RETA FINAL AGU Disciplina: Direito Civil Tema: Responsabilidade Civil Prof.: Cristiano Chaves Data: 22/06/2007 RESUMO



Documentos relacionados
DIREITO ADMINISTRATIVO

7. Tópicos Especiais em Responsabilidade Civil. Tópicos Especiais em Direito Civil

OAB 1ª Fase Direito Civil Responsabilidade Civil Duarte Júnior

Conceito. Responsabilidade Civil do Estado. Teorias. Risco Integral. Risco Integral. Responsabilidade Objetiva do Estado

ÍNDICE SISTEMÁTICO. Nota à Segunda Edição... Apresentação à Terceira Edição... Apresentação...

Aula 5 Pressupostos da responsabilidade civil (Culpa).

RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

DIREITO CIVIL TEORIA DOS DANOS AUTÔNOMOS!!! 28/07/2015

DOS FATOS JURÍDICOS. FATO JURÍDICO = é todo acontecimento da vida relevante para o direito, mesmo que seja fato ilícito.

Prova de Direito Civil Comentada Banca FUNDATEC

Prescrição e decadência

PLANO DE ENSINO

CÓDIGO CIVIL. Livro III. Dos Fatos Jurídicos TÍTULO III. Dos Atos Ilícitos

Direito Processual Civil III

Relato de Casos: Comissão Técnica Riscos Pessoais

Nasce em razão da violação de um dever jurídico, mas depende da configuração de elementos.

RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR E DEVERES DO ADMINISTRADOR

CONTRATUAL Obrigação de meio X Obrigação de Resultado. EXTRACONTRATUAL (ex. direito de vizinhança, passagem, águas, etc)

Sumário. Apresentação Prefácio da Obra... 23

PROVA ORAL PONTO II DISCIPLINA: DIREITO CIVIL QUESTÃO 1

Sumário NOTA À TERCEIRA EDIÇÃO NOTA PRÉVIA PREFÁCIO APRESENTAÇÃO... 23

Dano Moral no Direito do Consumidor. HÉCTOR VALVERDE SANTANA hvs tm ail.c o m

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Novély Vilanova da Silva Reis. Juiz Federal em Brasília.

FACULDADE DE DIREITO DE SOROCABA FADI 2015

Mini Curículo: Graduado pela UNIT (2002), pós-graduado em Direito

Direito Civil Dr. Márcio André Lopes Cavalcante Juiz Federal

RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA

DA RESPOSABILIDADE CIVIL DO ESTADO (PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS)

ROTEIRO DE ESTUDOS DIREITO DO TRABALHO SUJEITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO

EMPRÉSTIMO. 1. Referência legal do assunto. Arts. 579 a 592 do CC. 2. Conceito de empréstimo

Excludentes de Responsabilidade Civil e sua aplicação no fornecimento de energia elétrica.

O O CONFLITO ENTRE O PODER DE DIREÇÃO DA EMPRESA E A INTIMIDADE/PRIVACIDADE DO EMPREGADO NO AMBIENTE DE TRABALHO. Adriana Calvo

Responsabilidade Civil dos Administradores das Sociedades. Profª. MSc. Maria Bernadete Miranda

Sumário PARTE GERAL 3. PESSOA JURÍDICA

RESPONSABILIDADE CIVIL NO PERIGO AVIÁRIO

ATO ILÍCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL NA ÁREA DA SEGURANÇA DO TRABALHO

Sumário. Agradecimentos Coleção sinopses para concursos Guia de leitura da Coleção Nota dos autores à 3ª edição...

RESUMO. Um problema que esse enfrenta nesta modalidade de obrigação é a escolha do objeto.

A EFETIVIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA PROTEÇÃO AMBIENTAL

AULA 07. CONTEÚDO DA AULA: Abuso de Direito Final. Art. 927, Parágrafo único. Art Responsabilidade pelo fato de terceiro 932 até Inciso III.

PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DOS ALIMENTOS

- Espécies. Há três espécies de novação:

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL XVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

Na prática, não há distinção entre objeção substancial e processual.

