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Transcrição:

Mercados informação global Brasil Ficha de Mercado Março 2012

Índice 1. País em Ficha 3 2. Economia 4 2.1 Situação Económica e Perspectivas 4 2.2 Comércio Internacional 7 2.3 Investimento 10 2.4 Turismo 11 3. Relações Económicas com Portugal 13 3.1 Comércio 13 3.2 Serviços 18 3.3 Investimento 19 3.4 Turismo 21 4. Relações Internacionais e Regionais 22 5. Condições Legais de Acesso ao Mercado 25 5.1 Regime Geral de Importação 25 5.2 Regime de Investimento Estrangeiro 28 5.3 Quadro Legal 30 6. Informações Úteis 32 7. Endereços Diversos 34 8. Fontes de Informação 44 8.1 Informação Online aicep Portugal Global 44 8.2 Endereços de Internet 46 2

1. País em Ficha Área: 8.547.400 km 2 (5º país em extensão territorial) População: 192,8 milhões (estimativa 2011) Densidade populacional: 22,6 habitantes por km 2 Designação oficial: República Federativa do Brasil Chefe do Estado: Dilma Rousseff, desde Outubro de 2010, para o período 2011-2014 Vice-Presidente: Michel Temer Data da actual constituição: Principais partidos políticos: Outubro de 1988, com alterações posteriores Governo: Partido dos Trabalhadores (PT) Oposição: Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB); Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB); Partido Social Democrático (PSD); Democratas (DEM); Partido Progressista (PP); Partido Socialista Brasileiro (PSB); Partido Democrático Trabalhista (PDT); Partido da República (PR); Partido Comunista do Brasil (PC do B); Partido Socialismo e Liberdade (PSOL); Partido Verde (PV); Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) As próximas eleições presidenciais, estaduais e parlamentares (Senado e Câmara dos Deputados) estão agendadas para Outubro de 2014 Capital: Brasília 2,5 milhões de habitantes Outras cidades importantes: São Paulo (10,9 milhões), Rio de Janeiro (6,1 milhões), Salvador (2,9 milhões), Fortaleza (2,4 milhões), Belo Horizonte (2,4 milhões) Religião: Língua: A maioria da população professa a religião Católica Romana (73,6%), embora a Constituição consagre a livre prática de todas as religiões Português Unidade monetária: Real do Brasil (BRL) 1 EUR = 2,3778 BRL (13 de Março de 2012) Risco País Ranking em negócios: Risco de crédito: Risco geral BBB (AAA = risco menor; D = risco maior) Risco político BBB Índice 6,71 (10 = máximo) Ranking geral 38 (entre 82 países) (EIU Março 2012) 3 (1 = risco menor; 7 = risco maior) (COSEC Março 2012 - http://cgf.cosec.pt) Grau da abertura e dimensão relativa do mercado (2011): Exp. + Imp. / PIB = 24% Imp. / PIB = 12,7% Imp. / Imp. Mundial (2010) = 1,24% Fontes: The Economist Intelligence Unit (EIU); World Trade Organization (WTO); UNCTAD; Banco de Portugal; COSEC 3

2. Economia 2.1 Situação Económica e Perspectivas O Brasil é, actualmente, a primeira economia da América Latina e ocupa o sétimo lugar no ranking das maiores economias mundiais. É de assinalar que, fruto do progresso alcançado com as reformas económicas, das condições extremamente favoráveis a nível internacional e do desenvolvimento de políticas sociais, a economia brasileira registou elevadas taxas de crescimento nos anos mais recentes, muito superiores às verificadas nas três décadas anteriores. Em Outubro de 2010, Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil, tornando-se na primeira mulher na história do país a ocupar tal cargo. Subjacente a esta vitória estiveram a recuperação económica e a popularidade do seu antecessor, Lula da Silva, que abriram o caminho a Dilma Rousseff e ao Partido dos Trabalhadores para continuar no Governo e cumprir um terceiro mandato (2011-2014). Dilma assegura a continuidade das políticas macroeconómicas preconizadas por Lula da Silva e do papel intervencionista do Estado na economia. A política económica recente pode ser dividida em duas fases, que correspondem, grosso modo, aos dois governos do anterior Presidente, Lula da Silva. A primeira, durante o primeiro mandato (2002-2006), teve como objectivo prioritário alcançar a estabilidade macroeconómica com a correcção de alguns desequilíbrios, como a inflação, através de uma política monetária e fiscal restritiva. Alcançada a estabilidade macroeconómica, o actual Governo pretendeu acelerar o crescimento económico através de um ambicioso programa de investimentos públicos (Programa de Aceleração do Crescimento PAC), cuja 2ª fase foi lançada no final de Março de 2010, e que contempla, sobretudo, as infraestruturas, o meio ambiente e a energia. O abrandamento da economia brasileira ligeira contracção do PIB no 3º trimestre de 2011, conjugada com um clima económico global mais fraco levou o Executivo a inverter o ciclo de contenção iniciado em Janeiro do ano transacto, perspectivando-se um novo pacote de estímulos. Num contexto de sólidos resultados fiscais e de contenção da despesa, o Banco Central aliviou a política monetária, baixando a taxa de referência em 200 pontos percentuais entre Agosto de 2011 e 18 de Janeiro do corrente ano. Tendo em vista impulsionar o crédito, foram alteradas as restrições que vigoravam desde o final de 2010 quando o Brasil corria o risco de um crescimento descontrolado e introduzido um conjunto de medidas que visam tornar o crédito mais barato e estimular o crescimento. Resta, pois, o abrandamento global da economia para mitigar a pressão inflaccionista o que envolve riscos, resultantes da elevada inflação nos serviços e do aumento de 14,3% no salário mínimo a que se juntam as pensões do sector público e outros benefícios. À medida que a política fiscal se vai tornando, no corrente ano, mais expansionista, menor será a margem para cortar na taxa de referência do Banco Central. 4

