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Transcrição:

ÍNDICE Introdução... 2 A concepção clássica do homem... 3 A concepção do homem na filosofia pré-socrática... 4 A Transição socrática... 4 Antropologia Platónica... 5 Antropologia aristotélica... 5 Antropologias da Idade Helenística (séc. III a I a.c.)... 6 A antropologia neoplatônica... 6 A concepção cristã- medieval do homem... 7 A concepção Bíblica do homem... 7 Concepção patrística do homem... 8 A concepçao medieval do homem... 9 BIBLIOGRAFIA... 11 1

Introdução O presente trabalho debruça-se em torno da Concepção clássica e Cristão-medieval do homem, onde os gregos refletem a cerca do homem. Neste campo da filosofia, a reflexão sobre o homem será o tema dominante e irá acompanhar todo desenvolvimento histórico da filosofia Ocidental, enquanto na concepção medieval, o homem é visto como imagem de Deus. 2

A concepção clássica do homem Na concepção clássica do Homem, os gregos concebiam o Homem em três perspectivas: Na linha teológica- falavam de dois mundos muito diferentes em relação a alma: o mundo dos deuses este que era caracterizado pela imortalidade e proporciona à felicidade e o mundo dos homens e este é concebido ou caracterizado pelo mortais, doenças, fome, guerras e este mundo proporciona à infelicidade. Nesta linha, o homem era concebido como ser com duas realidades que caracterizavam a sua essência: alma e corpo, a alma era vista como aquela que orienta os sentidos do Homem Comboni parte reflexiva (logos), o mundo das ideias, e corpo como aquela realidade sensível em que a alma se serve para tornar possível aquilo que é a sua natureza contemplação (o mundo ideias). Portanto, a alma aquela realidade que está ligada diretamente à parte psíquica do corpo, a parte reflexiva (logos) do ser sensível; aquilo que faz com que o Homem crie suas especulações filosóficas. Está ligada à parte filosófica e, a filosofia torna - se acção dela. (cf. BERNARD GROETHUYSEN, Antropologia Filosófica, 1988, pg. 22). A função da alma na vida do Homem, é a de tornar possível a reflexão filosófica do próprio Homem. O Homem entendido na linha cosmológica Nesta linha, a alma abandona o seu estado meditativo para um novo estado contemplativo. Sendo o Homem aquele que é adoptado de alma, toma uma atitude contemplativa e de admiração ao mundo, à natureza e ao Belo. O Homem ser doptado de alma e corpo isto é, a sua constituição psico-física, sabe que vive num mundo real é não ideal, usa a sua razão para se encontrar com o próprio mundo. Mas o Homem neste sentido não pode permanecer na contemplação da imagem do mundo antes porém, deve trazer presente o mundo das ideais. Nesta linha cósmica, a sua contemplação está inclinada na ordem e a admiração do universo. E é também concebido na linha antropológica. Na linha antropológica, os gregos concebiam o homem em duas dimensões distintas que também são consideradas dois deuses que constituem a alma humana. Estes dois deuses vivem em sintonia e partilham as ideias. Mas por um lado entram em oposição na maneira como actuam no homem, o deus apolíneo seria aquele que proporciona uma reflexão luminoso, faz com que o pensamento (logos) do homem, seja coerente para orientar a sua vida, a maneira de pensar e de 3

