SIMULAÇÃO DE TRAJETÓRIAS ORBITAIS UTILIZANDO PROPULSÃO CONTÍNUA E MÚLTIPLOS ARCOS PROPULSIVOS

Documentos relacionados
Avaliação dos Desvios na Trajetória Originados pelo Acoplamento entre o Controle de Atitude e de Órbita em Manobras Orbitais com Propulsão Contínua

Trajetórias espaciais

Efeitos dos Termos Individuais do Potencial Gravitacional Lunar no Movimento de Satélites Artificiais ao Redor da Superfície da Lua

ESTUDO DOS EFEITOS DO POTENCIAL LUNAR EM TRAJETÓRIAS DE VEÍCULOS ESPACIAIS

CONTROLE DE MANOBRAS DE UM VEÍCULO ESPACIAL POR MEIO DE VARIAÇÕES AERODINÂMICAS

4.1 INTRODUÇÃO Geodésia Celeste - Objetivo científico e operacional Métodos geométricos e dinâmicos

Avaliação das Perturbações das Luas de Júpiter na Trajetória de um Veículo

ESTUDO NUMÉRICO DO EFEITO DE UMA MANOBRA DE SWING- BY CONSIDERANDO O SISTEMA SOL-MARTE.

Paulo J. S. Gil. Cadeira de Satélites, Lic. Eng. Aeroespacial

ESTUDO NUMÉRICO DO EFEITO DE UMA MANOBRA DE SWING-BY CONSIDERANDO O SISTEMA SOL-SATURNO.

MOVIMENTO ROTACIONAL DE SATÉLITES ARTIFICIAIS

ESTUDO NUMÉRICO DO EFEITO DE UMA MANOBRA ASSISTIDA POR GRAVIDADE CONSIDERANDO O SISTEMA TERRA-LUA.

O PROBLEMA DE DOIS CORPOS

2. Órbitas e Navegação de Satélites

Mapeamento de Órbitas em torno do Asteróide 2001SN263

Aula 2a Elementos Orbitais

REMOÇÃO DE DETRITOS ESPACIAIS COM USO DE DISPAROS DE LASER. RELATÓRIO FINAL DE PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (PIBIC/CNPq/INPE)

ORIENTADOR(ES): ANTÔNIO FERNANDO BERTACHINI DE ALMEIDA P, DENILSON PAULO SOUZA DOS SANTOS

Órbitas dos Satélites GNSS

CMC Trabalho Final

Geodésia II. Gabriel Oliveira Jerez Prof. Dra. Daniele Barroca Marra Alves

4 Controle de motores de passo

ANÁLISE E COMPARAÇÃO DE DINÂMICAS PARA TRANSFERÊNCIAS ORBITAIS NO SISTEMA TERRA-LUA

Terceira Lista de Exercício de Dinâmica e Controle de Veículos Espaciais

Órbitas Perturbadas. Paulo J. S. Gil. Departamento de Engenharia Mecânica Mecânica Aplicada e Aeroespacial Instituto Superior Técnico

Aguinaldo Cardozo da Costa Filho INPE, CMC, Av. dos Astronautas, 1754,

Encontro de Naves Espaciais

ANÁLISE E SIMULAÇÃO DE REENTRADAS ATMOSFÉRICAS

ESTUDO COMPARATIVO DE ALGUNS MODELOS ATMOSFÉRICOS ANALÍTICOS UTILIZADOS EM DINÂMICA DE SATÉLITES ARTIFICIAIS

1 RESUMO. Palavras-chave: Controle, encoders, motor CC. 2 INTRODUÇÃO

Departamento de Matemática, FEG- UNESP s:

Revisão II: Sistemas de Referência

CMC Trabalho Final

GA119 MÉTODOS GEODÉSICOS

CMC Trabalho Final

GPS. Dinâmica e Controle de Veículos Espaciais Profa. Dra. Claudia Celeste. Lívia Denardi Samir Vaz da Rocha

CONTROLE DE TRAJETÓRIA ORBITAL EM MANOBRAS DE EMPUXO CONTÍNUO DE LONGO PRAZO

2.1. Construção da Pista

ALGORITMO DE GUIAMENTO PARA INSENSIBILIDADE NA DISPERSÃO DO TEMPO DE QUIEMA

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais- INPE , São José dos Campos, SP, Brasil

4 Cálculo de Equivalentes Dinâmicos

MANOBRAS DE ATITUDE DE SATÉLITES ARTIFICIAIS COM ÂNGULOS DE EULER

GA112 FUNDAMENTOS EM GEODÉSIA. Capítulo O fenômeno das marés terrestres

ESTUDO DE ÓRBITAS EM TORNO DE PHOBOS E DEIMOS RELATÓRIO FINAL DE PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA. (PIBIC/CNPq/INPE)