No entanto, e na eventualidade de se concretizarem os riscos para a economia, sobretudo os de uma grande recessão nos países desenvolvidos e que afectem o crédito externo ao Brasil, o país está bem colocado para atenuar esse choque, uma vez que dispõe de mais de 350 mil milhões de dólares em reservas internacionais, de alguma margem de manobra para introduzir medidas fiscais contra-cíclicas e de um sistema bancário confortavelmente capitalizado. O desenvolvimento continuará a assentar num modelo estatista, em especial no que respeita ao sector energético. A estratégia definida para a empresa estatal, Petrobrás, aponta para que esta duplique a produção petrolífera até 2020. Não obstante, existe espaço para a participação de empresas privadas num novo quadro legal que rege as reservas petrolíferas na vasta área pré-sal (área que se situa sob uma profunda camada de rocha salina, e que forma uma das várias camadas rochosas do subsolo marinho. As reservas no litoral do Brasil são as maiores - superiores a 50 mil milhões de barris - e mais profundas onde alguma vez foi detectada a existência de petróleo), e com cerca de 70% ainda por adjudicar. A Presidente Rousseff pretende aumentar a participação do sector privado em áreas como a construção e gestão de portos, estradas e aeroportos (no passado mês de Fevereiro foram atribuídas concessões para 3 importantes aeroportos, um encaixe financeiro de 14 mil milhões de dólares) melhorando, assim, um conjunto de infraestruturas bastante carenciadas. Ao mesmo tempo, o banco estatal de desenvolvimento BNDES continuará a desempenhar um papel crucial na política industrial através de um forte pacote de crédito ao investimento a baixas taxas de juro subvencionadas pelo Estado. O recente imposto adicional de 30% sobre os veículos importados reflecte um proteccionismo crescente. Com o lançamento do Programa Brasil Maior, o Governo pretende, igualmente, reforçar a competitividade da indústria brasileira, oferecendo uma série de deduções fiscais, financiamento e de medidas de apoio à actividade. Segundo o EIU (Economist Intelligence Unit), o saldo primário do sector público atingirá, em média, 2,7% do PIB entre 2012 e 2016, pese embora alguma derrapagem, que deverá acontecer no ano eleitoral de 2014. No ano transacto este fixou-se em 3,1% do PIB, graças a um crescimento das receitas e de alguma contenção na despesa que superou as melhores expectativas. Depois de um crescimento estimado de apenas 2,9% em 2011, a economia irá recuperar no corrente ano. A substancial subida do salário mínimo fará disparar o consumo e os efeitos da actual política monetária, incentivadora do crédito, contribuirão para um crescimento do PIB até 5% em 2014, impulsionado pela despesa fiscal em ano de eleições e pela organização do Campeonato do Mundo de Futebol. Um natural ajustamento póseleitoral deverá fazer baixar, ligeiramente, o crescimento do PIB. Embora a taxas mais baixas, o consumo privado irá crescer de forma sustentada até 2016, a uma média de 4,9%, sustentado pela criação de postos de trabalho, pelos ganhos reais nos salários e pelas facilidades de acesso ao crédito. O investimento, em parte de origem estrangeira, deverá crescer a uma taxa que quase que duplicará a da subida do PIB. Num contexto de uma moeda forte, o que terá um efeito negativo nas exportações, o crescimento das importações superará o das vendas ao exterior, eliminando o saldo positivo registado durante grande parte da década anterior. De acordo com as projecções do EIU, o défice da balança corrente continuará a crescer até 2016. 5

Do lado da oferta, a maioria dos sectores deverá crescer a taxas idênticas às do PIB, muito embora o comércio a retalho, os serviços financeiros, o comércio e a construção devam crescer ainda mais. Em anos de condições atmosféricas normais, a agricultura irá crescer, impulsionada pela inovação tecnológica, um uso mais intensivo dos solos, a extensão do crédito e uma crescente procura por parte de mercados em vias de desenvolvimento. A indústria transformadora beneficiará das crescentes oportunidades existentes, quer no mercado interno quer nos mercados regionais, mas muito subsectores irão sentir os efeitos da concorrência (importações causadas por uma moeda forte e por uma fraca procura externa). O sector do serviços será impulsionado pelo crescimento do consumo privado. No que diz respeito à inflação, as expectativas estão acima do pretendido pelo Banco Central, com uma previsão de 5,3% em 2012 e de 5% para o ano seguinte. Em Janeiro do corrente ano, os preços subiram 0,56% em relação ao mês anterior, o que fez baixar a inflação anual para 6,22% (6,5% em Dezembro de 2011), muito embora a inflação no sector dos serviços permaneça, consistentemente, elevada. Este ciclo de moderação nas restrições económicas só agora começa a ter impacto na procura. Depois de uma incipiente recuperação no 3º trimestre de 2011, o PIB foi ligeiramente negativo em termos sequenciais e a produção industrial contraiu 0,6% em Outubro. Em Novembro, e invertendo uma contracção de 3 meses consecutivos, a produção cresceu 1,3% para no mês seguinte registar uma subida de 0,6%. A recuperação da economia brasileira reflecte-se nas tendências da sua produção industrial, que agrega as indústrias transformadora e extractiva, bem como as vendas a retalho. No passado mês de Dezembro, esta cresceu 0,9% em relação ao mês anterior, graças à forte retoma dos sectores automóvel e dos bens de consumo duradouros e ao impulso suplementar decorrente do alívio da carga fiscal. No entanto, esta subida não foi suficiente para que a actividade industrial, globalmente, registasse um resultado positivo no 4º trimestre de 2011 (descida de 1,4% em relação ao trimestre anterior). Em 2011, a produção industrial cresceu 0,3%, significativamente abaixo do crescimento médio de 3,8% registado entre 2004 e 2010. Graças à subida do salário mínimo, as vendas a retalho encentaram em Dezembro, igualmente, uma recuperação de 0,3% em termos reais e de 6,7% no ano de 2011. Em termos nominais, esse crescimento foi de 11,5%. Em Janeiro de 2012, e pela primeira vez nos últimos 12 meses, a balança comercial de bens apresentou um saldo negativo de 1,3 mil milhões dólares. As exportações atingiram 16,1 mil milhões de dólares (15,2 mil milhões no período homólgo de 2011), enquanto as importações passaram de 14,8 para 17,4 mil milhões de dólares. O desempenho das vendas foi afectado pela quebra na produção e transporte marítimo de minério de cobre na sequência das severas cheias que assolaram o Estado de Minas Gerais. Ainda assim, em 2012 deverá assistir-se a uma redução do saldo da balança comercial. 6