agir. Ao passo que, dionisíaco está mais para o lado obscuro ou terreno, onde reina a paixão ou eros. Este tende a procurar satisfazer as necessidades do corpo e em ligação aos sentidos humanos. Portanto, este não está preocupado com como age o homem mas porquê não age. A concepção do homem na filosofia pré-socrática É uma época antes de Sócrates em que encontramos os filósofos naturalista que se ocupavam no estudo do cósmos e o ser humano como habitante do cósmos. O primeiro filósofo que encontramos é Diógenes de Apolônia que trata das diferenças do ser humano a outros animais, Diógenes considera o homem um ser superior dos outros animais; um ser capaz de se manter verticalmente e realizar movimentos, capaz de erguer olhar voltado para o alto, um homem habilidoso, a linguagem como uma forma de organização do seu pensamento racional e, é um ser contemplativo dos astros. O homem tratado como um ser com uma estrutura corporal-espiritual e mutável, provável que este pensamento tenha aparecido pela primeira vez com Diógenes de Apolônia. O homem é um ser com uma certa ordem que também proporciona à ordem cósmica. A Transição socrática Neste período encontramos Sócrates com o seu pensamento relacionado ao homem, coloca o homem como objectivo de investigação e observação considerando a sua maneira de se manifestar no mundo em que se encontra. Sócrates divide este período em três a saber: período em pré-socrática; socrático e pós-socrático. Perante esta transição, Sócrates se encontra numa crise ateniense em que Atenas vivia um problema humanitário tremendo, ele reflecte sobre esta crise à luz de suas ideias que o levaram a postular uma nova concepção do homem, tendo em vista as concepções clássicas dadas pelos seus antecessores. Pode se saber do homem segundo Sócrates se nos remetermos no interior do mesmo homem isto é, a alma, e aí surge a questão: o que é a alma para Sócrates? Sócrates define a alma como centro de virtude que permite medir o homem segundo a dimensão interna na qual reside a verdadeira grandeza humana e, a alma por sua vez orienta a própria vida do homem seja ele justo ou injusto, tornando-se assim a verdadeira essência do homem. 4

Em Sócrates, encontramos também algumas ideias ou traços sobre o homem nomeadamente: a teologia do bem e do melhor como aquela que define a compreensão do homem em relação a natureza da ética; a valorização ética do indivíduo como aquela que permite uma busca continua de uma inferioridade através do actos éticos da alma e uma interpretação célebre "conhece-te a te mesmo"; o conhecimento de si que permite um cuidado maior com a vida interior. Desta maneira Sócrates introduz os conceitos de ironia, indução, como método parar conduzir o homem busca interior de si e, é o primeiro pensador que define a o homem como animal lógico e, pede a noção do bem e a importância de se praticá-lo afirmando que é mais ser útil e melhor ser justo que injusto. Antropologia Platónica No que concerne à concepção clássica do homem, o platonismo teve maior influência vista como relevante da época. Daí que, a antropologia Platónica servia como a síntese de todo pensamento quanto à concepção do homem nos pré-socrática (a relação do homem com o cosmos), nos sofistas (o homem como ser de cultura destinada à vida política e herança dominante), e o próprio Sócrates (o homem interior e da alma). Platão apresenta a dualid ade do homem no diálogo Fédon. Fala da realidade transcendental e das ideias; está teoria das ideais apresentada nós diálogos Menos e Fédon, Platão mostra a origem da e existência e o destino da alma que o homem possui. Platão assume a filosofia cósmica pré-socrática numa perspectiva antropológica, e apresenta a alma capaz de se mover a si mesma e como o princípio de movimento. Razão pela qual, ele faz a estrutura do corpo e a sua relação com a alma e as doenças. E o homem se concebe como conjunto de corpo e a alma. É esta alma racional que dá harmonia nos movimentos interiores. Antropologia aristotélica Aristóteles (384-322 a.c) é considerado, um dos fundadores antropologia como ciência e como o primeiro a tentar sistematizá-la como ciência filosófica em sua concepção do homem. A antropologia de Aristóteles é considerada como a síntese científico-filosófica sobre a concepção do homem. Na sua concepção do homem não fica no dualismo plantonista, mas tenta levar além a mesma concepção com elementos conceptuais diferentes. Cria a antropologia que trata as 5

