PROJETO ANÁLISE E PRODUÇÃO DO TEXTO ARGUMENTATIVO

Documentos relacionados
OFICINAS DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II

A REDAÇÃO NO ENEM INSTITUTO SANTA LUZIA COMPONENTE CURRICULAR: REDAÇÃO PROFESSOR: EDUARDO BELMONTE 2º ANO ENSINO MÉDIO

COESÃO REFERENCIAL E SEQUENCIAL LEITURA E ARGUMENTAÇÃO TEXTO ARGUMENTATIVO

Red. Monitor: Pamela Puglieri

Filomena Lemos / 20 Janeiro Programa de Português

Planejamento Anual 2015 Disciplina: Língua Portuguesa: Ação Série: 3º ano Ensino: Médio Professor: André

TCC DE LETRAS LICENCIATURA E BACHARELADO MANUAL DE ORIENTAÇÕES

EDITAL Nº 008/2016-PROFLETRAS

Mestrado em Educação Revista Profissão Docente. UNIUBE Universidade de Uberaba ISSN:

Prof. Paola C. Buvolini Freitas Prof. de Língua Portuguesa, Redação e expressão oral em LP 1 e 2

COLÉGIO SANTA CATARINA - Juiz de Fora - MG Atividade de Redação Data: / / Professora: Rosângela Noronha. Aluno(a): nº: 8º Ano - Turma:

APRESENTANDO O GÊNERO DIÁRIO

Mestre em Educação, Professora de Língua Portuguesa SEED-PDE/ UEPG- DEMET

Koch, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997, 124 p.

O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

REGULAMENTO CURSO. I Nome do curso. Leitura e mediação pedagógica nas Salas de Leitura escolares Módulo I. II Apresentação: breve descrição do curso

OFICINAS. Caderno de resumos das Oficinas do VII ENIEDUC Diversidade: desafios na prática educacional. Campo Mourão: UNESPAR, julho/2017.

Os critérios do ENEM Competências

Livros didáticos de língua portuguesa para o ensino básico

O GÊNERO DISSERTATIVO ARGUMENTANTIVO NO ENSINO FUNDAMENTAL II UMA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA EM SALA DE AULA COM O PIBID

GÊNEROS TEXTUAIS: A PRÁTICA DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS NA AULA DE LP

Sequência Didática e o Ensino do Gênero Artigo de Opinião. Ana Luiza M. Garcia

FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Educação de qualidade ao seu alcance

Onde se lê: O processo classificatório será constituído por uma prova de Redação.

Géneros textuais e tipos textuais Armando Jorge Lopes

Sequência Didática e os Gêneros textuais

3º ANO DO ENSINO MÉDIO 30 de abril de 2010

REDAÇÃO 3º SIMULADO MODELO ENEM ª SÉRIE e PRÉ-VESTIBULAR 2º NOTA: Nome completo: Matrícula: Unidade: Turma: Corretor:

ANEXO I MODELO DE PROJETO DE ENSINO

A SEQUÊNCIA DIDÁTICA COMO INSTRUMENTO DE TRABALHO COM A LEITURA E ESCRITA DE TEXTOS JORNALÍSTICOS

SUBSÍDIOS DE LÍNGUA MATERNA NA PRODUÇÃO ESCRITA EM PORTUGUÊS LÍNGUA ADICIONAL

LABORATÓRIO DE ESTUDOS DO TEXTO EM CONTEXTOS MÚLTIPLOS: CONEXÕES ENTRE ENSINO SUPERIOR E EDUCAÇÃO BÁSICA

COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO. Coordenadora de Graduação - Diurno. Prof.ª Dr.ª Livia Barbosa Pereira.