Principais Indicadores Macroeconómicos Unidade 2009 a 2010 a 2011 b 2012 c 2013 c 2014 b População Milhões 188,6 190,8 192,8 194,7 196,5 198,2 PIB a preços de mercado 10 9 BRL 3.293.4 3.770,1 4.165,2 4.556,6 4.971,5 5.470,7 PIB a preços de mercado 10 9 USD 1.621,7 2.141,9 2.486,8 2.652,1 2.847,9 3.044,9 PIB per capita USD 8.600 11.230 12.900 13.620 14.490 15.360 Crescimento real do PIB Var. % -0,3 7,5 2,9 3,3 4,5 5,0 Consumo privado Var. % 6,1 6,2 7,9 6,5 5,6 5,1 Consumo público Var. % 8,9 11,4 6,6 5,3 5,2 0,8 Formação bruta de capital fixo Var. % -6,8 21,5 5,2 6,0 8,0 9,0 Taxa de desemprego % 8,1 6,7 6,0 6,0 5,8 5,9 Taxa de inflação % 4,9 5,0 6,6 5,3 5,2 4,9 Dívida pública % do PIB 25,9 24,2 22,9 22,7 22,3 21,7 Saldo do sector público % do PIB -3,1-2,0-2,0-1,9-1,6-1,4 Balança corrente 10 9 USD -24,3-47,4-50,2-74,6-100,9-117,0 Balança corrente % do PIB -1,5-2,2-2,0-2,8-3,5-3,8 Taxa de câmbio média 1USD=xBRL 2,00 1,76 1,67 1,72 1,75 1,80 Taxa de câmbio média 1EUR=xBRL 2,78 2,34 2,33 2,17 2,16 2,21 Fonte: Notas: The Economist Intelligence Unit (EIU) (a) Valores reais (b) Estimativas (c) Previsões BRL Real do Brasil 2.2 Comércio Internacional O Brasil assume um lugar de alguma relevância no contexto do comércio mundial, ocupando, em 2010, a 22ª posição do ranking de exportadores, com uma quota de 1,33% e a 20ª enquanto importador, com uma quota de 1,24% (últimos dados disponíveis). A balança comercial passou a apresentar saldos positivos a partir de 2001, sendo que entre 2006 e 2010, as exportações do país registaram um crescimento médio anual de 14,8%, enquanto as importações tiveram um acréscimo médio de 19,7%, evoluções bastante afectadas pelos fracos valores alcançados em 2009, em ambos os fluxos. De notar a diferença, ao longo destes 5 anos, entre a subida das exportações e o das importações, sendo que neste caso a elevada taxa média verificada se fica muito a dever à fase de desenvolvimento que o país atravessa. 7

Na sequência das expectativas de crescimento da economia brasileira, tanto as importações como as exportações, retomaram uma recuperação em 2010, continuada em 2011. Trata-se de uma evolução que, segundo as projecções do EIU, a partir de 2014 poderá apresentar saldos negativos na balança comercial, pelo que o crescimento das exportações constitui uma grande preocupação para o Governo. Assim, e para o caso concreto das vendas ao exterior, em Dezembro passado o Executivo anunciou uma nova medida para estimular as exportações, o Program Reintegra, que reembolsará até 3% do valor total comercializado com outros países, pretendendo-se com esta medida incentivar a exportação de produtos manufacturados, actualmente menor que a de produtos básicos. Evolução da Balança Comercial (10 9 USD) 2007 2008 2009 2010 2011 Exportação fob 160,6 197,9 153,0 201,9 256,0 Importação fob 126,6 182,4 133,7 191,5 226,2 Saldo 34,0 15,5 19,3 10,4 29,8 Coeficiente de cobertura (%) 126,9 108,5 114,4 105,4 113,2 Posição no ranking mundial Como exportador 24ª 22ª 24ª 22ª n.d. Como importador 28ª 24ª 25ª 20ª n.d. Fontes: Nota: World Trade Organization (WTO); WTA n.d. não disponível Nos últimos anos, o Brasil desenvolveu uma política activa de diversificação dos parceiros comerciais a chamada Nova Geografia Comercial com o objectivo de diversificar os países mais tradicionais no seu comércio externo. Por regiões de destino, destaque para a Ásia, para onde, em 2011, as vendas aumentaram cerca de 25%, colocando esta região na primeira posição de mercado comprador de produtos brasileiros, superando a União Europeia e a América Latina e as Caraíbas. Por outro lado, começa também a tornar-se evidente o interesse crescente do Brasil por África, com valores já assinaláveis, concretamente nos casos do Egipto, Argélia, Nigéria e Angola (24º, 39º, 41º e 42º mercados de destino das suas exportações em 2011, respectivamente). No que se refere ao ranking dos principais clientes do Brasil entre 2009 e 2011, destaca-se desde já a ascenção vertiginosa da China que em 2009 alcançou o lugar de 1º cliente, depois de ter ocupado o 3º lugar nos dois anos anteriores, traduzindo-se num acréscimo de 43,9% entre 2010 e 2011. Seguem-se os EUA, que em 2009 cairam para a 2ª posição, a Argentina, a Holanda e o Japão que, destronando a Alemanha do 5º lugar, tem vindo a aumentar a sua quota. Portugal tem uma posição muito reduzida no ranking de clientes (ocupou sempre o 32º lugar nos últimos três anos), verificando-se uma ligeira subida do peso relativo no último ano que, ainda assim, não foi além de 0,80% da quota do mercado. 8

