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RESUMO 1) Introdução: Lei 11.441, Casamento: Cria a comunhão plena de vida Art. 1511: casamento estabelece a comunhão plena de vida. a) Duas regras distintas: 1) conjunto de normas relativas ao próprio ato matrimonial e os efeitos extra-patrimoniais 2) conjunto de normas relativas ao patrimônio do casamento (bens e alimentos) Aspecto extra patrimonial: para que uma pessoa possa se casar, precisa ter, no mínimo, 16 anos de idade. Antes dos 16 anos, ela só pode se casar com autorização judicial. Autorização: suprimento judicial da idade, e não autorização para casar. Então a autorização para casar é diferente da emancipação. O juiz só pode antecipar o casamento daquele que tem menos de dezesseis anos por motivo de gravidez. Não há outro. No código civil, havia a autorização do casamento para afastar pena criminal. Isso não existe mais. Somente em caso de gravidez. Se os nubentes não se conformarem, o caminho é a suscitação de dúvida. A autorização judicial deve ser levada ao registro civil. A pessoa que possua menos de 16 anos, quando comparece ao registro civil para se habilitar ao casamento, deve junto com os documentos do art. 1525 do CCV, apresentar os documentos. Aquele que ainda não tenha 18 anos completos, ainda depende da autorização dos seus assistentes para que possa se casar. Essa autorização em nada se confunde com a idade. É para aqueles que já tem 16 anos completos. A autorização é dada pelos pais, dentro do poder familiar. Se ambos têm poder familiar, os dois precisam autorizar. Se houver conflito entre os pais, aquele que concorda com o casamento pode buscar o suprimento judicial, desde que a recusa seja injustificada, pois não caberá ao juiz dar ao consentimento no lugar dos pais. Se um dos pais for morto ou tiver perdido o poder familiar, o poder familiar se concentra no outro gerador, que poderá sozinho, sem qualquer declaração especial, dar a autorização (isso é pegadinha de prova). Se o poder é dos dois, mas um deles se encontra em local incerto, o outro autoriza sozinho, mas na autorização tem que constar que o faz sozinho por desconhecer por completo o paradeiro por outro titular (questão de prova). Os nubentes comparecerão ao registro de pessoas naturais no domicílio de qualquer deles. Precisa ser na serventia do domicílio? Sim, por determinação legal. Art. 1525: prova do local de domicílio (então a própria lei exige a prova do local de domicílio, não há como procurar habilitação em outra serventia). Não é obrigatório o comparecimento pessoal. Qualquer um deles pode se fazer representar por procurador. Há um projeto de lei tentando proibir a procuração. Essa procuração pode ser feita por instrumento particular. Não precisa ser lavrada por instrumento público, essa é própria da celebração do casamento. Se for só procuração para habilitação ao casamento, pode ser público ou particular, pois a forma não é estabelecida. Mas precisa ser prova escrita, pois precisa provar depois. O ideal é que esse documento particular venha acompanhado do reconhecimento de firma. Entregues os documentos, serão publicados os proclamas, caso toda a documentação esteja em ordem. Pela publicação dos proclamas cabe ao registrador promover a cobrança pelo real valor. O legislador determina que sempre haja publicação dos proclamas se houver jornal na cidade. Em cidades pequenas é comum que se faça a publicação no diário da cidade. Esse real valor não ingressa na serventia como receita, nem como despesa, pois não é a serventia que recebe ou gasta para fazer a publicação. Quem tem o efetivo gasto quanto aos proclamas são os nubentes. Como são os - 1

