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- Diana Chaplin Castro
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1 DIREITO PROCESSUAL PENAL I. Princípios Constitucionais do Processo Penal II. Aplicação da Lei Processual III. Inquérito Policial IV. Processo e Procedimento V. Juizados Especiais Criminais VI. Ação Penal VII. Ação Civil VIII. Jurisdição e Competência IX. Questões e Processos Incidentes X. Prova XI. Sujeitos Processuais XII. Prisão e Liberdade Provisória XIII. Citações e Intimações XIV. Sentença e Coisa Julgada XV. Prazos XVI. Nulidades XVII. Habeas corpus e Mandado de Segurança XVIII. Do crime de responsabilidade de funcionários públicos XIX. Leis Especiais Abuso de Autoridade, Estatuto da Criança e do Adolescente, Crimes Hediondos, Tortura, Lei do Meio Ambiente, Lei de Drogas, Crimes contra a Ordem Econômica, Tributária, Relações de Consumo e Economia Popular, Crime Organizado, Lavagem de Dinheiro, Crime de Preconceito, de Raça ou de Cor, Crime nas Licitações, Estatuto do Desarmamento, Crime Falimentar, Código de Defesa do Consumidor, Interceptação Telefônica, Execução Penal, Maria da Penha, Juizado Especial Criminal, Contravenções Penais e Código de Trânsito Nacional
2 DIREITO PROCESSUAL PENAL I. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO PENAL Os princípios são enunciados que orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas. Podem ser explícitos, isto é, estampados em norma legal, ou implícitos, ou seja, extraídos da interpretação que se faz do conjunto de normas. No Brasil, tendo em vista a importância do bem jurídico em questão na discussão de uma causa penal a liberdade boa parte dos princípios informadores do processo penal estão dispostos na Constituição da República, dentre os direitos e garantias individuais. A maioria deles, por seu turno, é repercussão da adesão do Brasil à Convenção Americana de Direitos Humanos, conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, ratificada pelo País em Não bastasse a inspiração, a própria Convenção pode vir a ganhar status de emenda constitucional se aprovada em cada casa do Congresso, em dois turnos, por 3/5 dos votos (art. 5º, 3º, CF, acrescido pela EC 45/04). penal: Vejamos quais são os mais importantes princípios informadores de nosso processo 1. Princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV, CF) Estabelece a Constituição da República que ninguém será privado de sua liberdade sem o devido processo legal. É a garantia de que só será considerada legítima a condenação de alguém se o processo for desenvolvido na forma que estabelece a lei. É a consagração da impossibilidade do Estado impor uma sanção a alguém diretamente e arbitrariamente, tão logo tome conhecimento da prática de uma infração penal. Em relação ao Processo Penal, exige-se maior rigor na observância de formas legais, uma vez que ele é informado por inúmeras garantias constitucionais. Observar o devido processo legal é assegurar as garantias constitucionais das partes. 2. Princípio da ampla defesa (art. 5º, LV, CF). Consiste em o Estado proporcionar ao acusado todos os meios lícitos de se defender da imputação que lhe é dirigida. Em outras palavras, tudo o que não for contrário à lei pode ser utilizado, com o amparo estatal, pelo acusado para promoção de sua defesa. 2
3 Isso envolve assegurar a mais completa defesa, que se desdobra em duas vertentes: autodefesa a pessoal e a defesa técnica por defensor. Não se pode olvidar que faz parte também da ampla defesa, assegurar ao acusado hipossuficiente a assistência judiciária gratuita (art. 5º, LXXIV, CF). A autodefesa se realiza notadamente no interrogatório, ato em que o acusado é ouvido a respeito da imputação que lhe é dirigida, mas se perfaz também com a participação na colheita da prova, precipuamente na participação em audiência. A defesa técnica é aquela exercida por profissional habilitado, qual seja, o advogado. Pode este ser constituído, ou seja, escolhido e nomeado pelo acusado, ou dativo, nomeado pelo juiz. A defesa técnica só atenderá ao princípio da ampla defesa se for eficiente. A respeito, a Súmula 523 do STF: No processo penal, a falta de defesa consiste em nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prejuízo para o réu. 3. Princípio do contraditório (art. 5º, LV, CF). Princípio basilar da sistemática processual, estabelece que as partes devem ser ouvidas e ter oportunidade de se manifestar em igualdade de condições. O processo só vai atingir seus fins se houver equilíbrio entre as partes. É conhecida a expressão paridade de armas, pela qual alguns autores se referem ao contraditório. Ela condensa a ideia de que, no processo, as partes devem ter as mesmas oportunidades, não devendo uma ser mais municiada do que outra. O contraditório é essencial ao processo, porém dispensado no Inquérito Policial. Por essa razão, não se pode condenar um acusado baseando-se exclusivamente em provas colhidas unicamente na peça informativa. 4. Princípio da presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF). Na redação constitucional: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença condenatória. É também chamado de princípio da presunção de não culpabilidade, pois a Constituição da República não presume a inocência, mas diz que o sujeito não é considerado culpado, ou, ainda, de princípio do estado de inocência, uma vez que indica o estado jurídico do acusado durante o processo. 3