Projeto 1000 no Enem. Conclusão. Bruna Camargo (67) (Aulas particulares)

PROGRAMA DE DISCIPLINA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CENTRO DE SELEÇÃO PROCESSO SELETIVO PARA O PREENCHIMENTO DE VAGAS DISPONÍVEIS/2015

Não considerada: 0 pontos Precário: 40 pontos Insuficiente: 80 pontos Mediano: 120 pontos Bom: 160 pontos Ótimo: 200 pontos

A PRODUÇÃO E CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO COM O GÊNERO RESENHA CRÍTICA EM SALA DE AULA

CURSO: PEDAGOGIA EMENTAS º PERÍODO

MAIS RESENHA: UMA PROPOSTA PARA FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO NA ESCOLA

REDAÇÃO DISCURSIVA F C C

Artigo de opinião expressar o ponto de vista ou opinião

Título: Formação docente no ensino de línguas naturais Ementa: Língua, texto e discurso e processos estratégicos fundamentais de ensinoaprendizagem

Professores e Professoras

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

Sugestão de Atividades Escolares Que Priorizam a Diversidade Sociocultural 1

Palavras-Chave: Gênero Textual. Atendimento Educacional Especializado. Inclusão.

1.1. Definição do problema

Linguagem como Interlocução em Portos de Passagem

LÍNGUA PORTUGUESA E SUA APLICAÇÃO EM SALA DE AULA: A APRENDIZAGEM EM FOCO.

MECANISMOS E ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO DA LINGUAGEM NO TRABALHO COM O PROJOVEM ADOLESCENTE

A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COMO METODOLOGIA DE ENSINO COM FOCO NO LETRAMENTO MATEMÁTICO

A coleção Português Linguagens e os gêneros discursivos nas propostas de produção textual

COORDENADORIA DO CURSO DE LETRAS

PALAVRAS-CHAVE Educação. Letramento. Extensão e pesquisa.

MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA REDAÇÃO DETALHAMENTO POR COMPETÊNCIA FUVEST

Artigo de opinião. Este material foi compilado e adaptado de material didático criado pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco

LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA

ARTICULAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA DA ABORDAGEM COMPLEXA DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS NO ENSINO FUNDAMENTAL/MÉDIO: FOCO NO INGLÊS E FRANCÊS

ESCOLA SECUNDÁRIA/3 RAINHA SANTA ISABEL ESTREMOZ PLANIFICAÇÃO ANUAL

CURSO: PEDAGOGIA EMENTAS º PERÍODO DISCIPLINA: CONTEÚDO E METODOLOGIA DO ENSINO DA ARTE

H003 Compreender a importância de se sentir inserido na cultura escrita, possibilitando usufruir de seus benefícios.

CONCURSO PARA A PREFEITURA DE PETRÓPOLIS PROFESSOR: LEONARDO MALGERI

TRABALHAR COM GÊNEROS TEXTUAIS NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO. Maria da Graça Costa Val Faculdade de Letras/UFMG CEALE FAE/UFMG

RESENHA - ANÁLISE DO DISCURSO: PRINCÍPIOS E PROCEDIMENTOS REVIEW - DISCOURSE ANALYSIS: PRINCIPLES AND PROCEDURES

U S P. NÍVEL SATISFATÓRIO Apresenta razoável domínio da tipologia argumentativa, mas nem sempre seleciona argumentos que comprovam a tese apresentada.

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO EMENTA

CURSO ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Autorizado pela Portaria nº de 25/08/10 D.O.U de 27/08/10 Componente Curricular: Português Instrumental

Quanto aos textos de estrutura narrativa, identificam personagem, cenário e tempo.

MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA O ENEM 2009

CRIARCONTEXTO: O ENSINO-APRENDIZAGEM DE GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO MÉDIO

PRÁTICAS PIBID: O TRABALHO COM O TEXTO DISSERTATIVO- ARGUMENTATIVO EM SALA DE AULA

6LEM064 GRAMÁTICA DA LÍNGUA ESPANHOLA I Estudo de aspectos fonético-fonológicos e ortográficos e das estruturas morfossintáticas da língua espanhola.