Controle de posição com realimentação auxiliar de velocidade

Mecânica I (FIS-14) Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá Sala 2602A-1 Ramal 5785

Mecânica I (FIS-14) Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá Sala 2602A-1 Ramal 5785

Sistemas de Controle 2

Posicionamento com GNSS em Cenários de Multi-Constelação

Aula 1b Tipos de Órbitas

MANOBRAS DE ÓRBITA E ATITUDE DE SATÉLITES ARTIFICIAIS. RELATÓRIO FINAL DE PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (PIBIC/CNPq/INPE)

ESTUDO DE MANOBRAS CLÁSSICAS E RENDEZVOUS

1. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais- INPE , São José dos Campos, SP, Brasil s:

(a) a expressão para o ângulo da velocidade, no momento do lançamento, com o plano horizontal; R: θ = arctan voy

Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá. 6 de junho de 2013

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1.3. Forças e movimentos. Professora Paula Melo Silva

Este capítulo descreve os testes realizados para validar a teoria proposta pela presente dissertação.

Então as equações da dinâmica relativa:

A robótica abrange tecnologia de mecânica, eletrônica e computação. Alem disso, participam em menor grau teoria de controle, microeletrônica,

Resultados 6.1. Teste de Deformação

GLONASS Sistema idêntico ao GPS, mas projetado e lançado pela Rússia.

Propagação Analítica do Movimento Rotacional de Satélites Estabilizados por Rotação com Ação Conjunta de Torques Externos

Redes de Comunicações Via Satélite. Prof. Gilson Alves de Alencar

4 Modelo Linear de Quatro Graus de Liberdade

Referências Bibliográficas

INTRODUÇÃO. º C. Obviamente existem exceções à isso, como alguns tipos de sensores estelares que operam em temperaturas criogênicas.

Sistemas de coordenadas e elementos orbitais

DETERMINAÇÃO DA ESFERA DE INFLUÊNCIA VIA ENERGIA DO PROBLEMA DE DOIS CORPOS

6 Controlador de Estado

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 18 Tempo para a Missão e Metodologia para o Gráfico de Carga Útil

Lista de exercícios Gravitação

Leis de Newton. Leis de Kepler. Perturbações da órbita Orientação Espacial METEOROLOGIA POR SATÉLITE

MODELAGEM E SIMULAÇÃO DO AGENDAMENTO E DESPACHAMENTO DE MANOBRAS ESPACIAIS POR TEMPO E EVENTOS RELATÓRIO FINAL DE PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Projeto Através do Lugar das Raízes. Carlos Alexandre Mello. Carlos Alexandre Mello 1

4 Cálculo de Equivalentes Dinâmicos

4 Descrição da Simulação

O sistema de suspensão deve ser representado pelo modelo físico ilustrado abaixo:

Movimento Circular e Uniforme

Física I Prova 1 09/01/2016

Aula 12. Cristiano Quevedo Andrea 1. Curitiba, Outubro de DAELT - Departamento Acadêmico de Eletrotécnica

EVOLUÇÃO ORBITAL DE ASTERÓIDES QUE SOFREM GRANDES APROXIMAÇÕES: O CASO VESTA-MAGNYA

Sistemas de Controle 2

SC1 Sistemas de Controle 1. Cap. 3 Erros no Regime Estacionário Prof. Tiago S Vítor

5 Exemplos e testes 5.1 Exemplos de uso da Biblioteca Simula ao de um radar rodovi ario de monitoramento de velocidade automotiva

Sensoriamento Remoto I Engenharia Cartográfica. Prof. Enner Alcântara Departamento de Cartografia Universidade Estadual Paulista

Atividades de Lei de Kepler e Gravitação Universal

GA119 MÉTODOS GEODÉSICOS

3. Modelos de funcionamento transiente de motores a dois tempos.

4 Modelos para Válvulas de Alívio

Efeitos dos Torques Magnéticos no Movimento Rotacional De Satélites estabilizados por Rotação

Unidade 1 de Física do 11º ano FQA 1 V I A G E N S C O M G P S

NOÇÕES SOBRE EXPERIMENTOS FATORIAIS

Concurso Público Nível Médio

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS - INPE. Satélites Artificiais - Movimento de Atitude

Energia Solar. Samuel Luna de Abreu. Introdução à Energia Solar

4 Cálculo de Equivalentes Dinâmicos

Referencial orbital. Ligação com os referenciais terrestre e celeste.

