14. As áreas de conhecimento e o desenvolvimento da criança de até 6 anos Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil Volume III Âmbito de Conhecimento de Mundo Este volume do RCNEI orienta o professor em seu planejamento diário, pois explica as diversas possibilidades de exploração, nas áreas ou eixos para a ampliação do conhecimento de mundo. Essas possibilidades não diferem muito em função da diferença de idade entre as crianças, mas na forma como são exploradas. Movimento Introdução O movimento está presente desde o nascimento e é extremamente importante para o desenvolvimento. Não é apenas deslocamento, mas linguagem e está relacionado à cultura humana. Presença do movimento na educação infantil: idéias e práticas correntes Em algumas práticas educativas, acredita-se que o movimento gera indisciplina, tentando manter a criança imóvel durante a maior parte do tempo com atividades sistematizadas e longas esperas. Outras abordagens didáticas desenvolvem exercícios corporais restritos ao comando do professor, enfatizando o adequado deslocamento no espaço. O movimento é, antes de tudo, uma forma de expressão e, portanto, é imprescindível que a criança tenha liberdade para manifestar-se espontaneamente. A criança e o Movimento O primeiro ano de vida - As ações exploratórias, inicialmente, a única forma de movimento para os bebês, vão se tornando gradativamente em aprendizados e aprimoramento das funções motoras, passando da gratuidade à intenção e consciência dos limites do corpo. Crianças de um a três anos - Ao aprender a andar, a criança vai gradativamente tornando-se independente para explorar o ambiente e outros objetos. Também conhece cada vez mais seu corpo e suas possibilidades, especialmente, nas brincadeiras diante do espelho.
Crianças de quatro a seis anos - O movimento passa a submeter-se aos desejos e necessidades da criança. Com caráter voluntário, a criança amplia seu repertório motor e dá significado cultural a vários tipos de ações. Objetivos - Crianças de até três anos Familiarizar-se com a imagem do próprio corpo; Explorar possibilidades corporais para expressar-se e interagir; Deslocar-se com destreza e confiança no espaço; Explorar e usar vários tipos de movimentos. - Crianças de quatro a seis anos Ampliar e aprofundar os objetivos anteriores e, ainda: Ampliar possibilidades de expressão do movimento; Explorar diferentes formas dinâmicas, limites e potencialidades do corpo; Adquirir gradual controle do movimento; Usar os movimentos no manuseio de diferentes materiais e objetos; Apropriar-se da imagem global de seu corpo. - Conteúdos: Os conteúdos devem priorizar a capacidade expressiva e instrumental, dentro de cada faixa etária e de acordo com a cultura de cada região. - Expressividade: Oportunizar a apropriação dos signifi cados expressivos do movimento, tanto no que se refere às idéias, como aos sentimentos e emoções. A dança, como exemplo dessa expressividade não pode encerrar-se na defi nição de coreografi as elaboradas pelos adultos.
- Equilíbrio e Coordenação: Exploração de posturas corporais como sentar em várias inclinações e deitar em várias posições, apoiar-se nas plantas dos pés, com ou sem ajuda; ampliação progressiva da capacidade de deslocar-se (arrastar, engatinhar); aperfeiçoamento das habilidades manuais em diversas situações, nas quais seja necessária a prensagem, o encaixe, entre outras. Música Introdução A música é uma linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da expressão de som e silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas, comemorações e rituais. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente. Presença da música na educação infantil: idéias e práticas correntes Compreende-se a música como linguagem e forma de conhecimento. Presente no cotidiano de modo intenso, no rádio, na TV, em gravações, jingles etc., por meio de brincadeiras e manifestações espontâneas ou pela intervenção do professor ou familiares, além de outras situações de convívio social, a linguagem musical tem estrutura e características próprias, devendo ser considerada como: produção centrada na experimentação e na imitação, tem como produtos musicais: a interpretação, a improvisação e a composição; apreciação percepção tanto dos sons e silêncios quanto das estruturas e organizações musicais, buscando desenvolver, por meio do prazer da escuta, a capacidade de observação, análise e reconhecimento; reflexão sobre questões referentes à organização, criação, produtos e produtores musicais. A Criança e a Música O ambiente sonoro, assim como a presença da música em diferentes e variadas situações do cotidiano fazem com que os bebês e crianças iniciem seu processo de
