Prevenção de Crises e Recuperação Dezembro 2009



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Transcrição:

Prevenção de Crises e Recuperação Dezembro 2009 Angola

Prevenção de Crises e Recuperação Prefácio A República de Angola está a beneficiar de um sólido crescimento económico, após 30 anos de conflito armado. Particularmente, nos últimos seis anos, a partir do acordo de Paz em 2002, verificaram-se consideráveis retomas de prosperidade. O país testemunhou um rápido crescimento económico nos grandes centros urbanos das 18 províncias, face aos seus recursos petrolíferos e diamantíferos, bem como, por uma gradual diversificação da economia. O novo investimento tem estimulado o rápido crescimento na capital Luanda, assim como, inter-provincial, através da construção e reabilitação rodoviária, ferroviária e de pontes. Contudo, a pobreza continua a ser um desafio persistente, exigindo que os benefícios do investimento sejam distribuídos uniformemente, particularmente ao nível local. O Produto Interno Bruto per Capita de Angola é um dos mais elevados da Africa Subsariana, e o país atingiu agora um estatuto de médio rendimento. O alcance deste estatuto poderá ser, no entanto, também limitado por níveis moderadamente elevados de risco de desastres de vários tipos de perigo, assim como pela falta de incentivo para investir em áreas provinciais, face às restrições impostas pela existência de minas terrestres e engenhos explosivos não detonados. Deverá haver um melhor equilíbrio entre a capacidade económica e as capacidades necessárias para apoiar essa rápida mudança no processo económico do país, nomeadamente no combate às ameaças representadas pelas minas terrestres, explosivos remanescentes de guerra (ERW), a proliferação de armas ligeiras de pequeno calibre ilícitas (ALPC) e pelos desastres naturais. Em resposta a estas mudanças, o PNUD Angola vai lançar, em 2010, uma nova Unidade de Prevenção de Crises e Recuperação. Suportado pelo PNUD regional e peritos técnicos globais, através do Gabinete de Prevenção de Crises e Recuperação (BCPR), esta unidade irá providenciar apoio especializado ao Governo de Angola para responder às múltiplas ameaças colocadas por minas terrestres, explosivos, desastres naturais, proliferação de armas ligeiras e de pequeno calibre ilegais e pela violência armada. Esperamos que a estratégia proposta pela Prevenção de Crises e Recuperação represente um esforço concertado para ajudar a enfrentar estes obstáculos à segurança humana e ao crescimento económico de forma abrangente, inclusiva e sustentável. Na fase de lançamento da primeira brochura de Prevenção de Crises e Recuperação, o PNUD compromete-se a continuar a apoiar o Governo de Angola nos seus esforços de providenciar um melhor e mais seguro ambiente para a sua população. Directora do PNUD em Angola 2

Análise da Situação Emergindo de décadas de conflito e instabilidade, Angola continua a enfrentar os múltiplos desafios suscitados pela ameaça da contaminação de minas terrestres e explosivos remanescentes da guerra (ERG), resultantes do conflito armado, ameaças emergentes provocadas pela proliferação descontrolada de armas de fogo e da violência armada nas comunidades, bem como as ameaças representadas pelos desastres naturais. Há mais de 10 anos que o PNUD tem vindo a apoiar actividades de acção contra minas e seu valor para o sector está bem definido. A acção de minas está a atravessar por uma fase de ascensão com a disponibilidade dos orçamentos nacionais e de novas tecnologias. O apoio estratégico providenciado pelo PNUD é cada vez mais necessário, neste momento actual, para garantir a eficiência, a manutenção dos padrões e para que os recursos cheguem aos mais necessitados. Nos últimos anos, adicionalmente ao apoio à Acção contra as Minas, o PNUD tem apoiado as iniciativas do Governo na gestão de Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre (ALPC) ilegais e na Redução de Risco de Desastres (DRR). A fim de proporcionar um apoio consolidado, o PNUD tem vindo a desenvolver um programa integrado de Prevenção de Crises e Recuperação (PCR) para apoiar as capacidades nacionais e locais a responder a estes desafios, assim como, contribuirá para reforçar o planeamento, coordenação e execução da estratégia nacional de acção contra as minas, armas de pequeno calibre, segurança da comunidade e riscos naturais. O programa integrado de PCR garantirá que o PNUD ofereça uma resposta coordenada a estas ameaças, resultando em melhorias concretas na liberdade de acesso, segurança humana e no desenvolvimento humano em Angola. No sentido de alcançar estes objectivos, o programa integrado terá de ser suficientemente flexível e dinâmico na prestação de apoio, de acordo com as mudanças de necessidades, prioridades e circunstâncias do Governo e da população de Angola. Existe um alargado painel bi-lateral, multilateral e internacional de prestação de serviços privados a oferecer apoio ao Governo de Angola em todos os sectores, incluindo os que são particulares ao programa de PCR. No sentido de ser considerado um credível prestador de serviços, pelo Governo de Angola, a estratégia integrada de PCR terá de ser dinâmica e capaz de oferecer um elevado nível de apoio técnico, desempenhando o seu papel com base na vantagem comparativa do PNUD como um parceiro fidedigno e confiável. 3