Principais Clientes Mercado 2009 2010 2011 Quota (%) Posição Quota (%) Posição Quota (%) Posição China 13,20 1º 15,25 1ª 17,31 1ª EUA 10,20 2º 9,56 2ª 10,08 2ª Argentina 8,36 3º 9,17 3ª 8,87 3ª Holanda 5,33 4º 5,07 4ª 5,33 4ª Japão 2,79 6º 3,54 6ª 3,70 5ª Portugal 0,84 32ª 0,75 32ª 0,80 32ª Fonte: World Trade Atlas (WTA) Relativamente aos países fornecedores, os EUA continuam a ocupar a primeira posição do ranking, representando 15% do total importado pelo Brasil em 2011, seguidos da China (14,5%), país que tem vindo a ganhar quota de mercado ao longo dos últimos anos, ao contrário do que acontece com os outros grandes fornecedores, tais como a Argentina (7,47%) e a Alemanha (6,72%) que têm vindo a perder quota. A União Europeia (UE27), no seu conjunto, tem vindo a perder posição como fornecedor do Brasil. Portugal, ao invés, em 2011 apresenta a melhor posição do ranking (41ª), ao longo do período em análise. Principais Fornecedores Mercado 2009 2010 2011 Quota (%) Posição Quota (%) Posição Quota (%) Posição EUA 15,69 1ª 14,89 1ª 15,01 1ª China 12,47 2ª 14,09 2ª 14,49 2ª Argentina 8,84 3ª 7,94 3ª 7,47 3ª Alemanha 7,73 4ª 6,91 4ª 6,72 4ª Coreia do Sul 3,78 6ª 4,64 5ª 4,46 5ª Portugal 0,34 45º 0,32 46ª 0,37 41º Fonte: World Trade Atlas (WTA) No que se refere aos produtos mais comercializados pelo Brasil, o ano de 2011 não trouxe alterações substanciais, quer se trate de exportações ou de importações: os cinco principais grupos de produtos exportados pelo Brasil minérios, combustíveis, grãos, açúcar e maquinaria mantêm praticamente inalteradas as suas posições e apresentam valores mais elevados, acompanhando a evolução global deste fluxo; assim, a exportação de minério em 2011 subiu cerca de 44%, a exportação de combustíveis cresceu 35%, enquanto os valores de exportação de grãos, sementes e frutos e de açúcar subiram, respectivamente, 47,9% e 17%; a maquinaria subiu mais de 27%. A subida global registada, face aos valores de 2010, cifrou-se em 26,81%. 9

Sobre as importações e comparativamente ao ano de 2010, as relativas aos combustíveis também assinalaram uma subida considerável (+40,09%), em consonância com o que se verificou com a maior parte dos produtos. Das principais compras do Brasil ao exterior apenas os produtos siderúgicos registaram uma quebra de 16,23%. De referir que estas subidas vão de encontro à evolução das importações brasileiras em 2011 que, face ao ano anterior, aumentaram o seu valor global em 24,55%. Principais Produtos Transaccionados 2011 Exportações / Sector % Importações / Sector % 26 Minérios, escórias e cinzas 17,27 27 Combustíveis/óleos minerais e derivados 18,55 27 Combustíveis/óleos minerais e derivados 10,46 84 Maquinaria 14,90 12 Grãos, sementes e frutos 6,46 85 Máquinas eléctricas e partes 11,67 17 Açúcar 5,92 87 Veículos automóveis, tractores, suas partes e acessórios 84 Maquinaria 5,50 29 Químicos orgânicos 4,04 10,00 Fonte: World Trade Atlas (WTA) O processo de desenvolvimento em curso justifica a estrutura importadora do Brasil, com as máquinas e aparelhos (mecânicos e eléctricos e suas partes) a totalizarem mais de 26,5% das importações em 2011. Os combustíveis também representam uma expressiva parcela das importações brasileiras, até porque o Brasil é um país historicamente dependente do óleo diesel, não tendo ainda alcançado a sua autosuficiência em petróleo e derivados. Nos próximos anos, são esperadas algumas alterações na composição do comércio exterior brasileiro propiciadas pela descoberta de importantes reservas petrolíferas, o que pode transformar o país, no médio prazo, num dos grandes exportadores mundiais de petróleo. 2.3 Investimento O investimento directo estrangeiro (IDE) tem desempenhado um papel determinante no desenvolvimento económico recente do Brasil, país que se converteu num importante destino do IDE a nível mundial (14º em 2009 e 5º em 2010). A maior atractividade do país na captação de capitais decorre, em grande medida, da situação criada no âmbito do Plano de Estabilização (Plano Real), do Programa Nacional de Privatizações e da implementação de reformas económicas. Entre 2000 e 2005, o país atraiu mais de 100 mil milhões de USD de investimento directo estrangeiro, ainda que em 2002 e 2003 se tenha registado uma diminuição significativa dos valores, em virtude da incerteza gerada pela transição presidencial e por uma forte retracção do investimento na América do Sul. Importa, sobretudo, destacar que, até ao final de 2010, o stock total de IDE atingiu mais de 660 mil milhões de dólares, o equivalente a 30,8% do PIB. 10

Investimento Directo (10 6 USD) 2006 2007 2008 2009 2010 Investimento estrangeiro no Brasil 18.822 34.585 45.058 25.949 48.438 Investimento do Brasil no estrangeiro 28.202 7.067 20.457-10.084 11.519 Posição no ranking mundial Como receptor 17ª 15ª 11ª 14ª 5ª Como emissor 13ª 37ª 20ª 179ª 25ª Fonte: UNCTAD World Investment Report 2011 Em 2009, último ano disponível com informação mais detalhada, os principais países investidores foram a Holanda (20,6%), os EUA (15.5%), a Espanha (10,8%) e a Alemanha (7,8%), e os sectores de actividade económica mais relevantes na aplicação do capital estrangeiro foram, por ordem de grandeza, os serviços (43%), a indústria (42,5%) e a agricultura, pecuária e extracção mineral (14,5%), com destaque para a metalurgia, para os serviços financeiros, para a extracção de petróleo e de gás natural e para o comércio, excepto veículos. Por stock de investimento até 2010, a lista dos principais investidores não difere muito da acima indicada. Assim, a liderança cabe à Holanda com 25,6% do total, seguida dos EUA (19%), Espanha (12%) e Luxemburgo com 5%. Portugal surge colocado na 16ª posição com 1,1% do stock total. Por sectores de actividade, os serviços e a indústria concentram 83% do total, com especial incidência nos serviços financeiros, extracção de petróleo e produção de bebidas. Segundo os dados disponibilizados pelo Banco Central do Brasil, em 2011 o investimento estrangeiro cifrou-se em 66.600 milhões de dólares, uma subida de mais de 37% em relação ao ano anterior. Para tal facto, não será decerto alheio a realização do Campeonato Mundial de Futebol em 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. O investimento directo do Brasil no estrangeiro revela uma evolução muito irregular, ao longo dos últimos anos, sendo de realçar os valores atingidos em 2006 e em 2008 28,2 e 20,5 mil milhões de USD, respectivamente sendo 2006 o primeiro ano em que o investimento do Brasil no estrangeiro superou o montante do investimento directo estrangeiro no país. Tal facto ficou a dever-se, essencialmente, à compra de 75,66% do capital da empresa canadiana Inco (uma das maiores, a nível mundial, na produção de níquel e de outros metais) pela empresa brasileira Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). 2.4 Turismo O turismo é uma actividade fundamental para a economia do país, devido não só à sua contribuição para o crescimento do PIB, como ainda pelo potencial que oferece na criação de emprego e consequente acréscimo de rendimento, com impactos muito positivos na melhoria da qualidade de vida da população. 11

