3. O Sistema Petrobras



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3. O Sistema Petrobras O Sistema Petrobras possui 56 bases de distribuição por todo o país, que são responsáveis por fornecer produtos para as distribuidoras, para que estas possam entregá-los no mercado. A Petrobras realiza a venda de seus produtos às distribuidoras em algumas destas bases, que são chamadas de pontos de faturamento ou pólos de venda. Em cada um destes pontos tem-se um preço fixado para cada produto, independente de qual for a distribuidora. Dado que a Petrobras é uma empresa de economia mista com forte influência política, acaba sendo obrigada a praticar preços que permitam atender a todos os Municípios do Brasil, no caso da gasolina, diesel e gás liquefeito de petróleo. Desta maneira, para conseguir atingir a todas as cidades, deve praticar um preço baixo, de forma que fique atrativo para as distribuidoras adquirir estes produtos e transportá-los até o consumo final. Pelo fato de se ter um preço único, as distribuidoras que atendem às localidades mais próximas aos pontos de faturamento acabam tendo uma rentabilidade por unidade de volume maior, pois seu custo de transporte é menor se comparado com o incorrido para chegar aos locais mais distantes. Percebe-se, desta maneira, uma possibilidade de aumento de rentabilidade para a Petrobras caso ela consiga praticar preços mais altos para as distribuidoras que atenderão Municípios mais próximos. Outra forma de encarar o problema é buscar que os Municípios mais distantes deixem de ser atendidos por aquele ponto de faturamento, permitindo-se praticar preços maiores nos pontos existentes. 3.1. Sistema Petrobras A Petrobras é uma sociedade anônima de capital aberto, que atua de forma integrada e especializada nos seguintes segmentos da indústria de óleo, gás e

39 energia: exploração e produção; refino, comercialização, transporte e petroquímica; distribuição de derivados; gás natural e energia. Líder do setor petrolífero brasileiro, vem expandindo suas operações, para tornar-se uma companhia integrada de energia com atuação internacional e líder na América Latina (Relatório Anual, 2006). Atualmente, a Petrobras mantém atividades operacionais ou escritórios em 27 países e, no ranking mundial, tornou-se a 14ª empresa entre todas as companhias de petróleo e a 7ª entre as de capital aberto (Petrobras, 2007). Além disso, a Petrobras participa de toda a cadeia de operações da indústria de petróleo, gás natural e energia elétrica no continente, ao mesmo tempo em que amplia a participação em empreendimentos na América do Norte, África e Ásia (Relatório Anual, 2006). A Petrobras conta com um centro de pesquisas, o CENPES, que possui uma das mais avançadas tecnologias do mundo e é reconhecido internacionalmente pela sua grande competência (Petrobras, 2007). Na área de exploração e produção, no segundo semestre de 2007, considerando apenas o petróleo, a produção diária total (Brasil e exterior) chegou a 1.938.426 barris de óleo equivalente por dia (boe/dia), enquanto o volume de gás natural produzido pela empresa no Brasil e no exterior foi de 63,553 milhões de metros cúbicos/dia, sendo que a produção de gás natural dos campos nacionais chegou a 44,023 milhões de metros cúbicos diários. Já a produção internacional de petróleo e gás, em barris de óleo equivalente, em julho de 2007, foi de 238.281 barris/dia (Petrobras, 2007). Suas reservas em 2006 contabilizaram 12,3 bilhões de petróleo e condensado e 2,7 milhões de barris de óleo equivalente de gás natural. A Petrobras abastece quase toda a demanda do mercado brasileiro por derivados de petróleo e líquido de gás natural cerca de 1.697 mil barris por dia (bpd) de petróleo e 44 milhões de m³ diários de gás natural (Relatório Anual, 2006). A comercialização total da Petrobras em 2006, incluídos gás natural, álcoois, nitrogenados, exportações e vendas internacionais, atingiu 3,048 milhões barris de óleo equivalente (boe), superando em 9% os 2,808 milhões boe de 2005. A receita operacional bruta consolidada em 2006 alcançou R$ 205,4 bilhões,