coisas humanas (a investigação da natureza a qual o homem pertence e a ciência das coisas primeira e divinas a qual o homem pode elevar-se). O centro da concepção aristotélica do homem é a física animada pelo dinamismo teleológico de forma. Daí que Aristóteles coloca a física como o fim do agir humano que em Platão é o mundo das ideias. Neste sentido, o homem encontra a sua estrutura hierárquica na física e é capaz de sair deste mundo físico elevando-se através das realidades transcendentes e eternas. Afirma ainda ele que o homem possui uma estrutura biopsíquica e é formado pior psychê que o distingue dos outros animais pela presença da razão e soma. O ser humano, é visto como um ser ético-político porque essencialmente ele está destinado a viver em comunidade na polis onde se realiza como um ser racional; um ser de paixão e, de desejo sem esquecer a vertente irracional. Antropologias da Idade Helenística (séc. III a I a.c.) Durante esta época se verificam duas escolas de pensamento que discutem as ideias: o epicurismo ligado mais às ideias materialistas e, aqui o homem é um ser que sente e o seu conhecimento limita-se nas sensações. O Epicuro afirma que a psychê é um conjunto de átomos que se dissolvem com a morte e, a vida humana tem como o fim o prazer. O seu prazer deve ser inclinado a serenidade, o ânimo, a sabedoria desvalorizando a vida política e cultivando amizades mas tendo também a capacidade de eliminar o medo aos deuses. O Estoicismo por sua vez sem fugir tanto da outra corrente acima dada, se empenhava em refletir a vida de felicidades. Daí que, encontramos filósofos nesta corrente que refletem por um lado as paixões como um obstáculo para se chegar a felicidade e, por outro como auxílio para se chegar à virtude. Por esta razão, todos os homens são iguais perante o cosmos e, foram capazes até de estabelecer conceitos de uma lei da natureza onde se origina todo o tipo do direito natural. A antropologia neoplatônica O neoplatonismo abrange perante um longo período (séc. III a VI d.c.). Esta concepção antropológica constitui um período final da concepção clássica e serviu-se de alguns elementos principais da tradição antiga. Durante este período com um novo ideal de humanidade a filosofia se une com a religião. Neste clima, quando o neoplatonismo une a filosofia com a religião, aquela torna-se dominante da antiguidade, passando a discutir com o cristianismo a direção 6

Espiritual dessa época. Desta maneira, encontramos Plotino como um dos principais pensadores deste período, com um pensamento voltado ao homem na sua unicidade. E assim as virtudes se manifestam na sociedade na relação com os semelhantes e co Deus. É preciso ter em conta que Plotino apresenta uma visão renovada do dualismo alma-corpo de Platão, eis os pontos Plotinianos da sua concepção do homem: A ideia inteligível do homem compreende a presença da faculdade sensível (os sentidos e as sensações contribuem no processo do conhecimento); a estrutura do homem reflete a estrutura da realidade superior (uno-inteligência-alma) que marca a diferença do dualismo clássico de Platão alma-corpo; a alma desce ao corpo de forma natural e individual e, a partir de agora com este corpo o homem é pensado em sua unicidade. Partindo desta definitiva concepção dual, o neoplatonismo postula dois dualismos: subjectivo (alma -sensível, alma-inteligível) e, objectivo (sensível-inteligível ou tempo-eternidade). A concepção cristã- medieval do homem Esta concepção tem o seu início na cultura ocidental entre os séc. VI ao XV d. C. é o período em que se concebia o homem em duas vertentes: a tradição Bíblica e a tradição filosófica grega. É muito notável que esta concepção cristã-medieval era teológica com fundamentos vindos da filosofia grega. Estas duas tradições desempenhavam um papel relevante neste período. A concepção Bíblica do homem Nesta concepção trata-se dos seguintes traços: o homem e o divino, o homem e o universo, o homem e a comunidade humana o homem e o destino. Isto revela que esta concepção estava ligada na percepção religiosa da revelação onde o homem encontra a sua origem no seu transcendente. Os traços acima dados se resumem na unidade humana, em os homens encontram a sua imagem em Deus que por sua vez dá ao homem o dom da sua salvação. Dentre estes traços convêm destacar os seguintes: o primeiro momento é a unidade radical do ser do homem, baseada na perspectiva soteriológica vinculada em três momentos a saber, unidade de origem expressa na criação; unidade de vocação expressa no tema da aliança; unidade de fim expressa no tema da vida diante de Deus. O segundo momento é a manifestação progressiva do ser e do destino do homem por meio do próprio desenrolar da história da salvação. 7