Prevenção de Crises e Recuperação Minas Terrestres e Explosivos Remanescentes de Guerra Angola está altamente contaminada com minas terrestres e explosivos remanescentes da guerra, incluindo remanescentes de munições cluster. A contaminação é o resultado de mais de quatro décadas de conflito armado, tendo sido encontradas, durante operações de desminagem, mais de 40 diferentes tipos de minas provenientes de 15 países. As estimativas da extensão da contaminação de minas em 1993, apontavam para milhões de minas a ocuparem cerca de um terço do território angolano. Só após a conclusão do Levantamento do Impacto de Minas Terrestres (LIS), em Junho de 2007, apoiado pelo PNUD, foi possível obter dados mais realísticos sobre a contaminação de minas nas 18 províncias de Angola. No sentido de responder à ameaça representada pelas minas terrestres e explosivos remanescentes da guerra, Angola constitui um dos Estados membros do Tratado de Proibição de minas anti-pessoal desde 1 de Janeiro de 2003. A 28 de Dezembro de 2006, Angola completou a obrigação do artigo 4 º de garantir a destruição de minas anti-pessoal armazenadas, dentro do prazo limite (1 de Janeiro de 2007). No entanto, o progresso para o cumprimento das obrigações do artigo 5º do Tratado encontrasse menos avançado, consistindo na destruição de minas anti-pessoal em áreas minadas. O Levantamento de Impacto de Minas Terrestres identificou 3.293 áreas suspeitas como perigosas (SHA), em 1.988 comunidades, pertencentes a 383 das 557 Comunas de Angola. As comunidades impactadas representam 8% das 23.504 comunidades em Angola, onde se estima que 2,4 milhões de pessoas sejam afectadas pelo problema das minas terrestres, directa ou indirectamente. Está ainda por concluir uma considerável quantidade de acções de desminagem. Deste modo, Angola precisa de acelerar o passo das actividades de desminagem se quiser cumprir os prazos estabelecidos pelo Tratado e assegurar que o país fique livre de minas terrestres até 4 Vítima de mina terrestre com 13 anos de idade no hospital de Luena, província de Moxico

Áreas Suspeitas de Minas (da Base de Dados Nacional de Acção de Minas, CNIDAH, 17 Novembro 2009) 5

Prevenção de Crises e Recuperação Instituto Nacional de Desminagem (INAD) Plano de Acção do Programa Nacional As actividades do INAD encontram-se alinhadas com o resultado imediato 7.2 do Plano de Acção do Programa Nacional (CPAP) para Angola (2009-2013): "Capacidade desenvolvida no nível nacional e provincial para coordenar efectivamente acções contra as minas". O PNUD e o INAD têm vindo a cooperar numa iniciativa de desenvolvimento de capacidade desde 2007. Este projecto de apoio técnico e assessoria, para 3 anos, é generosamente financiado pelo Governo do Japão e está concebido para reforçar o papel do INAD como o operador nacional de desminagem. Através do desenvolvimento da capacidade do INAD, o resultado específico deste projecto é consolidar o acesso e segurança em apoio ao desenvolvimento de Angola. O objectivo do projecto é garantir de que o INAD é capaz de reagir às prioridades infra -estruturais definidas pelo Governo de Angola, com actual ênfase no transporte, nas comunicações e energia. O projecto pretende garantir que todas as 15 brigadas do INAD estão treinadas, equipadas e a responderem, segura e efectivamente, às necessidades de desenvolvimento em Angola, em concordância com os padrões internacionais de Acção de Minas (IMAS). O projecto pretende também Parceiro Nacional: O INAD reporta ao Ministério de Assistência e Reintegração Social (MINARS) e tem um papel chave como o principal operador de acção de minas do Governo, apoiando a segura implementação da reabilitação das infraestruturas nacionais, através de pesquisa, desminagem e garantia de qualidade. O INAD foi criado em 2001 no contexto de reestruturação do sector de acção de minas do Governo, levando à extinção do Instituto Nacional de Angola de Remoção de Obstáculos e Engenhos Explosivos (INAROEE)). O INAD tem 15 brigadas de desminagem cobrindo as 18 províncias do país, cada brigada é composta em média por 78 sapadores. aumentar a capacidade técnica e de gestão do INAD ao nível da Sede, assim como, melhorar e apoiar a capacidade funcional da Escola Técnica de Desminagem (ETD) em Viana, Luanda. Através da prestação de uma assessoria imparcial e orientação experiente, o PNUD estabeleceu uma construtiva relação com o pessoal do INAD e com a sua direcção. Em 2009, o projecto desenvolveu um abrangente conjunto de Padrões de Procedimentos Operativos (SOP) cobrindo todos aos aspectos das operações do INAD; implementou um extensivo programa de formação providenciando ao INAD um alargado quadro de aptidões, desde cursos de formação em gestão avançada até aos mais variados assuntos de acção de minas. Destaca-se um curso avançado em Engenhos Explosivos (EOD) no Quénia, formação em avaliação de tarefas e GQ/CQ em cooperação com o PNUD em Moçambique, e análise estatística e produção de relatórios com o apoio do PNUD em Laos. Como resultado da conclusão dos SOP, da formação em avaliação de tarefas e Garantia de Qualidade, todas as 15 brigadas estão a trabalhar de acordo com os padrões do IMAS. 6 Sapador manual a trabalhar O Governo de Angola fez consideráveis investimentos em meios de desminagem mecânica altamente especializados. O INAD solicitou ao PNUD a continuação do apoio em 2010, com particular ênfase na formação de pessoal e gestão operacional dos meios mecânicos. Em resposta, o PNUD concebeu um projecto técnico e mecânico para o INAD, em 2010. Este inclui a construção de um centro de formação para aptidões mecânicas e de manutenção, na província do Kunene. As instalações estarão operacionais a partir de Janeiro de 2010 e serão apoiadas pelo assessor e formador em mecânica do PNUD. A orientação do INAD para este elemento vital na sua organização irá assegurar conhecimento técnico e supervisão das operações de desminagem do INAD.