40 enquanto a receita operacional líquida atingiu R$ 158,2 bilhões, com um lucro líquido de R$ 25,9 bilhões (Relatório Anual, 2006). Na área de energia elétrica, no final de 2006, tinha a capacidade instalada 4411 MW, em suas 10 usinas termelétricas e 2 hidrelétricas. Na área de fertilizantes, também neste mesmo período, possuía três unidades que produzem 1.852 toneladas métricas de amônia e 1.598 toneladas métricas de uréia (Petrobras, 2007). A atuação no exterior se faz, em grande parte, por meio da Área de Negócio Internacional. Os ativos, operações e negócios da Petrobras se estendem hoje a 26 países, sendo seis unidades de negócio, que atuam como empresas, na Argentina, Angola, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos e Nigéria e somam-se as atividades em outros dezessete países: Venezuela, México, Equador, Peru, Uruguai, Paraguai, Chile, Tanzânia, Irã, Índia, Líbia, Turquia, China, Senegal, Moçambique, Paquistão e Portugal (Petrobras, 2007). No transporte e armazenamento de petróleo, derivados, álcool e gás natural, a Petrobras atua por meio da subsidiária integral Petrobras Transporte S.A. que opera 53 navios próprios, 43 terminais e 11 mil quilômetros de dutos. A empresa desempenha papel estratégico, pois dispõe de soluções integradas de logística e de flexibilidade operacional que proporcionam vantagens competitivas (Transpetro, 2007). Como operadora da maioria dos oleodutos, terminais terrestres e aquaviários da Petrobras, a Transpetro movimentou 654 milhões de m³ de petróleo, derivados e álcool em 2006. Nos terminais aquaviários, a média mensal foi de 350 navios em operação. A rede operada pela Transpetro é composta por 7 mil quilômetros de oleodutos e polidutos. Os 44 terminais têm capacidade para armazenar 65 milhões de barris (10,3 milhões de m³). No segmento de gás natural, a Transpetro movimentou a média diária de 34 milhões de m³ em 2006 (Relatório Anual, 2006). A Petrobras atua na distribuição de combustíveis por meio da subsidiária Petrobras Distribuidora, líder de mercado, com a maior rede de postos de serviços do país. Dos 5.870 postos Petrobras, localizados em todas as regiões do território brasileiro, 638 pertencem à empresa e 5.232 são de revendedores que operam com a marca Petrobras. A receita da Petrobras Distribuidora com produtos e serviços foi de R$ 47,1 bilhões em 2006 (Relatório Anual, 2006).

41 As 56 bases e terminais estrategicamente localizados asseguram ampla capilaridade para a colocação dos produtos Petrobras. A rede também permite integrar soluções de transporte e estocagem com qualidade de serviços, o que proporciona vantagens em relação à concorrência (Relatório Anual, 2006). 3.1.1. Refinaria Segundo Cardoso (2004), uma refinaria é uma instalação industrial que gera produtos acabados a partir do petróleo, óleos inacabados, líquidos de gás natural, outros hidrocarbonetos e álcool. Atualmente, o Sistema Petrobras é composto de 11 refinarias no Brasil, quase todas distribuídas perto do litoral, como mostra a figura 1. Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR) Refinaria Isac Sabbá (REMAN) Refinaria Landolpho Alves (RLAM) Refinaria Gabriel Passos (REGAP) Refinaria de Duque de Caxias (REDUC) Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR) Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP) Refinaria de Paulínia (REPLAN) Refinaria de Capuava (RECAP) Refinaria Presidente Bernardes (RPBC) Refinaria Henrique Lage (REVAP) Figura 1 Refinarias do Sistema Petrobras Todas essas refinarias possuíam, em 2006, uma capacidade de processamento de 1986 mil barris de petróleo por dia, sendo que o volume processado também em 2006 foi de 1746 mil barris de petróleo por dia.

42 3.1.2. Terminal Uma vez produzidos os derivados de petróleo pelas refinarias, esses produtos são armazenados em tanques e esferas para posterior distribuição. Os terminais são locais de armazenamento que concentram os produtos para depois serem enviados às bases de distribuição. Segundo Cardoso (2004), um terminal é um conjunto de instalações para recebimento, armazenamento e expedição de produtos da indústria do petróleo. Estes terminais, em geral, mas não necessariamente, estão localizados próximos às refinarias. Outro tipo de terminal, denominado terminal marítimo, refere-se aos que são localizados junto aos mares, rios e lagos; são responsáveis pelo recebimento, armazenamento e expedição de produtos e realizam a interface entre a estrutura de distribuição terrestre e a marítima. Os terminais não comercializam os produtos, ou seja, a propriedade dos produtos não se altera. O Sistema Petrobras possui mais de 40 terminais espalhados principalmente perto das refinarias e costa brasileira, como mostra a figura 2.