nubentes que pagam, cabe o registrador fornecer o recibo de pagamento. Na prática não emprestam recibo, mas ele deve, pois recebe como depositário do valor para promover a quitação das despesas relativas à publicação. Os proclamas deverão ficar fixados pelo período de 15 dias na própria sede da serventia. A finalidade é dar ampla publicidade quanto ao pedido para habilitação do casamento. A publicidade tem por fim garantir que qualquer pessoa capaz possa opor o impedimento matrimonial. (art. 1521). Garante que qualquer parente em linha reta, independentemente da natureza do parentesco (civil, consangüíneo ou afinidade) ou o parente colateral em segundo grau (civil ou consangüíneo) possa suscitar a causa suspensiva do casamento. Hipóteses previstas no art. 1523 do CCV. Quem mais tem capacidade para suscitar causa suspensiva? O ex-cônjuge. A ex-mulher pode alegar quando o ex-marido pretender contrair novo matrimônio, com inexistência de partilha dos bens do casal. O ex-marido tem legitimidade, além dessa hipótese, quando a ex-mulher estiver grávida ao se habilitar para o novo matrimônio. Importante: nos impedimentos matrimoniais, como o que se protege é o interesse público, qualquer pessoa com capacidade civil tem legitimidade ativa. Precisa fazer prova de interesse? Não. Se for causa suspensiva. Somente pode opor causa suspensiva, pessoa que consiga provar interesse. Se não puder fazer essa prova do interesse, não poderá argüir. Mas os parentes não precisam provar o interesse. Aqueles a quem a lei não dá legitimidade precisam fazer a prova de interesse. Até que momento a causa suspensiva pode ser oposta? Obs.: Tanto faz se é impedimento ou suspensão, a via é a oposição. Em relação à oposição de impedimentos, eles podem ser suscitados até a celebração do casamento. Se for uma oposição de impedimento, a lei é expressa em determinar que ela possa ser oferecida até o momento da celebração do casamento, quando a autoridade declara casados. Não basta que as partes tenham manifestado a vontade perante a autoridade. Só com a declaração é que o casamento tem-se por celebrado. É a partir dessa declaração que se pode opor ao casamento. Se um juiz de paz já tivesse feito a declaração, mesmo que o registro não tenha sido efetivado, o casamento já estaria celebrado. Então a oposição de impedimento é até a celebração. Em relação à causa suspensiva, não há uma determinação expressa no CCV. Embora haja esse silêncio, há duas correntes: 1) corrente 1: a causa só pode ser argüida até o termo final dos 15 dias da publicação dos proclamas. Depois desses quinze dias, precluiu. 2) corrente 2: o momento anterior à celebração do casamento. Ou seja, até o momento em que a autoridade competente faça a declaração do art. 1535, um dos legitimados do art. 1524 poderia o- ferecer a oposição. Efeito decorrente da causa suspensiva: os nubentes são obrigados a casar sob o regime de separação total dos bens. Art. 1641, I. Salvo na hipótese em que a pessoa se casa em razão de viuvez, tendo filhos comuns com o falecido, não tiver feito o inventário e partilha dos bens do casal. Nessa hipótese, além da separação total, a lei garante a hipoteca legal dos bens do falecido em relação aos filhos. A regra é a punição do art. 1641, I. Se não houver causa suspensiva, até quando a pessoa pode escolher o regime de bens? A escolha será feita durante a habilitação. Quando estão nessa fase, os nubentes escolhem um regime de bens diferente da hipótese legal. Lavraram uma escritura, apresentaram no registro civil, mas o casamento ainda não foi celebrado. Podem optar por outro regime de bens? Podem. Até que momento pode mudar o regime de bens? Até o momento da celebração do casamento. Por quê? Porque o regime só começa a vigorar com a celebração com do casamento. Antes dos nubentes celebrarem o matrimônio não produz quaisquer efeitos, nem contra terceiros, nem entre os nubentes. - 2

Se os nubentes podem até a celebração escolher o regime de bens, e a violação de causa suspensiva retira esse poder de escolha, parece mais razoável que a celebração seja o momento final para a argüição da causa. Prova: se não houver norma da corregedoria do estado, procure aquilo que dá a justificativa. Exemplo: a lei determina que a argüição de causa possa ser argüida até a celebração. Está errado, pois a lei não estabelece. Se uma questão aparecer na prova objetiva, é preciso fazer a comparação com o fundamento da questão. Se na questão aparecer o texto de lei, está errado, pois a lei não determina o momento. Se houver oposição e