GIULLIANA CHRISTINA JANOSKI FALCONE RENATA HASHITANI EFICIÊNCIA DO BIM NA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS E PLANEJAMENTO DE OBRAS



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Transcrição:

GIULLIANA CHRISTINA JANOSKI FALCONE RENATA HASHITANI EFICIÊNCIA DO BIM NA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS E PLANEJAMENTO DE OBRAS SÃO PAULO 2013

2 GIULLIANA CHRISTINA JANOSKI FALCONE RENATA HASHITANI EFICIÊNCIA DO BIM NA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS E PLANEJAMENTO DE OBRAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Orientador: Prof Me. Társis Rafael S. Travassos Oliveira SÃO PAULO 2013

3 GIULLIANA CHRISTINA JANOSKI FALCONE RENATA HASHITANI EFICIÊNCIA DO BIM NA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS E PLANEJAMENTO DE OBRAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Trabalho em: de de 2013. Profº Me. Társis Rafael S. Travassos Oliveira Nome do professor da banca Comentários:

4 RESUMO Este trabalho tem como objetivo apresentar a plataforma BIM (Building Information Model ou Building Information Modeling) e suas principais vantagens e desvantagens na compatibilização de projetos, planejamento e levantamento quantitativo de materiais para orçamento de obra. O estudo de caso elaborado e as repostas das entrevistas com profissionais da área da construção civil permitiram identificar os principais desafios e benefícios da implantação do BIM nas empresas nacionais. Palavras Chave: BIM, PROJETO, SOFTWARE, REVIT

5 ABSTRACT This work aims to present the platform BIM (Building Information Model or Building Information Modeling) and its main advantages and disadvantages in the consistency of projects, planning and quantitative survey of materials for budget work. The case study elaborated and the answers obtained with professionals in the construction industry allowed the identification of the main challenges and benefits of deploying BIM national companies. Key words: BIM, DESIGN PROJECT, SOFTWARE, REVIT

6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Integração entre as áreas dentro de uma construtora... 16 Figura 2 - Projeto elaborado no programa AutoCAD... 22 Figura 3 - Etapas principais do projeto estrutural... 23 Figura 4 - Revit Architecture... 24 Figura 5 - Revit Structure... 24 Figura 6 - Revit MEP... 25 Figura 7 Robot Autodesk... 26 Figura 8 - MS-Project... 27 Figura 9 - Navisworks Manage... 27 Figura 10 Nível de atividades dos grupos de processos de gerenciamento... 32 Figura 11- Comparativo andamento por competência X Físico, Físico Financeiro X Andamento Físico Real... 33 Figura 12 Interface BIM... 41 Figura 13 Interface BIM... 42 Figura 14 Modelo AutoCAD Planta baixa Arquitetura... 45 Figura 15 Modelo AutoCAD Corte AA Arquitetura... 46 Figura 16 Modelo AutoCAD Elevação Arquitetura... 46 Figura 17 Modelo AutoCAD Planta baixa de estrutura... 47 Figura 18 Modelo Revit Architecture... 49 Figura 19 Modelo Revit Architecture... 49 Figura 20 Modelo Revit Architecture... 50 Figura 21 Modelo Revit Architecture... 50 Figura 22 Modelo Revit Architecture... 50 Figura 23 Modelo Revit Architecture... 51 Figura 24 Modelo Revit Architecture... 51 Figura 25 Cronograma de levantamento quantitativo... 53 Figura 26 - Planta baixa de arquitetura... 54 Figura 27 Corte AA... 55 Figura 28 Caderno de detalhes... 55 Figura 29 Tipologia de esquadria de madeira 1... 57

7 Figura 30 Tipologia de esquadria de madeira 2... 57 Figura 31 - Detalhamento viga de borda... 61 Figura 32 Levantamento quantitativo gerado automaticamente por pavimento... 62 Figura 33 Resumo Levantamento quantitativo gerado automaticamente... 63 Figura 34 Comparativo plataformas... 64 Figura 35 - Uso da plataforma BIM pelos entrevistados... 65 Figura 36 Softwares da plataforma BIM utilizados pelos entrevistados... 66 Figura 37 - Departamentos beneficiados pela plataforma BIM... 67 Figura 38 Desafios para implantação do BIM... 68

8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Conjunto de conhecimento do gerenciamento de projetos... 35 Tabela 2 - Critério de desconto de vãos < 2,0m.... 37 Tabela 3 - Critério de desconto de vãos 2,0m<vão<4,0m... 38 Tabela 4 - Critério de desconto de vãos>4,0m.... 38

9 SUMÁRIO p. 1 INTRODUÇÃO... 11 1.1 Objetivos... 13 1.2 Justificativas... 14 1.3 Abrangência... 17 2 MÉTODO DE TRABALHO... 19 3 MATERIAIS E FERRAMENTAS... 20 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 21 4.1 Programas computacionais utilizados na Engenharia Civil... 21 4.1.1 Softwares de projetos da Plataforma BIM... 21 4.1.2 Softwares de planejamento da plataforma BIM... 26 4.2 Gerenciamento de arquivos eletrônicos... 28 4.2.1 SADP... 28 4.2.2 AutoDOC - Projetos... 28 4.3 Planejamento em Obras residenciais verticais... 29 4.3.1 Novos negócios... 29 4.3.2 Produto e Projetos... 29 4.3.3 Incorporação... 30 4.3.4 Orçamentos... 30 4.3.5 Suprimentos... 31 4.3.6 Execução... 31 4.3.7 Planejamento... 31 4.3.8 Controle... 32 4.3.9 Pós-Obra... 33 4.4 Gestão de projetos... 34 4.4.1 Conhecimento técnico... 34

10 4.4.2 Processos... 34 4.4.3 PMBOK Project Management Body of Knowledge... 35 4.5 Levantamento quantitativo... 36 4.5.1 Domínio de leitura de projetos... 36 4.5.2 Exportação de dados de projetos para quantitativo.... 36 4.5.3 Conhecimento de critérios de contração no mercado da construção civil... 36 4.5.4 Critério de descontos de vãos, análise com mão-de-obra.... 37 4.6 BIM... 39 4.6.1 Evolução do BIM... 39 4.6.2 Modelos do BIM... 42 5 ESTUDO DE CASO... 44 5.1 Apresentação do modelo... 44 5.2 Desenho bidimensional... 45 5.3 Desenho tridimensional... 48 5.4 Levantamento quantitativo padrão... 52 5.4.1 Levantamento de Esquadrias... 53 5.4 Levantamento de Esquadrias de Madeira (Anexo D):... 56 5.4.3 Levantamento de Alvenaria (Anexo F):... 59 5.4.3 Levantamento de Acabamento interno (Anexo G):... 59 5.5 Análise dos resultados... 62 5.6 Entrevistas... 65 6 CONCLUSÃO... 69 REFERÊNCIAS... 71 APÊNDICE A... 75 ANEXO A... 76

11 ANEXO B... 77 ANEXO C... 78 ANEXO D... 79 ANEXO E... 80 ANEXO F... 81 ANEXO G... 82 ANEXO H... 83 ANEXO I... 84 1 INTRODUÇÃO