O ESTÁGIO DE PÓS-ESCRITA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL Sabrine Weber 1 (UFSM) Cristiane Fuzer 2 (UFSM)

LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA

Programa Nacional de Ensino do Português (PNEP) 1.º Ciclo do Ensino Básico

EDITAL Nº 16/2017-DG/AP/IFRN

COMPETÊNCIAS DA DISCIPLINA

Semestre Letivo/Turno: 6º Semestre. Professores:

Objetivos - Conceituar as terminologias gênero textual, tipologia textual e suporte textual;

Título: Curso de Difusão da Cultura Hispânica e da Língua Espanhola. Unidade: Faculdade de Ciências e Tecnologia FCT-CLAE-PROEX

PERSPECTIVAS PARA O PLANEJAMENTO DE ESCRITA Autor1: Jeyza Andrade de Medeiros. Modalidade: COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

conteúdo apresentado e disponibilizado seja capaz de promover a preparação do aluno para o concurso vestibular Unicentro e demais

A escrita que faz a diferença

Fundamentos Pedagógicos e Estrutura Geral da BNCC. BNCC: Versão 3 Brasília, 26/01/2017

tese tema argumentos TEMA TESE ARGUMENTOS

ESTUDOS DISCURSIVOS: DO DEBATE À PRODUÇÃO TEXTUAL

5º SIMULADO MODELO ENEM

Carta argumentativa: ORIENTADOR METODOLÓGICO

PLANO DE APRENDIZAGEM


Linguagem em (Dis)curso LemD, v. 9, n. 1, p , jan./abr. 2009

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO EMENTA

A ESCRITA DE GÊNEROS ARGUMENTATIVOS NO SEXTO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA COM TEXTOS DE OPINIÃO

ESCOLA SECUNDÁRIA/3 RAINHA SANTA ISABEL ESTREMOZ PLANIFICAÇÃO ANUAL

O GÊNERO VIDEO TOUR COMO INSTRUMENTO DE ENSINO DE LÍNGUA INGLESA E DE VALORIZAÇÃO DA IDENTIDADE LOCAL

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

ENEM: E DAÍ? ENSINO SUPERIOR. ingresso ao

LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA

Artigo científico. Orientações básicas. Prof. Walkiria Martinez Heinrich Ferrer

Transcrição:

1 ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções) ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( X) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE ( ) TECNOLOGIA E PRODUÇÃO ( ) TRABALHO PROJETO ANÁLISE E PRODUÇÃO DO TEXTO ARGUMENTATIVO Christian Alessandro Zubacz (acadêmico - zubaczalessandro@outlook.com ) 1 Fabielly da Silva Barbosa (acadêmica - fabiely.barbosa@outlook.com) 2 Rosita Maria Bastos dos Santos (Coordenadora ro.uepg@gmail.coml) 3 Resumo: O estudo da argumentação faz parte das ações desse projeto que está vinculado ao programa de extensão Laboratório de Estudos do Texto LET. Concepções teóricas sobre gêneros discursivos/textuais do argumentar, ações discursivas, compreensão leitora, estrutura argumentativa e tipos de argumento são alguns dos conteúdos que dão suporte às atividades previstas no projeto. A partir dos estudos teóricos e do planejamento das atividades, investe-se na busca por temas da atualidade e/ou de repercussão nacional ou internacional que pautam as oficinas promovidas pelos acadêmicos inscritos no projeto. Tais intervenções pedagógicas atendem a comunidade universitária ou não universitária e tem como propósito central levar à reflexão não somente o tema posto em discussão, mas sobretudo o reconhecimento das estratégias de construção argumentativa, de produção de sentido, de representação do sujeito do e no discurso. Palavras-chave: Argumentação. Debate. Produção de texto. NOME DO PROGRAMA OU PROJETO Análise e produção do texto argumentativo PÚBLICO-ALVO Estão envolvidos no projeto e nas ações dele decorrentes acadêmicos dos cursos de Letras, egressos, professores e alunos da Educação Básica Levando-se em conta as atividades desenvolvidas, estima-se que aproximadamente 50 alunos do Ensino Médio participem das ações do projeto. 1 Acadêmico; Universidade Estadual de Ponta Grossa; Licenciatura em Letras-espanhol; zubaczalessandro@outlook.com. 2 Acadêmica; Universidade Estadual de Ponta Grossa; Licenciatura em Letras-espanhol; fabiely.barbosa@outlook.com) 3 Professora coordenadora; Universidade Estadual de Ponta Grossa; ro.uepg @ gmail.com

