP et al. (1998). Sugeriu-se que a diminuição do Ph do músculo em conseqüência do acumulo de lactato é a principal causa de fatiga nos exercícios de curta duração ROOKS et al (2002). Os níveis elevados de lactato no plasma são evidentes após o exercício de endurance numa intensidade elevada JUBRIAS et al (2001). O lactato plasmático retorna geralmente aos níveis de repouso aproximadamente 1 hora após a sessão de exercícios POEHLMAN e MELBY (1998). A força se mostrou reduzida após 4h a cessação do exercício de resistência LEVERITT et al (1999). Além disso, a recuperação da força remanesce 25 horas após a atividade de resistência ROOKS et al (2002) & POEHLMAN e MELBY (1998). Assim parece evidente que as reduções da força continuam muito tempo depois que os níveis de Ph retornaram ao normal. Conseqüentemente, é improvável que o acumulo de íons de hidrogênio em conseqüência da produção de acido lático é o mecanismo de fadiga envolvido na hipótese aguda. seria o acúmulo de metabólicos (fosfato inorgânico, acido lático e amônia), no entanto, os níveis de lactato do plasma 14

retornam geralmente aos índices de repouso aproximadamente 1 hora após a sessão de exercícios KRAEMER et. al (2001), está hipótese é refutada, uma vez que, foram encontrados níveis de desempenho reduzidos após 25h dos níveis de lactato serem aumentados LEVERITT et al (1999). Já os estoques de glicogênio muscular durante a atividade aeróbia prolongada são reduzidos de forma significativa. O ponto em que um individuo não pode mais continuar a atividade de endurance está associada com a depleção dos estoques intramusculares de glicogênio (CAREY et al. 2001 & MASSICOTE et al. 1992). Além disso, a capacidade de trabalho durante o exercício de endurance é dependente dos níveis iniciais do glicogênio muscular BERNING (1996). Está parte da importância do glicogênio intramuscular como reserva de energia durante o exercício aeróbio está bem documentada, no entanto, o metabolismo do glicogênio muscular durante a atividade do treinamento de força recebeu pouca atenção na literatura KRAEMER et al (2001) & HICKSON et al. (1988), todavia, o desempenho de força foi potencializado pela ingestão de um suplemento contendo carboidrato durante o exercício CAREY et al. (2001). Assim, seria plausível especular se o exercício de força reduziria os estoques de glicogênio muscular danificando o desempenho do exercício subseqüente de potência aeróbia. 15

III Métodos 3.1 Amostra: foram selecionadas 10jovens mulheres de 18-21 anos (19,6 ± 0,7; peso: 61 ± 7,3 e altura 165,5 ± 8,2) estudantes de educação física do Centro universitário UniFMU, com experiência prévia em treinamento de força por mais de 1 ano. Foi estabelecido como critério de seleção, praticar exercícios de resistência muscular pelo menos três vezes por semana, assim como, exercícios aeróbios com pelo menos 30 minutos de duração a 60% do VO 2max, em dias alternos ou simultâneos. A seleção da amostra foi realizada através de um questionário, no qual foi avaliado o consumo de outros suplementos nutricionais e substâncias controladas. Os experimentos foram conduzidos segundo a resolução específica do Conselho Nacional de Saúde (n o 196/96). Todos indivíduos foram informados detalhadamente sobre os procedimentos utilizados e concordaram em participar de maneira voluntária do estudo, assinando um termo de consentimento informado e proteção da privacidade. 3.2 Procedimentos: os testes foram padronizados tanto para o grupo placebo como para o grupo suplementado com carboidrato. Sendo constituídos de dois exercícios, (1) teste de Cooper e (2) resistência muscular localizada dos membros inferiores (leg-press, 45 de inclinação) realizados em dias diferentes. 3.2.1 Protocolo de teste: Os sujeitos realizaram o teste de Cooper no primeiro dia do experimento, que consistiu de 12 minutos num local demarcado de 50 em 50 metros onde os sujeitos deveriam percorrer a maior distância possível em 12 minutos, com o ritmo constante das passadas durante todo o teste, tendo seu início sob a voz de comando atenção já, acionando-se o cronômetro concomitantemente e o término do teste marcado por um apito, (MATSUDO, V.K 1998) para determinarmos a distância percorrida pelo grupo controle. Após um dia de descanso, a carga máxima foi determinada através de 3 tentativas crescentes no leg-press 45 de inclinação, descrito por DOLEZAL & POTTEIGER (1998). 16