seja ela julgada improcedente, ou que nem mesmo haja oposição. Qual a conseqüência? Será expedida a certidão de habilitação que atesta que os nubentes estão qualificados para receber um ao outro na condição de casados. A habilitação, portanto, é sempre especial, nunca tem caráter geral. Ela habilita as pessoas que ofereceram o pedido para casarem uma com a outra, não é para casar com qualquer outra. Expedida a habilitação, ela vale por 90 dias. Este prazo mais se aproxima de um prazo decadencial do que um prazo prescricional. É decadencial porque não é atingido por qualquer causa impeditiva, interruptiva ou suspensiva. Passou o prazo de 90 dias, não celebrado o matrimônio, acabou. Terão que começar o processo tudo de novo. Imagine que foi expedida a habilitação e a pessoa sai do país a serviço das forças armadas. Suspende os prazos prescricionais, mas não suspende os prazos da habilitação (decadência não se suspende). Com a certidão de habilitação nas mãos, os nubentes pedirão ao juiz que determine local, data e horário para a celebração do casamento. Para celebrar qual casamento? O casamento civil, nos termos do artigo 226 da CF. O art. 226, I determina que o casamento seja civil, é regulado e celebrado pelo Estado, e não pela igreja. Pode ser religioso? Pode. Regra: o casamento será realizado na sede da serventia, inclusive aos sábados pelo período da manhã. Para que não se realize na sede da serventia, precisa haver o pedido dos nubentes com a concordância do juiz de casamento ou juiz de paz. As partes são obrigadas a pagar as despesas do Juiz de casamento ou juiz de paz. Regras: uma delas é realizar o casamento civil um pouco antes da cerimônia religiosa. Uma segunda figura é quando uma das partes já tem um casamento religioso anterior, ela não pode casar de novo na Igreja Católica, e leva o Juiz de Casamento para a festa e faz uma cerimônia civil com uma publicidade maior. Se o casamento for realizado fora da serventia, é obrigatória a presença de 4 testemunhas, que assinam o livro de casamento junto com as partes. Nada impede que essas testemunhas sejam parentes ou amigos íntimos das partes, basta que tenham capacidade civil. Se for realizado na sede da serventia, bastarão duas testemunhas, parentes ou não, elevando-se esse número para 4 se um dos nubentes não souber escrever. Isso é pegadinha: a exceção do nubente que não sabe ou não pode escrever. Além disso, nesse caso, caberá ao registrador colher a impressão digital do nubente que não sabe ou não pode escrever. Na serventia ele se realiza de portas abertas pelo próprio local. A serventia permanece de portas abertas. É por isso que a pessoa prefere não casar na serventia, levando o Juiz, permanecendo um empregado da serventia para garantir que seja recebida a oposição. Celebrado o casamento nessa forma, então será feito o registro do casamento. As regras relativas aos livros da serventia: os proclamas são registrados nos livros "D". O casamento é registrado no livro "B". Casamento religioso com efeitos civis: livro "B" auxiliar. Dica: os livros estão na ordem da vida da pessoa. A (nascimento) B (casamento) C (morte). O B auxiliar não é civil, por isso é auxiliar. - 3

Casamento de brasileiro realizado no exterior: art. 1544 do CCV, art. 32 da Lei de Registros Públicos. Quando trazido para o Brasil na forma do art. 1544, será levado a registro no livro "E". Casamento de estrangeiro, sem vinculação a autoridade consular brasileira, ele ingressa no Registro de Títulos e Documentos. A CF determina no art. 226, 1º, que o casamento é civil e gratuita a sua celebração. A gratuidade é regulada pela lei 10.169/00. O texto da lei determina que para os reconhecidamente pobres, haverá gratuidade do procedimento de habilitação, do registro do casamento e da primeira certidão. Quem são os pobres? São as pessoas que assim se declararem ao registrador. Precisa de alguma prova? Não. Pode ser uma declaração de próprio punho. Pode o registrador exigir prova do estado de pobreza? Não. Mas ele desconfia da falsidade da declaração pelos trajes e pela conversa. Ele pode perceber que a pessoa