Atividade Investigativa em aula de Ciências, um olhar Sofia Leal Magalhães para uma ação. Orientadoras: Profa. Dra. Luciane de Fatima Bertini Profa. Dra Maria Nizete de Azevedo Profa. Dra. Patrícia Rosana Linardi 03/09/2016
Introdução: Apresenta-se aqui uma reflexão elaborada com base em uma experiência realizada na sala de aula, e que busca discutir o potencial de aprendizagem de uma atividade de ensino planejada e desenvolvida no 9 Ano do Ensino Fundamental. Desta forma o uso de uma atividade orientadora foi a maneira escolhida para atingir este objetivo.
Por que atividade investigativa? Segundo Moura (2001), uma atividade investigativa de ensino é estruturada de modo a resolver um problema para satisfazer uma necessidade. A necessidade: Ensinar com a intenção de garantir a aprendizagem dos alunos. Como atingi-la: Por meio das ações planejadas, dos recursos escolhidos, e da reflexão sobre a intervenção realizada.
Definindo... [...]um processo composto por ações coletivas, em que se busca, por meio de colaborações e trocas, identificar as necessidades de cada participante e transformá-las em necessidades coletivas, para a partir daí tentar compreender o problema de ensino e traçar o plano de trabalho para buscar resolvê-lo. (AZEVEDO, 2013, p. 51) Elemento organizador da docência em Ciências.
Uso da Atividade Investigativa Nesse modo de organização, ensino e aprendizagem, embora sejam processos distintos, para Moura (2000), são interligados e inseparáveis, de modo a articular o quê e o como ensinar com o quê e o como aprender dos sujeitos envolvidos professor e estudantes. Problema do sujeito de acordo com suas necessidades (ensinar e cognitiva).
Uso da Atividade Investigativa Atos de: planejar, desenvolver e refletir sobre resultados observados, pode conduzir a possíveis replanejamentos e a novos problemas, por conseguinte, a novas atividades de ensino.
Acesso ao conhecimento científico: (...) aprendizado não é desenvolvimento; entretanto o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas. (VIGOTSKI 2010, p. 103) Dimensão cultural e social.
Escolha do tema da Atividade Orientadora: Modelos atômicos foi o assunto eleito para elaboração de um plano de aula da atividade orientadora. O tema foi escolhido porque gera dúvidas e por ser algo abstrato para o estágio de desenvolvimento dos alunos.
Objetivos da Atividade Investigativa: Problematizar sobre o tema por meio de um desafio a ser resolvido, Possibilitar a aprendizagem conceitual e procedimental, Promover a ação do educando, seja na construção do modelo, seja na roda de conversa, Privilegiar o trabalho em pequenos grupos Não privilegiar estudantes em destaque. Envolver estudantes dos mais diversos estágios de aprendizagem e de desenvolvimento.
Ações da Atividade Investigativa: Sensibilização a partir da exposição de um pequeno texto introdutório sobre o átomo; Sondagem inicial, realizada a partir de questões que visavam ao levantamento de conhecimentos prévios; Realização de pesquisa em livros didáticos em sites confiáveis; Projeção de vídeo sobre modelos atômicos; Problematização sobre modelos atômicos e suas diferenças;
Ações da Atividade Investigativa: Experimentação orientada pelo desafio de confeccionar, em grupo, os diferentes modelos atômicos; Roda de conversa sobre as diferentes ações realizadas, com ênfase na resolução do desafio experimental; Escrita livre de relatórios; Avaliação bimestral.
Aplicação da Atividade Investigativa Caracterizando o local: Escola da rede pública estadual de São Paulo; Situada na zona sul. 5 turmas, mas para otimização da coleta de dados, reflexão e análise foi escolhida 1 turma somente.
Experimentação orientada: O desafio: Construam modelos atômicos, utilizando os seguintes materiais: massa de modelar, arame, barbantes, cola, fita adesiva e papel sulfite O objetivo: Levar os estudantes à compreensão sobre quais partículas formam um átomo; Organização espacial; Conhecimento sobre os diferentes modelos atômicos propostos ao longo da história.