12 O avanço da Tecnologia da Informação proporciona inúmeros benefícios à sociedade, especialmente no campo das Engenharias. Os novos sistemas e programas computacionais favoreceram o processo de criação e de desenvolvimento de projetos. A partir da década de 80, principalmente após o lançamento do programa AutoCAD, há uma evolução dos desenhos técnicos, os quais eram desenhados nas pranchetas e foram substituídos pelas ferramentas computacionais. Na Engenharia Civil, uma obra para ser executada necessita dos projetos executivos de diversas áreas, como Arquitetura, Fundação, cálculo de Estrutura, Instalações elétricas, hidráulicas, dentre outros. Portanto, existem diversas pranchas de desenhos cada qual com informações e detalhamentos necessários para execução de determinado sistema. No entanto, como cada projeto possui o seu respectivo projetista, as informações entre todos os desenhos nem sempre são compatíveis, gerando dúvidas durante a execução, atraso no cronograma de obra e estouro no orçamento. Desta maneira, pode-se afirmar que apesar dos benefícios proporcionados pelo AutoCAD, a compatibilização dos projetos vetoriais é feita manualmente por profissional habilitado, através da sobreposição de arquivos e análises de planta, corte, fachada e detalhamentos. Ou seja, a análise dos desenhos depende da capacidade do profissional, da leitura do projeto e compreensão dos dados e do conhecimento técnico para a correta interpretação. Diante das corriqueiras falhas de compatibilização, uma alternativa utilizada atualmente pelos profissionais da área, é o uso de programas que projetam em 3D, fornecendo a largura, altura e profundidade dos objetos. Inicialmente, a arquitetura emite o modelo tridimensional e todas as demais disciplinas trabalham em uma mesma base, com programas específicos e compatíveis entre si. Este processo está sendo expandido pelas construtoras e incorporadoras visando minimizar erros de compatibilização e aumentar a produtividade da obra.

13 Conhecido como plataforma BIM (Building Information Model ou Building Information Modeling) que significa tanto modelo de informação da construção quanto modelagem de informação da construção, trata-se de um conjunto de informações geradas e mantidas durante todo o ciclo de vida do empreendimento. É uma abordagem atualizada para a gestão de projeto e planejamento da construção. Reunindo todos os projetos de todas as áreas em um único modelo de três dimensões, o BIM oferece não apenas um modelo visual do edifício, mas também um conjunto de informações multidisciplinares sobre o empreendimento, abrangendo concepção do projeto, orçamento, planejamento, construção e até a fase de uso. É possível ainda detectar antecipadamente as incompatibilidades construtivas, além de gerar quantitativos automáticos dos materiais e dados sobre custos e prazos de execução. 1.1 Objetivos

14 Levantar os processos, sistemas de planejamento e controles utilizados no mercado da Construção Civil nas áreas de projeto, orçamento e execução de obras. Objetivos Gerais Estudar a evolução dos softwares para desenvolvimento de projetos e planejamento de obra e os benefícios proporcionados pela tecnologia da informação na Engenharia Civil. Analisar a importância da gestão de projetos e planejamento de obra desde a concepção inicial até a execução e manutenção da edificação. Objetivos Específicos Compreender as vantagens e desvantagens da plataforma BIM e identificar as principais dificuldades para implantação nos escritórios de projetos, construtoras e incorporadoras, bem como diagnosticar a real situação desta ferramenta nas empresas nacionais. Desenvolver um estudo de caso com a modelagem tridimensional e comparar com o sistema manual de levantamento de dados no desenho bidimensional. 1.2 Justificativas

15 A evolução da construção civil deriva de progressos em áreas do conhecimento relativos à Ciência e Tecnologia que proporcionaram o crescimento da civilização como um todo. No final do século XVIII, a Engenharia Civil no Brasil iniciou suas atividades de forma não regulamentada no período colonial com a construção de fortificações e igrejas. No século XIX, no ano de 1858, a Escola Central se instalou no Rio de Janeiro e destinou-se à formação exclusiva de engenheiros. Em 1874, foi criada a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, consolidando o ensino da Engenharia no Brasil. A partir desta escola novos cursos surgiram, expandindo o conhecimento na área de Engenharia em todas as partes do país (ESCOLA POLITÉCNICA UFRJ, 2013). Este setor de extrema importância para economia do país ainda apresenta falhas em seus processos de gestão, pois depende de uma série de informações geradas por diversos profissionais, demandando assim a utilização e criação de ferramentas que proporcionem maior agilidade e assertividade no processo de gestão. Atualmente, as metas das incorporadoras e construtoras estão focadas principalmente no atendimento ao prazo de entrega da obra ao cliente e ao custo de execução dentro do orçamento previsto. Porém, estas duas metas para serem alcançadas necessitam de uma boa visão técnica, ou seja, qualidade do produto desde a concepção inicial, análise técnica e criteriosa de projetos, orçamento detalhado, controle de qualidade, suprimentos integrado e gestão de Obra e Pós- Obra. Portanto, para o sucesso ser alcançado, deve-se analisar o produto e qual o público alvo, como será elaborado e qual o valor de mercado, quem executará e qual o custo dos serviços utilizados, seguir o plano projetado e obter medição com a evolução da obra e solucionar pendências após entrega ao cliente. O processo dentro das incorporadoras está relacionado com uma boa concepção do projeto desde a fase de ante-projeto, com padrões e soluções pré-estabelecidos e bem concebidos, conhecidos por todos da área técnica (Engenharia) como da estética e funcionalidade (Arquitetura). Portanto, deve-se ter uma sincronia máxima

16 entre as áreas, pois somente com a integração é possível ter o histórico completo com as soluções adotadas e antecipar os problemas que possam ocasionar atraso no cronograma ou estouro no orçamento. Enfim, um bom planejamento é essencial para que os objetivos sejam atingidos e as metas arrojadas sejam alcançadas. A Ilustração 1 demonstra a integração das diversas áreas dentro de uma construtora e como a interface com o planejamento é essencial para atingir aos objetivos propostos. Figura 1 - Integração entre as áreas dentro de uma construtora Fonte: Autoras (2013) Dentro da área técnica de Engenharia, uma das principais áreas é o Departamento de Projetos que consiste principalmente na análise e gestão dos projetos multidisciplinares que constituem o empreendimento. Este departamento é responsável pela qualidade e compatibilização das informações dos projetos, desde a concepção inicial até a finalização da etapa dos projetos executivos. A compatibilidade das informações é de extrema importância, pois estuda, antecipa e soluciona possíveis interferências entre os sistemas de uma edificação. Frequentemente durante a execução de obra, o erro de projeto, incompatibilidade de

17 informação ou falta de detalhamento gera dúvidas na execução, podendo ocasionar atraso no cronograma, re-trabalho e prejuízo financeiro. Atualmente, os escritórios utilizam o desenho vetorial, como o AutoCAD, para elaboração dos projetos e a compatibilização é feita pela sobreposição dos desenhos de plantas e cortes. A planta arquitetônica define a dimensão dos ambientes, o calculista dimensiona os elementos estruturais e as instalações indicam o caminhamento e dimensionamento necessário para o sistema. Neste contexto, o processo BIM é revolucionário por possibilitar a modelagem tridimensional, colaborando com a compatibilização, uma vez que as disciplinas são desenhadas sobre o mesmo modelo e os atributos dos elementos são armazenados em um único projeto. Além de melhorar a integração dos projetos, os softwares possibilitam o armazenamento de banco de dados utilizados tanto para levantamento quantitativo de materiais como para simulação da construção, operação e manutenção da edificação. Desta forma, a integração dos projetos multidisciplinares, resulta na melhoria da qualidade, em prazos reduzidos, e evita re-trabalhos ocasionados por erros e problemas de interferência entre sistemas. 1.3 Abrangência