Grupo I. 4. Determine a distância percorrida pela bola desde o instante em que foi lançada até chegar ao solo. Apresente todas as etapas de resolução.

DINÂMICA DE SATÉLITES ARTIFICIAIS

Transcrição:

SIMULAÇÃO DE TAJETÓIAS OBITAIS UTILIZANDO POPULSÃO CONTÍNUA E MÚLTIPLOS ACOS POPULSIVOS Liana Dias Gonçalves 1, Evandro Marconi occo INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Av. Dos Astronautas, 1758, Jd. Da Granja, São José dos Campos - Brasil lianadgon@gmail.com 1, evandro@dem.inpe.br odolpho Vilhena de Moraes 3 UNIFESP Universidade Federal de São Paulo ua Talim, 33, São José dos Campos - Brasil rodolpho.vilhena@gmail.com 3 esumo: O objetivo deste trabalho é simular e analisar a trajetória orbital de um veículo espacial ao redor da Terra considerando a aplicação de empuxo contínuo, utilizando um sistema de controle de trajetória em malha fechada e múltiplos arcos. Para este trabalho não serão consideradas perturbações externas como, por exemplo, arrasto atmosférico ou pressão de radiação solar, nem distúrbios internos como falhas nos propulsores e sensores. Os arcos de propulsão foram distribuídos de maneira uniforme totalizando 1º de arco, iniciando a aplicação do empuxo 5º antes do valor estipulado para a anomalia verdadeira e finalizando 5º após. Foram simuladas quatro combinações de valores para a anomalia verdadeira: a primeira simulação foi realizada com aplicação de propulsão durante dois arcos, localizados em torno de f = 9º e f = 7º. Na segunda simulação, foram aplicados três arcos localizados em torno de f = 4º, f = 16º e f = 8º. A terceira simulação é feita com aplicação de propulsão durante cinco arcos, localizados em torno de f =, f = 8º, f = 16º, f = 4º e f = 3º. Na quarta, e última, simulação foram utilizados nove arcos, em torno de f =, f = 4º, f = 8º, f = 1º, f = 16º, f = º, f = 4º, f = 8º e f = 3º. Foi analisado o comportamento dos elementos keplerianos, o desvio da velocidade, o empuxo aplicado e o consumo de combustível devido à aplicação de arcos de propulsão em pontos definidos da trajetória do satélite. Os valores encontrados para o desvio das variáveis de estado foi bastante pequeno, o que mostra que o ambiente de simulação Spacecraft Trajectory Simulator foi capaz de controlar a trajetória do veículo espacial ao redor da Terra. Foi possível notar que uma alteração na posição escolhida para os arcos pode afetar diretamente os elementos orbitais e, consequentemente, o consumo de propelente. Palavras- chave: Dinâmica Orbital, Trajetória Orbital, Propulsão Contínua, Arcos Propulsivos. 1 Introdução Os satélites artificiais podem ser utilizados em diversas aplicações, tais como, comunicação, aplicações militares, observação de corpos celestes. Essas aplicações necessitam de acompanhamento e monitoramento da posição do veículo a cada instante, com grande precisão para garantir sucesso na recepção dos dados (além de evitar perdas na comunicação), experimentos científicos, etc. O trabalho tem como principal objetivo simular a trajetória orbital de um satélite artificial ao redor da Terra, considerando a aplicação de empuxo contínuo, utilizando um sistema de controle de trajetória em malha fechada, utilizando múltiplos arcos. O empuxo aplicado em satélites artificiais pode ocorrer por meios de forças naturais do ambiente ou provocado por propulsores. No caso do presente trabalho, o empuxo aplicado é contínuo, provocado por propulsores e na direção tangencial à trajetória, em pontos da órbita pré determinados. Para determinar tais pontos foram escolhidos valores para anomalia verdadeira, distribuídos pela órbita de forma uniforme. A órbita é simulada livre de perturbações externas, sendo analisado, por meio de gráficos, o comportamento dos elementos keplerianos, o desvio na velocidade, o empuxo aplicado e o consumo de 3o Workshop em Engenharia e Tecnologia Espaciais - 4, 5 e 6 de Junho de 1 1