Os dados mais recentes indicam uma subida de 7% no número de turistas, o que situa o ano de 2010 como o melhor do período em análise. Em termos de receitas, regista-se uma tendência de crescimento ao longo destes últimos 5 anos, tendo totalizado mais de 5,9 mil milhões de USD em 2010, ou seja, uma subida de cerca de 11% relativamente ao ano anterior. Indicadores do Turismo 2006 2007 2008 2009 2010 Turistas (10 3 ) 5.017 5.026 5.050 4.802 5.161 Receitas (10 6 USD) 4.316 4.953 5.785 5.305 5.919 Fontes: World Tourism Organisation Quanto aos principais mercados emissores, a Argentina continua a liderar o ranking, com 27,2% do total dos turistas em 2010, seguindo-se os EUA (12,4%), a Itália (4,8%), a Alemanha (4,4%), o Chile (3,9%), a França (3,9%) e Portugal (3,7%). O ano de 2009 revelou-se negativo para o sector no Brasil. O número de turistas novamente caiu mais de 5%, colocando o Brasil como 43 º destino turístico mundial, perdendo posições para a Indonésia, a Índia e a Tunísia. Assim, o objectivo do Ministério do Turismo de posicionar o Brasil entre os vinte primeiros destinos turísticos em 2020 parece cada vez mais improvável. Para isso, o Governo Federal, através da EMBRATUR, em parceria os governos estatuais e municipais e com a participação do sector privado, encetou a restruturação do sector, merecendo destaque o crescimento do sector hoteleiro, com importantes entradas de capital estrangeiro e melhoria de infraestruturas. O sector atravessa uma fase de franco desenvolvimento estrutural, permitindo elevadas expectativas de crescimento. A este propósito evidencia-se o facto do Brasil, além de organizar o Campeonato Mundial de Futebol em 2014 (evento que proporciona no país onde se realiza, em média, um crescimento do PIB entre 2%-2,5%), também acolher os Jogos Olímpicos em 2016, ocasiões que muito contribuirão para o crescimento do turismo no país. Relativamente ao Campeonato Mundial de Futebol, foi lançado o projecto Olá! Turista, com o objectivo de proporcionar formação profissional em várias áreas do sector do turismo, para que possa existir um bom acolhimento aos estrangeiros que, nestas ocasiões, visitarão o Brasil. Analisando os fluxos contrários, constata-se que as saídas de turistas brasileiros para o estrangeiro têm vindo a aumentar significativamente nos últimos anos (5,3 milhões em 2010). A Europa é o destino mais procurado pelos brasileiros, seguida dos EUA. Dos destinos europeus, destacam-se Portugal, França, Espanha e Itália. 12

3. Relações Económicas com Portugal 3.1 Comércio As relações comerciais com o Brasil revestem-se de grande importância para Portugal, quer pelos laços históricos existentes, quer pelo actual posicionamento internacional deste mercado, sendo que após a crise financeira internacional iniciada em 2008, ou seja, nos últimos três anos, ganharam ainda uma maior dimensão. Entre 2007 e 2011, o Brasil passou de 17º a 10º cliente de Portugal, representando as vendas para este mercado 1,4% do total exportado em 2011 (0,7% em 2007). A partir de 2010, o Brasil passou a integrar o TOP 10 dos maiores clientes de Portugal, colocando-se também como o terceiro maior mercado de destino das nossas exportações, fora do espaço da União Europeia nos últimos dois anos (o 4º cliente foi Angola e o 8º os EUA). Importância do Brasil nos Fluxos Comerciais de Portugal 2007 2008 2009 2010 2011 Como cliente Como fornecedor Posição 17ª 13ª 11ª 10ª 10ª % 0,7 0,8 0,9 1,2 1,4 Posição 8ª 9ª 10ª 10ª 10ª % 2,3 2,1 1,7 1,8 2,5 Fonte: INE Instituto Nacional de Estatística Como fornecedor de Portugal, o Brasil ainda se reveste de maior importância, sendo o nosso 10º maior fornecedor nos últimos três anos, representando 2,5% do total importado em 2011 e tendo também sido o nosso terceiro maior fornecedor fora da UE27 (7º fornecedor a Nigéria e 9º a China). Para o Brasil, as exportações portuguesas efectuadas em 2011, colocaram Portugal como o seu 41º fornecedor, representando apenas 0,4% do total importado por este país nesse ano, enquanto que as nossas compras posicionaram o nosso país como 32º cliente do Brasil (0,8% do total dos produtos brasileiros exportados). Convém referir que estes resultados em 2011, nos respectivos rankings do Brasil, colocaram Portugal a par de outros fornecedores deste país, como a Turquia (37º), Israel (39º), Singapura (42º), a Noruega (43º) e de clientes como Hong Kong (30º), os EAU (31º), a Tailândia (33º), a Indonésia (34º) ou a África do Sul (35º). Ainda é de salientar que, no espaço da União Europeia, são importantes fornecedores do Brasil, a Alemanha (4º maior fornecedor em 2011), a Itália (8º), a França (10º), o Reino Unido (15º), a Espanha (16º) e ainda que, tanto a Holanda como a Bélgica exportaram para o Brasil quase três vezes mais do que Portugal em 2011. 13