PETIÇÃO INICIAL (CPC 282)

AULA 01. Direito Civil, vol.4, Silvio Rodrigues, editora Saraiva.

Responsabilidade Civil

SÚMULAS. Nas ações da lei de falências o prazo para a interposição de recurso conta-se da intimação da parte.

36) Levando-se em conta as regras da Lei 8.112/90, analise os itens abaixo, a respeito dos direitos e vantagens do servidor público federal:

A R E R S E PONS N A S B A ILID I A D D A E D E C I C VIL N O N

1) Pressupostos da responsabilidade civil: Conduta: ação ou omissão, própria ou alheia. Responsabilidade in vigilando e in eligendo.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR O DANO MORAL

PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Simulado Super Receita 2013 Direito Tributário Simulado Rafael Saldanha

Direito do Consumidor: Responsabilidade Civil e o Dever de Indenizar

RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO AMBIENTAL

A previsibilidade legal da evicção consiste numa garantia de segurança do adquirente.

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E CIDADANIA

NOVA LEI ANTICORRUPÇÃO

II Jornadas de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho

Plano de Ensino. Meses Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Aulas Regulares Aulas de

O art. 96, III da CF prevê o foro por prerrogativa de função dos membros do MP, incluindo os Promotores e Procuradores de Justiça.

Responsabilidade Civil

Honorários advocatícios

SENTENÇA. Foi concedida a antecipação dos efeitos da tutela para suspender a exigibilidade da notificação de nº 2012/ (evento 9).

Fraude contra credores (continuação)


Conflitos entre o Processo Penal E o Processo Administrativo sob O ponto de vista do médico. Dr. Eduardo Luiz Bin Conselheiro do CREMESP

Sumário PARTE I TEORIA GERAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL

SEGuRO DE RESPONSABILIDADE CIVIL PROFISSIONAL

DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO

INDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL

AÇÃO CIVIL PÚBLICA Valor de Mercado

X CONGRESSO DE DIREITO DO SEGURO E PREVIDÊNCIA Vitória, 04 a 05 de março de Reunião do GNT Garantia

RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ADMINISTRADORES:

A inserção injusta causa às pessoas / consumidores danos de ordem moral e em algumas vezes patrimonial, que, reconhecida gera o direito à reparação.

Processo n AÇÃO REPARATÓRIA DE DANO DECORRENTE DE ATO ILÍCITO. Réus: MARCOS ROBERTO PINCELA MATEUS e SADIA S/A

RESPONSABILIDADE CIVIL NO EXAME DA ORDEM

Anual Especial Diurno Direito Civil Nelson Rosenvald Data: 22/05/2012 Aula RESUMO SUMÁRIO

Contrato de Prestação de Serviços. Profª. MSc. Maria Bernadete Miranda

a) Liberatória (art. 299 CC) o devedor originário está exonerado do vínculo obrigacional.

DECRETO 2.681, DE 7 DE DEZEMBRO DE Regula a responsabilidade civil das estradas de ferro.

AS AÇÕES REGRESSIVAS E A IMPORTÂNCIA DAS

1) (OAB137) José alienou a Antônio um veículo anteriormente adquirido de Francisco. Logo depois, Antônio foi citado em ação proposta por Petrônio, na


GOUVÊA FRANCO ADVOGADOS

RESPONSABILIDADE CIVIL NA LESÃO CORPORAL

Questões Extras Direito Tributário Profº Ricardo Alexandre

PADRÃO DE RESPOSTAS DAS PROVAS SUBJETIVAS

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 2ª TURMA RECURSAL JUÍZO C

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PROVA DISCURSIVA P 3

O sócio que ceder suas quotas continua responsável pelas obrigações sociais até dois anos depois de modificado o contrato social:

1 Geli de Moraes Santos M. Araújo

ROTEIRO DE ESTUDOS DIREITO DO TRABALHO TERCEIRIZAÇÃO

l

Transcrição:

RESUMO Direito Civil Responsabilidade Civil 1. Tutela Preventiva da Responsabilidade Civil: Reparação de danos com o intuito preventivo. Art. 12, CC. Art. 461, CPC. Art. 84 CDC: conformam uma nova perspectiva para a Responsabilidade Civil. Tem medidas reparatórias, mas o principal objetivo é a prevenção (art. 461 CPC Tutela específica). Na Tutela dos direitos da personalidade, art. 12, CC, a tutela é iminentemente preventiva e reparadora a danos eventualmente causados. 2. Arts. 186 c/c 187, CC: A responsabilidade civil decorrente do ato ilícito tem uma compreensão subjetiva, sendo que a responsabilidade neste caso é, em regra, subjetiva. No entanto, pode haver casos de responsabilidade objetiva, pois o art. 187 não exige o elemento subjetivo do agente. É possível Responsabilidade Civil sem ato ilícito. Condutas lícitas podem gerar responsabilidade nos casos previstos em lei. O Estado de Necessidade para o Direito Civil exclui a ilicitude, mas pode gerar a responsabilidade civil (art. 188, CC). 3. Abuso de Direito: exercício irregular e anormal de direito. Postura lícita que se transforma em ilícita. É de ordem pública, podendo o Juiz conhecê-lo de ofício. Se presente em relação contratual gera nulidade, não anulabilidade. O abuso de direito pode decorrer de conduta comissiva, por se exercitar mal o direito, ou omissiva, ao se deixar de exercer direito, criando em alguém a expectativa de que não será exercido, e, ao fazê-lo, lesar direito alheio. O Abuso de Direito Omissivo gera responsabilidade objetiva e pode ocorrer das seguintes maneiras: Venire Contra Factum Proprium: proteção da confiança gerada em uma determinada relação. Proibição de comportamento contraditório. Supressio e Surrectio: desdobramentos do Venire Contra Factum Proprium, o titular não exerce o direito, delegando o exercício do direito a um terceiro, havendo uma supressão da possibilidade de exercê-lo, pois uma expectativa foi gerada (art. 330, CC). Tu Quoque: desdobramento do Venire Contra Factum Proprium, é especifico de uma determinada situação contratual, faz com que dentro de um contrato uma parte não possa exigir o cumprimento de obrigação da outra parte enquanto não cumprir a sua, em qualquer espécie contratual. Exceção: a cláusula solve et repet permite que cada contratante exija do outro cumprimento de obrigação mesmo não tendo cumprido a sua parte. Deve estar expressa. 4. Espécies de Responsabilidade Civil: 4.1. Civil e Penal: A regra fundamental é da independência da instância, não se correlacionando. As responsabilidades civil e penal são julgadas independentemente (art. 935, CC). Exceções: pode a sentença penal influir no juízo civil, desde que cumpridos dois requisitos: anterioridade da sentença penal transitada em julgado e que tenha abordado o mérito penal. A sentença penal condenatória vai gerar o dever de condenar na esfera cível. Já a sentença penal absolutória, poderá influir na Responsabilidade Civil quando se der por negativa de autoria ou inexistência do fato, ou não influir quando a absolvição se der por falta de prova ou prescrição. Assim sendo, o Juiz tem a prerrogativa de suspender pelo prazo máximo de 01 ano o processo cível no intuito de aguardar a sentença penal. Prescrição: 03 anos para prescrição da indenização por dano material ou moral, contados a partir da prática do ato. (vide Art. 200, CC). Revisão Criminal: guarda similitude com a ação rescisória. Se há revisão criminal deferida, revendo-se a condenação, isso não enseja a revisão de condenação civil, pois a regra é a independência entre as instâncias. O eventual conflito de sentenças não necessariamente implicará na responsabilização civil do Estado por erro judiciário. - 1