combustível devido à aplicação dos arcos. Também foram montadas algumas tabelas, a fim de analisar numericamente alguns dados da órbita, como valores para os desvios dos elementos keplerianos e das variáveis de estado, tempo de simulação, altitude alcançada pelo satélite, período orbital e número de órbitas. O Simulador O STS (Spacecraft Trajectory Simulator) foi desenvolvido por occo (8) em ambiente de simulação Matlab/Simulink, resultando em um programa bastante didático e de fácil utilização. O simulador opera com algumas características específicas: em malha fechada, isto é, com o sinal de saída próximo ao sinal de entrada, sendo possível diminuir ao máximo os erros de regime ou desvios de estado; de forma discreta, ou seja, calculando o estado do veiculo espacial (posição e velocidade) a cada passo de simulação, definido como um dos parâmetros de entrada para o simulador; e utilizando propulsão contínua, em que é assumido que o motor seja capaz de aplicar um empuxo finito durante um tempo diferente de zero..1 Controle da Trajetória Orbital O diagrama de blocos da Figura X representa o sistema de controle da trajetória orbital em malha fechada utilizado pelo STS. Figura 1. Controle em malha fechada da trajetória Primeiramente determina-se um estado de referência (Xref), uma estimativa ótima da trajetória a ser seguida pelo satélite, a partir dos objetivos da missão. Esta referência é comparada com o estado real do satélite (Xdet), que é obtida por meio de sensores. Essa comparação gera um sinal de erro, que será a entrada do controlador. O controlador utiliza as técnicas PID (proporcional, integral e derivativo) para gerar o sinal de controle que será enviado para os atuadores, definindo a magnitude e a direção das correções a serem aplicadas. A saída do atuador, somada às perturbações ou distúrbios externos serão inseridas à dinâmica do movimento orbital, determinando a posição e a velocidade atuais do satélite. Por meio de sensores são coletados parâmetros referentes à posição real do satélite (Xdet), que é novamente comparada com a posição de referência (Xref), que gera um erro e o ciclo do sistema de controle recomeça.. Dinâmica do Movimento Orbital O movimento orbital pode ser determinado resolvendo a equação de Kepler a cada passo definido como parâmetro de entrada no simulador Spacecraft Trajectory Simulator (STS). Dados um estado inicial e um intervalo de tempo, resolvendo o problema inverso de posicionamento de um satélite, é possível determinar os elementos keplerianos da órbita. Utilizando a equação de Kepler obtém-se os elementos propagados para o intervalo de tempo considerado como entrada para a simulação. 3o Workshop em Engenharia e Tecnologia Espaciais - 4, 5 e 6 de Junho de 1

A partir dos novos elementos keplerianos, é possível obter o estado propagado resolvendo o problema direto de posicionamento de um satélite. A equação de Kepler é dada pela equação (1): M = u e sin u Também temos que a anomalia média é dada por (): M = n( t T ) Sendo n o movimento médio e T o tempo de passagem pelo perigeu. (1) () O movimento médio é obtido a partir da equação (3) µ n = 3 a (3) Em que µ é o parâmetro gravitacional, dado por µ = GM, a é o semi eixo maior, G a constante gravitacional e M a massa da Terra. Segundo oy (198), o problema direto de posicionamento de um satélite consiste em obter as coordenadas cartesianas, a partir dos elementos keplerianos da orbita (a, e, i, Ω, ω, M) e do tempo t. esumidamente: 1. A partir do semi eixo maior (a) e do parâmetro gravitacional (µ) calcula-se o valor do movimento médio utilizando a terceira lei de Kepler:. Dados t e T, utilizando a equação (), calcula-se o valor da anomalia média. 3. esolver a equação de Kepler, equação (1), para se obter a anomalia excêntrica u. 4. Calcular o valor de r via 5. Obter X i e utilizando as equações (4) e (5) e as relações (6). X = A (cos u e) + B sin u i i a X& n i = ( Ai sin u + Bi cosu) r i (4) (5) Que são determinados fazendo i = 1,, 3, corresponder respectivamente a x, y, z, utilizando A = a ; x 11 B = a x 1 e 1 A = a ; y 1 B = a y 1 e (6) A = a ; z 31 B = a z 1 e 3 Em que os valores para ij, são obtidos a partir da matriz de rotação (Ω, i, ω), dada por (7): Ω (, i, ω) = 11 1 31 1 3 13 3 33 (7) 3o Workshop em Engenharia e Tecnologia Espaciais - 4, 5 e 6 de Junho de 1 3