tinha as condições para arcar com todas as despesas. Nesse caso, primeiro o registrador alerta os nubentes quanto à responsabilidade civil e criminal advindas da falsidade dessa informação. Em caso de responsabilidade criminal, ele pode informar à autoridade policial quanto à possível prática de crime. Ele pode se recusar a garantir a gratuidade? Não, mas ele pode ingressar com uma ação indenizatória, ou então informar a autoridade policial. Não pode exigir declaração de imposto de renda, comprovante de residência etc. É muito comum que a pessoa que não pode arcar com as despesas do casamento que espere algum casamento coletivo. Os nubentes solicitam a gratuidade que lhes é conferida e a gratuidade alcança habilitação, registro e primeira certidão. Alcança ou não a publicação dos editais? Não. Mas e se a pessoa realmente não tem condições de arcar com essa despesa? O oficial pode juntar as proclamas à declaração de pobreza e enviá-los ao corregedor permanente solicitando que a publicação dos proclamas se faça junto com a publicação dos atos daqueles que são beneficiários da justiça gratuita. Outra questão: as partes solicitaram a gratuidade, e, em atos subseqüentes, solicitaram a celebração do matrimônio fora da sede da serventia. É possível ou não? Cuidado: para que o casamento se celebre fora da serventia, os nubentes precisam arcar com as despesas de locomoção do juiz de casamento. Aqui caberá verificar a possibilidade ou não, não de celebrar o casamento, mas de ser ou não deferido esse pedido. Se as despesas de locomoção forem superiores à da celebração do casamento, já há motivos mais do que suficientes para que não haja gratuidade, e motivo para a notificação da autoridade judicial, pois houve obtenção da gratuidade de má-fé. Se as despesas forem de pequeno valor, não haveria causa suficiente para impedir que a gratuidade fosse concedida. Depende do caso concreto. Celebrado o casamento, em qualquer circunstância, o registro é apenas a forma de provar a sua e- xistência e garantir oponibilidade erga omnes. Sem registro, o casamento existe? Existe. Tem prova pré-constituída? Não. Um casamento sem registro, celebrado após a declaração a que se refere o art. 1535. Ele tem existência jurídica. Mas ele tem existência material? Não, porque não foi feito o registro. Para que um casamento tenha existência jurídica, ele deve ser realizado entre homem e mulher, com manifestação de vontade, ainda que viciada (erro, coação), perante uma autoridade com competência ratione materiae. Se faltar um desses elementos, exemplo: a mulher não fala que é de vontade delas casar (não manifestou vontade). O casamento é posteriormente registrado. Ou então o casamento é realizado entre pessoas de mesmo sexo (ex.: transexual que casa, e ninguém sabe que é homem). O juiz autoriza e é registrado. Esse casamento tem existência material, mas não tem existência jurídica. Mas esse suporte físico tem conteúdo jurídico? Não. Casamento putativo (não tem conteúdo jurídico, é um casamento em branco). Qual a conseqüência: por não terem a certidão, o casamento se provará pela posse do estado de casado. - 4

Posse do estado de casado: se prova através de uma ação declaratória, na qual as partes obrigatoriamente demonstrarão o tractus (tratamento que um dá ao outro por serem casados), e terão que provar a reputatio (que é a fama, a reputação que gozam no grupo social). O grupo social os reconhece como casados. Além disso, há o nomen (é obrigatório para quem casou até 1977, porque até a lei do divórcio a mulher era obrigada a adotar o nome do marido). Quem casou após 1977 só fará essa prova se tiver incorporado o sobrenome do outro. b) Efeitos patrimoniais do casamento Efeitos patrimoniais: temos efetiva distinção entre as figuras extra patrimoniais (partes estão subordinadas a um conjunto de normas de caráter cogente) e as figuras patrimoniais. No que se refere aos aspectos patrimoniais, a regra geral é a autonomia da vontade privada. As partes podem escolher ao que melhor atender a suas vontades. Quem não pode? Quem casar nas hipóteses do art. 1641 do CCV (causa