18 Estudar os processos de gestão, compatibilização de projetos e levantamentos quantitativos de materiais em edifícios residenciais, através da experiência profissional na construção civil no ramo de Incorporação e Construção. O estudo de caso compreende um edifício residencial, padrão econômico, de 5 (cinco) pavimentos, sendo térreo e mais quatro pavimentos-tipo. O apartamento modelo é composto por sala, dois dormitórios, cozinha, área de serviço e banheiro. O pavimento é composto de 4 (quatro) unidades por andar com revestimento do piso e paredes das áreas molhadas em cerâmica. Nas áreas secas o revestimento é em pintura acrílica e piso em laje acabada. As louças cerâmicas foram representadas nos banheiros e nas áreas de serviço. A cobertura da edificação é em laje impermeabilizada com platibanda, revestimento externo em textura acrílica e esquadrias nas dimensões padrões de mercado, sem especificação de fornecedor ou modelo dos insumos. As disciplinas projetadas no estudo de caso, no desenho bidimensional e tridimensional, compreendem: Arquitetura, Estrutura e instalações hidráulicas e elétricas. O estudo de caso não amplia a análise para projeto de paisagismo, impermeabilização, esquadrias, ar-condicionado, pressurização, vedação, exaustãomecânica, decoração, drenagem e infraestrutura do terreno. O intuito do modelo se limita ao aprendizado acadêmico, para conhecimento das vantagens e dificuldades da modelagem em três dimensões nos programas Revit Architecture, Revit Structure e Revit MEP. Este modelo não apresentará as informações e detalhamentos necessários em um projeto executivo. O trabalho não contemplará o sistema de gestão e análises para as obras de grande porte e edifícios comerciais.

19 2 MÉTODO DE TRABALHO Fazer um levantamento bibliográfico, ou seja, pesquisar em diversas fontes já existentes dados e informações relacionadas ao tema proposto que serão usados como referência no trabalho. Organizar e selecionar as informações obtidas através da pesquisa classificando-as e filtrando aquelas que realmente estão dentro do escopo. Planejar a elaboração do trabalho analisando o prazo e a qualidade, subdividindo as tarefas e objetivos entre os colaboradores visando o cumprimento das tarefas. Participação dos componentes em palestras e cursos referentes à plataforma BIM e ao software Revit, no mês de Julho/2013. No planejamento do método de trabalho, uma das metas é aprender a manipular os softwares Revit Architecture e Revit Structure para desenvolver o estudo de caso, explorando as ferramentas do programa e as interfaces com demais programas da plataforma BIM. Elaborar o estudo de caso no programa AutoCAD (desenho 2D) e levantamentos quantitativos utilizando o programa Excel. Extrair no Revit estes mesmos dados para análise. Os componentes deste trabalho investirão financeiramente em equipamentos adequados para que haja a elaboração do projeto para o estudo de caso. Ao estudar a plataforma BIM e levantar seu histórico foram elaborados questionários para entrevistar profissionais em empresas que implantaram ou irão implantar esta tecnologia. As informações obtidas através das pesquisas geraram informações concretas para o comparativo e dados estatísticos. Interpretar as informações geradas e elaborar conclusões referentes ao caso proposto e verificar a funcionalidade do software em questão.

20 3 MATERIAIS E FERRAMENTAS Inicialmente, o software para desenvolver as plantas bidimensionais foi o AutoCAD da Autodesk. As ferramentas do programa utilizadas foram: Comandos de construção; Comandos de modificação; Comandos de visualização; Comandos de textos, hachuras; Comandos de representações gráficas. O relatório de compatibilização foi realizado no programa Word da Microsoft em formato de texto. O levantamento quantitativo inicial foi realizado da forma convencional, ou seja, extraindo dimensões das plantas do AutoCAD 2D e exportando os dados para uma planilha do Excel da Microsoft. No estudo de caso foram utilizados os programas Revit Architecture e Revit Structure com o uso principalmente das ferramentas abaixo: Suporte as extensões de arquivos DWG, DXF, DWF e DGN; Associatividade bidimensional; Quantitativos de materiais; Detecção de interferências; Componentes paramétricos; Compartilhamento de trabalho. Foram realizadas entrevistas presenciais ou através de questionário eletrônico com profissionais da área. Presença das autoras em palestras relacionadas ao tema.

21 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Pesquisas de textos e artigos relacionados ao tema para compreender o histórico e evolução da plataforma BIM, principalmente para a gestão de projetos e planejamento de obras e dos softwares relacionados à construção civil. 4.1 Programas computacionais utilizados na Engenharia Civil 4.1.1 Softwares de projetos da Plataforma BIM Com o uso da tecnologia da informação, cria-se uma modelagem com banco de dados em uma única base tridimensional. Tal modelagem é composta por diversos softwares que proporcionam agilidade na produção e minimiza erros e apresenta um melhor resultado. Este processo baseado em um modelo computacional inclui aspectos geométricos no espaço, propriedades de seus componentes e respectivas quantidades. Há uma grande quantidade de softwares que integram a plataforma BIM, sendo abaixo descritos alguns dos principais programas, tais como Scia Engineer, Allplan, Bentley Architecture, VectorWorks, Archicad, Revit, TQS, AutoCAD, Robot, dentre outros. O Scia Engineer concentra suas ferramentas para dimensionamento e elaboração dos projetos de estruturas metálicas, em concreto armado ou protendido, alumínio ou madeira sempre em modelagem tridimensional (NEMETSCHEK, 2013). O Allplan possui detalhamento de estrutura de concreto sendo utilizado como apoio aos projetos arquitetônicos ou estruturais (NEMETSCHEK, 2013). O Bentley Architecture, o VectorWorks e o Archicad são softwares capazes de criar protótipos de edifícios virtuais em rápida projeção, obtendo formas e curvas com alto grau de complexidade estimulando a liberdade de criação dos arquitetos (NEMETSCHEK, 2013).

22 O AutoCAD, da empresa Autodesk, é um software tipo CAD que significa computer aided design ou desenho auxiliado por computador, e é amplamente utilizado para projetos nas diversas áreas de engenharia e arquitetura. O AutoCAD 2D possui como base o desenho vetorial, com comandos de precisão que auxiliam nos detalhamentos típicos de projeto. Já o recurso 3D possibilita a modelagem tridimensional com ferramentas de renderização e permite a exploração e variações de forma e acabamentos da edificação (AUTODESK, 2013). Figura 2 - Projeto elaborado no programa AutoCAD Fonte: Autoras (2013)

23 O TQS é amplamente utilizado para elaboração de projetos de estruturas de concreto armado, alvenaria estrutural e de elementos pré-moldado. Este programa auxilia o engenheiro calculista desde a concepção inicial até os detalhamentos executivos. O TQS fornece uma boa análise, dimensionamento e detalhamento estrutural dos projetos (AUTODESK, 2013). Figura 3 - Etapas principais do projeto estrutural Fonte: TQS Informática (2013) O Revit foi o primeiro programa de modelagem de edifício paramétricos no mercado e revolucionou a indústria de softwares para a construção civil. Foi criado em 1997 por um grupo de formando do MIT (Massachussets Institute of Technology) e em 2002 foi comprado pela AutoDesk (ROFNER, FERREIRA, 2011). O Revit possui programas específicos para as disciplinas de Arquitetura (Revit Architecture), estrutura (Revit Structure) e instalações prediais (Revit MEP).