Entrevista: Director Geral do INAD Eng. Leonardo Severino Sapalo, Director Geral do INAD O PNUD tem trabalhado com o INAD, procurando melhorar a capacidade técnica e de gestão do INAD. Quais são os resultados? No quadro deste projecto da capacidade institucional, o INAD tem tido resultados satisfatórios no que diz respeito ao desenvolvimento das operações no terreno. O nível de organização das Brigadas de desminagem, do ponto de vista técnico e administrativo, melhorou substancialmente e consequentemente os resultados operacionais obtidos no terreno também estão com um nível elevado, como exemplo, a forma como os Chefes de Brigada de desminagem organizam os acampamentos, como organizam o campo de desminagem em si, a forma como organizam os equipamentos, como controlam os equipamentos de desminagem e a disposição dos sapadores. Todo este progresso significativo é resultante da assistência da equipa de assessoria do PNUD. Que capacidade o INAD precisa de melhorar com mais urgência no futuro? O INAD deverá melhorar rapidamente a consolidação do que tem estado a fazer, ou seja, consolidar a gestão do pessoal e a aplicabilidade dos padrões operacionais de desminagem consignados nos SOP consolidados ao nível dos sapadores e vice versa, partindo da equipa de gestão até à base, sendo estes os técnicos directamente engajados neste processo e, ao mesmo tempo, melhorarmos a capacidade de desminagem mecânica. O governo esta a potenciar o INAD com equipamento mecanizado que é uma técnica nova no instituto mas não no país. Isto requer uma logística diferenciada, uma formação muito especializado, uma disciplina e uma organização ao nível das necessidades e das capacidades dos próprios equipamentos. O INAD faz muito trabalho de desminagem para desenvolver as infra-estruturas nacionais, tal como pontes e estradas. O INAD está também a fazer desminagem humanitária? A desminagem humanitária não é em torno dos refugiados e deslocados, a desminagem humanitária assegura o desenvolvimento das pessoas de forma integrada. Isto quer dizer que a desminagem que o INAD realiza está associada com actividades de desenvolvimento e melhoria das vidas das pessoas e das comunidades. Se o INAD tiver de fazer a desminagem numa posição vedada, a desminagem será feita, mas primeiro será necessário saber como estão as condições de acesso de estradas e pontes. Será Angola algum dia totalmente livre de minas? Devido à dimensão do problema, a desminagem vai levar algum tempo. No entanto, temos os operadores públicos, ONGs nacionais e internacionais, empresas comerciais a trabalharem no sentido de resolverem o problema. O que nós não temos são os elementos que providenciem a data exacta de quando vai acabar o trabalho de desminagem, mas o certo é que o futuro de Angola sem minas ainda não está muito próximo. Sapadores da brigada da provincia de Moxico 7

Prevenção de Crises e Recuperação Entrevista: Comandante da Brigada da Província do Kunene O Comandante da Brigada Paulo Taukondjele em frente a um Casspir Porque que é que foi importante limpar esta área aduaneira a sul de Santa Clara, na fronteira entre Angola e a Namíbia? Em primeiro lugar porque precisávamos de uma grande área para armazenar todos os contentores que viajam de e para a Namíbia e a África do Sul. O porto de Luanda já está superlotado, por isso esperamos melhorar a situação, aumentando a capacidade de armazenamento nesta passagem fronteiriça para lidar com as crescentes quantidades de mercadorias. Em segundo lugar, porque era preciso construir um portão ao longo da fronteira com a Namíbia e não conseguiríamos acessá-lo enquanto houvesse suspeita de minas. De que forma esta tarefa beneficiou da assistência técnica fornecida pelo PNUD? Apoio do PNUD fez o nosso trabalho ser incrivelmente mais rápido. Tivemos apenas alguns sapadores à nossa disposição e a área suspeita era muito grande. Consequentemente, esta tarefa parecia ser um grande desafio para nós, e, mais ainda, porque precisávamos para limpar esta área o mais rapidamente possível. Portanto, os assessores técnicos do PNUD sugeriram formas muito mais rápidas de limpar a área. Primeiro, identificamos as zonas utilizadas pela população local para a agricultura no interior do perímetro que queríamos limpar. Assim, podíamos ter certeza de que essas zonas estavam livres de minas, e que a terra estava disponível para ser usada (manchas de cor verde no mapa). Isso diminuiu muito o tamanho da área suspeita. Em seguida, depois de termos recolhido depoimentos de soldados e testemunhas da guerra, percebemos que era muito pouco provável existirem minas no resto da área. Portanto, os assessores técnicos do PNUD, sugeriram que conduzíssemos, sobre toda a área, com um carro blindado ( "Casspir") com um "rolo" na parte traseira. Graças a estas técnicas, levamos apenas algumas semanas para verificar uma área de 7,5 km ², enquanto que, para 7 sapadores, teríamos levado cerca de 22 anos para fazer o mesmo trabalho manualmente! O uso de Casspirs é muito apropriado para verificar áreas suspeitas, mas com muito pouca probabilidade que estarem infestadas por minas, e aprender estes tipos de técnicas ajuda realmente a melhorar as capacidades do INAD. Outro tipo de assistência do PNUD que está a beneficiar o INAD é a oficina piloto que a ser agora construída na sede do INAD, em Onjiva. Este edifício será especialmente útil para reparar os carros que não estão a funcionar, e a nova sala de aula será utilizada para formação regular dos sapadores sobre os SOPs. 8