2 LOCAL DE EXECUÇÃO As ações desenvolvidas no projeto são executadas na Universidade Estadual de Ponta Grossa, mais especificamente no Laboratório de Estudos do Texto LET e em instituições de ensino (rede pública e privada). MUNICÍPIOS ATINGIDOS O projeto encontra-se em sua primeira edição e, nesse primeiro momento, concentra suas atividades na cidade de Ponta Grossa. Em edições futuras, objetiva-se que as ações também sejam desenvolvidas em cidades da região dos Campos Gerais. JUSTIFICATIVA Argumentar é uma atividade associada a condições discursivas específicas, evidentemente indissociável do exercício social da linguagem. A prática de gêneros textuais/discursivos representativos da ação argumentativa, mais especificamente, no âmbito escolar, requer não somente a oferta de tais gêneros, mas a manipulação, interpretação, discussão, produção, análise, de modo a representarem o quanto possível uma atividade social. Tem-se acompanhado como o discurso argumentativo está na base dos instrumentos de avaliação em processos seletivos, como vestibulares, concursos públicos, ENEM, que, ao levarem à produção de gêneros do argumentar (textos de opinião, cartas de reclamação, cartas respostas à reclamação, dissertação argumentativa, etc.), avaliam a capacidade do indivíduo expor seus pensamentos e argumentar de forma consistente. Considera-se a argumentação como importante atividade discursiva que a escola deve articular quando desenvolve as práticas de análise e exercício com a linguagem. Essa noção pode ser embasada em Schneuwly e Dolz (2004, p. 75) para quem: A aprendizagem da linguagem se dá, precisamente, no espaço situado entre as práticas e as atividades de linguagem. Nesse lugar, produzem-se as transformações sucessivas da atividade do aprendiz, que conduzem à construção das práticas de linguagem. Os gêneros textuais, por seu caráter genérico, são um termo de referência intermediário para a aprendizagem. Do ponto de vista do uso e da aprendizagem, o gênero pode, assim, ser considerado um megainstrumento que fornece um suporte para a atividade, nas situações de comunicação, e uma referência para os aprendizes. O presente projeto parte da seguinte reflexão: a argumentação é uma atividade social e faz parte, querendo ou não, de tais práticas e atividades de linguagem.