musicalização de forma intuitiva. Procuram imitar o que ouvem e também inventam linhas melódicas ou ruídos, explorando possibilidades vocais, da mesma forma como interagem com os objetos e brinquedos sonoros disponíveis, estabelecendo, desde então, um jogo caracterizado pelo exercício sensorial e motor com esses materiais. A escuta de diferentes sons (produzidos por brinquedos sonoros ou oriundos do próprio ambiente doméstico) também é fonte de observação e descobertas, provocando respostas. A audição de obras musicais enseja as mais diversas reações: os bebês podem manter-se atentos, tranqüilos ou agitados. Objetivos - Crianças de até três anos O trabalho com Música deve se organizar de forma a que as crianças desenvolvam as seguintes capacidades: ouvir, perceber e discriminar eventos sonoros diversos, fontes sonoras e produções musicais; musicais. brincar com a música, imitar, inventar e reproduzir criações - Crianças de quatro a seis anos Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária de até três anos deverão ser aprofundados e ampliados, garantindo-se, ainda, oportunidades para que as crianças sejam capazes de: explorar e identificar elementos da música para se expressar, interagir com os outros e ampliar seu conhecimento do mundo; perceber e expressar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio de improvisações, composições e interpretações musicais. Conteúdos Os conteúdos deverão priorizar a possibilidade de desenvolver a comunicação e expressão por meio dessa linguagem. a exploração de materiais e a escuta de obras musicais;
musical; a vivência da organização dos sons e silêncios em linguagem a reflexão sobre a música como produto cultural do ser humano O fazer musical É um tipo de comunicação que envolve a improvisação, a composição e a interpretação. Improvisar é criar espontânea e momentaneamente, orientando-se por alguns critérios pré-estabelecidos. Esses jogos possibilitam a comunicação pela linguagem musical. Compor é criar, a partir de estruturas fixas e determinadas. Interpretar é executar uma composição que sofre influência e interferência do intérprete. A imitação de sons vocais, corporais ou de instrumentos musicais é a forma mais simples da interpretação. Apreciação musical A apreciação musical refere-se à audição e interação com músicas diversas. Oficina A atividade de construção de instrumentos é de grande importância e por isso poderá justificar a organização de um momento específico na rotina, comumente denominado de oficina. Organização do espaço O espaço no qual ocorrerão as atividades de música deve ser dotado de mobiliário que possa ser disposto e reorganizado em função das atividades a serem desenvolvidas. Em geral, as atividades de música requerem um espaço amplo, uma vez que estão, intrinsecamente, ligadas ao movimento. Para a atividade de construção de instrumentos, no entanto, será interessante contar com um espaço com mesas e cadeiras onde as crianças possam sentar-se e trabalhar com calma. O espaço também deve ser preparado de modo a estimular o interesse e a participação das crianças, contando com alguns estímulos sonoros. Sugestões de obras musicais e discografia Os acalantos e os chamados brincos são as formas de brincar, musicais característicos da primeira fase da vida da criança. Os acalantos são entoados pelos adultos para tranqüilizar e adormecer bebês e crianças pequenas; os brincos são as brincadeiras rítmico-musicais com que os adultos entretêm e animam as crianças, como Serra, serra, serrador, serra o papo do vovô, e suas muitas variantes encontradas pelo país afora, que é cantarolado enquanto se imita o movimento do serrador.
A brincadeira das cadeiras é outro exemplo de jogo que pode ser realizado. Jogos de escuta dos sons do ambiente, de brinquedos, de objetos ou instrumentos musicais; jogos de imitação de sons vocais, gestos e sons corporais; jogos de adivinhação nos quais é necessário reconhecer um trecho de canção, de música conhecida, de timbres de instrumentos ; jogos de direção sonora para percepção da direção de uma fonte sonora; e jogos de memória, de improvisação etc. Essas são algumas sugestões que garantem, às crianças, os benefícios e alegrias que a atividade lúdica proporciona e que, ao mesmo tempo, desenvolvem habilidades, atitudes e conceitos referentes à linguagem musical. As fontes sonoras O trabalho com a música deve reunir toda e qualquer fonte sonora: brinquedos, objetos do cotidiano e instrumentos musicais de boa qualidade. A voz humana, pios de pássaros, sinos de diferentes tamanhos, folhas de acetato, brinquedos que imitam sons de animais, entre outros, são materiais interessantes que podem ser aproveitados na realização das atividades musicais. Os pequenos idiofones, por suas características, são os instrumentos mais adequados para o início das atividades musicais com crianças. O próprio corpo do instrumento é o responsável pela produção do som, são materiais que respondem imediatamente ao gesto. Assim, sacudir um chocalho, ganzá ou guizo, raspar um recoreco, percutir um par de clavas, um triângulo ou coco, badalar um sino, são gestos motores possíveis de serem realizados desde pequenos. Nessa fase é importante misturar instrumentos de madeira, metal ou outros materiais, a fim de explorar as diferentes timbres. Os idiofones são instrumentos de percussão xilofones e metalofones; os tambores, que integram a categoria de membranofones; os vários tipos, como bongôs, surdos, caixas, pandeiros, tamborins; os aerofones, pios de pássaros, flautas de êmbolo; os cordofones ou instrumentos de cordas. O registro musical Pode ser realizado com movimentos do corpo, por meio de desenho, além da notação (escrita musical convencional). Nessa faixa etária, a criança não deve ser treinada para a leitura e escrita musical na instituição de educação infantil. O mais importante é que ela possa ouvir, cantar e tocar muito, criando formas de notação musicais com a orientação dos professores.