24 Figura 4 - Revit Architecture Fonte: Arquitetablog Figura 5 - Revit Structure Fonte: Autodesk (2013)

25 Figura 6 - Revit MEP Fonte: Autodesk (2013) O programa Robot, da empresa AutoDesk, oferece aos engenheiros calculistas ferramentas avançadas para análise e simulação de estruturas complexas e de grandes dimensões. Uma das vantagens desta ferramenta é a interoperabilidade com o Revit Structure. O Robot proporciona aos profissionais da aérea a produção genérica em larga escala, contemplando projetos, documentos, criação de detalhes, simulações, análises e construção (AUTODESK, 2013).

26 Figura 7 Robot Autodesk Fonte: Autodesk (2013) 4.1.2 Softwares de planejamento da plataforma BIM Os softwares de planejamento auxiliam o acompanhamento da execução das atividades da área de projetos, execução de obra e controle de custo. O uso desta ferramenta permite o maior controle e melhor gestão para o cumprimento do prazo e orçamento previsto. O MS-Project da Microsoft é amplamente utilizado para planejamento e gestão de projetos e obra, e apresenta diversas ferramentas como datas e períodos de duração, identificação das tarefas críticas e Gráfico de Gantt (MICROSOFT, 2013). O Microsoft Project 2000 é uma ferramenta que trabalha de maneira cooperativa. Permite a execução de orçamentos vinculados ao planejamento e acompanhamento de obras utilizando para isso programas com diagramas de precedência. Esse recurso permite a avaliação da sequencia de execução da obra em linha de balanço, o que facilita a

27 integração das tarefas. Facilita o dimensionamento de todas as equipes para a execução das tarefas e da empresa, assim como o controle de prazos e avaliação da mão-de-obra (RODRIGUES, 2002). Figura 8 - MS-Project Fonte: Gerente de projeto (2013) O Navisworks Manage e Navisworks Simulates, da AutoDesk, auxiliam a coordenação do projeto pois possuem ferramentas de simulação, resolvendo conflitos e planejando os projetos antes da execução. O Navisworks Manage permite o controle dos resultados com as avançadas ferramentas de coordenação, análise 5D e simulação (AUTODESK, 2013). Figura 9 - Navisworks Manage Fonte: Autodesk (2013)

28 4.2 Gerenciamento de arquivos eletrônicos 4.2.1 SADP A sigla SADP significa Sistema de Armanezamento de Dados de Projeto, e trata-se de uma plataforma eletrônica de armazenamento de dados presentes em empresas da construção civil. Esta ferramenta foi desenvolvida pela empresa Sistrut e oferece suporte ao gerenciamento e coordenação dos projetos. Pode-se subdividir o SADP em três partes: Armazenamento de arquivos; Base de dados; Colaboração. De acordo com a Sistrut, a empresa que desenvolveu o SADP: O sistema é baseado na Internet para que os documentos sejam de livre acesso aos cadastrados em qualquer dia ou horário. Todo o sistema de base de dados e armazenamento de arquivos é controlado por uma série de programas. [...] A segurança do sistema é baseada no fato de que os arquivos armazenados na área privada do cliente, não podem ser endereçados diretamente por endereço IP (endereço de internet). Isto obriga a que somente o cliente e os usuários por ele cadastrados no sistema tenham acesso a estas informações / arquivos (SISTRUT, 2013). 4.2.2 AutoDOC - Projetos Assim como o SADP, trata-se de uma plataforma eletrônica para armazenamento de dados e de colaboração online para a Gestão de Projetos. Integra todas as disciplinas para que os envolvidos nos projetos trabalhem com a versão atualizada dos documentos (AUTODOC, 2013).

29 4.3 Planejamento em Obras residenciais verticais 4.3.1 Novos negócios A área de Novos Negócios é responsável pela compra do terreno no qual será concebido o produto. Os profissionais que a compõe devem possuir vasto conhecimento em mercado imobiliário, pois é nesta fase do planejamento que se define a viabilidade do orçamento da obra e a tipologia do produto que será implantado na região analisada. Neste setor concentra-se um fator de extrema importância para empresa do mercado imobiliário: o Valor Geral de Vendas (VGV). O VGV é um valor calculado pela soma do valor potencial de venda de todas as unidades de um empreendimento a ser lançado. Este valor é um dos indicadores de viabilidade, ou não, do empreendimento no terreno comprado. 4.3.2 Produto e Projetos A área de Produto é responsável pela tipologia do empreendimento, pela funcionalidade da planta, pela estética da fachada e pela qualidade das áreas comuns. Este departamento possui uma boa integração com a área de Novos Negócios para que o produto atenda ao valor do VGV estipulado. Os novos produtos são discutidos com a área de Projetos para que os empreendimentos atendam as exigências dos Órgãos Públicos e as Normas técnicas vigentes. A etapa do Projeto Legal para aprovação na Prefeitura é de responsabilidade de Produto juntamente com o arquiteto de autoria do projeto. Já a área de Projetos é responsável pela gestão dos projetos multidisciplinares e atua na concepção do produto até o projeto executivo. O cronograma de projetos para liberação dos executivos para a obra faz parte do escopo deste departamento.

30 A área de Orçamentos depende diretamente deste cronograma, pois a evolução dos projetos influencia diretamente o andamento do mesmo. Quanto mais evoluído e detalhado o projeto proporcional é a assertividade do custo real da Obra. 4.3.3 Incorporação Após a viabilidade do empreendimento na área de Novos Negócios a responsabilidade de elaboração do produto é transferida para Incorporação e Projetos. Os projetos de arquitetura, paisagismo e decoração de interiores do empreendimento, como o Stand de Vendas e Decorado dos apartamentos são o espelho desta área. Trabalhando com o marketing da empresa qualifica-se como um bom incorporador aquele que ao lançar o empreendimento no mercado as vendas atinjam 100% das vendas em um intervalo muito baixo, que ao ser analisado deve-se levar em consideração vários aspectos da economia do país e global (IMÓVELSJC, 2013). 4.3.4 Orçamentos O departamento de Orçamentos pode ser definido como a determinação dos gastos necessários para a realização de um projeto, de acordo com um plano de execução previamente estabelecido e gastos traduzidos em termos quantitativos. Esta área participa desde a concepção do projeto, ou seja, de sua viabilidade até o início da obra e seu apoio é fundamental para os demais setores de uma empresa. Setores esses de projetos, planejamento, suprimentos, incorporação e execução de Obras. Esta equipe pode ser terceirizada ou um departamento interno da empresa e suas tarefas exigem boa interpretação de projetos, transformações de tais informações em quantitativos, conhecimento de preços e mercado empreitado, dentre outros.

31 4.3.5 Suprimentos Esta área possui a responsabilidade de contratação e distribuição equalizada dos insumos que compõem uma determinada obra, sejam eles materiais ou serviços específicos. A logística de tais insumos possui uma interface direta com o orçamento da obra e a Obra, pois um bom colaborador visa diminuir o custo dos materiais para obter um maior lucro para empresa, proporcionando uma redução do custo raso da Obra analisada. Esta área esta diretamente interligada com o resultado da obra e seus empreiteiros, ou seja, a produção física-financeira. 4.3.6 Execução Quando se fala no termo execução, entende-se a operação que é exatamente a consolidação do planejamento do pré-obra. Os apoios como projetos, orçamento e suprimentos que compõem o planejamento dos empreendimentos devem prestar assistência para a obra, proporcionando melhor controle e qualidade dos resultados prospectados. Os profissionais destas áreas devem possuir conhecimento de todas as áreas mencionadas acima, pois sem a gestão da execução e controle dos custos, o resultado poderá ser um fracasso quanto ao retorno esperado (DELLA SCIENZA, 2013). 4.3.7 Planejamento O planejamento pode ser interpretado como a previsão e organização de tarefas a serem executadas em uma determinada data com objetivo de minimizar os riscos de produção.