Não obstante a importância já referida dos fluxos comerciais entre os dois países, verifica-se que ao longo dos anos a balança comercial bilateral tem sido tradicionalmente desfavorável a Portugal sendo, no entanto, de realçar a redução do deficit nos últimos cincos anos (-22,1% entre 2007 e 2011) e consequentemente o aumento dos coeficientes de cobertura das exportações face às importações (40% em 2011 contra 19% em 2007). A diminuição do deficit ocorrida ficou a dever-se ao facto de as exportações terem crescido em média mais do que as importações entre 2007 e 2011, cerca de +25% e de +5%, respectivamente. Evolução da Balança Comercial Bilateral (10 3 EUR) 2007 2008 2009 2010 2011 Var % a 07/11 Exportações 258.186 319.807 294.500 440.171 585.575 24,6 Importações 1.381.192 1.363.316 887.528 1.046.500 1.459.874 5,3 Saldo -1.123.006-1.043.509-593.028-606.329-874.299 -- Coeficiente de cobertura 18,7% 23,5% 33,2% 42,1% 40,1% -- Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Nota: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2007-2011 As exportações portuguesas para o Brasil atingiram 585,6 milhões de euros em 2011, quando o valor médio das exportações nos quatro anos anteriores tinha rondado os 328,2 milhões de euros e os 186,0 milhões de euros entre 2000 e 2006. Enquanto que as importações provenientes dos Brasil atingiram os 1,5 mil milhões de euros em 2011, o valor médio dos quatro anos anteriores aproximou-se de 1,2 mil milhões e de 775,7 milhões de euros entre 2000 e 2006. Em 2011, da estrutura das exportações portuguesas para o Brasil, por grupos de produtos, destacam-se três: os produtos agrícolas, as máquinas e aparelhos e os minerais e minérios, que no seu conjunto representaram 62% das nossas vendas para este mercado (69% em 2010 e 60% em 2007). Exportações por Grupos de Produtos (10 3 euros) 2007 % Tot 2010 % Tot 2011 % Tot Var a 10/11 Produtos agrícolas 118.719 46,0 191.128 43,4 219.769 37,5 15,0 Máquinas e aparelhos 33.704 13,1 76.813 17,5 78.406 13,4 2,1 Minerais e minérios 3.034 1,2 35.707 8,1 62.952 10,8 76,3 Subtotal 155.457 60,2 303.649 69,0 361.127 61,7 18,9 Total 258.186 100 440.171 100 585.575 100 33,0 Fonte: INE Instituto Nacional de Estatística Os produtos exportados mais representativos dos grupos mencionados foram as maçãs, as peras e os marmelos frescos (6% do total exportado), os peixes secos e salgados (4,5% do total), os peixes congelados (3,5%), os minérios de cobre e seus concentrados (6,2%), os cimentos hidráulicos (3,0%) e as caixas fundição, placas para moldes; modelos para moldes; moldes para metais (1,1%). 14

Dos restantes grupos, destacam-se ainda as exportações de combustíveis minerais (7,1% do total exportado para o Brasil), de produtos alimentares (6,3%) e de metais comuns (5,9%). Dentro destes grupos e numa análise mais detalhada (quatro dígitos da Nomenclatura Combinada), salienta-se a exportação dos seguintes produtos: o azeite de oliveira (19, 0% do total exportado), os vinhos de uvas frescas (5% do total), os óleos de petróleo ou minerais betuminosos (3,7%), os óleos/produtos da destilação de alcatrões de hulha (3,4%) e os fios de ferro ou aço não ligado (1,1%). Exportações por Grupos de Produtos (cont.) (10 3 euros) 2007 % Tot 2010 % Tot 2011 % Tot Var a 10/11 Combustíveis minerais 10.830 4,2 12.409 2,8 41.376 7,1 233,4 Produtos alimentares 20.258 7,8 30.529 6,9 36.698 6,3 20,2 Metais comuns 5.707 2,2 19.629 4,5 34.798 5,9 77,3 Plásticos e borracha 10.167 3,9 13.895 3,2 24.241 4,1 74,5 Matérias têxteis 15.645 6,1 8.403 1,9 23.967 4,1 185,2 Veículos e outro mat. transporte 4.694 1,8 11.471 2,6 14.105 2,4 23,0 Produtos químicos 14.663 5,7 9.657 2,2 12.632 2,2 30,8 Pastas celulósicas e papel 5.361 2,1 6.181 1,4 10.249 1,8 65,8 Vestuário 2.879 1,1 7.284 1,7 6.895 1,2-5,3 Madeira e cortiça 4.868 1,9 4.904 1,1 6.654 1,1 35,7 Instrumentos de óptica e precisão 1.546 0,6 2.188 0,5 3.065 0,5 40,1 Calçado 170 0,1 26 0,0 705 0,1 Peles e couros 453 0,2 163 0,0 674 0,1 312,4 Outros produtos 5.067 2,0 3.969 0,9 5.872 1,0 47,9 Valores confidenciais 421 0,2 5.813 1,3 2.518 0,4-56,7 Subtotal 102.729 39,8 136.522 31,0 224.448 38,3 64,4 Total 258.186 100 440.171 100 585.575 100 33,0 Fonte: Nota: INE Instituto Nacional de Estatística - Coeficiente de variação> = 1000% ou valor zero no período anterior Em termos de evolução, destaca-se o seguinte: A maioria dos grupos de produtos exportados para o Brasil registou aumentos, quer entre 2010 e 2011, quer entre 2007 e 2011, sendo apenas de assinalar a quebra das exportações dos produtos químicos (-13,9% entre 2007 e 2011), embora em 2011 voltasse a crescer (+30,8% face a 2010), mas ficando aquém do nível atingido em 2007. As exportações do grupo do vestuário também decresceram entre 2010 e 2011, mas registam uma evolução bastante positiva entre 2007 e 2011 (+139,5%). Os grupos de produtos exportados que mais cresceram entre 2007 e 2011 foram os minerais e minérios (o valor em 2011 aumentou mais de vinte vezes face ao de 2007); os combustíveis minerais (+282% entre 2007 e 2011 e +233,4% entre 2010/2011), os metais comuns (+ 509,7% entre 2007 e 2011 e 15