Sendo: 11 1 13 1 3 31 3 33 = cosω cosω sinω sinω cosi = sin ω cosω cosω sinω cosi = sinω sin i = cosω sinω + sin ω cosω cosi = sin ω sinω + cosω cosω cosi = sin i cosω = sin ω sin i = cosω sin i = cosi Assim, obtemos as equações (8) e (9): r = + v = 1/ ( X + Y Z ) ( X& + Y& + Z& ) 1/ (8) (9) O problema inverso de posicionamento de um satélite baseia-se em, dados os valores das variáveis de estado calcular os elementos keplerianos da órbita (a, e, i, Ω, ω, M). O processo é descrito pelas seguintes etapas: 1. Dados os valores das variáveis de estado, podemos determinar r² e v².. Calcular o valor do semi eixo maior utilizando a equação da vis-viva dada por (1) 1 v = µ r a 3. Por meio da terceira lei de Kepler calcula-se o movimento médio utilizando a equação (11) (1) n = µ 3 a (11) 4. A excentricidade pode ser encontrada a partir da equação (1): 1 rr& r e = 1 + na a Sendo r r& = XX& + YY& + ZZ& (1) 5. Obtidos os valores para u e e, calcula-se a anomalia média utilizando a equação(1) 6. A ascensão reta Ω e a inclinação i são dadas por (13) e (14), respectivamento: hx Ω = arctan h i = arctan Y ( h + h ) X h Z Y 1 (13) (14) 3o Workshop em Engenharia e Tecnologia Espaciais - 4, 5 e 6 de Junho de 1 4

Sendo h x, h y e h z as componentes do momento angular específico. r r r h = v = YZ& YZ & iˆ + ZX& ZX & ˆj + XY& XY & ˆ ( ) ( ) ( )k 7. O argumento do perigeu pode ser calculado da seguinte forma: θ = ω + f Em que f = arcsin ( 1 e ) 1 sin u 1 e cosu Logo, obtemos a equação (15): f cosu e = arccos 1 e cosu cosi sinωx + cosi cosωy + sin iz tanθ = cosωx + sinωy 3 esultados A seguir serão apresentados os resultados de quatro diferentes simulações, em que foram variados os valores para anomalia verdadeira das regiões de aplicação dos arcos. Para todos os casos, a simulação ocorre com aplicação de propulsão tangencial a partir de 5 s até 14 s. A magnitude do empuxo de referência é de 6 N. No entanto, o propulsor tem a capacidade de modular o empuxo aplicado em, até no máximo, 1 N. O caso em que os propulsores foram mantidos desligados não será exposto, visto que não ocorrem desvios nos elementos keplerianos e nem nas variáveis de estado, não havendo empuxo aplicado, nem consumo de propolente. Também não serão expostos os gráficos obtidos para a inclinação e a longitude do nodo ascendente, pois por se tratar de uma trajetória coplanar, ou seja sem variação do plano orbital, não ocorre variação nos valores encontrados, que mantém-se, durante a órbita, em 63,4º e 3º, respectivamente. Os arcos são definidos da seguinte forma: a aplicação do empuxo inicia-se 5º antes do valor estipulado para a anomalia verdadeira e finaliza 5º após, totalizando 1º de arco propulsivo. A primeira simulação foi realizada com aplicação de propulsão durante dois arcos, localizados em torno de f = 9º e f = 7º. Na segunda simulação, foram aplicados três arcos localizados em torno de f = 4º, f = 16º e f = 8º. A terceira simulação é feita com aplicação de propulsão durante cinco arcos, localizados em torno de f =, f = 8º, f = 16º, f = 4º e f = 3º. Na quarta, e última, simulação foram utilizados nove arcos, em torno de f =, f = 4º, f = 8º, f = 1º, f = 16º, f = º, f = 4º, f = 8º e f = 3º. Com o objetivo de organizar melhor os resultados obtidos e facilitar a visualização dos resultados, primeiramente serão apresentadas as tabelas com os valores obtidos para o desvio das variáveis de estado e dos elementos keplerianos, altitude alcançada pelo satélite, período orbital e número de órbitas. Em sequência, os gráficos dos elementos keplerianos, massa de propelente, empuxo e desvio de velocidade de cada simulação feita. 3.1 Tabelas As Tabelas 1 a 1, presentes nos itens a seguir, apresentam os valores obtidos na simulação que caracterizam a órbita realizada pelo satélite quando aplicados arcos. Simulação 1: Aplicação de propulsão durante arcos de 1º Localização dos arcos: f = 9 o e f = 7º 3o Workshop em Engenharia e Tecnologia Espaciais - 4, 5 e 6 de Junho de 1 5

