SESSÃO DA TARDE PENAL E PROCESSO PENAL PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA E DEVIDO PROCESSO LEGAL. Prof. Rodrigo Capobianco

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Transcrição:

SESSÃO DA TARDE PENAL E PROCESSO PENAL PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA E DEVIDO PROCESSO LEGAL Prof. Rodrigo Capobianco

Princípios do Contraditório, Ampla Defesa e Devido Processo Legal

PRINCÍPIOS Princípio da ampla defesa e do contraditório Os princípios do contraditório e da ampla defesa têm previsão constitucional (art. 5º, LV, da CF). O contraditório está irmanado com o princípio da ampla defesa, eis que a Constituição Federal visou a dar ao réu todas as possibilidades de defesa permitidas em direito.

PRINCÍPIOS Pelo princípio do contraditório, toda vez que uma parte apresenta uma alegação sobre os fatos ou provas, dentro de um processo, tem a parte contrária o direito de rebater, para que se mantenha um equilíbrio dentro da relação acusação e defesa.

PRINCÍPIOS Para esse exercício, deve o réu ter conhecimento pleno da acusação que lhe pesa para que dela possa se defender.

PRINCÍPIOS Daí a necessidade da regular denúncia, citação, intimações, oportunidades de manifestação, laudos etc., sob pena de nulidade absoluta por violação aos princípios em apreço.

PRINCÍPIOS A ampla defesa garante a todo acusado o direito de utilizar todos os meios de defesa em direito admitidos, tais como autodefesa (se defender pessoalmente), defesa técnica (por advogado) e o direito de se manifestar sempre por último, dentro do processo.

JURISPRUDÊNCIA A sociedade tem interesse na apenação dos culpados. Em contrapartida, não se descura da atenção devida ao direito de defesa. Ao contrário, reclama-lhe a consubstanciação pelos meios legais colocados ao alcance daqueles que, por isto ou aquilo, vêem-se envolvidos em processo criminal. (segue)

JURISPRUDÊNCIA A garantia, de estatura maior, que impõe ao Estado a defesa jurídica e judiciária dos necessitados tem contornos não simplesmente formais. Há de se perquirir sobre o respeito ao princípio da realidade; sobre a concretude da defesa. (segue)

JURISPRUDÊNCIA Para tanto, indaga-se sobre a valia da atuação do defensor, levando-se em conta os atos por si praticados e a indispensável seriedade do respectivo desempenho. O caso dos autos revela, sob a minha óptica, que a Paciente foi apenada com doze anos de reclusão sem que tenha ocorrido a defesa considerada esta em sua amplitude maior, ou seja, o objetivo que lhe é próprio. (segue)

JURISPRUDÊNCIA Primária e de bons antecedentes, viu-se condenada, à luz, de um lado, da atuação irrepreensível do Estado-acusador, e, de outro, um defensor que assumiu, verdadeiramente, postura contemplativa. (segue)

JURISPRUDÊNCIA Por isso, tenho como nulo o processo, a partir do momento em que deveria ter sido iniciado o patrocínio técnico efetivo no juízo penal, e não o foi, e, portanto, desde a defesa prévia. (STF HC Rel. Min. Marco Aurélio RBCCrim 14/404)

PRINCÍPIOS Princípio do devido processo legal Ninguém será privado de sua liberdade e de seus bens, sem que haja o devido processo legal. É o que reza o art. 5º, LIV, da Constituição Federal.

PRINCÍPIOS O princípio do devido processo legal (due processo of law) assegura que todos os processos serão desenvolvidos da mesma forma, com as mesmas garantias, sem inovações personalistas, ou seja, os processos devem se desenrolar de acordo com as regras da lei.

PRINCÍPIOS Ele é composto de vários princípios constitucionais, tais como a ampla defesa e o contraditório. Compreende o direito de ser julgado brevemente e, ainda, com mais celeridade se o acusado estiver preso, ser informado de todos os atos, ter acesso a defesa técnica, de ter a imutabilidade das decisões que sejam favoráveis ao réu. (segue)

PRINCÍPIOS O Código de Processo Penal concretiza este princípio quando, no art. 261, estabelece que nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor, e, no art. 263, que dispõe que, se o acusado não tiver defensor, o juiz lhe nomeará um, ressalvando o direito do acusado de nomear outro ou de defender-se pessoalmente, caso tenha habilitação técnica.

JURISPRUDÊNCIA (DEVIDO PROCESSO NA EXECUÇÃO) É preciso que o processo de execução possibilite efetivamente ao condenado e ao Estado a defesa de seus direitos, a sustentação de suas razões, a produção de suas provas. A oportunidade de defesa deve ser realmente plena e o processo deve desenvolver-se com aquelas garantias, sem as quais não pode caracterizar-se o devido processo legal, princípio inserido em toda Constituição realmente moderna. (segue)

JURISPRUDÊNCIA (DEVIDO PROCESSO NA EXECUÇÃO) Não é por outra razão que o art. 2.º da LEP se refere à aplicação do Código de Processo Penal, pois, como se afirma na exposição de motivos, a aplicação dos princípios e regras do Direito Processual Penal constitui corolário lógico de interação existente entre o direito de execução das penas e das medidas de segurança e os demais ramos do ordenamento jurídico, principalmente os que regulam em caráter fundamental ou complementar os problemas postos pela execução. (STF HC 67.201-9 Rel. Min. Célio Borja)

JURISPRUDÊNCIA O processo penal, o devido processo legal, é garantia do cidadão, que opõe o seu jus libertatis ao poder-dever de punir do Estado, jus puniendi, no qual pela sua própria estrutura inquisitiva o réu entra em desvantagem, já que o precede o inquérito policial, que é um procedimento investigatório de natureza administrativa aonde o réu figura como indiciado, objeto de investigações, e não sujeito de direitos, (segue)

JURISPRUDÊNCIA e só passa a figurar como parte a partir da citação. Ora, se antes do ato citatório, quando o Juízo determina a citação e marca o interrogatório, o réu sofre diminuição no seu direito de defesa, o processo não será mais uma garantia do cidadão, (segue)

JURISPRUDÊNCIA mas sim um instrumento de inquisitorialidade que ultrapassa até o poder-dever do Juiz, que é de natureza inquisitiva, para ingressar no puro arbítrio. E mais, não se trata de formalismo estéril como a alguns pode parecer, porque em verdade as formas são garantias do cidadão, que diante da máquina estatal, composta do aparato policial de um órgão, altamente capacitado como o Ministério Público, que o acusa, e diante do Magistrado, que age na plenitude de seu livre convencimento quanto ao sistema probatório (art. 157 do CPP), só tem para se defender a obediência efetiva aos trâmites legais, por parte das autoridades que o processam e o julgam. (TJSP Ap. Rel. Des. Fortes Barbosa RT 723/565)