Tarefa no posto de fronteira de Santa Clara Construção das instalações do Workshop em Onjiva 9

Prevenção de Crises e Recuperação Entrevista: Embaixador do Japão O Governo do Japão têm apoiado várias iniciativas anti-minas terrestres por todo o mundo, incluindo medidas para apoiar a desminagem, a assistência a vitimas de minas e a melhorar a implementação do Tratado de Ottawa em Minas Anti-pessoais. Qual tem sido o sucesso destas medidas? O apoio e assistência aos países em desenvolvimento na área de acção de minas são uma prioridade para a política de segurança humana do Japão. O Governo Japonês apoiou e financiou vários tipos de actividades anti-minas por todo o mundo através de ONG s, como o Serviço de Acção de Minas do Japão (JMAS), a Associação para Ajuda e Assistência (AAR Japan) e outras inúmeras ONG s internacionais, assim como, através de organizações internacionais como é o caso do PNUD e ACRNU, ou directamente com as instituições governamentais, como o INAD em Angola. Recentemente, utilizando as suas altas tecnologias e experiências, as empresas privadas Japonesas, como a KOMATSU e a YAMANASHI- HITACHI, desenvolveram vários tipos de máquinas, de grande porte, Sua Excelência Kazuhiko Koshikawa, O Embaixador do Japão em Angola para serem utilizadas na desminagem. Acreditamos que as operações de desminagem de trabalho intensivo, de longa duração e perigosas podem ser drasticamente melhoradas com a ajuda destas máquinas de desminagem. Actualmente, temos a informação de que a velocidade das operações da desminagem aumentou 5 vezes. A JMAS têm trabalhado com o INAD na Província do Bengo no sentido de treinar o pessoal das operações e manutenção em como usar uma KOMATSU, doada ao INAD pela própria empresa para as operações de desminagem. A combinação entre a assistência dos equipamentos e a capacitação técnica deverá ser a chave principal nesta área e eu tenho consciência que o nosso apoio em Angola tem sido um notável sucesso. Qual é a sua impressão sobre a forma como tem sido utilizada a Assistência Oficial de Desenvolvimento Japonesa na capacitação do Instituto Nacional de Desminagem de Angola? Está, de uma forma geral, satisfeito com o resultado? Sim, estamos satisfeitos com o resultado. O Japão aprecia grandemente a soberba contribuição do PNUD na capacitação dos quadros angolanos. A combinação das máquinas de desminagem Japonesas e o programa de capacitação do PNUD, juntamente com o claro sentido de propósito do INAD, trouxe resultados concretos. Nomeadamente, vários funcionários do INAD já adquiriram técnicas de desminagem qualificadas internacionalmente e eles estão a desempenhar um papel determinante nas operações do INAD. Tomei conhecimento que, graças ao seu conhecimento e capacitação, as actividades de desminagem realizadas pelo INAD estão a tornar-se cada vez mais eficientes. A capacitação é um dos factores-chave na promoção das actividades de desminagem em Angola. Está a considerar a continuação do apoio ao projecto no próximo ano? Acredito que, para tirar o correcto proveito das máquinas de desminagem Japonesas, é essencial que Angola tenha mecânicos e operadores bem treinados e capacitados. Considerando este aspecto, o Japão gostaria de continuar a apoiar a capacitação em Angola. No caso de considerar a continuação do apoio ao projecto, existem outras instituições, para além do INAD, que pretendem apoiar? Anteriormente, apoiámos financeiramente várias ONGs de actividades de desminagem em Angola, contudo, neste momento estamos mais inclinados em assistir o INAD para que Angola consiga, por si própria, realizar grandes operações mecanizadas. No entanto, o Japão não exclui em ter como parceiros, nesta área, ONGs ou outras organizações. 10 Uma máquina de desminagem Hitachi