Definição de Situação problema: (...) uma questão em si não caracteriza o problema, nem mesmo aquela cuja resposta é desconhecida; mas uma questão cuja resposta se desconhece e necessita conhecer, eis aí um problema. Algo que eu não sei não é problema; mas quando eu ignoro alguma coisa que eu preciso saber, eis-me, então, diante de um problema. (SAVIANI 1996, p. 13)
Imagens:
Sala de leitura: espaço diferenciado para favorecer a interação
Sala de leitura: espaço diferenciado para favorecer a interação
Exibição de vídeo
Instruções para a atividade orientadora Atividade Investigativa em aula de Ciências, um olhar para uma ação.
Uso da pesquisa e das anotações para a construção dos modelos
Confecção dos modelos atômicos
Confecção dos modelos atômicos
Resultados da Atividade Investigativa:
Exemplos de Modelos
Exemplos de Modelos
Exemplos de Modelos
Exemplos de Modelos
Exemplos de Modelos
Exemplos de Modelos
A roda de conversa: É durante as etapas de reflexão sobre o como a fase da tomada de consciência de suas próprias ações e de procura do porquê fase das explicações causais que os alunos têm oportunidade de construir uma compreensão dos fenômenos físicos. E, enquanto contam o que fizeram para o professor e para a classe e descrevem suas ações, vão estabelecendo, em pensamento, as próprias coordenações conceituais, lógico-matemáticas e causais. (CARVALHO, 1998, p. 22).
Análise da aplicação: A participação dos estudantes foi excelente, todos quiseram participar e esperaram ansiosos pelo dia da realização da atividade; A roda de conversa foi o momento primordial para que percebessem que a atividade devia promover aprendizagem do conteúdo desenvolvido, além da interação e envolvimento igualmente desejados.
Frutos da roda de conversa Episódio 1 - Um elétron em cada órbita; Episódio 2 O pudim de passas; Episódio 3 Quais são as partículas do átomo? Episódio 4 Modelo de Dalton ou Modelo de Bohr? Colaboração entre colegas para diferenciar.
Desafios durante a aplicação Ansiedade de alguns grupos na manipulação dos materiais; (mediação constante); Tempo; Falta de comprometimento de alguns estudantes em providenciar os materiais solicitados; Falta de costume em realizar atividades em grupo de caráter experimental e investigativo;
Desafios durante a aplicação Falta de hábito em registrar o que realizam, demonstrando falta de gosto ou de habilidade com a escrita; Falta de parceria entre docentes para executar o planejado.
Considerações sobre o resultado:
Retomando a questão inicial... Qual o potencial de aprendizagem da atividade planejada e desenvolvida? Favoreceu a criação de diferentes estratégias de ensino e de diferentes modos de aprender. Os recursos diversificados, atenderam a diferentes estágios de desenvolvimento cognitivo. Boa/Maior Participação dos estudantes.
Indícios de situações com potencial de aprendizagem: O processo experimental de construção dos diferentes modelos; Ação dos estudantes sobre os objetos para resolver um problema de aprendizagem; Ação conjunta; Comparação entre o que se pesquisou e o que se pretendia fazer; Ter produtos finais (os modelos atômicos), os quais tinham em si materializados os pensamentos dos participantes;
Indícios de situações com potencial de aprendizagem: Apropriação individual dos conceitos; Roda de conversa, que ganha destaque por mostrar o processo de dialogia; Atividade investigativa de ensino ao longo do seu processo tem potencial para garantir a aprendizagem não apenas dos estudantes, mas também da professora.
Exemplo: Antes da atividade orientadora: Depois da atividade orientadora:
Exemplo: Sondagem inicial Relatório final
Referências Bibliográficas: AZEVEDO, M. N. Ensinar ciências e pesquisa-ação: saberes docente em elaboração. Jundiaí: Paco Editora, 2013. MOURA, M. O. A Atividade de Ensino como Ação Formadora. In: CASTRO, A. D. E CARVALHO, A.M P. Ensinar a Ensinar. São Paulo: Pioneira, 2001.. O educador matemático na coletividade de formação: uma experiência com a escola pública. Tese de doutorado. FEUSP, São Paulo, 2000.
Referências Bibliográficas: CARVALHO, A. M. P. et al. Ciências no ensino fundamental. O conhecimento físico. São Paulo: Scipione, 1998. (Coleção Pensamento e Ação no Magistério). SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 12. ed. Campinas: Autores Associados, 1996. VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
Agradeço a todos...