Tempo de Simulação 144 s Massa de propelente (kg),49339787833518 Altitude (km) 694,1965577 Período (s) 5835,339464411 Órbitas,467785695 Tabela 1. Dados orbitais quando aplicados arcos x -,173655774 y -,785886188969 z -,8834851547 -,17479715,13734796637,94933395711651 Tabela. Desvio das variáveis de estado quando aplicados arcos Semi eixo maior (m) -,173655774 Excentricidade -,785886188969 Inclinação (graus) -,8834851547 Ascensão reta do nodo ascendente (graus) -,17479715 Argumento do perigeu (graus),13734796637 Anomalia média (graus),94933395711651 Tabela 3. Desvio dos elementos keplerianos quando aplicados arcos Simulação : Aplicação de propulsão durante 3 arcos de 1º Localização dos arcos: f = 4 º, f = 16º e f = 8º Tempo de Simulação 144 s Massa de propelente (kg) 1,16437765198 Altitude (km) 74,398483113 Período (s) 5847,183494449 Órbitas,46741497869 Tabela 4. Dados orbitais quando aplicados 3 arcos 3o Workshop em Engenharia e Tecnologia Espaciais - 4, 5 e 6 de Junho de 1 6

x -,3994747391557 y -,194355793864 z,1891749349743,5158893587948,39664568 -,618779931919 Tabela 5. Desvio das variáveis de estado quando aplicados 3 arcos Semi eixo maior (m) 14,779819749 Excentricidade -1,474646364 x 1-5 Inclinação (graus) -4,316138556 x 1-5 -5 Ascensão reta do nodo ascendente (graus) -,5671535943 x 1 Argumento do perigeu (graus),185484467787 Anomalia média (graus) -,1793796141799 Tabela 6. Desvio dos elementos keplerianos quando aplicados 3 arcos Simulação 3: Aplicação de propulsão durante 5 arcos de 1º Localização dos arcos: f =, f = 8º, f = 16º, f = 4º e f = 3º Tempo de Simulação 144 s Massa de propelente (kg) 1,53453796748 Altitude (km) 78,548935488 Período (s) 5854,356678 Órbitas,45984154939 Tabela 7. Dados orbitais quando aplicados 5 arcos x -,9691981349 y -,45864794399 z,936745943,9635873597 -,8641684 7

-,1738883854 Tabela 8. Desvio das variáveis de estado quando aplicados 5 arcos Semi eixo maior (m) 1,399956848815-7 Excentricidade -1,7938677717 x 1 Inclinação (graus) -9,8431749869 x 1-7 Ascensão reta do nodo ascendente (graus) -4,45858657 x 1-6 Argumento do perigeu (graus),67346474654 Anomalia média (graus) -,654549951 Tabela 9. Desvio dos elementos keplerianos quando aplicados 5 arcos Simulação 4: Aplicação de propulsão durante 9 arcos de 1º Localização dos arcos: f =, f = 4º, f = 8º, f = 1º, f = 16º, f = º, f = 4º, f = 8º e f = 3º Tempo de Simulação 144 s Massa de propelente (kg),86374857933 Altitude (km) 74,51638953 Período (s) 5876,5188157 Órbitas,45433461787 Tabela 1. Dados orbitais quando aplicados 9 arcos x -,796415515399 y -,31559566998 z,193544151844,515867564,41871556616,7888933466 Tabela 11. Desvio das variáveis de estado quando aplicados 9 arcos Semi eixo maior (m) 5,83715838 8

Excentricidade -1,115595454 x 1-6 -6 Inclinação (graus) -9,51359761 x 1 Ascensão reta do nodo ascendente (graus) -4,413549183 x 1-5 Argumento do perigeu (graus) -,3466775593318 Anomalia média (graus),358787818916 Tabela 1. Desvio dos elementos keplerianos quando aplicados 9 arcos 3. Gráficos As Figuras 1 a X, apresentam os resultados obtidos na simulação para os elementos keplerianos, consumo de propelente e desvio da velocidade, que caracterizam a órbita realizada pelo satélite quando aplicados arcos. Semi-eixo maior Figura 1. Semi-eixo maior quando aplicados arcos 7.7 x 16 7.6 7.5 Figura. Semi-eixo maior quando aplicados 3 arcos 7.16 x 16 7.14 7.1 semi-major axis(m) 7.4 7.3 7. 7.1 semi-major axis(m) 7.1 7.8 7.6 7.4 7. 7 7 6.999 6.998 Figura 3. Semi-eixo maior quando aplicados 5 arcos 7.5 x 16 7. Figura 4. Semi-eixo maior quando aplicados 9 arcos 7.4 x 16 7.35 7.3 semi-major axis(m) 7.15 7.1 7.5 7 semi-major axis(m) 7.5 7. 7.15 7.1 7.5 7 6.995 6.995 Podemos perceber que a cada aumento do número de arcos de propulsão aumentam também a quantidade de degraus presentes na curva formada pelo semi eixo maior tempo e a medida do semi eixo maior. O 9