Comissão Nacional Intersectorial de Desminagem e Assistência Humanitária (CNIDAH) O PNUD tem estado envolvido em projectos de desenvolvimento de capacidades com a CNIDAH desde 2003, generosamente financiados pela Comissão Europeia, entre outros doadores. O ênfase tem sido em reforçar a capacidade institucional da coordenar e monitorizar a Acção de Minas ao nível nacional e provincial; manutenção e gestão da Base de Dados Nacional de Acção de Minas (IMSMA); e a capacidade institucional de produzir planos anuais operacionais nacionais e provinciais, com base no Plano Estratégico Nacional. Em 2009, o PNUD continuou a prestar uma linha directa de serviços de apoio à CNIDAH, focada primariamente na manutenção da base de dados nacional de acção de minas, componentes de gestão de informação associada e provisão de pessoal técnico. No entanto, outras actividades planeadas para 2009, como a revisão do Plano Estratégico Nacional de Acção de Minas, foram infelizmente adiadas para 2010. O programa integrado de PCR (2010-2013) inclui o seguinte resultado imediato chave: O Governo está melhora capacitado para cumprir as obrigações sob o Tratado de Proibição de Minas Anti-pessoal. Em resposta, o PNUD e a CNIDAH acordaram em organizar uma cimeira de Acção de Minas em 2010, envolvendo um amplo painel de organizações nacionais e internacionais, assim como a comunidade doadora internacional. A cimeira proposta será o canal para reestruturar a assistência do PNUD ao Governo de Angola para ajudar a reconciliar uma coerente compreensão da actual natureza do problema de minas terrestres em Angola e procurar optimizar soluções, no âmbito dos termos do Tratado de Proibição de Minas Anti-pessoal. O apoio adicional do PNUD à CNIDAH em 2010 irá incluir a prestação de assistência técnica ao nível provincial para apoiar a reconciliação e verificação da extensa acumulação de áreas desminadas. Isto irá resultar na actualização da base de dados nacional, assegurando um coerente conhecimento da actual situação da contaminação de minas terrestres e encorajar o desenvolvimento de políticas e estratégias apropriadas de resposta. Parceiro Nacional: Comissão Nacional Intersectorial de Desminagem e Assistência Humanitária (CNIDAH) A CNIDAH foi criada em 2001 por decreto Presidencial e tem trabalhado em cooperação com o PNUD desde 2003. A CNIDAH reporta directamente ao Conselho de Ministros e é responsável pelo desenvolvimento de políticas de acção de minas, planeamento, prioritização, coordenação e gestão da implementação das obrigações de Angola sob o Tratado de Proibição de Minas Anti-Pessoal. A CNIDAH é também responsável pela acreditação de operadores comerciais de desminagem e, em princípio, estes operadores submetem relatórios de fim de tarefa à CNIDAH. As 18 Salas Operativas Provinciais da CNIDAH determinam as prioridades anuais em consulta com o Vice Governador, planeamento provincial, tarefas prioritárias de ONGs, o LIS, autoridades tradicionais e comunidades. O PNUD é mandatário pela Assembleia Geral da ONU para assistir as autoridades nacionais nos esforços para renovar e fortalecer os mecanismos de coordenação existentes. A acção de minas do PNUD promove a apropriação nacional, responsabilidade, liderança e efectiva coordenação, através do reforço da capacidade nacional para gerir todos os aspectos de acção de minas e da implementação das obrigações Projecto de Educação de Risco de Minas financiado pelo PNUD 11

Prevenção de Crises e Recuperação Entrevista: Adriano Francisco Gonçalves - CNIDAH Existem agora duas instituições nacionais responsáveis pela desminagem desde que o Instituto Nacional para a Remoção de Obstáculos e Engenhos Explosivos (INAROEE) foi extinto em 2001, dando origem à CNIDAH e ao INAD. A desminagem em Angola tem melhorado em resultado desta reforma? Sim, os dois papéis desempenhados no passado pelo INAROEE foram divididos e atribuídos à CNIDAH e ao INAD. A CNIDAH é a Autoridade Nacional de Acção contra as Minas no País, enquanto que INAD é um dos operadores públicos de Desminagem e ERM. Esta reforma tem sido positiva desde que a Coordenação de Acção de Minas estabelecida, credenciação em antemão todos os operadores, realizando o Controlo de Qualidade de acordo com a SOP e acompanhando as actividades operacionais e a sua certificação. Por outro lado, o INAD está mais concentrado na formação e nas operações de campo com as brigadas de sapadores. Adriano Francisco Gonçalves é um perito técnico sénior em Acção de Minas a trabalhar na CNIDAH Há planos concretos para que a CNIDAH passe, futuramente, de uma comissão para um departamento do governo, totalmente desenvolvido? Se sim, quando? Esta é de facto uma das questões que temos vindo a tratar nos últimos dois anos. A primeira tentativa falhou porque o presidente da CNIDAH esteve ausente quando o assunto foi agendado para ser discutido. Esperamos que o assunto esteja novamente na agenda do Conselho de Ministros muito em breve, durante o próximo ano. De acordo com o seu Plano Estratégico de Acção contra as Minas (2006-2011), a CNIDAH pretende: 1) não ter mais "comunidades de alto impacto", 2) reduzir em 50% o número de "comunidades de impacto médio", e 3) ter todas as outras áreas suspeitas de perigo (SHAs) marcadas, tudo isso em 2011. São estes três objectivos possíveis de alcançados? Para ser honesto, se estes objectivos serão ou não cumpridos até 2011, é imprevisível. No entanto, o aumento das actividades de desminagem por todo o país tem sido. No entanto, se até o final de 2011 não atingirmos o objectivo definido pelo nosso plano estratégico, não demorará muito mais. Como tem a CNIDAH beneficiado da capacitação providenciada pelo PNUD? O PNUD é um parceiro tradicional da CNIDAH e temos beneficiado do seu apoio através de programas como o reforço das capacidades. No entanto, os resultados obtidos estão longe de ser satisfatórios. São necessárias mais consultorias e, na minha opinião, seria mais benéfico se fosse estabelecido um claro quadro de acção, com metas e com revisões periódicas para ajustamentos. 12 A CNIDAH beneficiaria de capacitação adicional no futuro? Em caso afirmativo, quais as capacidades que precisam ser abordadas em primeiro lugar? Sim, isso seria muito benéfico, especialmente em relação ao que acabei responder na pergunta anterior, contando que as lições sejam aprendidas com os erros feitos. As capacidades que precisam ser abordadas em primeiro lugar são áreas como a realização dos artigos 5 (Destruição de minas anti-pessoal em áreas minadas), 6 (Cooperação internacional e assistência), 7 (Medidas de transparência), 9 (Medidas nacionais de implementação) da Convenção de Ottawa, controlo de qualidade, Base de Dados e Projectos de Assistência aos Sobreviventes de Minas Terrestres.