suspensiva, autorização judicial, mais de 60 anos). Quem se casa nessas hipóteses fica obrigado ao regime de separação total. Nem adianta manifestar vontade em contrário porque essa não produz qualquer efeito. Salvo essa hipótese, os nubentes estão obrigados a escolher outros regimes de bens. É requisito de validade do negócio jurídico a forma prescrita em lei. O art. 166, IV afirma que é nulo o negócio jurídico que não obedece à forma determinada em lei. Para escolher um regime de bens, elas vão se utilizar de um instrumento que é o pacto antenupcial, que obrigatoriamente se fará por escritura pública. Além de ser forma solene, é forma única, ou seja, não adianta usar qualquer outra forma porque é escritura publica (art. 215 do CC). A escritura pública é o meio pelo qual a vontade se manifesta. Eficácia: é a capacidade de um ato de produzir os efeitos jurídicos. A eficácia do pacto antenupcial está subordinada à celebração do casamento. Ele é válido se lavrado em escritura pública. Ele é e- ficaz depois de celebrado o casamento. Para quem se atinge a eficácia? Para o signatário dos cônjuges. Não tem eficácia erga omnes somente é alcançada com o registro imobiliário. Onde? Na serventia de domicílio dos cônjuges. Se o pacto antenupcial for nulo ou não existir, vigorará entre as partes o regime de comunhão parcial de bens. Para esse regime, não precisa fazer pacto, pois decorre de lei. Se o pacto for nulo, passa a vigorar o regime de comunhão parcial. A comunhão parcial passou a vigorar com o advento da lei 6.515/77, como regime supletivo. Antes de 1977, era o regime de comunhão universal. Se a pessoa manifesta expressamente a opção pelo regime legal, a entrada em vigor de uma lei que altere esse regime antes da celebração do casamento não se aplica ao ato. Exemplo: pessoa se habilitou na vigência do CC/16, mas se casou no regime da Lei de Divórcio. A regra é que se a pessoa declarou solenemente que queria casar com comunhão universal, então esse regime persiste. Mas ela se casa na vigência da Lei de Divórcio, não precisa fazer pacto (pois a comunhão universal era a regra antes de 1977). Conteúdo do pacto: a) pessoa pode mesclar os regimes. b) pode impor a alteração automática do regime em razão do implemento de certa condição. c) são nulas de pleno direito as cláusulas do pacto antenupcial que violem disposição literal de lei. d) regra principal: com o novo código civil, o artigo 1639 trouxe a permissão para a alteração do regime de bens. Como se fazer essa alteração: o pedido judicial, motivado por ambos os cônjuges, desde que não haja prejuízo a terceiros. A mudança de regime pode ser uma forma de fraudar credores. Havendo a homologação judicial, será, por mandado, averbada a alteração no registro civil. Precisa de novo pacto? Não, a alteração é judicial. Mas há um problema: as partes podem pretender alterar, mas misturar os regimes. Nesse caso, em que não queiram se subordinar ao texto da lei, deverão pedir ao juiz autorização para lavrar escritura pública criando novas regras para o regime de bens do casamento. Se o juiz autorizar, ele expede um alvará e os nubentes levarão o al- - 5

vará tanto ao registro civil. Essa é uma pergunta muito boa para prova: querem mudar o regime de bens, para lavrar o pacto, dependem do alvará, caso contrário não terá ingresso no registro público. 2. União Estável. A união estável surgiu pela jurisprudência até ser reconhecida pela lei. Surgiu pela jurisprudência em razão do fato social, ou seja, existia um fato social constante sem regulamentação legal. E por que existia esse fato? Porque algumas pessoas simplesmente se uniam sem promove o enlace matrimonial. Outro fato foi a impossibilidade de uma pessoa se casar porque era desquitada. Se uma mulher fosse desquitada e encontrasse a possibilidade de ficar ou outro homem, ela ficava a margem da lei. Para o texto brasileiro, a relação entre essas partes era uma relação não matrimonial. A primeira manifestação foi reconhecer essa relação como concubinária. Então poderia ser um concubinato puro ou impuro. No puro, não havia impedimento matrimonial