+77,3% entre 2010 e 2011), os produtos alimentares (+81,1% entre 2007 e 2011 e +20,2 % entre 2010/2011) e os veículos e outro material de transporte (+200,5% entre 2007 e 2011 e + 23,0% entre 2010/2011). Os produtos agrícolas e as máquinas e aparelhos merecem também algum destaque, embora com uma dimensão menor, porque embora tenham crescido apenas +15% e 2,1%, respectivamente, entre 2010 e 2011, também registaram acréscimos significativos entre 2007 e 2011, respectivamente, +85,1% e +132,6%. Segundo o GEE 1, cerca de 58% dos produtos industriais exportados de Portugal para o Brasil, em 2010, continham um grau de intensidade tecnológica baixa, 24% média-alta e 5% alta. Em 2006, 68% dos produtos tinham um grau de intensidade baixa, 19% média-alta e 4% alta. De acordo com os dados publicados pelo INE, em 2010 cifrou-se em 1.302 o número de empresas em Portugal que exportaram para o Brasil, mais 215 do que as registadas em 2006. Em relação à estrutura das nossas importações do Brasil em 2011, destaca-se, por um lado, o peso das compras de combustíveis minerais que correspondeu a mais de 52% do total importado e, por outro, aos grupos de produtos agrícolas e alimentares que, em conjunto, representaram perto de 27% do total comprado a este mercado. Estes três grupos de produtos totalizaram cerca de 79% do total importado do Brasil. Importações por Grupos de Produtos (10 3 euros) 2007 % Tot 2010 % Tot 2011 % Tot Var a 10/11 Combustíveis minerais 448.565 32,5 443.432 42,4 761.824 52,2 71,8 Produtos agrícolas 434.393 31,5 303.587 29,0 214.507 14,7-29,3 Produtos alimentares 43.227 3,1 59.242 5,7 173.739 11,9 193,3 Subtotal 926.185 67,1 806.261 77,0 1.150.069 78,8 42,6 Total 1.381.192 100 1.046.500 100 1.459.874 100 39,5 Fonte: INE Instituto Nacional de Estatística Dentro destes grupos mencionados e numa análise mais detalhada, verifica-se que foram os óleos brutos de petróleo, os açúcares, a soja, o milho e os bagaços, os produtos com maior representatividade na estrutura de importações a quatro dígitos da Nomenclatura Combinada. Dos restantes 20% dos produtos importados do Brasil em 2011, salienta-se ainda o grupo dos metais comuns que representou 6,1% do total, mas que em 2007 registara um peso de 11,2%, assim como, os plásticos e a borracha (3,4% do total em 2011), as máquinas e aparelhos (2,8% em 2011, mas representou 4,5% em 2007) e a madeira e cortiça (1,2% em 2011, mas em 2007 representara 4,4%). 1 GEE - Gabinete de Estratégica e Estudos do Ministério da Economia e do Emprego. Convém referir que os produtos expedidos industriais transformados para o Brasil representaram 87,6 do total em 2010 e 72,5% em 2006 16

Importações por Grupos de Produtos (cont.) (10 3 euros) 2007 % Tot 2010 % Tot 2011 % Tot Var a 10/11 Metais comuns 154.898 11,2 32.647 3,1 88.995 6,1 172,6 Plásticos e borracha 41.635 3,0 42.394 4,1 50.237 3,4 18,5 Máquinas e aparelhos 61.908 4,5 45.723 4,4 41.540 2,8-9,1 Produtos químicos 34.539 2,5 25.990 2,5 26.039 1,8 0,2 Madeira e cortiça 61.230 4,4 26.006 2,5 17.269 1,2-33,6 Peles e couros 25.002 1,8 12.146 1,2 15.392 1,1 26,7 Pastas celulósicas e papel 13.051 0,9 11.632 1,1 12.019 0,8 3,3 Calçado 18.009 1,3 11.162 1,1 8.779 0,6-21,3 Matérias têxteis 10.638 0,8 5.234 0,5 8.123 0,6 55,2 Instrumentos de óptica e precisão 4.717 0,3 5.187 0,5 5.617 0,4 8,3 Vestuário 7.686 0,6 5.646 0,5 4.335 0,3-23,2 Minerais e minérios 3.843 0,3 2.757 0,3 2.225 0,2-19,3 Veículos e outro mat. transporte 4.256 0,3 4.282 0,4 1.573 0,1-63,3 Outros produtos 12.025 0,9 7.732 0,7 27.382 1,9 254,1 Valores confidenciais 1.570 0,1 1.699 0,2 280 0,0-83,5 Subtotal 455.007 32,9 240.238 23,0 309.804 21,2 29,0 Total 1.381.192 100 1.046.500 100 1.459.874 100 39,5 Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Em termos de evolução, destaca-se o seguinte: Os grupos de produtos que registaram aumentos, quer em 2011 face ao ano anterior, quer entre 2007 e 2011, foram os produtos alimentares (+193,1% em 2011 e +301,9% entre 2007 e 2011), os combustíveis minerais (+71,8% em 2011 e +69,8% entre 2007 e 2011), os plásticos e borracha (+18,5% em 2011 e 20,7% entre 2007 e 2011) e os instrumentos de óptica e precisão (+8,3% em 2011 e +19,1% entre 2007 e 2011). Dos grupos de produtos que registaram decréscimos, são de realçar os agrícolas (-29,3% entre 2011 e -50,6% entre 2007 e 2011), as máquinas e aparelhos (-9,1% em 2011 e -32,9% entre 2007 e 2011), a madeira e cortiça (-33,6% em 2011 e -71,8% entre 2007 e 2011), o calçado (-21,3% em 2011 e -51,3% entre 2007 e 2011) e o vestuário (-23,2% em 2011 e -43,6% entre 2007 e 2011). Segundo o GEE 2, cerca de 47% dos produtos industriais importados do Brasil, em 2010, continham um grau de intensidade tecnológica baixa, 35% média-alta e 14% média-baixa (em 2006, 40% registara um baixo grau de intensidade tecnológica, 37% média-baixa e 21% média-alta). 2 GEE Gabinete de Estratégica e Estudos do Ministério da Economia e do Emprego. Convém referir que os produtos industriais transformados importados do Brasil representaram 29,4% do total em 2010 e 34,8% do total em 2006. 17