primeiro arco é aplicado quando o satélite está com valor de semi eixo maior de 7 x 1 6 m e os próximos são aplicados em valores pré determinados da anomalia verdadeira. Excentricidade Figura 5. Excentricidade quando aplicados arcos Figura 6. Excentricidade quando aplicados 3 arcos.1.1.1.1.1.1.11 eccentricity.1.1.1.1.1.1.1 eccentricity.11.1.1.99.99 Figura 7. Excentricidade quando aplicados 5 arcos Figura 8. Excentricidade quando aplicados 9 arcos 1.15 x 1-3 1.1 1.3 x 1-3 1. 1.5 1.1 1 1 eccentricity 9.95 9.9 9.85 eccentricity 9.9 9.8 9.7 9.8 9.6 9.75 9.5 9.7 9.4 9.65 9.3 A cada aplicação do arco propulsivo ocorre uma pequena variação na excentricidade. 1

Anomalia Média Figura 9. Anomalia média quando aplicados arcos 4 35 3 Figura 1. Anomalia Média quando aplicados 3 arcos 4 35 3 mean anomaly (deg) 5 15 mean anomaly (deg) 5 15 1 1 5 5 Figura 11. Anomalia média quando aplicados 5 arcos 4 35 Figura 1. Anomalia média quando aplicados 9 arcos 4 35 3 3 mean anomaly (deg) 5 15 mean anomaly (deg) 5 15 1 1 5 5 Já que semi eixo maior do satélite aumenta com o passar do tempo, a cada volta o satélite demora mais tempo para passar sobre o mesmo ponto da superfície terrestre, o que é justificado com o aumento do período orbital. 11

Argumento do Perigeu Figura 13. Argumento do perigeu quando aplicados arcos Figura 14. Argumento do perigeu quando aplicados 3 arcos 9.8 9.7 9.6 9.5 9 perigee argument (deg) 9.5 9.4 9.3 9. 9.1 9 89.99 89.98 perigee argument (deg) 91.5 91 9.5 9 89.5 Figura 15. Argumento do perigeu quando aplicados 5 arcos perigee argument (deg) 93 9.5 9 91.5 91 9.5 9 89.5 Figura 16. Argumento do perigeu quando aplicados 9 arcos perigee argument (deg) 97 96 95 94 93 9 91 9 89 Da mesma forma que a anomalia média, o aumento da altitude do satélite causa um aumento no período orbital. Podemos perceber que o aumento no número de arcos aumenta a variação no valor do argumento do perigeu ao longo de cada órbita. Na média percebe-se que existe uma tendência do argumento do perigeu aumentar. 1

Desvio da Velocidade Figura 17. Desvio da velocidade quando aplicados arcos velocity deviation(m/s).8.6.4. -. -.4 -.6 -.8 Figura 18. Desvio da velocidadequando aplicados 3 arcos velocity deviation(m/s).8.6.4. -. -.4 -.6 -.8 Figura 19. Desvio da velocidade quando aplicados 5 arcos Figura. Desvio da velocidade quando aplicados 9 arcos.8.6.4.1.8.6 velocity deviation(m/s). -. -.4 velocity deviation(m/s).4. -. -.4 -.6 -.6 -.8 -.8 As Figuras mostram o desvio na velocidade sofrido pelo satélite durante a manobra. Sendo o desvio a diferença entre as variáveis de estado (posição e velocidade) real e de referência, notamos que cada arco gera um pico de desvio na velocidade, que passa por um regime transitório do sistema de controle, toda vez que o propulsor é acionado ou desligado, ou seja a cada início e fim dos arcos. Massa Total de Propelente 13

Figura 1. Massa total de propelente quando aplicados arcos.5.45.4 Figura. Massa total de propelente quando aplicados 3 arcos.5.45.4 total propellant mass (Kg).35.3.5..15 total propellant mass (Kg).35.3.5..15.1.1.5.5 Figura 3. Massa total de propelente quando aplicados 5 arcos Figura 4. Massa total de propelente quando aplicados 9 arcos total propellant mass (Kg) 1.6 1.4 1. 1.8.6.4. total propellant mass (Kg) 3.5 1.5 1.5 A cada aplicação do arco propulsivo ocorre um expressivo consumo de combustível, que se estabiliza até a aplicação do próximo arco. Notamos que quanto menos arcos de propulsão aplicados no satélite ao longo de toda a trajetória, menor é o consumo de combustível, mas também menor é a alteração do semi eixo maior e da altitude do satélite. 14