É possível entender que o propósito comunicativo para o qual se volta a argumentação pauta-se na ação humana que tem como objetivo obter de uma pessoa ou auditório compreensão, aceitação sobre um ponto de vista adotado (defendido) e expresso em uma alegação, na forma de tese. Por esse propósito é que o arranjo argumentativo é organizado. Este é um ponto que se deve ressaltar, assim como aponta Adam (2008), com base em Grize (1996):o caráter argumentativo de um discurso repousa, antes de tudo, nos propósitos daquele que produz. Assim, considera-se possível admitir que o discurso argumentativo (como qualquer discurso) é resultado de uma situação social. É, de fato, uma prática linguístico-social. Associada a essa concepção, não se pode deixar de registrar que uma visão sociointeracionista de língua é capaz de encaminhar atividades de recepção, produção, leitura como situações efetivamente compreendidas na materialidade do texto e em relação ao contexto de produção. (BRASIL, 2006). Deve-se destacar, também, o fato de que o exercício escolar de produção textual, pautado na noção de gênero como prática de comunicação situada, condiz (ou deveria condizer) com a formação do aprendiz para que ele possa descobrir, com seus camaradas, as determinações sociais das situações de comunicação assim como o valor das unidades linguísticas no quadro de seu uso efetivo. (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004, p.40) Voltando à questão da argumentação como atividade social, cabe ainda ressaltar que a estruturação e articulação do texto argumentativo ocorrem em função de um de seus aspectos mais definidores: o fato de ser essencialmente dialógico, porque pressupõe a existência de alguém que defende um ponto de vista e outro alguém que pode se opor à tese defendida. Dessa articulação (dialógica entre contrários) é que se constata a dimensão argumentativa na qual interagem um enunciador e um enunciatário numa atividade de natureza persuasiva. A análise da forma como se realiza (ou textualiza-se) a atividade persuasória é averiguada a partir do processo em que se estabelecem raciocínios prováveis e possíveis (diferente da lógica clássica), portanto, dentro de uma noção de lógica do cotidiano, como defende Toulmin (2006). A importância do trabalho com a atividade argumentativa como um dos modos com que se age pelo discurso requer que se tome como embasamento das ações do projeto em pauta a necessidade de articular: saberes, conhecimento de mundo, leitura de mundo, produção e apreensão de sentidos num fazer argumentativo, reconhecendo e/ou debatendo pontos de vista. 3 OBJETIVOS

4 Aos interesses do projeto ora apresentado convergem o estudo, análise e práticas de ensino e aprendizagem sobre os modos de construção, interpretação, apreensão, reflexão do discurso argumentativo, pensando sempre que o propósito comunicativo da argumentação efetiva-se na realização textual/discursiva que é articulada para um determinado fim. As ações propostas no projeto pautam-se nos seguintes objetivos: GERAIS Integrar o professor em formação inicial ou continuada e o aluno da Educação Básica em atividades que levem ao exercício da intepretação, da análise, da construção de sentido em discursos que assentam uma atividade discursiva argumentativa. Proporcionar estudo sobre atividade argumentativa, seus processos constitutivos, tanto da perspectiva estrutural como também do ângulo da construção discursiva. ESPECÍFICOS Organizar de forma conjunta uma agenda de leituras, encontros e atividades a serem desenvolvidas no projeto. Articular o estudo de teorias (embasadoras) sobre argumentação, processo argumentativo, nova retórica, discurso e argumentação com práticas de análise, discussão e produção de oficinas, debates, minicursos. Proporcionar análise, interpretação, leitura, produção do texto argumentativo nas práticas desenvolvidas pelo projeto. Integrar o acadêmico do curso de Letras nas discussões teóricas e metodológicas sobre o ensino e aprendizagem da argumentação. Contribuir na formação do acadêmico, quanto à realidade de seu futuro profissional. METODOLOGIA Levantados os aportes teóricos que irão fundamentar os estudos desenvolvidos no projeto, a equipe se articula para estabelecer encontros sequenciais cuja pauta poderá se compor de leituras orientadas, apresentações de relatórios de leitura, análise da atividade argumentativa em gêneros textuais/discursivos, desenvolvimento individual ou coletivo de atividades como debates, oficinas ou minicursos.