Uma vez fixada a responsabilidade penal, bastará a liquidação e execução do dano sofrido. O Ministério Público tem legitimidade para promover a ação civil ex deliti. 4.2. Contratual e Extracontratual: Depende da origem do dever jurídico violado. Se estava previsto em lei, a responsabilidade será extracontratual ou aquiliana, devendo a vítima comprovar a culpa do agente. Se previsto em negocio jurídico, ocorre a responsabilidade contratual aqui, o compromisso foi assumido voluntariamente, gerando presunção relativa de culpa (389, 395, CC). Responsabilidade Civil dos Incapazes (art. 928, CC): é subsidiária e condicionada. Art. 116, ECA ato infracional correlato ao crime de dano, por exemplo. Único: o incapaz responde tanto contratual quanto extracontratualmente. 4.3. Objetiva e Subjetiva: A responsabilidade civil nasceu subjetiva e o Código Civil assim a mantém, via de regra. A regra, no entanto, em determinados casos é injusta, não atendendo a todos os casos que surgem, por isso foi criada a responsabilidade subjetiva com culpa presumida (ex: responsabilidade contratual), apenas em casos previstos em lei. A responsabilidade é objetiva quando fundada no risco, no exercício de uma atividade de risco, independentemente de culpa. a) Casos previstos em lei: - responsabilidade ambiental (Risco Integral); - responsabilidade por dano nuclear (Risco Integral); - responsabilidade por dano processual por tutela de urgência; - responsabilidade do possuidor de má-fé (art. 1218, CC); - responsabilidade civil decorrente de direito de vizinhança; Risco integral: absorve o caso fortuito e força maior. Mesmo que o dano provenha dessas hipóteses, o dever de indenizar persiste. Nos demais riscos, o caso fortuito e força maior excluem a responsabilidade civil, exceto quando se tratar de transportador aéreo (risco integral). 5. Lineamentos da Responsabilidade do Estado (art. 37, 6º, CF): a) Responsabilidade Objetiva do Estado: Teoria do Risco Administrativo. Admite a exclusão da responsabilidade do Estado por caso fortuito, força maior, culpa exclusiva da vítima. Alcança Pessoa Jurídica de direito público e de direito privado prestadoras de serviços públicos. Gera para o Estado o direito de regresso contra o servidor que causou dano (em relação ao servidor, deve-se comprovar a culpa ou dolo). b) Denunciação da lide: não há a possibilidade, por estar introduzindo fato estranho à lide. No entanto, o STJ admite denunciação da lide nos casos em que a própria vitima na petição faça menção à conduta culposa do agente (art. 70 do CPC não veda a denunciação). No caso de não fazê-la, o Estado não perde o direito de regresso que neste caso é imprescritível. Já o direito do particular ofendido prescreve em 03 anos. c) Nas condutas omissivas, o Estado responde subjetivamente. Já nas condutas comissivas, a responsabilidade é objetiva. STF: o Estado só responde por conduta omissiva se provada a sua culpa. 6. Responsabilidade Objetiva por Decisão Judicial (art. 927, Único): o juiz pode transformar em objetiva uma responsabilidade que nasceu subjetiva quando a atividade do agente for habitual e de risco. O risco deve ser criado, excluível por caso fortuito e forca maior, e o Juiz pode declarar de ofício. Ex: esportes radicais, racha no trânsito e acidente de trabalho (INSS responde objetivamente - art. 7º, XXVIII, e o empregador responde subjetivamente). Pode o Juiz do Trabalho tornar objetiva a responsabilidade subjetiva do empregador? Sim, o art. 7º tem rol exemplificativo, sendo plenamente possível incorporar novas garantias ao empregado, transformando em objetiva a responsabilidade subjetiva do empregador. A regra geral (responsabilidade subjetiva), portanto, acabou tornando-se de caráter residual, aplicando-se quando não cabem as demais espécies de responsabilidade. Seguro obrigatório: Acidente de trabalho e acidente de trânsito. Sofrido o acidente, a vitima tem direito de receber indenização, a responsabilidade do segurador é objetiva. O valor pago pelo segurador deve ser deduzido do valor da indenização paga pelo causador do sinistro. - 2