Concepção patrística do homem Nesta concepção, se nota a teoria do Gnosticismo que se coloca numa oposição ao intelectual e espiritual do Cristianismo, com uma Antropologia preocupado pelo dualismo platônico que olha a parte corporal (a carne) como uma entidade negativa (má). Santo Ireneu (sé. II) foi o primeiro grande teólogo a desenvolver rigorosamente e coerentemente sobre a antropologia cristã opondo e criticando a Antropologia gnóstica. A sua inestimável obra é Adversus Haereses, nele salienta que a natureza humana se reflete na gloria de Deus. Este pensamento patrístico divide-se em duas correntes: a patrística grega, onde a Antropologia cristã sofre mais a influenciada filosofia grega no seu caracter ontológico em conceber o homem. Temos nesta corrente Orígenes, o maior teólogo que dentro deste encontro entre o cristianismo e platonismo traz consigo temas de origem platónicas como assimilação a Deus e a preexistência da alma numa perspectiva Cristã. Na patrística Latina acentua-se mais Santo Agostinho (354-430 d.c.) que na sua obra trata os temas da liberdade e livre-arbítrio. E assim se pode identificar três fontes principais influenciadoras da sua visão do homem: - O neoplatonismo, que constitui a sua base da formação filosófica que chegou nas sua mãos por meio de alguns textos de Plotino e de Porfírio ponto mais alto dessa formação se encontra no livro das confissões e a sua influência se verifica na sua elaboração do tema da estrutura do homem interior coroada pela mens na qual deus esta presente como interior e superior. - Antropologia paulina, que fornece ao Agostinho uma visão soteriológica do homem e, ele elabora sua doutrina do pecado original e da graça, o problema da liberdade e do livre arbítrio. - A antropologia da narração bíblica da criação, que se torna um dos temas mais preferidos da sua meditação. A partir deste contexto, elabora o tema fundamental da antropologia patrística que se to9rna um meio ideal para julgar a natureza a destinação do homem. Agostinho é único pensador antigo que afirma que a verdade surge do íntimo de uma experiência pessoal. O seu pensamento filosófico-teológico, caracteriza-se numa busca de Deus que arrasta o homem na inquietude do seu coração. A concepção do homem em Agostinho está patente na figura das duas cidades (a terrena e a de Deus). Na cidade terrena o homem vive numa visão linear do tempo onde torna-se corrupto nas suas acções e na cidade de Deus, o homem é pensado como um ser para Deus. 8

A concepçao medieval do homem A antropologia nesta época busca os seus temas em três fontes principais na vida intelectual da idade media: a Sagrada Escritura ou autoridade maior e incontestada; os Padres das Igreja (S. Agostinho); os filósofos e escritores gregos latinos (Aristóteles). No campo teológico-filosófico, S. Agostinho influenciou bastante até no século XII sobretudo nos escritos dionisianos. E Agostinho toma uma autoridade elevada a cima de todas as outras que mostrará na antropologia medieval uma tensão permanente entre aristotelismo e agostinismo equilibrado Tradição bíblicocristã. A síntese da antropologia medieval encontra-se no pensamento de S. Tomás de Aquino (1225-1274) onde tratam-se teses da antropologia clássica e da antropologia bíblico-cristã. A antropologia tomística delimita-se em três vertentes: a concepçao clássica do homem como ser animal racional; a concepção neoplatónica do homem ne hierarquia dos seres, como fronteiriço entre o espiritual e o corporal; a concepção bíblica do homem como imagem, criatura e semelhança de Deus. 9

CONLUSÃO O estudo em torno das concepções do homem ao longo da história em atenção ao pensamento antropológico-filosófico, vários pensadores como Sócrates e Plotino trataram nos seus estudos a cerca do homem e nas suas constituições como um ser. Todo pensamento antropológico-filosófico relacionado à compreensão do ser humano, serviu para determinar as delimitações do homem enquanto ser animal racional, cultural, social e contemplativo. 10

BIBLIOGRAFIA VAZ, Henrique Lima. Antropologia Filosófica. V.1. São Paulo: edições Loyola, 2004. GROETHUYSEN, Bernard. Antropologia Filosófica. 2ª ed, Editora Presença, Lisboa, 1988 WWW. GOOGLE. Com 11