Redução de Risco de Desastres Plano de Acção do Programa Nacional As actividades de RRD estão alinhadas com o Resultado 7.1 do Plano de Acção do Programa Nacional (CPAP) para Angola (2009-2013): Capacidade desenvolvida ao nível Nacional e Provincial para efectivamente coordenar e reduzir o impacto de desastres naturais. Risco de Desastres em Angola As condições geo-climáticas do país tornam-no vulnerável a uma série de riscos naturais, maioritariamente cheias, deslizamentos e secas. As inundações dos rios em 2008, entre Angola e a Namíbia, provocaram 200 mortos, quase meio milhão de deslocados e devastaram culturas, meios de subsistência e a nutrição. Actividades de RRD A Angola é membro do Quadro de Acção de Hyogo e fez substanciais esforços para a sua implementação a nível nacional. Os esforços do Governo na redução de risco de desastres foram liderados pelo Serviço Nacional de Protecção Civil (SNPC). Os pedidos de assistência feitos pelo SNPC ao PNUD em RRD procuram aptidões técnicas e assessoria específicas. O apoio do PNUD em RRD será através da análise de riscos de desastres, preparação da comunidade, plano de contingência e reaplicação de sistemas piloto de aviso prévio. Neste contexto, a prioridade será dada à conclusão, aprovação e utilização do Plano Nacional de Contingência 2009/10. O PNUD apoiará o Governo no desenvolvimento de planos provinciais de contingência e sistemas de aviso prévio. Assistência adicional incluirá formação específica em SIG, DEVINFO e metodologias de Redução de Risco, em parceria com as agências das Nações Unidas e outras instituições. Várias organizações nacionais e internacionais têm estado activas na promoção de redução de risco de desastres ao nível nacional, provincial e local. Contudo, o aumento da frequência de risco de acidentes nos últimos anos aumentou a necessidade de uma coordenação mais forte entre todos os actores para assegurar uma abordagem multi- Equipa de Gestão de Desastres da ONU O PCR representa o PNUD na Equipa de Gestão de Desastres da ONU (UNDMT). Deste modo, no caso de emergências, a Unidade de PCR contribuí directamente para a resposta coordenada da UNDMT. Foi o caso, em 2008, das cheias anuais e da necessidade de resposta e recuperação prévia dos Angolanos recentemente expulsos da vizinha Parceiro Nacional: Serviço Nacional de Protecção Civil (SNPC) Reportando directamente ao Ministério do Interior, o SNPC é coordenado, ao nível nacional, pela Comissão Nacional de Protecção Civil, sob a liderança do Presidente. Ao nível local, o SNPC é coordenada pelos administradores municipais. Plano Nacional de Contingência O Governo de Angola iniciou um Plano Nacional de Contingência. Este tem como objectivo coordenar todos os Ministérios Angolanos relevantes, o sistema da ONU e ONGs para responder de forma harmoniosa às futuras situações de desastre. Um dos recentes sucessos do PNUD foi a coordenação do apoio da ONU e das suas agências ao Serviço Nacional de Protecção Civil (SNPC) para o processo de planeamento de contingência, incluindo a mobilização de apoio assessorial e técnicos peritos da região e do BCPR em Geneve, assim como a participação na elaboração de planos de contingência. O Plano Nacional de Contingência aguarda aprovação em Conselho de Ministros e é esperado a sua operacionalização, ao nível nacional e provincial, em 2010. Gestão de Risco & Sistema de Aviso Prévio O PNUD apoiou o desenvolvimento de sistemas piloto em gestão de risco local e aviso prévio em três rios na província de Benguela. A estratégia de RRD propõe apoiar o Governo na extensão e aperfeiçoamento destes sistemas em outras províncias para reduzir o risco colocado às comunidades vulneráveis pela devastação das 13