7. Hipóteses de responsabilidade civil por fato de Terceiro: a) Gera direito de regresso, exceto quando o terceiro for incapaz; b) Provada a culpa do terceiro, o garantidor responde objetivamente. Não é responsabilidade objetiva para o agente, mas sim para o terceiro. c) O Rol é taxativo (art. 932): pai pelos seus filhos menores que estejam sob sua autoridade e companhia; tutor e curador pelo tutelado e curatelado; empregador pelo empregado; hoteleiro pelo hospede; educandário pelo educando menor. As 03 últimas hipóteses devem ser interpretadas à luz do CDC. Se por ventura o dano for causado no âmbito da relação de consumo, o Código Civil deve ser afastado, aplicando-se o CDC. d) Responsabilidade do participante de crime. 8. Responsabilidade pelo Fato da Coisa: A responsabilidade pelo fato da coisa distingue-se da hipótese de responsabilidade pelo fato de terceiro, pois seu rol é exemplificativo. O titular responde por todos os objetos de sua propriedade. O dono da coisa é aquele que detém a guarda e tem o poder de comando. Há presunção de responsabilidade do proprietário da coisa. A responsabilidade se dá desde que provada a culpa do agente. Exceções (arts. 936, 937 e 938, CC): a) Responsabilidade pelo fato de animal (art. 936): responsabilidade objetiva, o artigo não permite a discussão da culpa do agente, embora permita a exclusão da responsabilidade por culpa da vítima. Não é baseado em risco integral. Serve para animais domésticos e selvagens. b) Responsabilidade civil por ruína de prédio (art. 937): o dono do edifício em construção responde por danos resultantes de defeitos no prédio ou em algo que foi acoplado a ele em caráter definitivo (escada, elevador, etc.). É a responsabilidade por um defeito na estrutura física. A doutrina majoritária entende que é hipótese de responsabilidade subjetiva com culpa presumida. c) Responsabilidade por objeto lançado (art. 938): responsabilidade objetiva de risco integral (entendimento da doutrina e jurisprudência). O proprietário responderá mesmo em caso fortuito e força maior. Aplica-se também essa regra a objetos caídos do espaço. Causalidade alternativa: quem responde pela coisa caída é a unidade de onde ela proveio. Caso não possa ser identificada a origem, responde o condomínio, que terá ação regressiva contra quem causou ou quem a possa ter causado. Locação de automóveis e empréstimo do bem: a responsabilidade é solidária (Súmula 492, STF). Alienação fiduciária e leasing: não há solidariedade, a responsabilidade é do devedor. Bem subtraído: o proprietário perdeu o poder de comando, não responde por danos, salvo se ele contribuiu para o roubo ou furto. 9. Pressupostos da responsabilidade Civil: 9.1. Culpa: a) Culpa Lato Sensu: abrange o dolo e a culpa scticto sensu. Amplia a possibilidade indenizatória. Não há a distinção de dolo e culpa. Para existir culpa, exige-se a imputabilidade (possibilidade de autodeterminação e compreensão do fato). b) Classificações de Culpa: - Gradação de culpa (art. 944): O Juiz pode reduzir equitativamente a indenização se houver desequilíbrio entre grau de culpa e dano. O aumento já não pode ocorrer. A redução eqüitativa pode ser aplicada de oficio e não se aplica as hipóteses de responsabilidade objetiva. - Nos casos de responsabilidade com culpa concorrente da vítima, cada um responde pela sua parcela. Nos casos de culpa exclusiva, exclui-se a responsabilidade. Na responsabilidade objetiva é possível alegar culpa exclusiva da vítima e culpa concorrente, já que não se fala em culpa do agente, mas sim da vítima. - Culpa contra a legalidade: presunção de culpa criada pela jurisprudência. Quando a conduta do agente consiste em violação a texto expresso de lei. Gera presunção relativa de culpa. 9.2. Dano: - 3