Posteriormente foi calculado o valor percentual equivalente a 60% e 90% da carga máxima para execução das séries de repetição máxima. 3.2.2 Protocolo do experimento: Neste experimento foram realizados exercícios de repetição máxima (executando-se 3 series a 60 % e 3 series a 90% de 1 RM, com intervalo entre as séries de 1 minuto e 30 segundos), seguidos do teste de 12 minutos, em dois dias distintos, recebendo placebo ou carboidrato. 3.2.3 Protocolo de suplementação: a suplementação de carboidrato foi conduzida conforme o modelo duplo-cego. Durante o experimento foram ministradas uma solução placebo (aromatizada com sabor limão) e uma de CHO (6% de maltodextrina) de forma aguda, sendo 500ml de CHO ou placebo, 2 horas antes do experimento e 500ml de solução durante a realização do exercício de resistência muscular localizada. 3.2.4 Determinação da glicemia: a mensuração da glicemia foi realizada antes e depois do exercício de resistência muscular localizada e ao final do teste de Cooper, através do aparelho (Accu-Check Adantage II glicose). Após a preparação do lancetador, pela troca da lanceta a cada teste, obtivemos uma gota de sangue da região lateral da polpa digital, colocando a mesma na curva da tira (tiras de teste Accu-Check Adantage II), obtendo-se o resultado da glicemia em mg/dl, ofertados pelo monitor do aparelho. 3.3 Análise estatística: os dados serão analisados estatisticamente utilizando teste de análise de variância seguido pos teste de Tukey para comparação entre as diferentes condições experimentais (Software GraphPAD). Os resultados estão expressos em média e desvio padrão. 17

IV Resultados Conforme demonstrado na Tabela 1, o número de repetições máximas realizadas nas seis séries do exercício de força (leg-press 45 de inclinação) não foi alterado pela suplementação de carboidrato. Apesar de não significativa, houve uma discreta tendência de aumento na capacidade de repetição máxima (2 a a 5 a séries) durante a ingestão da solução placebo. TABELA 1. Número de repetições máximas em cada uma das series a 60 e 90% - 1RM em ambas condições experimentais (suplementação de carboidrato ou placebo). Variáveis CHO Placebo 1 série (60% - 1RM) 24,2 ± 8,1 23,5 ± 8,73 2 série (60% - 1RM) 17,6 ± 5,9 21,8 ± 7,8 3 série (60% - 1RM) 14,1 ± 3,4 19 ± 6,9 4 série (90% - 1RM) 2,9 ± 2,85 3,9 ± 3,1 5 série (90% - 1RM) 2,4 ± 2,3 3,4 ± 2,6 6 série (90% - 1RM) 3,1 ± 3,6 2,6 ± 2,2 À distância percorrida no teste de Cooper, usada como parâmetro de performance aeróbia, também não sofreu alteração em ambas situações experimentais (ingestão de carboidrato ou placebo) em comparação com o teste 18