43 Figura 2 Terminais do Sistema Petrobras 3.1.3. Bases de distribuição Segundo Cardoso (2004), uma base de distribuição é uma empresa cuja atividade é adquirir produtos a granel e revendê-los para a rede varejista e para grandes consumidores. Logo, uma base de distribuição distribui os produtos para os pontos de demanda. Sua estrutura é semelhante à dos terminais, mas são menores e/ou em menor quantidade. Outra característica é a possibilidade de mistura e embalagem de produtos nestas bases, que podem também recebê-los de centros coletores. Ainda segundo Cardoso (2004), existem dois tipos de bases de distribuição: a primária e a secundária. A base de distribuição primária recebe os produtos de um terminal, seja este junto à refinaria, seja este marítimo proveniente de

44 cabotagem ou de importação. As bases secundárias são aquelas que recebem produto de outras bases primárias ou secundárias. Estas bases, geralmente em locais mais distantes, decorrem da indisponibilidade de infra-estrutura logística necessária para conduzir os produtos até aquela região ou da maior vantagem desta opção na análise de custo benefício. Algumas destas bases de distribuição servem como ponto de faturamento, ou seja, o produto é vendido para as empresas distribuidoras e a propriedade dos produtos da Petrobras passa para essas empresas. 3.2. Logística de distribuição Uma vez produzidos nas refinarias, os produtos são armazenados em tanques e esferas, podendo esses serem pressurizados ou refrigerados. O produto pode passar por repouso e análise para sua certificação. Estando pronto para ser expedido, o produto passa a estar disponível para envio para o mercado. Assim, em função de necessidade em cada local e estratégias de vendas da Petrobras, o produto é direcionado para os terminais e bases de distribuição. Em geral, junto das refinarias há bases de distribuição, de forma que o produto é enviado diretamente dos tanques da refinaria para os das bases distribuidoras, por meio dutoviário. Outra opção é o envio para os tanques de terminais tanto terrestres como aquaviários, que podem tanto estar junto à refinaria como distante desta; o transporte também é feito por dutos. A partir desses terminais, o produto pode ir tanto para as bases das distribuidoras como para outros terminais e assim sucessivamente, até que chegue às bases de distribuição. Esta movimentação pode ser feita por caminhões, dutos ou navios, no caso de cabotagem entre dois terminais aquaviários. Os terminais marítimos realizam a interface com os navios e barcaças, carregando-os para transporte dos derivados por meio aquaviário até outro terminal marítimo, onde os produtos serão descarregados, armazenados, se necessário, e enviados para outro terminal ou base de distribuição. Note-se que esta movimentação envolve operações de carga e descarga de caminhões e navios.

45 No caso de produto importado, este entra no país por meio de terminais aquaviários; a partir daí, pode ser encaminhado para as bases de distribuição. Para alguns produtos e casos específicos, como o caso da nafta petroquímica e do querosene de aviação, não se tem a figura da base distribuidora; o produto é enviado diretamente da refinaria ou terminal para a central petroquímica ou aeroporto. Uma vez nas bases de distribuição, os produtos podem ser vendidos ao mercado, sendo a distribuição feita por meio rodoviário pelas empresas distribuidoras, ou podem ser transportados para outras bases de distribuição, secundárias, por duto, ferrovia ou rodovia. O transporte de uma base de distribuição para outra pode ser feito pelas próprias distribuidoras, em função de estratégia da empresa distribuidora de atendimento do mercado, ou pela Petrobras, no intuito de conseguir maior rentabilidade. A figura 3 mostra um esquema simplificado da logística descrita. Figura 3 Logística de distribuição do Sistema Petrobras Dentro desta rede de distribuição, toda a operação dutoviária é feita pela Transpetro, que é remunerada por meio de uma tarifa paga por unidade de volume movimentada. Já para o transporte ferroviário e rodoviário, a operação é feita