a) Dano material (art. 402, CC): Prejuízo ao patrimônio; perda de um bem jurídico patrimonialmente apreciável, que já foi incorporado ou iria ser incorporado (dano emergente) ao patrimônio. Dano emergente: Restituição integral. Deve ser igual ao valor do prejuízo causado. Lucro cessante: lucro que se teria no patrimônio, mas não terá mais. O juiz define o alcance do lucro cessante pelo princípio da razoabilidade. O dano material pressupõe ainda juros, correção monetária e verba honorária. Tem-se entendido no Brasil que o Juiz pode conceder de oficio estes valores, não precisam ser requeridas pela parte. Os juros serão devidos desde a data do evento danoso quando extracontratual (Súmula 54 STJ), ou desde a citação inicial (art. 405, CPC). Vem prevalecendo que os juros serão de acordo com a Taxa SELIC (art. 406). Correção Monetária (Súmula 43 STJ): desde a data do efetivo prejuízo. Arts. 389, 395, 398. Súmula 14 STJ: honorários advocatícios sobre o valor da causa serão corrigidos desde a data do ajuizamento. Se a condenação for fixada em prestações periódicas (art. 475-Q, CPC), o juiz poderá determinar, a pedido da parte, ao devedor q constitua capital para garantir o pagamento da pensão. É possível substituir a constituição de garantia por pela inclusão do beneficiário da prestação em folha de pagamento de entidade de direito público ou de empresa de direito privado (art. 475-Q, 2º, CPC). b) Dano moral: efetiva violação dos direitos da personalidade e da dignidade humana; Tem sede constitucional: art. 5º, V e X. Não compõe rol taxativo. É tudo o que gera violação à dignidade humana. Súmula 37, STJ: quando decorrentes do mesmo fato, acumula-se dano moral e material. A prova do resultado do dano moral está sendo dispensada. Basta provar o ato lesivo e não o resultado dele decorrente. Cumulabilidade de dano moral e dano moral: é possível, pois dano moral é gênero, e suas espécies são várias: dano estético, dano à imagem, dano moral (à honra), etc., desde que decorrentes à conduta. Serão devidas tantas indenizações quantas forem as lesões causadas. Pessoa Jurídica pode sofrer dano moral (Súmula 227 STJ e art. 52, CC). Arbitramento do dano moral: por arbitramento judicial. O STJ não admite o punitive damage, ou dano punitivo. Pois o dano moral não tem escopo punitivo. Transmissibilidade do dano moral: foi considerado durante muito tempo induto personae os arts. 943 e 12, Único acabaram com isso. O direito de exigir indenização por dano moral transmite-se a herdeiros. Não se aplicam os limites de sucessão, todos têm co-legitimação. Perda de uma chance: não é dano moral nem material, mas sim categoria autônoma de dano. Não viola a personalidade nem patrimônio. É a subtração da possibilidade de disputa de algo. 9.3. Nexo de Causalidade: une a conduta culposa ao dano. O agente só responde pelos danos que causou de forma direta e imediata. O agente não responde pelo dano remoto, embora responda pelo dano em ricochete. Concausa Simultânea: há um só dano ocasionado por várias causas, podendo um só dano ser atribuído a várias pessoas. Concausa Concomitante: se estabelece uma cadeia de causas e efeitos, dificultando o aferimento de qual delas é responsável pelo dano. Gera responsabilidade solidária. Excludentes de nexo de causalidade: - culpa exclusiva da vitima; - caso fortuito e força maior (salvo risco integral); - fato de terceiro; - cláusula de não indenizar (desde que não seja contrato de adesão); - exercício regular de direito, legitima defesa, estado de necessidade. JURISPRUDÊNCIA Súmula 492 STF: A EMPRESA LOCADORA DE VEÍCULOS RESPONDE, CIVIL E SOLIDARIAMENTE COM O LOCATÁRIO, PELOS DANOS POR ESTE CAUSADOS A TERCEIRO, NO USO DO CARRO LOCADO. ADF - 4

Súmula 54 STJ: OS JUROS MORATORIOS FLUEM A PARTIR DO EVENTO DANOSO, EM CASO DE RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL. Súmula 43 STJ: INCIDE CORREÇÃO MONETARIA SOBRE DIVIDA POR ATO ILICITO A PARTIR DA DATA DO EFETIVO PREJUIZO. Súmula 14 STJ: ARBITRADOS OS HONORARIOS ADVOCATICIOS EM PERCENTUAL SOBRE O VALOR DA CAUSA, A CORREÇÃO MONETARIA INCIDE A PARTIR DO RESPECTIVO AJUIZAMENTO. Súmula 37 STJ: SÃO CUMULAVEIS AS INDENIZAÇÕES POR DANO MATERIAL E DANO MORAL ORIUNDOS DO MESMO FATO. Súmula: 227 STJ: A PESSOA JURÍDICA PODE SOFRER DANO MORAL. - 5