Gestão estratégica da informação para projetos culturais 1 Ana Paula Sena de Almeida (ECI/UFMG) Renato Rocha Souza (ECI/UFMG) Resumo: Este artigo apresenta algumas das ferramentas de gerenciamento estratégico da informação para o atendimento de processos de elaboração e gestão de projetos na Gestão Cultural. É fruto das reflexões do trabalho Gestão estratégica da informação para Projetos Culturais. Apresenta algumas das principais metodologias de gestão, estratégia e indicadores para que profissionais do setor cultural possam aplicar o gerenciamento estratégico de informação em seus negócios. Palavras-chave: gestão cultural, estratégia, monitoração, informação. This paper introduce some tools of Strategic Management of Information, used in the contexts of Cultural Management. It shows the results of a research titled Strategic Management Information from Cultural Projects It introduces some of the main methodologies of management, strategy and metrics from professional cultural business in application of strategic management information. Keywords: management of culture, strategy, business intelligence, information. 1 Resumo de pôster apresentado ao GT-04 - Gestão da Informação e do Conhecimento nas Organizações. 1
Introdução O setor cultural demanda analistas que dêem suporte estratégico no gerenciamento de informações. As informações estratégicas existentes nos ambientes organizacionais da Gestão Cultural ainda estão sendo utilizadas de maneira dispersa, ao sabor das urgências e das demandas momentâneas. Esta pesquisa buscou sensibilizar gestores para as ferramentas da gestão estratégica de informação disponíveis e adaptáveis ao setor cultural brasileiro. Objetivo geral Propor uma metodologia de gestão estratégica da informação aplicada à gestão de projetos culturais (aqui compreendidos também como empreendimentos culturais), considerando as demandas do mercado brasileiro. Objetivos específicos a) Identificar os elementos principais de uma metodologia de gestão estratégica da informação para projetos/empreendimentos culturais; b) Identificar indicadores informacionais em gestão de projetos/empreendimentos culturais; Informação estratégica: para quê? A informação não pode ser dissociada do significado. Le Coadic (1996) ressalta que o objetivo da informação permanece sendo a apreensão de sentidos ou seres em sua significação. Para o autor, resume-se em: A informação é um conhecimento inscrito (gravado) sob a forma escrita (impressa ou numérica), oral ou audiovisual. A informação com- 2
porta um elemento de sentido. É um significado transmitido a um ser consciente por meio de uma mensagem inscrita em um suporte espacial-temporal: impresso, sinal elétrico, onda sonora, etc. Essa inscrição é feita graças a um sistema de signos (a linguagem), signo este que é um significado: signo alfabético, palavra, sinal de pontuação. (LE COADIC, 1996, p.5) Qualquer que seja o ramo de atividade, a informação é insumo para tomada de decisões. A informação estratégica, no entanto, é mais que insumo, passa a ser indicador para monitoração buscando-se adequar negócios às demandas de mercados e à antecipação aos obstáculos. Figura 1: Modelo de DAVENPORT O processo de gerenciamento da informação (Extraído e adaptado de DAVENPORT, 1998, p.175). Os negócios do setor cultural brasileiro além de considerar modelos para gerenciamento da informação deverão atender aos termos do desenvolvimento sustentável que implicam no respeito aos três pilares: Ambiental, Social e Econômico. Ou ainda, o que Barros (2007) denomina Dimensão Transversal e Tríplice Dimensão considerando-se três questões fundamentais envolvendo o Político, Social e Econômico. 3
Gestão Cultural, Informação e Estratégia Instituições internacionais do setor de entretenimento há décadas perceberam qual o papel da gestão estratégica de informações e fazem uso dela não apenas para gerir processos, mas, sobretudo, para inovar na criação de produtos e serviços. Davenport (1998) e Choo (2006) mostram que o uso da informação sem a significação não poderiam levar as organizações ao enfoque e/ou diferenciação desejados. Na prática, projetos culturais devem ter uma gestão baseada em Planejamento Estratégico; Inteligência Competitiva (IC); Gestão Sustentável (Atenção aos três pilares: Social, Econômico e Ambiental), Gestão do Conhecimento (GC) e Inovação (investimento contínuo em produtos e serviços diferenciados). Para tanto foram identificados os seguintes indicadores: a) Foco estratégico de atuação: definido a partir de um planejamento estratégico bem estruturado. b) Gestão Sustentável: gerência coerente e responsável que monitore componentes impactantes dos universos: ambiental, social e econômico. c) Monitoração do Ambiente Interno: desenvolvimento e eficácia nos processos de gestão de pessoas, gestão financeira, execução de projetos e desenvolvimento de novos produtos/serviços (Marketing). d) Monitoração do Ambiente Externo (Inteligência Competitiva): Editais, Leis, alterações nas Leis, ameaças de mercado, concorrentes diretos e indiretos, redes, patrocinadores, indicadores nacionais. e) Significação (Uso e Sensemaking ): quando são aplicados os recursos informacionais (uso da informação) aos processos de pesquisa, elaboração de projetos, avaliação de resultados, captação de recursos e oportunidades de inovação. Outros trabalhos de pesquisa poderão ser realizados tendo em vista o desenvolvimento de produtos e serviços de informação para profissionais do setor. Implementadas as atividades sistemáticas para gerir informações estratégicas e após aperfeiçoar o processo de elaboração e monitoração dos indicadores culturais, os profissio- 4
nais do setor econômico Cultural terão conteúdos para avaliar e planejar melhores ações nos níveis social, econômico e patrimonial. PRINCIPAIS REFERÊNCIAS BARROS, José. Márcio. P. M.. Cultura, mudança e transformação: a diversidade cultural. In: III Econtro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, 2007, Salvador. http://www.cult.ufba.br/enecult2007/, 2007. BARROS, José. Márcio. P. M.. Observatório da cultura: entre o óbvio e o urgente. Revista Observatório Itaú Cultural, v. 2, p. 59-65, 2007. CHOO, Chun Wei. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. 2. ed. São Paulo: Ed. SENAC, 2006. 425 p. DAVENPORT, Thomas H.. Ecologia da informação por que só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. 5.ed. São Paulo Futura, 1998. 316p. DAVENPORT, Thomas H; MARCHAND, Donald A; DICKSON, Tim. Dominando a gestão da informação. Porto Alegre: Bookman, 2004. 407 p. DOMINGUES, Ivan.Conhecimento e transdisciplinaridade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001.73p. LE COADIC, I.-F. A ciência da Informação. Brasília: Briquet de Lemos, 1996. MCGEE, James; PRUSAK, Laurence. Gerenciamento Estratégico da Informação : aumente a competitividade e a eficiencia de sua empresa utilizando a informação como uma ferramenta estrategica. Rio de Janeiro: 1994. 244p MINTZBERG, Henry; QUINN, James Brian. O processo da estratégia. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. 404p. ISBN 8573077190 REIS, Ana Carla Fonseca. Economia da cultura e desenvolvimento. São Paulo: Manole, p.353, 2007. REIS, Ana Carla Fonseca. Marketing cultural e financiamento da cultura: teoria e prática em um estudo internacional comparado. São Paulo: Pioneira, 2003 313 p. RUBIM, Linda (Org.). Organização e produção da cultura. Salvador: EDUFBA; FACOM/CULT, 186 p. (Coleção sala de aula), 2005. SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 3ed. São Paulo:Cortez, 2005.92p.25 5