46 pelas empresas ferroviárias e por uma frota de caminhões, que podem ser terceirizados ou ser de propriedade da distribuidora. 3.3. Formação de preços Os preços dentro do Sistema Petrobras são balizados pelo preço internacional. Dado que os produtos são vendidos em bases de distribuição, o preço a ser praticado não pode ser superior a um determinado valor para evitar que se torne mais vantajoso às distribuidoras importar o produto em vez de adquiri-lo dos produtores nacionais. Como dito anteriormente, algumas bases de distribuição são utilizadas para a venda dos produtos da Petrobras para as distribuidoras. Esses locais são denominados pólos de venda e têm associado a eles um preço de realização e de faturamento, bem como uma modalidade de venda, que é negociada em contrato. Para cada um desses pólos de venda pode-se relacionar dois preços: o preço competitivo (P1) e o valor do produto (P2). O preço competitivo é o menor preço que um competidor da Petrobras praticaria no ponto de venda, caso importasse o produto. Já o valor do produto é o custo de oportunidade do pólo de venda, ou seja, é o preço de colocação do produto, caso seja exportado. Seu cálculo depende do produto a ser distribuído e da região em que se encontra o pólo de venda. A partir desses dois conceitos, pode-se definir o sobrevalor de produto, que é a diferença entre o preço competitivo (visão do mercado interno) e o valor de produto (visão do mercado externo) e que mede o adicional auferido da opção da venda do produto no mercado interno em detrimento da venda no mercado externo. Essa forma considera aspectos comerciais e de logística de modo mais simplificado e pode ser utilizada como auxiliar em análises preliminares. 3.4. Definição do problema

47 A necessidade de praticar um preço único para cada ponto de faturamento e de atendimento do mercado interno implica que a Petrobras, como fornecedora dos derivados de petróleo, acabe tendo de praticar preços baixos a fim de atender os mercados mais distantes. Uma primeira análise de solução para este problema seria praticar preços diferenciados de acordo com a distância do ponto de venda ao consumidor final. Mas, dado que o produto é vendido para as distribuidoras, a Petrobras não teria esse controle do destino desse produto, e, conseqüentemente, possibilitaria que as distribuidoras comprassem a um preço mais baixo e entregassem para Municípios próximos ao pólo de venda. Logo, esta análise se torna inviável. Uma segunda análise seria a venda do produto diretamente nos Municípios, na modalidade CIF. Essa alternativa implicaria aumento da frota de caminhõestanque da Petrobras Distribuidora. Tal opção pode representar uma vantagem para a Petrobras Distribuidora, pois teria como otimizar seus custos, enquanto as demais distribuidoras, que continuariam a retirar seu produto nos pólos de venda, estariam sujeitas à maior variação de preços. Porém, esta alternativa poderia configurar concorrência desleal ou mesmo estimular o monopólio na distribuição de derivados de petróleo. Dessa forma, esta estratégia não seria permitida pelo Comitê Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Uma terceira análise consiste na construção de um novo ponto de faturamento mais próximo dos Municípios distantes dos pontos de venda, para que este passe a atendê-los. Assim, poder-se-ia praticar preços mais altos nos pontos de vendas que anteriormente atendiam aquela região e mais atraentes neste novo ponto, de forma a praticar um preço mais alto no novo pólo, porém mais baixo do que as distribuidoras teriam para levar o produto até lá. A idéia é forçar as distribuidoras a retirarem os produtos neste novo pólo para atender esses Municípios mais distantes. Entretanto, essa opção só é válida se o aumento da receita com a venda de produtos nessas localidades for superior ao aumento no custo logístico para disponibilizar os produtos no novo pólo. Este trabalho busca a melhor localização deste novo pólo de venda que gera aumento nos lucros da Petrobras, sem considerar a distribuição. O produto seria produzido nas refinarias e levado para os pólos de venda por meio do modal de menor custo para esse trajeto, e deste ponto para os Municípios demandantes. No primeiro trecho (refinaria-pólo), os custos de transporte são

48 menores, pois se trata de uma transferência de produtos, podendo-se movimentar lotes maiores com economia de escala. No segundo trecho (pólo-mercado), a movimentação é toda feita por modal rodoviário, o que representa custos maiores de distribuição. Os custos do primeiro trecho são de responsabilidade da Petrobras, enquanto os do segundo trecho são das distribuidoras, mas são elas que decidem de que pólo irão retirar o produto. Quanto ao suprimento do novo pólo, ele se daria a partir de um pólo já existente. Ou seja, o produto sai da refinaria para um pólo de venda existente e este o envia para o novo pólo. Para a modelagem considerar-se-ão apenas os Municípios dos Estados brasileiros da região Sul do país e a atual infra-estrutura existente para a movimentação de derivados de petróleo. A quantidade produzida em cada refinaria é definida pela Petrobras. Quanto aos Municípios, estes possuem uma quantidade demandada. A importação e exportação de produto são permitidas, porém os custos logísticos incorridos para essas operações são da Petrobras. Nestes casos, o produto sairia ou entraria por meio de um terminal situado na costa brasileira.