entre as partes. No impuro, as pessoas não podiam se casar, pois estavam impedidas, por exemplo, eram parentes. O reconhecimento positivado dessa relação somente veio com a CF/88. Até aquela época, só havia reconhecimento dos tribunais. Foi positivada no art. 226, 3º da CF, reconhecendo como entidade familiar a união estável entre homem e mulher com o objetivo de formar uma família. Então só com a CF é que essa relação passou a ser reconhecida como Direito de Família. A partir de 1988, cessou a distinção entre concubinato puro e impuro. Hoje se fala em união estável, e não em concubinato. Súmulas: 382 e outras. Tudo aquilo que se referia ao concubinato puro se refere hoje à união estável. Lei 8.971/94: foi essa lei que reconheceu ao companheiro ou à companheira sobrevivente o direito à sucessão legítima, ou seja, não precisa mais de testamento. Ele não está na dependência de um testamento elaborado por outro. Além disso, essa lei determinou o instituto dos alimentos. Lei 9.278/96: ementa declara expressamente que essa lei regulamenta o art. 226, 3º da CF. Regula de que forma? Define o que é a união estável, define a competência jurisdicional para tratar de união estável (varas de direito de família). Não é mais competência de vara cível. Criou também o direito real de habitação, em favor do convivente sobrevivente o direito real de habitação se a- quele fosse o único imóvel. O convivente sobrevivente ficava protegido para ter um lugar para morar enquanto não constituísse uma nova união. E a grande mudança: art. 8º. Compete ao registrador civil de pessoas naturais promover a conversão da união estável em casamento. Lei 9278/96 facilitou a conversão da união estável em casamento. União estável e casamento são a mesma coisa? A preferência é casamento. A união não está exatamente no mesmo plano do casamento. Matéria relativa à união estável foi incorporada ao texto do CC/02 nos artigos 1723 a 1726. O art. 1727 trata do concubinato. Concubinato: é a relação não eventual entre o homem e a mulher, impedidos ao matrimônio válido, exceto, 1º do art. 1723, que determina que seja união estável a- quela em que, embora o vínculo matrimonial não tenha sido dissolvido, os cônjuges estão separados de fato ou separados judicialmente. E também separados extrajudicialmente. Embora a pessoa nestas condições seja impedida de casar, ela pode constituir união estável. Não será concubinária essa relação. Se for uma relação de união estável, é uma relação de direito de família. Se for uma relação meramente concubinária, não é direito de família. O concubinato é regulado como era regulado o concubinato impuro nos tribunais. É tratado dentro de relações obrigacionais. Não é direito de família, então não podem exigir alimentos, não podem adotar não podem se reger por regime de bens etc. Como ficam? Se houver aquisição de bens, estes bens serão divididos na proporção da participação de cada um, como um regime de condomínio e não de comunhão. Precisa provar o quanto cada um contribuiu? Precisa. O grande risco: um deles é o provedor da relação concubina. O outro não tem uma profissão remunerada. A é a pessoa que - 6

trabalha. B é a pessoa que cuida da casa. Já que eles não tem relação de bens, dissolveu a relação concubinária. B sai de mãos abanado? Não, B fará jus a uma indenização pelos serviços prestados. Essa indenização também se funda no direito obrigacional. Temos o princípio que veda o enriquecimento sem causa. Pesquisa nos EUA: dona de casa faz com que o marido economize R$ 10 mil por mês. Esses elementos não podem se fazer presentes na relação concubinária. Mesmo que existam, a relação concubinária não se torna união estável. É reconhecida a união estável mesmo que haja condição suspensiva (art. 1523). Se eles podem casar,eles podem ter a união estável. Quando as pessoas se casam e querem adotar um outro regime, elas são obrigadas a lavrar um pacto e fazer outro registro. Na união estável, se os conviventes quiserem escolher outro regime de bens, basta o contrato escrito entre eles. Isso é uma aberração jurídica, pois foi criado um regime mais simples