Na intervenção propriamente dita, as atividades são desenvolvidas em cinco encontros com a mesma turma. Os encontros são organizados de modo a articular dinâmicas de debate e produções escritas. Tanto o debate quanto a produção escrita partem da experimentação (leitura, interpretação, discussão de aspectos levantados pelos alunos, como por exemplo: vocabulário e informações desconhecidas) de gêneros textuais/discursivos diversos. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Hoje, presencia-se uma cultura do dizer algo sobre alguém ou sobre alguma coisa, sem que esse posicionamento seja alimentado, alicerçado sobre razões e fundamentos coerentes, consistentes. Em boa parte, a facilidade e os caminhos abertos pela tecnologia possibilitam a escrita e a leitura, mas dirimem as vias do entendimento mais aprofundado sobre os diversos matizes imanentes das questões polêmicas, as quais, sabe-se, fomentam o fazer argumentativo. Além disso, em muitos casos, observa-se que há dificuldades em construir formas mais autônomas e proficientes de articulação argumentativa. Prima-se pelo senso comum, por informações pouco detalhadas e isso pode estar relacionado ao que explica Pécora (2011, p.92) sobre as abordagens generalizantes feitas por um locutor que se apropria de uma série de noções que, de específico, têm apenas uma vaga referência à ideia de conjunto ou de unidade. É possível identificar que o aluno, ou candidato, ou o indivíduo que busca se posicionar (argumentativamente) encontra certa dificuldade em se colocar e assumir uma personalização argumentativa de referenciar o mundo. Ainda acompanhando as colocações de Pécora (2011, p.96), considera-se o que diz o autor sobre o problema das ações congeladas de linguagem cujos usos: não guardam nenhuma relação com os componentes particulares de uma situação única de produção escrita, mas que, ao contrário, representam a diluição de sua especificidade no reconhecimento de uma linguagem já produzida e cujo sentido se esgota nesse reconhecimento. A julgar por aí, o que é comum na linguagem já não é a sua propriedade de instaurar uma relação entre sujeitos únicos, mas o fato de que não existe senão um mesmo texto a ser produzido e onde falta oxigênio para um sujeito. O lugar-comum é, na verdade, um lugar de ninguém, uma cidade fantasma. (grifos do autor) Infelizmente, essa realidade é reconhecida nas práticas de ensino e aprendizagem, e, sobre isso, algumas questões parecem pesar: o fato de que o indivíduo reconhece uma forma de texto (a composição textual) em que é preciso se posicionar, ou que haja um posicionamento além do seu próprio ponto de vista, sem reconhecer, entretanto, que um propósito comunicativo, de caráter dialógico também se realiza.

A estruturação da argumentação, muitas vezes, gira em torno das verdades uniformes, como fala Pécora, de senso comum, de falta de autoria e assujeitamento. É preciso refletir (e propiciar a reflexão-ação) sobre a transformação de conhecimentos (BARROSO, 2007), que vai muito além do reconhecimento de uma linguagem já produzida (PÉCORA, 2011), da estrutura, das fórmulas, do preenchimento da composição. Nessa perspectiva, as atividades com a língua (leitura, produção de textos, discussões e interpretação dos vários níveis de construção de sentido, etc.) precisam estar pautadas na noção de que todo texto/discurso se constrói na interação, em instâncias sociais diversificadas, o que em sentido mais amplo garante que o indivíduo construa-se como sujeito, pois na base de qualquer interação está a necessidade de articular a linguagem para compreensão de si mesmo, sobre si e os outros e sobre si e o mundo. 6 REFERÊNCIAS ADAM, J. M. A linguística textual: introdução textual dos discursos. São Paulo: Cortez, 2008. BARROSO, T. O desenvolvimento do discurso argumentativo por crianças do ensino fundamental: articulação e coordenação de sequências argumentativas no texto de opinião. Veredas on line, 2007. p.101-117. Disponível em: <http://www.ufjf.br/fale/files/2010/06/o-desenvolvimento-do-discurso-argumentativo. pdf>. Acesso em: 18 dez. 2015. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Brasília: MEC, 2006. GRIZE,J. B. Logique naturelle et communications. Paris: PressesUniversitaires de France, 1996. PÉCORA, A. Problemas de redação. São Paulo: Martins Fontes, 2011. SCHENEUWLY, B.; DOLZ, J. Os gêneros escolares-das práticas de linguagem aos objetos de ensino. In: SCHNEUWLY,B. ; DOLZ,J.Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado das Letras, 2004. p.61-77. TOULMIN, S. E. Os usos do argumento. São Paulo, Martins Fontes, 2006.