Prevenção de Crises e Recuperação Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre Armas de Pequeno Calibre em Angola Centenas de milhares de armas ilegais ainda permanecem em circulação. Exacerbada por um fraco enquadramento político e pelo quadro jurídico existente, cuja legislação remonta a leis coloniais do século XVIII. A proliferação de armas de fogo ilegais ameaça a consolidação da paz e estabilidade e têm o potencial de debilitar os recentes ganhos de Plano de Acção do Programa Nacional As actividades de ALPC estão alinhadas com o resultado imediato 7.4 do Plano de Acção do Programa Nacional (CPAP) para Angola (2009-2013): "Capacitação para desenvolver legislação nacional sobre as ALPC e intensificar parcerias com ONGs e sociedade civil na implementação de iniciativas comunitárias de segurança e programas de aumento da conscientização sobre o desarmamento ". Declarações e Programas para ALPC em Angola: Declaração de Bamako sobre a Posição Comum Africana sobre a Proliferação Ilícita, Circulação e Tráfico de ALPC (OUA, 2000) Declaração sobre Armas-de-Fogo, Munições e Outros Materiais relacionados na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, 2001) Programa de Acção das Nações Unidas para Prevenir, Combater e 14 Controlo de Armas Ligeiras e Actividades de Segurança da Comunidade A consolidação e apoio para reduzir a proliferação, assim como, o reforço do controlo e gestão de armas de fogo ilegais são essenciais para melhorar a segurança humana, assegurando uma redução nos níveis de violência armada e da criminalidade e assegurar muitos dos recentes ganhos de desenvolvimento do país. No sentido de apoiar o Governo de Angola, o PNUD apoiou a Conferência Nacional sobre o Desarmamento da População Civil, em 2007. Após a conferência, a Comissão Nacional para o Desarmamento da População Civil solicitou, explicitamente, a assistência do PNUD para apoiar as capacidades nacionais e locais a responder aos desafios que as armas continuam a representar para a segurança humana e desenvolvimento em Angola. O Quadro de Assistência ao Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDAF) 2009-13, para Angola, reconhece a necessidade de desenvolver a capacidade nacional para identificar, apreender e destruir armas ilegais e colocar em prática medidas para controlar a circulação, posse, transferência e uso de ALPC. A estratégia integrada da PCR (2010-13) propõe auxiliar a Comissão com uma estratégia de capacitação sobre gestão de armas ligeiras. A estratégia irá concentrar-se na: i) Revisão técnica da legislação nacional sobre gestão de armas ligeiras; ii) Levantamento, gestão de dados e manutenção de registos de armas de pequeno calibre; iii) Desenvolver parcerias com organizações da sociedade civil na implementação de iniciativas de segurança da comunidade. O apoio do PNUD ao controle de armas de pequeno calibre e segurança da comunidade em Angola pretende ajudar a prevenir os conflitos e a violência armada, e ajudar o país a aumentar a confiança dos investidores em áreas carentes, que enfrentam a criminalidade, especialmente nas grandes áreas urbanas. Os objectivos das intervenções do PNUD em ALPC e segurança da comunidade em Angola, incluem a redução da disponibilidade e utilização a nível local, regulamentação da posse e uso de armas através de legislação nacional e de registos; recuperação de ALPC ilícitas das comunidades; redução da visibilidade de armas na comunidade, e combate à cultura de armas; aumento da coordenação de conscientização de armas de pequeno calibre através do mapeamento de ALPC em todas as 18 províncias; redução da violência de género relacionada à posse e manuseio de armas, legal ou ilegalmente. Parceiro Nacional: A Comissão Nacional para o Desarmamento da População Civil (CNDPC):Estabelecida por Decreto Presidencial em 2008, o objectivo desta Comissão, coordenada pelo Primeiro-Ministro da República de Angola, é recolher, armazenar e guardar todas as armas ligeiras e de pequeno calibre na posse ilegal de civis, antigos militares, oficiais da policia e de empresas