32 São analisados diversos aspectos e características do produto, como por exemplo, a definição de quando ocorrerá e quais os recursos e sistemas construtivos praticados ao executá-los. Elabora-se, portanto, uma estratégia otimizada para execução do mesmo proporcionando um alto desempenho e retorno para o investidor. É de extrema importância na integração entre áreas de uma construtora, pois o mesmo participa desde a concepção do produto até a elaboração e execução da Obra, portanto é apoio das áreas como Orçamentos, Projetos, Suprimentos, Obra e Controle de Custos (ENGENHARIA, 2013). Figura 10 Nível de atividades dos grupos de processos de gerenciamento Fonte: (XAVIER, 2005, p.26) 4.3.8 Controle O controle ocorre à partir do momento que a produção do produto efetivamente tem início e seu orçamento como planejamento já estão finalizados, no qual o comparativo entre o planejado e o executado em termos de prazo e custos são analisados.

33 Figura 11- Comparativo andamento por competência X Físico, Físico Financeiro X Andamento Físico Real Fonte: Autoras (2013) Na construção civil este comparativo é feito através do INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) possuindo, portanto uma variação econômica no mercado brasileiro. Analisa-se o andamento físico utilizando softwares como o MS-Project. Este recurso retrata se houve ou não um bom planejamento do empreendimento nas fases preliminares (ENGENHARIA, 2013). 4.3.9 Pós-Obra Ao finalizar uma Obra a incorporadora visa à satisfação de seus clientes, e logo organiza e agenda as entregas dos imóveis para seus efetivos proprietários. Após a entrega dos mesmos o setor responsável pela assistência ao cliente deve estar presente na manutenção do empreendimento, prestando serviços e definindo assim a responsabilidade de assistência técnica pós Obra. A construtora é responsável pelos vícios ocultos que ocorrer ao utilizar o imóvel, e a área responsável deve corrigir os danos e reclamações dos proprietários (CIVIL, 2013).

34 4.4 Gestão de projetos A gestão de projetos é realizada por profissionais habilitados com conhecimento em diversas disciplinas, nas normas técnicas e nas legislações vigentes visando à qualidade dos projetos. Esta equipe pode ser terceirizada ou um departamento interno da empresa, e é responsável pelas atualizações das informações dos projetos entre as diversas áreas e com os colaboradores terceirizados, garantindo a confiabilidade das informações. 4.4.1 Conhecimento técnico O profissional de gestão de projetos deve ter um conhecimento multidisciplinar para que compreenda as plantas de todas as disciplinas como um todo, evitando incompatibilidade de informações e proporcionando um possível desgaste durante a execução da obra. Portanto, deve conhecer técnicas de fundação, detalhamento de esquadrias, revestimentos internos e externos, sistemas construtivos, dentre outros. Este profissional deve compreender a leitura de plantas e desenhos técnicos para que responda as dúvidas técnicas referentes à execução. Desta forma, o BIM auxilia este departamento na compatibilização de projetos ao desenvolver os modelos tridimensionais e identificando possíveis interferências entre os sistemas. 4.4.2 Processos A equipe de gestão de projetos atua com um ciclo de gerenciamento que depende do fluxo dos processos de cada empresa. Um guia amplamente utilizado pelos profissionais de gerenciamento de projetos para definição dos processos é o Guia PMBOK (Project Management Body of Knowledge).

35 Desta forma, o ciclo inicia normalmente com a concepção do produto e finaliza na etapa de projeto executivo, passando pelas análises do projeto básico, ante-projeto, pré-executivo, dentre outros. As divisões das etapas e respectivas denominações dependem de cada empresa. Durante as diversas etapas dos projetos são realizadas reuniões de compatibilização com os projetistas e análises críticas como check-lists e emissões de relatórios técnicos. 4.4.3 PMBOK Project Management Body of Knowledge O Guia PMBOK, publicado pelo Project Management Institute (PMI) identifica um conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. A primeira versão do PMBOK foi lançada em 1996, com atualização da segunda edição em 2000 e a terceira em 2004. Em 2013 foi lançada a quinta edição em Inglês, e até o momento sem tradução para o Português. O Quadro 4.1 apresenta o conjunto de conhecimentos do gerenciamento de projetos. Tabela 1 Conjunto de conhecimento do gerenciamento de projetos Fonte: (XAVIER, 2005, p.32)

36 4.5 Levantamento quantitativo 4.5.1 Domínio de leitura de projetos O levantamento quantitativo é a base fundamental de um orçamento, portanto, se este estiver incorreto, não haverá precisão no orçamento da obra, e as possibilidades de não atingimento da meta aumenta. Um orçamentista deve possuir uma boa leitura de projeto, pois sem a mesma os dados gerados não serão compatíveis aos projetos executivos. A leitura de projetos engloba projetos de arquitetura, estrutura, instalações, paisagismo, impermeabilização, entre outros. 4.5.2 Exportação de dados de projetos para quantitativo. Ao mapear todo o projeto alimentam-se planilhas de levantamento quantitativo que espelham as características do produto. Planilhas em Excel subdivididas, por exemplo, em esquadrias, alvenaria, acabamento interno, paisagismo, impermeabilização, fachada, entre outros. 4.5.3 Conhecimento de critérios de contratação no mercado da construção civil. A tipologia de medição e/ou contratação dos materiais e serviços devem ser conhecidos ao iniciar os levantamentos, pois as quantidades e critérios devem ser conforme a empreitada do mesmo. Na engenharia civil, por exemplo, a massa de fachada é contratada através de panos e faixas, ou seja, o levantamento deve retratar o mesmo conceito de contratação (PINI, 2013).

37 4.5.4 Critério de descontos de vãos, análise com mão-de-obra. Ao levantar as quantidades são gerados dois números, sendo um referente ao quantitativo do material e o outro de mão-de-obra. No caso da alvenaria, acabamento interno consideram-se critérios para desconto de vão, ou seja, uma parede sem vãos terá a quantidade de mão-de-obra igual ao do material. No caso em que a parede tenha vãos, a quantidade de mão-de-obra será diferente do material. Ao se descontar a área de um vão para obtenção da área de mão-de-obra, a Engenharia obtém o resultado através do critério PINI. Ou seja, respeitando a seguinte condição: - para vão menor que 2,0m²: o quantitativo de mão de obra não desconta a área o vão. Portanto, a quantidade da mão-de-obra será superior a de material; Tabela 2 - Critério de desconto de vãos < 2,0m. Fonte: Autoras (2013) Caso a área do vão esteja entre 2,0m² e 4,0m² o desconto na mão de-obra será calculado da seguinte forma: o que exceder de 2,0m² o desconto será igual a metade do mesmo.