inicial de referência, no qual não houve a seção prévia do exercício de forca (Tabela 2). TABELA 2. Distância percorrida no teste de Cooper e valor estimado do Vo 2max obtidos no teste inicial e em ambas condições experimentais (suplementação de carboidratos ou placebo). Variáveis Teste inicial Grupo CHO Grupo placebo Distância teste de Cooper (m) 1938,3 ± 143 1808,6 ± 3,3 1767,3 ± 263,7 VO 2max (ml/kg/min) 31,9 ± 3,2 29 ± 4,5 28,1 ± 5,9 Este resultado indica que o protocolo do exercício de força adotado não foi capaz promover alterações significativas que comprometam o desempenho aeróbio. Ao comparar o resultado obtido no experimento realizado com a ingestão de placebo versus a de ingestão de carboidrato, pode-se notar que a suplementação não exerceu efeito ergogênico sobre o desempenho aeróbio subseqüente ao exercício de força. A glicemia aferida em diferentes momentos do protocolo experimental (antes do exercício de força, durante o exercício de força e depois do teste de Cooper) (Tabela 3), em ambas condições experimentais não foi alterada. TABELA 3. Concentração de glicose no sangue em diferentes momentos do protocolo experimental durante a suplementação de carboidrato ou placebo. 19

Concentração de glicose CHO Placebo (mg/dl) Antes do exercício de força 88,5 ± 14,1 86 ± 5,7 Depois do exercício de força 92,4 ± 18 79,1 ± 7,8 Depois do teste de Cooper 88,9 ± 6,4 84,6 ± 13,4 20

V Discussão A principal finalidade deste experimento foi verificar se o exercício de força realizado previamente era capaz de alterar a potência aeróbia e ainda determinar se a suplementação de carboidrato exerceria efeito ergogênico durante a realização de uma sessão aguda de treino concorrente. Os resultados obtidos são condizentes com as fortes evidências da literatura que sugerem que durante o treinamento concorrente o desempenho da capacidade aeróbia não é prejudicado pela realização prévia do exercício de força (LEVERITT et al (1999); HICKSON (1980); KRAEMER et al (2001) & TANAKA e SWENSEN (1998). O recrutamento preferencial pelas fibras do tipo I (fibras de contração lenta) ocorre durante a atividade aeróbia de intensidade baixa-moderada (BAKER (2001). Já o treinamento de força é caracterizado geralmente pelas contrações musculares próximas ao nível máximo de força, no qual todas as fibras musculares dentro dos pools específicos de cada unidade motora são recrutadas durante esta atividade, especialmente as fibras do tipo IIa e IIb (BAKER (2001) e KRAEMER (2001), isto sugere que as alterações no recrutamento de unidade s motoras podem ser em parte responsáveis para inibição no desenvolvimento da força observado durante o treinamento simultâneo. Contudo, o desgaste é menor nas fibras do tipo I, justificando a manutenção do desempenho na atividade aeróbia BAKER (2001). A atividade precedente produz fadiga residual que pode reduzir a qualidade de uma atividade subseqüente do treinamento. Isto então, reforçam o raciocínio que o treinamento promove uma inibição normal as respostas adaptativas associadas a uma segunda atividade LEVERITT et al (1999). Dois estudos foram conduzidos para comparar programas simultâneos de treinamento de força e endurance com organizações de sessões de treinamento diferentes. Os participantes na investigação de SALE et al (1990) executaram o treinamento simultâneo 2 dias por semana. O treinamento de força precedeu o treinamento de endurance em 1 destes dias. A ordem de treinamento foi invertida 21