Futuro da PCR Até 2009 não existia um programa, unidade ou estratégia de Prevenção de Crises e Recuperação, no âmbito do PNUD em Angola. Foram desenvolvidos mais de uma década de projectos do PNUD de Acção contra as Minas e algumas pequenas iniciativas em outras áreas relacionadas com a PCR. Ao longo de 2009, a equipa de Acção de Minas foi bem sucedida em atingir as metas que havia estabelecido em 2008, para ver o desenvolvimento de um programa de prevenção de crises e recuperação. Estes objectivos foram: a inclusão de PCR no programa do CPAP do PNUD Angola como uma entidade de direito próprio, deixando de ser uma sub-actividade do cluster da Governação; a criação e o reconhecimento de uma Unidade e programa de PCR dinâmico dentro do escritório do PNUD Angola, e um programa de PCR com fortes ligações ao BCPR em Nova York, Genebra & do Escritório Regional para África, em Joanesburgo. Durante 2009, a equipa desenvolveu um programa integrado, a estratégia e a unidade de PCR, através de um amplo processo de consulta com os parceiros governamentais relevantes e a participação de peritos e apoio técnico do Gabinete de Prevenção de Crises e Recuperação do PNUD. Este programa de PCR terá uma duração de três anos (2010-2013) e incidirá na prestação de apoio de elevado nível técnico e de consultoria, com base na vantagem comparativa do PNUD como um parceiro confiável e de confiança, com acesso a uma rede global de peritos, aptidões e conhecimentos em PCR. O programa integrado de PCR já tem garantido o financiamento interno do PNUD, através do BCPR e garantirá que o PNUD ofereça um programa agradável que irá conduzir a melhorias concretas para a segurança humana e à liberdade de acesso, através do reforço das capacidades nacionais para gerir e reduzir o impacto dos desastres naturais, tráfico ilícito de armas de fogo e contaminação de minas. Será colocada grande ênfase na cooperação Sul-Sul e o reforço do envolvimento Internacional, regional e nacional, o diálogo e a cooperação em matéria de Acção contra as Minas, RRD e ALPC. Adicionalmente importante será a integração e sinergias com outras prioridades sectoriais do PNUD e mecanismos conjuntos da ONU, tais como a UNDMT, a UNCT e a programação conjunta da ONU. Em resposta à recente expulsão de mais de cinquenta mil cidadãos angolanos da vizinha República Democrática do Congo, a unidade de PCR garantiu o financiamento e apoio do cluster Global do BCPR em Recuperação Rápida, localizado em Genebra, para destacar um consultor em recuperação rápida e especialista de coordenação para ajudar a UNCT em Angola. Esta assistência inclui o desenvolvimento de políticas e boas práticas em matéria de recuperação prévia dentro da UNCT e nas respostas nacionais aos desastres e recuperação pós-crise. Esta assistência também garante que as respostas humanitárias consideraram as questões de recuperação sem afectar as oportunidades de recuperação a longo prazo, acrescentando à capacidade institucional do UNCT / UNDMT e à promoção das melhores práticas para a emergência actual, as iminentes inundações sazonais, bem como futuras emergências que requerem um quadro de acção de recuperação prévia e estratégias. O programa integrado de PCR está a planear um significativo processo de recrutamento em 2010, incluindo peritos em RRD e ALPC e um especialista em inclusão do género para garantir a integração das considerações de género nas acções contra as minas e nas componentes de RRD e ALPC do programa. O objectivo desta posição será, também, assegurar as ligações entre as iniciativas de PCR e de outros programas do PNUD, bem como servir como ponto focal de género, dentro do escritório do PNUD. A PCR é uma das áreas mais dinâmicas do trabalho do PNUD e tem potencial para fornecer uma ampla gama de serviços valiosos para País, para o PNUD Angola e para a UNCT no processo de transição em curso, do conflito para a recuperação em Angola. 15

ABREVIATURAS Ao coordenarmos realisticamente os nossos esforços para acompanharmos a assistência ao desenvolvimento e chocarmos com a sabedoria colectiva e capacidade dos actores locais e comunidades, estaremos melhor posicionados para iniciar e reforçar um processo sustentável de recuperação. Jordan Ryan, Director do Gabinete PCR, PNUD, durante a Conferência sobre Paz através da Reconstrução, realizada na Colombia University, 23 Outubro ALPC APMBT BCPR CNDPC CNIDAH CPAP ERG ERM ETD FAA GRN INAD IMSMA Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre Tratado de Proibição de Minas Anti- Pessoal Gabinete de Prevenção de Crises e Recuperação (Bureau for Crisis Prevention and Recovery) Comissão Nacional para o Desarmamento da População Civil Comissão Nacional Intersectorial de Desminagem e Assistência Humanitária Plano de Acção do Programa Nacional (Country Programme Action Plan) Explosivos Remanescentes da Guerra Educação de Risco de Minas Escola Técnica de Desminagem Forças Armadas Angolanas Gabinete de Reconstrução Nacional Instituto Nacional de Desminagem Sistema de Gestão da Informação da Acção de Minas (Information Management System for Mine Action) INAROEE Instituto Nacional de Remoção de Obstáculos e Engenhos Explosivos Unidade de Prevenção de Crises e Recuperação Escritório do PNUD em Angola 197 Rua Major Kanhangulo Tel: + 244 222 331181/331196/333769 Fax: + 244 222 335609 http://mirror.undp.org/angola/ LIS MINARS Mine AP MOU ONG OSC PCR PNUD RRD SHA SNPC SOP 16 UNCT UNDMT Levantamento sócio-economico de Impacto de Minas (Landmine Impact Survey) Ministério da Assistência e Reinserção Social Mina Anti-Personal Memorando de Entendimento (Memorandum of Understanding) Organizações não Governamentais Organizações da Sociedade Civil Prevenção de Crises e Recuperação Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Redução de Risco de Desastres Área Suspeita de Perigo (Suspected Hazardous Areas) Serviço Nacional de Protecção Civil Padrões Operativos de Procedimentos (Standard Operating Procedures) Equipa do País das Nações Unidas Equipa de Gestão de Desastres das Nações Unidas Publicado pela Unidade de PCR (PNUD Angola) em Dezembro 2009 Conceito, layout e entrevistas realizadas por Romain Thiollier