38 Citando um exemplo: uma parede de 15m² e que possui um vão de 3m², o quantitativo de material é (15 3)m² = 12m² e já o de mão-de-obra é (15 ((3-2)/2))m² portanto o quantitativo será = 14,50m² (PINI, 2013). Tabela 3 - Critério de desconto de vãos 2,0m<vão<4,0m. Fonte: Autoras (2013) - Se o vão possuir uma área maior que 4,00m² o quantitativo de material será igual ao de mão-de-obra, pois será descontado 100% da área do vão. Tabela 4 - Critério de desconto de vãos>4,0m. Fonte: Autoras (2013)

39 4.6 BIM A plataforma BIM integra diversas áreas em um único modelo ao qual fornece informações precisas para orçamento, compatibilização de projetos, acompanhamento na execução e manutenção pós-obra. Desta maneira, as informações são extraídas e editadas sempre no mesmo modelo. Uma das principais características do BIM é a armazenagem dos dados através dos objetos paramétricos. Os elementos paramétricos armazenam atributos e possibilitam a edição automática das informações nos projetos e documentos. E é esta edição automática dos dados que dá suporte à plataforma e mantém a confiabilidade dos dados. Portanto, o BIM não é somente a modelagem tridimensional desenhada nos softwares (MENEZES, 2011). Neste contexto, para a aplicação da plataforma é necessária a participação dos membros da equipe desde a concepção inicial do projeto, pois se trata de um sistema colaborativo com a cooperação mútua entre os profissionais extraindo o máximo de conhecimento e utilizando todo potencial que a plataforma proporciona (COELHO, 2008). De acordo com Rofner, o BIM é um conceito que envolve em seu fundamento a integração entre as diversas áreas de conhecimento relevantes à realização de um projeto. A modelagem 3D paramétrica e a interoperabilidade (comunicação entre diversos softwares) são características essenciais que dão suporte a esse conceito (ROFNER; FERREIRA, 2011). 4.6.1 Evolução do BIM Em 1975, foi publicado no extinto AIA Journal, uma matéria com os conceitos do BIM que são amplamente utilizados atualmente, tais como: [...] derivar seções, planos, isométricos ou perspectivas com base em elementos anteriormente modelados; evitar o redesenho, uma vez que as alterações são atualizadas automaticamente em todos os desenhos

40 derivados; possibilitar o acoplamento direto da análise quantitativa à descrição dos materiais durante a modelagem, com estimativas de custo ou quantitativos de materiais sendo facilmente gerados, enquanto alimenta um banco integrado de dados; gerar código automatizado para checagem da edificação na prefeitura ou no escritório de arquitetura; facilitar a tarefa dos empreiteiros de grandes obras, no tocante ao usufruto de vantagens como agendamento e encomenda de materiais (MENEZES, 2011, p.156). Na década de 80, na Europa e nos Estados Unidos foi amplamente descrito o processo de modelo de informação de produto, e em 1986 um artigo de autoria de Robert Aish faz a primeira documentação do termo building modeling No referido artigo, Aish elencou todos os argumentos hoje conhecidos como BIM, além da tecnologia envolvida para implantá-los, incluindo a modelagem tridimensional, a geração automática de desenhos, os componentes paramétricos, os bancos de dados relacionais e a descrição temporal das fases do processo construtivo, também conhecida como 4D (MENEZES, 2011, p.157). Entretanto, somente em dezembro de 1992, o termo BIM (Building Information Modeling) foi documentado pela primeira vez em um artigo escrito (MENEZES, 2011). A tecnologia da informação continuou evoluindo e no final de 2004, os simuladores de projetos foram lançados: Neles a integração se estende além das plataformas CAD, utilizando-se de softwares de gestão, como Microsoft Project, Primavera e similares. Ou seja, além da modelagem em 3D, pode-se integrar também ao modelo um cronograma das atividades, possibilitando a simulação do projeto antes da execução. Desta forma é possível visualizar e compatibilizar todos os projetos de uma construção, transformando-os em um único modelo interativo que permite a aplicação de um cronograma, onde pode-se visualizar com precisão qualquer estágio da obra, tornando possível a detecção de interferências e análise de pontos críticos durante execução de forma visual (ROFNER; FERREIRA, 2011).

41 Figura 12 Interface BIM Fonte: Autodesk (2013) A partir de 2009, algumas incorporadoras e construtoras brasileiras iniciaram núcleo de projetos-piloto com intuito de avaliar a pertinência desta plataforma. Motivadas em melhorar a produtividade, minimizar erros, reduzir prazos e custos. Devido à facilidade da ferramenta ao utilizada no gerenciamento de manutenção, alguns empreendimentos governamentais exigem a entrega em BIM, como por exemplo a Petrobrás e demais contratantes. O mercado da Construção Civil brasileiro está investindo lentamente nesta nova tecnologia, como por exemplo, O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) passará a exigir em edital, a entrega de projeto de engenharia na plataforma BIM (Building Information Modeling; Modelo de Informação da Construção) de projetistas e construtoras que quiserem participar das concorrências feitas pelo órgão de obras rodoviárias. A medida trará mais transparência às contratações. (AUGUSTO DINIZ,2013)

42 Figura 13 Interface BIM Fonte: Oempreiteiro (2013) "Com isso, os projetos virão bem detalhados, o que evitará problemas de revisão e aditivos. O pagamento será exato com relação ao projeto. Nem para cima nem para baixo", destaca Kuhn, que é engenheiro civil. "Gastávamos tempo com análise de projetos e desenvolvimento de anteprojetos. Agora, com a tecnologia, investiremos tempo no nosso trabalho. De acordo com Matheus Belin, especialista em simulação tecnológica e que está ao lado de André Kuhn na tarefa de implementar a tecnologia no DNIT, a proposta é tornar o modelo "referência em nível de gestão federal". 4.6.2 Modelos do BIM A plataforma BIM possui diversos modelos que podem ser utilizados, e cada profissional e empresa adota o que for mais conveniente para o projeto. Cada modelo incorpora multi-aspectos de informação de projeto requerida em cada estágio do ciclo de vida de uma edificação (BIOTTO, 2012). No Brasil, os modelos mais utilizados da plataforma são os 3D, 4D e 5D.

43 O modelo 3D refere-se ao uso do desenho tridimensional com os objetos paramétricos, visualização e compatibilização dentro de uma única base.portanto substituindo o projeto atual em um objeto. O 4D adota os recursos do 3D ligados ao tempo, que utilizam ferramentas de análise que incorporam os componentes BIM e informações sobre o método de construção e sequencia de execução das atividades (ROFNER, 2011). Já o BIM 5D utiliza os recursos do 4D com estimativa de custo para execução da obra. Abaixo são listados os principais modelos da plataforma, de acordo com Addor (2010): 3D Visualização e aproveitamento de toda a compatibilização que um modelo 3D pode fornecer, tais como análise, medição e simulação de métodos construtivos no modelo; 4D Cronograma e sequência de obra, fases de implantação; 5D Estimativa de custos, integração de empreiteiros e contratantes; 6D Operação e manutenção do edifício; nd Etc. Tudo indica que os benefícios em termos de otimização de tarefas e tempo são bem claros. A quantidade de obras com cronograma apertado, a falta de mão de obra qualificada para operar com o BIM e de tempo para treinamento justificam o pouco comprometimento das empresas com a transição. Outro entrave são as cifras envolvidas na implementação (Cichinelli, 2012).

44 5 ESTUDO DE CASO 5.1 Apresentação do modelo O estudo de caso é uma edificação de uso residencial, padrão econômico, com 5 (cinco) pavimentos, sendo térreo e quatro pavimentos-tipo. O pavimento é composto de 4 (quatro) unidades por andar, hall, escada e circulação. A estrutura do edifício é em concreto armado e as vedações em bloco de concreto com espessuras de 9,0, 14,0 ou 19,0cm. O apartamento é composto por sala, dois dormitórios, cozinha, área de serviço e banheiro. As dimensões dos ambientes atendem ao Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo, Lei nº 11.228/92 e as Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. O revestimento do piso do banheiro e a parede da área do box são em cerâmica e as demais paredes em pintura acrílica sobre massa única. A cozinha possui cerâmica no piso e na parede hidráulica, sendo as demais paredes em pintura acrílica sobre massa única. Nas áreas secas, o revestimento das paredes é em pintura látex PVA sobre gesso liso e piso com contra-piso. A varanda possui piso cerâmico e paredes em massa texturizada, conforme fachada, e guarda-corpo em ferro com pintura. A cobertura da edificação é em laje impermeabilizada com proteção mecânica e platibanda. O revestimento externo da edificação é em massa texturizada. As esquadrias de alumínio possuem dimensão, linha de perfil e vidro incolor nas portas e janelas conforme padrão de mercado. As esquadrias de madeira possuem dimensão e acabamentos para pintura conforme padrão de mercado.