Empuxo Aplicado Figura 5. Empuxo quando aplicados arcos Figura 6. Empuxo quando aplicados 3 arcos 1 8 6 4 1 1 8 6 x axis y axis z axis thrust applied thrust (N) - applied thrust (N) 4-4 -6-8 x axis y axis z axis thrust - -4-6 -1-8 Figura 7. Empuxo quando aplicados 5 arcos Figura 8. Empuxo quando aplicados 9 arcos 15 15 1 x axis y axis z axis thrust 1 x axis y axis z axis thrust applied thrust (N) 5 applied thrust (N) 5-5 -5-1 -1 Como o objetivo da simulação é aplicar empuxo a valores pré determinados da anomalia verdadeira, aumentar a quantidade de arcos por órbita implica em aumentar também a quantidade de empuxos. A magnitude dos empuxos aplicados não apresenta o mesmo valor pois ela é função da posição dos arcos de propulsão. 4 Conclusões Os resultados obtidos comprovaram que o programa Spacecraft Trajectory Simulator, desenvolvido para analisar missões espaciais utilizando controle de trajetória em malha fechada e propulsão contínua é capaz de controlar a trajetória de veículos espaciais quando consideramos que o sistema propulsivo é acionado apenas em determinadas regiões da órbita. Podemos observar que os desvios nas variáveis de estado foram sempre valores pequenos, ou seja, o sistema de controle foi capaz de reduzir o erro nas variáveis de estado por meio da atuação dos propulsores. Deve-se ressaltar que considerou-se que os propulsores são capazes de modular o empuxo aplicado além de fornecerem a direção adequada para a aplicação do empuxo, determinada pelo controlador. Essa é uma característica construtiva do veículo estudado que pode variar para cada missão. No entanto, não faz parte do escopo deste trabalho a definição das características construtivas de uma missão em particular, mas sim um estudo genérico do controle de trajetória orbital por meio da utilização do empuxo contínuo limitado a determinadas regiões da órbita. 15

Os resultados mostraram que o modelo é capaz de determinar o comportamento dos elementos keplerianos e das variáveis de estado, o consumo de propelente, o empuxo aplicado e os desvios nos elementos orbitais e nas variáveis de estado de uma nave espacial, devido aos distúrbios aplicados. Os gráficos gerados para a excentricidade, argumento do perigeu, anomalia média e desvio na velocidade mostram que o processo é cíclico. Tal resultado foi obtido pelo fato de os arcos terem sido distribuídos de forma uniforme ao longo da órbita do satélite ao redor da Terra. Os gráficos para o semi eixo maior mostram que o aumento do número de arcos causa aumento na medida do semi eixo maior. Os valores para o semi eixo maior, até o tempo estipulado para a simulação, encontram-se na Tabela 13. Número de arcos Semi eixo maior 75461,875364 m 3 714937,61489 m 5 7416,915473 m 9 73838,65746 m Tabela 13. Valores obtidos para o semi-eixo maior Conclui-se que com a aplicação de nove arcos de propulsão foi atingido um valor de semi eixo maior quase 33 km maior do que quando aplicado arcos, ou seja, aproximadamente,5%. Porém, como podemos ver nas Tabelas 1 e 1, a aplicação de 9 arcos exige um consumo de combustível cerca de 5,84 vezes maior do que quando aplicados arcos, ou seja, é necessário um consumo de aproximadamente 48% a mais de propelente. Por meio do ajuste de parâmetros de entrada do ambiente de simulação STS, diferentes casos ainda podem ser explorados podendo-se realizar, por exemplo, o estudo das posições ótimas para a aplicação de manobras, maximizando ou minimizando o efeito nos elementos keplerianos. Na figura foram aplicados arcos de propulsão em valores de anomalia verdadeira em torno de f = e f = 18º. Como observado na Figura J, em que os arcos foram aplicados em torno de f = 9º e f = 7º, nota-se que existe relevante diferença entre os valores máximos obtidos para o semi eixo maior, com praticamente o mesmo gasto de combustível, como é visto nas Figuras K e L. Desta forma percebe-se que a análise da localização dos arcos é de grande importância, o que justifica a continuidade deste trabalho. eferências KUGA, H. K., AO, K.., CAAA, V. Introdução à mecânica orbital.. ed. São José dos Campos: INPE, 8. 68 p. (INPE-5615-PUD/64). OCCO, E.M., 8, Perturbed Orbital Motion with a PID Control System for the Trajectory, XIV Colóquio Brasileiro de Dinâmica Orbital, Águas de Lindóia. OY A.E., Orbital motion.. ed. Bristol: Adam Hilger Ltd, Printed in Great Britain by J W Arrowsmith Ltd,198 16