então no segundo dia. COLLINS e SNOW (1992) também compararam 2 programas de treinamento simultâneo que diferiram na seqüência de treinamento. Um grupo executou o treinamento de endurance antes do treinamento de força. Está seqüência foi invertida no outro grupo. Em contraste ao estudo de SALE et al (1990), COLLINS e SNOW (1992) observaram que a seqüência do treinamento não teve nenhum efeito no desenvolvimento da força ou da potência aeróbia. A freqüência, a intensidade e a duração do treinamento de força e resistência eram iguais para ambos os grupos experimentais neste estudo, o que condiz com os resultados encontrados no nosso experimento. Não está claro se as reduções agudas na qualidade do treinamento de força são responsáveis por causar danos no desenvolvimento do treinamento aeróbio LEVERITT et al (1999). Mesmo porque o metabolismo do glicogênio muscular durante a atividade do treinamento de força recebeu pouca atenção na literatura (POEHMAN e MELBY (1998) & LEVERITT et al (1999), entretanto a depleção do glicogênio muscular nas diferentes fibras musculares afeta o desempenho das atividades aeróbias, principalmente as de longa duração (CAREY et al (2001) & MASSICOTE et al (1992). Estes dados suportam a hipótese que o protocolo de exercício de força utilizado em nosso estudo não foi capaz de debilitar o estoque intramuscular de glicogênio. Logo, a disponibilidade de CHO como substrato energético não constituiria um fator limitante para a atividade. Isto explicaria a ausência de alteração de desempenho de potência aeróbia pelo consumo de CHO. Outra variável que interfere na realização do treinamento simultâneo e possivelmente a mais importante para explicar a depreciação do desempenho aeróbio pelos participantes não condicionados a estas duas situações, é a capacidade neuro muscular de ativação das unidades motoras MACCARTHY et al (2002). Diversos estudos (LEVERITT et. al. (1999); HICKSON (1980); TANAKA e SWENSEN (1998); COLINS e SNOW (1992); SALE et al (1990) investigaram a interação entre estes dois tipos adversos de treinamento simultâneo de força e endurance, relataram que o treinamento de endurance é o 22

principal fator que interfere com a habilidade neuro muscular do sistema para gerar a força máxima. O treinamento de força promove adaptações no sistema nervoso relacionadas com o desenvolvimento de força. Uma das principais áreas de investigação do treinamento de força focaliza as adaptações na ativação das unidades motoras. Foi sugerido que a danificação do desenvolvimento da força com o treinamento simultâneo, em comparação com o treinamento de força sozinho pode ser relacionada ao alterar a ativação neural associada com as contrações voluntárias máximas (HICKSON (1980); TANAKA e SWENSEN (1998); COLINS e SNOW (1992); SALE et al (1990). Baseado nestes dados da literatura, o possível mecanismo que explicaria a interferência do exercício de força sobre a potência aeróbia em indivíduos não condicionados seria a precoce instalação da fadiga do sistema nervoso, oriunda do exaustivo exercício de força de repetições voluntárias máximas. Embora a maioria das evidências indique que o exercício de força não danifica o desempenho do exercício aeróbio de forma aguda, BAKER (2001) verificou em seu estudo que os indivíduos acostumados a executar o treinamento simultâneo são capazes de se adaptar a tais variáveis de forma simultânea, não as afetando significativamente. Nossos resultados reforçam esta teoria. Provavelmente pelo fato de que alguns dos participantes estavam acostumados a realizar o treinamento concorrente no mesmo dia, não apresentando diferenças de desempenho durante a realização do teste Cooper. Os indivíduos que realizam ambos os treinamentos em dias alternos (conforme verificado pelo questionário) apresentaram uma redução de 22% no subseqüente desempenho de potência aeróbia. 23

VI Conclusão O exercício de força realizado previamente não é capaz de alterar a capacidade aeróbia, apesar de ambos estímulos induzirem diferentes adaptações fisiológicas. Embora este fato esteja descrito na literatura se faz necessários novos estudos que investiguem o nível de condicionamento dos participantes de atividades concorrentes, pois os grupos acostumados a realizar o treinamento simultâneo parecem não apresentar prejuízo de desempenho para o exercício subseqüente. No presente estudo, a suplementação de CHO não foi capaz de aumentar o desempenho no exercício aeróbio subseqüente ao exercício de força. É de extremo interesse investigar o metabolismo do glicogênio muscular durante o treinamento concorrente realizado de forma aguda. Ainda são necessários estudos adicionais para acessar o papel da suplementação de CHO durante o exercício concorrente. Outros modelos experimentais com protocolos de exercício de força com maior volume ou manipulações dietéticas com restrição de CHO, que causam drástica redução no conteúdo de glicogênio, precisam ser testadas. 24

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