45 5.2 Desenho bidimensional O software AutoCAD da Autodesk foi utilizado para os desenhos bidimensionais das disciplinas de Arquitetura e Estrutura para representação dos cortes, elevações e plantas dos pavimentos: térreo, tipo e cobertura. Inicialmente foi desenhada a planta-tipo de Arquitetura, em seguida a planta do térreo e os cortes, e por último as elevações externas. Após os desenhos básicos de Arquitetura (Anexo A), foi elaborado o pré-dimensionamento e a planta de estrutura (Anexo B). Figura 14 Modelo AutoCAD Planta baixa Arquitetura Fonte: Autoras (2013)

46 Figura 15 Modelo AutoCAD Corte AA Arquitetura Fonte: Autoras (2013) Figura 16 Modelo AutoCAD Elevação Arquitetura Fonte: Autoras (2013)

47 Figura 17 Modelo AutoCAD Planta baixa de estrutura Fonte: Autoras (2013) Em seguida, os desenhos foram sobrepostos para geração do relatório de compatibilização. E por fim, houve a revisão do projeto de Arquitetura para compatibilização entre as disciplinas. Um das ferramentas utilizadas para a representação gráfica foram os layers (equivalente à representação do peso gráfico) e blocos de mobiliário que representam louças sanitárias, esquadrias de madeira e alumínio, dentre outros. As hachuras foram configuradas para a representação dos pilares e/ou acabamentos, de acordo com a informação da legenda. A prancha, carimbo da folha e escala do desenho foram configurados para impressão, conforme recursos característicos do programa.

48 5.3 Desenho tridimensional O desenho tridimensional do modelo foi elaborado no software Revit Architecture da Autodesk baseado nas informações técnicas do desenho bidimensional. Apesar de ambos os programas serem da Autodesk e compatíveis entre si, o recurso de exportação de dados não foi utilizado para evitar a influência das análises e dos resultados. O Revit Architecture auxilia o projetista gerando simultaneamente os desenhos de planta, corte, elevação e o tridimensional, permitindo desta forma uma maior liberdade de criação. O programa compreende os diversos sistemas da edificação e identifica interferências e incompatibilidade entre disciplinas. Diferentemente do AutoCAD, o Revit permite ao projetista, por exemplo, que se desenhe apenas a planta, e o próprio software gera as demais informações, de vistas, cortes e tridimensional. Desta maneira, optou-se pelo desenho da planta e ajustes pelos cortes, sem necessidade de se desenhar as elevações e tridimensional. O início do desenho no Revit foi pela estrutura, pilares, vigas e lajes, respectivamente. Em seguida foram inseridas as paredes, caixilhos e forros nos ambientes. Finalmente, foram inseridos as escadas, guarda-corpo e demais elementos necessários. Para a análise da confiabilidade do quantitativo foram extraídos do modelo as áreas de parede, volume de concreto e quantitativo de esquadrias. A compatibilização no Revit não é feita pela sobreposição, e sim por um único modelo projetado pelos colaboradores, e o programa identifica quando há incoerência ou incompatibilidade de informação. Nesto estudo de caso não foi possível a compatibilização entre as disciplinas Arquitetura e Estrutura no Revit devido a não disponibilidade de cursos do Revit Structure.

49 Figura 18 Modelo Revit Architecture Fonte: Autoras (2013) Figura 19 Modelo Revit Architecture Fonte: Autoras (2013)

50 Figura 20 Modelo Revit Architecture Fonte: Autoras (2013) Figura 21 Modelo Revit Architecture Fonte: Autoras (2013) Figura 22 Modelo Revit Architecture

51 Fonte: Autoras (2013) Figura 23 Modelo Revit Architecture Fonte: Autoras (2013) Figura 24 Modelo Revit Architecture Fonte: Autoras (2013)

52 5.4 Levantamento quantitativo padrão Finalizados os projetos de Arquitetura e Estrutura, elaborados no software AutoCAD, inicia-se a análise do empreendimento como um todo. Para quantificar os insumos imprimem-se todas as informações recebidas pelos clientes, e depois de analisa-las, programa-se a entrega do trabalho conforme meta estabelecida. Neste estudo foram analisados e quantificados os seguintes Serviços: Esquadrias de alumínio, madeira e ferro; Alvenaria e vedação; Acabamento de piso, teto e parede; Acabamento externo (fachada); Impermeabilização; Mármores e granito (bancadas e soleiras); Louças e metais; Definidas estas atividades, elabora-se um planejamento em uma linha de tempo finita. O planejamento pode ser interpretado como a previsão e organização de tarefas a serem executadas em uma determinada data com objetivo de minimizar os riscos de produção. Portanto foi criado um cronograma de atividades de levantamento conforme abaixo:

53 Figura 25 Cronograma de levantamento quantitativo Fonte: Autoras (2013) Nota-se que o primeiro serviço a ser quantificado é aquele de esquadrias. Isso ocorre porque as demais atividades dependem desta definição para serem elaboradas, como por exemplo: ao levantar uma parede em bloco cerâmico deve-se descontar o vão do caixilho para obter a quantidade de blocos. 5.4.1 Levantamento de Esquadrias O levantamento de esquadrias de alumínio (Anexo C) deve ser elaborado de maneira fácil de ser manipulado e entendido para que outro profissional possa conferir com agilidade e facilidade. Para isso ao iniciar o levantamento deve-se elaborar uma memória de cálculo, ou seja, ter em mãos todos os projetos atualizados e com as devidas informações. Tais como: - Planta Baixa - Cortes - Elevações - Memorial descritivo

54 Durante o mapeamento é definida a tipologia das esquadrias separando-as em alumínio, ferro e madeira. Após este mapeamento exportam-se os dados do projeto para um planilha de levantamento quantitativo de maneira clara e explicita conforme anexos. Ao iniciar a análise do projeto e de seu respectivo memorial descritivo passa-se a elaboração da descrição da esquadria. Esquadrias de alumínio Como por exemplo: - Através da planta baixa de arquitetura obtém-se as seguintes informações: Figura 26 - Planta baixa de arquitetura Fonte: Autoras (2013)

55 - Através do corte de arquitetura obtém-se as seguintes informações: Figura 27 Corte AA Fonte: Autoras (2013) Figura 28 Caderno de detalhes Fonte: Autoras (2013)

56 Ao conciliar todas estas informações elabora-se a descrição desta esquadria: Para determinar a quantidade de esquadrias deve-se seguir as indicações do projeto, agrupando as esquadrias que tenham as mesmas características : 5.4 Levantamento de Esquadrias de Madeira (Anexo D): Como por exemplo: Através da planta baixa de arquitetura obtém-se as seguintes informações

57 Figura 29 Tipologia de esquadria de madeira 1 Fonte: Autoras (2013) - Através do corte de arquitetura obtém-se as seguintes informações Figura 30 Tipologia de esquadria de madeira 2 Fonte: Autoras (2013) - Ao conciliar todas estas informações elabora-se a descrição desta esquadria,

58 Para determinar a quantidade de esquadrias deve-se seguir as indicações do projeto, agrupando as esquadrias que tenham as mesmas características de: Exemplo de esquadrias em madeira: - PM1 (0.60x2.10 m) c/ VP Porta de madeira lisa revestida de laminado melamínico 1 folha com ventilação permanente - PMS5(1,20X2,00)m - Porta de madeira p/ shaft c/ acabamento em pintura, 2 folhas de giro (Hall lazer) - PM6 (0,70x2,10) - Porta de madeira 01 folha de giro c/ VP e acabamento em pintura, batente 15cm Depósito Juntamente ao levantamento de esquadrias de madeira deve-se quantificar os as esquadrias de ferro (Anexo E).