4 Diante da presunção de inocência, deve-se ter em conta que a prisão cautelar passou a ser medida de exceção em nosso sistema, ou seja, ela só deve sobrepujar a liberdade durante o processo em caso de verdadeira necessidade. Outro desdobramento do princípio em questão é que o réu não tem o dever de provar sua inocência, é o órgão acusador que tem o dever de provar sua culpa. Na mesma esteira, para condenar o acusado, o juiz deve ter plena convicção de sua culpa, bastando para a absolvição a dúvida. Da mesma forma deve ser feita a valoração das provas: na dúvida, decide-se em favor do réu (princípio do favor rei, corolário da presunção de inocência). 5. Princípio da verdade real. No processo penal, deve-se buscar recriar os fatos como se passaram na realidade, não devendo o juiz se conformar com eventual verdade formal criada nos autos. Ainda que se saiba que tal tarefa é um tanto quanto difícil no caso concreto, devesse buscar aproximar-se o quanto possível da realidade dos fatos. É a busca da verdade verdadeira. Difere do processo civil, onde, via de regra, vigora a verdade formal, pois neste, para aplicar o direito, basta ao juiz conformar-se com a verdade trazida aos autos, não há necessidade de se buscar a verdade real. Tal princípio, contudo, comporta algumas exceções no processo penal, a saber: a) Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. (art. 479, CPP); b) impossibilidade de rescindir a coisa julgada em favor da sociedade, na revisão criminal; c) inadmissibilidade de provas ilícitas (art. 5º, LVI, CF). 6. Princípio do juiz natural (art. 5º, LIII). Estabelece o princípio do juiz natural que o autor de uma infração penal só poderá ser processado e julgado perante o órgão jurisdicional competente, conforme previsão da Constituição Federal, ou seja, juiz natural é aquele previamente conhecido, segundo as regra de fixação da competência. 4
5 Daí decorre que não haverá tribunal nem juízo de exceção (art. 5º, XXXVII, CF), isto é, aquele criado para julgar fatos exclusivos, praticados anteriormente. A sua criação se dá em virtude exatamente desses fatos. Como exemplo na história da Humanidade, temos o Tribunal de Nuremberg, na Alemanha, criado para julgar os crimes cometidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Mais recentemente, tivemos a instalação de tribunais de exceção na Ex-Iugoslávia e Ruanda. A título de ilustração, é válido lembrar que o Tribunal Penal Internacional é tentativa de acabar com os tribunais de exceção pelo mundo, buscando concentrar o julgamento de determinados crimes, basicamente quando o País envolvido não desenvolve o regular processo para sua apuração. Cumpre lembrar, ainda, que o Supremo Tribunal Federal adota o princípio do promotor natural, através do qual se veda a designação casuística de membro do Ministério Público pela chefia da instituição, devendo valer, no que for aplicável, as mesmas regras concernentes ao juiz natural. 7. Princípio da motivação das decisões (art. 93. IX, CF). As decisões judiciais precisam sempre ser motivadas para garantir as partes contra o arbítrio do julgador, que deve, assim, expor os motivos pelos quais decidiu de tal forma, ou seja, o porquê decidiu em determinado sentido. Tal princípio encontra grande exceção em nosso sistema processual, no que diz respeito à decisão proferida pelos jurados, integrantes do Conselho de Sentença, no Tribunal do Júri. Os jurados decidem por íntima convicção, sendo impedidos de manifestar as razões que os levaram a adotar um ou outro caminho na decisão da causa. 8. Princípio da publicidade (art. 5º, LX e art. 93, IX. CF). Princípio que determina que os atos judiciais devem ser públicos, afastando-se, via de regra, o sigilo, que caracteriza os procedimentos inquisitivos. Tal princípio é verdadeiro instrumento de controle social, pois, com a publicidade dos atos, a sociedade se garante contra eventual arbítrio do julgador. A regra é que a publicidade seja ampla, porém, ela comporta exceções. Ela será restrita nos casos em que a defesa da intimidade e o interesse social exigirem. Neste caso, a publicidade se dará somente em relação às partes e seus procuradores ou somente em relação a estes. 5
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