para a união estável do que a existente para o casamento. Esse contrato, então,só produz efeitos entre os conviventes, ou seja, não tem eficácia erga omnes, porque não tem publicidade. Para terceiros, vigora o regime de comunhão parcial. Forma de garantir a eficácia erga omnes é registrar esse contrato na serventia de títulos e documentos. Ainda assim, está abaixo do regime jurídico próprio do casamento. Essa norma depende de modificação urgente, para garantia dos terceiros que venham a contratar com as partes. Art. 1726: conviventes podem converter a união estável em casamento mediante pedido ao juiz e posterior registro civil. Posicionamento unânime da doutrina é que se trata de norma inconstitucional. Porque a CF determina que a lei deva facilitar a conversão, ou seja, criar um procedimento mais rápido. Com a lei 9278 a norma constitucional estava atendida. Com o CC/02 não está atendido. Por isso, pela alegada inconstitucionalidade, alguns estados, como SP determinam que a competência para o ato de conversão é do registrador civil. Então não é necessário provocar a jurisdição, dá para fazer tudo na serventia. Como isso se dá? Os companheiros comparecem ao registro civil do local de domicílio, munidos dos documentos a que se refere o art. 1525 do CC e requererão não a habilitação para o casamento, mas a conversão da união estável em casamento. Tem publicação de proclamas de conversão de união estável em casamento (não são proclamas de casamento). É necessário, pois pode haver algum impedimento matrimonial. Publicam-se os proclamas: estão habilitados para a conversão.precisa realizar cerimônia? Não. O simples fato de terem pedido a conversão consiste na manifestação de vontade. Será feito então o registro da conversão da união estável em casamento. Corregedoria de SP: afirma que nesse registro, nada constará quanto ao início ou à duração da união estável (constará que foi convertido,só). Nada constará quanto às testemunhas do ato. Nada constará quanto à data de celebração. Por fim, é permitida a conversão mesmo após a morte de uma das partes. Se no meio do caminho um deles falecer, ainda pode fazer a conversão. Registrase o óbito e depois faz a conversão. Não vigora a ordem cronológica dos fatos. Exemplo: registrase a morte de uma pessoa e depois é averbado o divórcio. 3. Dissolução do Casamento Art. 1571 do CC: dissolução da sociedade conjugal Temos cinco causas: separação, divórcio, declaração de nulidade, anulação e morte. As nulidades, a anulação e a morte põem fim ao vínculo matrimonial, autorizando a pessoa a contrair um novo matrimônio. Nulidade: Hipóteses do art. 1548-7

Contraído com violação à impedimento matrimonial ou contraído por enfermo, sem discernimento para a prática da vida civil. Enfermo mental com algum discernimento, o casamento será anulável. Para ser nulo precisa não ter nenhum impedimento. Violação de impedimento matrimonial: com o CC/02, não só o casamento como a união estável criam o parentesco por afinidade. Exemplo: quando uma pessoa se casa, é obrigatória a anotação. Se essa não tiver sido feita, a pessoa obtém uma certidão de nascimento no qual ainda constará o estado civil "solteiro". Nas duas hipóteses em que há nulidade absoluta, a ação pode ser proposta por qualquer interessado, pelo MP, cabendo ao juiz decretar de ofício quando toma conhecimento da ação. Exemplo: A e B são casados com violação ao impedimento oriundo de parentesco. Ingressam com a ação de separação. O juiz declara de ofício, a nulidade do casamento (pois é nulidade absoluta). Se for nulidade absoluta, não prescreve e pode ser declarada a qualquer tempo, e a sentença que declara a nulidade será, em razão do mandado judicial, averbada no registro civil, no assento de casamento, e anotada no assento de nascimento. Para que serve a anotação? Apenas para informar fatos relativos a certa pessoa. Apenas constará a modificação de fato. A anotação não muda o conteúdo do registro, quem muda é a averbação. Com a anulação do casamento, a pessoa volta a ostentar o estado civil de antes do casamento, que não é necessariamente solteira! Exemplo: Se a pessoa era viúva, divorciada, ela volta a esses estados. Então não volta necessariamente a solteiro. Anulação: Casamento será anulável nas hipóteses do art. 1550: idade, redução de discernimento, erro, coação, revogação de mandato e autoridade incompetente. DOLO não anula casamento. Simulação não anula, faz com que seja nulo de pleno direito. A simulação, hoje, é causa de nulidade absoluta. O casamento será nulo nas hipóteses do art. 166. Exemplo: casamento que seja celebrado sem observar a forma legal. Exemplo: casamento contraído por menor de 14 anos de idade: é nulo de pleno direito (art. 166, I). Mas não se aplicam a teoria geral dos contratos e a teoria geral dos negócios jurídicos. A anulação também depende da propositura de ação, é uma ação anulatória que só pode ser proposta pelas pessoas legitimadas em lei. Qualquer dos legitimados é pessoa que faz prova do interesse na propositura da ação. Exemplo: casamento de menor de idade: pais, o próprio menor, já fazem prova para a anulação do casamento. Como se trata de uma ação que vai produzir uma sentença desconstituva (ou constitutiva negativa). É certo afirmar que esse direito se subordina à decadência. O direito de pleitear a anulação do casamento sempre está subordinado à decadência. Nenhum dos prazos do art. 1560, 1554 são prazos prescricionais, todos são decadenciais, portanto não se interrompem não se suspendem, não têm causa impeditiva, salvo disposição em contrário. A anulação será decretada por sentença, portanto terá o mandado judicial para o registro civil. Segue a mesma regra da nulidade. Logo, a pessoa volta a ostentar o mesmo estado civil anterior à celebração do casamento. Morte: Temos a morte real, provada por atestado de óbito, e a morte presumida. Morte real: tem certidão do óbito. Morte presumida: pode ser com ausência e sem ausência. A morte presumida sem ausência está prevista no art. 7º do CC/02: caso da guerra, quando a pessoa se envolve em grande catástrofe etc. Na hipótese de morte presumida sem ausência, haverá a justificação, para que a pessoa obtenha judicialmente o documento que atesta a ocorrência da morte, e fixa ainda a data provável da ocorrência do óbito. - 8

Qual a vantagem desse tipo de morte? É que essa sentença, que é proferida na cautelar, tem a mesma força de um atestado de óbito. Logo produz dois efeitos essenciais no direito civil: 1) tem força para por fim ao matrimônio, 2) serve de documento para instruir o inventário. Morte com ausência: art. 22 ao 39 do CC/02. Primeira fase da ação declaratória de ausência: curadoria de bens. É necessário que seja nomeado uma pessoa para cuidar do patrimônio do ausente. Obs.: Não é presunção de morte, é presunção de desaparecimento. Não é declarado incapaz, é estritamente patrimonial. A curadoria de bens dura 1 anos (publicação de 7 editais). Passado 1 ano, o juiz, por sentença abre a segunda fase: sucessão provisória. Sucessão provisória: a sentença só produz efeitos 6 meses depois de ter se tornado definitiva. Com a abertura da sucessão provisória é que é possível a dissolução da sociedade com ausência. Está, então,habilitado para se casar. E se o ausente não morreu? Ele retorna sobre qual regime de bens? Nosso código civil não diz nada. O melhor caminho: que a pessoa prove a separação de fato há dois anos e promova o divórcio direto. Mas pelo menos, se a pessoa contrair um novo matrimônio, ela tem a absoluta certeza de que esse matrimônio é válido. O registrador pode e deve alertar quanto aos riscos da validade desse segundo casamento (ele pode ser declarado nulo ou pode ser declarado válido). Por isso é ideal que a pessoa proponha primeiro o divórcio. INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA Dos Santos, Luiz Manoel Carvalho. Manual do Registro Civil das Pessoas Naturais. Idéia Jurídica, 2002. Dos Santos, Reinaldo Velloso.Registro Civil das Pessoas Naturais. Safe, 2006. Huber, Cloves. Registro Civil de Pessoas Naturais. Led, 2002. STF: Súmula 382 JURISPRUDÊNCIA A VIDA EM COMUM SOB O MESMO TETO MORE UXÓRIO, NÃO É INDISPENSÁVEL A CARACTERIZAÇÃO DO CONCUBINATO. - 9