59 5.4.3 Levantamento de Alvenaria (Anexo F): Este levantamento requer boa leitura nos projetos de arquitetura e estrutura, pois suas dimensões se diversificam conforme características de ambos os projetos. Para obter o quantitativo de Material deve-se: - Descontar todos os vãos. - Considerar o pé direito de piso a piso (em osso), descontando a altura da viga e / ou laje. - Para o comprimento das paredes, deverão ser descontados os pilares. - No caso de paredes com espessura maior que a viga, considerar alvenaria de enchimento. Levantamento quantitativo de Mão de obra: Conforme citado anteriormente para mão-de-obra pode-se considerar o critério de descontos de vãos: Critério de desconto de vãos: PINI Vão <2,0m: não desconta 2,0 < vão < 4,0m desconta 50% que excede 2,0m Vão > 4,0m desconta todo o vão Recomenda-se que as medidas sejam as reais, deixando as perdas pare serem consideradas nas composições de preço. 5.4.3 Levantamento de Acabamento interno (Anexo G): Quando cita-se Acabamento interno entende-se acabamento de piso, parede, teto, soleiras, entre outros.

60 Para isso ao iniciar o levantamento deve-se analisar todos os projetos atualizados e com as devidas informações. Tais como: - Planta Baixa - Cortes - Elevações - Memorial descritivo Ao visualizar o projeto o orçamentista deve inserir em sua planilha orçamentária as considerações conforme memorial descritivo: Levantamento quantitativo de fachada \ Revestimento Externo (Anexo H): Todo revestimento nas paredes externas, muretas, pergolados entre outros são chamados de revestimento externo ou acabamento de fachada. Para isso ao iniciar o levantamento deve-se analisar todos os projetos atualizados e com as devidas informações. Tais como: - Planta Baixa - Cortes - Elevações - Memorial descritivo

61 Este é um levantamento que possui um grau de dificuldade muito grande para muitos engenheiros da área. Pois ao levantar a quantidade de material e mão-deobra, que neste caso é massa + textura, deve-se analisar o projeto de estrutura e arquitetura. O orçamentista deve possuir uma ótima qualidade de transformação destes dois projetos, em 2D, e imaginar o empreendimento como um todo, ou seja em 3D. A contratação desde serviço ocorre dividindo o valor de mão-de-obra em R$\m² que são panos de fachada com Largura>50cm e R$\m para faixas com Largura<50cm. Portanto deve-se analisar a seguinte situação abaixo: Figura 31 - Detalhamento viga de borda Fonte: Autoras (2013) Como pode-se observar ao elaborar um Orçamento o profissional deve analisar a fundo o projeto e trabalhar com muitas informação, que muitas vezes não estão compatibilizadas, levando portanto ao aumento da margem de erro.

62 5.5 Análise dos resultados Conforme mencionado anteriormente, uma das principais vantagens da modelagem da construção é a extração automática dos dados para levantamento quantitativo. No estudo de caso, foram gerados os dados para comparação entre o levantamento manual e do Revit Architecture. Ao se projetar com o Revit as informações devem ser especificadas conforme a descrição do fornecedor, garantindo desta forma a confiabilidade dos dados gerados. No levantamento quantitativo dos caixilhos, os dois sistemas geraram dados idênticos e de acordo com os parâmetros solicitados, ou seja, separados de acordo com a nomenclatura, dimensões e por pavimento. Figura 32 Levantamento quantitativo gerado automaticamente por pavimento Fonte: Autoras (2013)

63 Figura 33 Resumo Levantamento quantitativo gerado automaticamente Fonte: Autoras (2013) Os dois softwares são ferramentas essenciais para desenhos e projetos técnicos, porém algumas características peculiares devem ser consideradas ao se projetar com determinado programa. Ao se optar pela implantação do BIM, o Revit é adequado devido aos atributos e geração automática de dados. Uma das vantagens é configuração da representação gráfica do programa que apresenta ou não, por exemplo, a linha dupla do revestimento conforme a escala do desenho. Portanto, ao indicar o comando parede, o projetista indica a espessura do bloco e a espessura do revestimento, e o programa ajusta automaticamente os dados representados nas pranchas conforme a escala determinada. O programa desenha o objeto e não uma linha. A visualização simultaneamente das plantas, vistas, cortes e 3D também é uma vantagem do Revit, pois permite uma compreensão total do projeto instantaneamente. Por outro lado, a AutoCAD já está consolidado na maior parte das empresas ligadas à construção civil e possui uma ótima precisão para detalhamentos. Ao contrário do Revit Architecture, o programa é desenhado por linhas e volumes.

64 O quadro abaixo compara as plataformas: Figura 34 Comparativo plataformas Fonte: HIPPERT (2010)

65 5.6 Entrevistas As entrevistas foram realizadas com profissionais, professores e estudantes da área da construção civil no mês de outubro de 2013. As entrevistas foram respondidas por telefone, correio eletrônico ou pessoalmente. O intuito das entrevistas foi diagnosticar o uso da plataforma BIM no cenário atual e identificar as áreas mais beneficiadas com esta tecnologia. Foram entrevistados trinta profissionais, dos quais engenheiros e arquitetos, ativos em construtoras, incorporadoras e escritórios de projetos conforme documento de entrevistas (Anexo I). Os índice inicial afere o conhecimento da plataforma e sua aplicação no ramo da Engenharia Civil, conforme abaixo: Figura 35 - Uso da plataforma BIM pelos entrevistados Fonte: Autoras (2013)

66 Os softwares que compõem o BIM são inúmeros, nos quais os mais utilizados, pelos entrevistado, são: Figura 36 Softwares da plataforma BIM utilizados pelos entrevistados Fonte: Autoras (2013) Outro dado relevante é a finalidade com a qual estão aplicando os softwares:

67 Figura 37 - Departamentos beneficiados pela plataforma BIM Fonte: Autoras (2013) O custo investido é variável entre $10.000 (dez mil dólares) e $12.000 (doze mil dólares) por instalação / licença do programa, e mais $1.465 para renovação das licenças anuais. Esses valores nas construtoras são divididos entre os empreendimentos. A maioria das respostas afirmam que o corpo técnico ainda não está qualificado, portanto o investimento é elevado e frequentemente os participantes e possuem altos cargos hierárquicos elevados. Aqueles que ainda não investiram na tecnologia demonstram interesse no tema, porém não pretendem investir de imediato, pois o investimento em infraestrutura e treinamento ainda são elevados. Entretanto existe a previsão de investimento em utilizar esta ferramenta em um curto prazo. Pelo menos 50% daqueles que ainda não a utilizam estão planejando a logística da empresa para receber tal implantação.