Segundo o INE, em 2010 foram contabilizadas 1.404 empresas em Portugal importadoras de produtos do Brasil, sendo que em 2006 o número assinalado fora de 2.914 (-51,8% entre 2006 e 2010). 3.2 Serviços Nos últimos vinte anos, a balança comercial de serviços foi tradicionalmente favorável a Portugal, à excepção do ano de 2003, atingindo um superavit na ordem dos 628,9 milhões de euros em 2011 e consequentemente uma taxa de cobertura elevada (270,2%, a mais alta do período de 2007 a 2011). O Brasil foi o 6º maior 3 cliente de serviços portugueses em 2011, quando nos dois anos anteriores tinha ocupado o 5º e o 10º lugar, respectivamente, no ranking dos clientes de Portugal. As vendas de serviços portugueses ao Brasil, nos últimos dois anos, representaram cerca de 5% do total (3 % em 2007). Como fornecedor, o Brasil ocupou o 8º lugar do ranking em 2011, representando cerca de 3% do total importado por Portugal. Balança de Serviços com o Brasil (10 3 euros) 2007 2008 2009 2010 2011 Var % a 07/11 Exportações 560.761 606.470 594.798 882.627 998.468 16,9 Importações 357.085 331.261 289.827 375.262 369.560 2,1 Saldo 203.676 275.209 304.971 507.365 628.908 -- Coef. Cob. 157,0% 183,1% 205,2% 235,2% 270,2% -- Fonte: Banco de Portugal Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2007-2011 (b) Taxa de variação homóloga As exportações de serviços para o Brasil cresceram em média cerca de 17% nos últimos cinco anos, enquanto que as importações em média aumentaram aproximadamente 2%. À excepção do ano de 2009, em que as exportações de serviços decresceram (-1,9% face a 2008), nos restantes anos foi registada uma evolução sempre crescente (+78,1% entre 2007 e 2011). As exportações de serviços atingiram os 998,5 milhões de euros em 2011, quando o valor médio fora de 620,9 milhões de euros entre 2006 e 2010 e de 305,0 milhões de euros entre 2000 e 2005. A evolução das importações de serviços entre 2007 e 2011 foi diferente, com quebras em 2008 (-7,2% face a 2007) e em 2009 (-12,5% em relação a 2008), crescendo em 2010 (+29,5%) e reduzindo novamente em 2011 (-1,5% face a 2010). As importações em 2011 foram na ordem dos 369,6 milhões de euros, quando o valor médio entre 2006 e 2010 fora de 339,3 milhões e de 264,6 milhões de euros entre 2000 e 2005. 3 Posição num conjunto de 55 mercados 18

Os transportes e as viagens e turismo foram os tipos de serviços que mais contribuíram para um saldo positivo desta balança, pois representaram 90, 2% do total dos serviços exportados em 2011, registando aumentos na ordem dos 11,3% e 13,4%, respectivamente. Por outro lado, os serviços importados incidiram principalmente nas viagens e turismo (42,3% do total), nos transportes (33,2%) e em outros serviços fornecidos às empresas (7,5%) sendo que, tanto o primeiro tipo de serviços como o terceiro, registaram quebras face ao verificado em 2010 (-8,5% e -33,8%, respectivamente). 3.3 Investimento No período de 2007 a 2011, o Brasil continuou a ser um dos importantes destinos do investimento directo de Portugal no estrangeiro (IDPE), chegando a representar, em 2010, cerca de 17% do total do investimento bruto realizado por Portugal no estrangeiro (3,6% em 2011 e 45,7 % em 1998, a mais elevada dos últimos quinze anos). Convém salientar que o Brasil foi o primeiro mercado de destino do investimento português no final da década de 90 e início de 2000 e, após algumas oscilações ao longo do tempo, atingiu o segundo e terceiro lugares nos últimos dois anos. Importância do Brasil nos Fluxos de Investimento para Portugal 2007 2008 2009 2010 2011 Portugal como receptor (IDE) Portugal como emissor (IDPE) Posição a 17ª 16ª 11ª 8ª 14ª % b 0,4 0,2 1,0 4,6 0,3 Posição a 3ª 4ª 5ª 2ª 3ª % b 4,5 4,7 6,7 17,2 3,6 Fonte: Notas: Banco de Portugal (a) Posição do mercado enquanto Origem do IDE bruto total e Destino do IDPE bruto total num conjunto de 55 mercados (b) Com base no investimento bruto Em relação ao investimento directo brasileiro em Portugal, verifica-se que em 2011 este teve uma dimensão mais reduzida, representando apenas 0,3% do total do IDE realizado em Portugal, sendo, no entanto, de realçar os anos de 2009 e 2010, por terem atingindo um peso na ordem dos 1% e 4,6%, respectivamente, em relação ao total. De acordo com os dados publicados pelo Banco de Portugal para o período de 2007 a 2011, o investimento bruto brasileiro em Portugal atingiu os 1,8 mil milhões de euros em 2010, valor recorde face ao histórico dos últimos 15 anos e face à média de investimento bruto realizado nos restantes anos do período em análise (158,3 milhões de euros). 19

Investimento Directo do Brasil em Portugal (10 3 EUR) 2007 2008 2009 2010 2011 Var % a 07/11 Investimento bruto 114.340 81.075 328.415 1.834.042 109.231 160,1 Desinvestimento 80.464 49.701 116.042 1.243.085 176.990 245,2 Investimento líquido 33.876 31.374 212.373 590.957-67.759 -- Fonte: Banco de Portugal Nota: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2007-2011 É, no entanto, de salientar que o desinvestimento foi muito elevado ao longo do período de 2007 a 2011, representando na maioria dos anos mais de 60% do investimento bruto, excepção apenas para o ano de 2009, e ainda para o ano de 2011, onde o desinvestimento foi superior ao investimento bruto (+62%), resultando um investimento líquido negativo. Do investimento brasileiro em Portugal, destaca-se o da Embraer, que tem vindo a impulsionar o desenvolvimento de um cluster aeronáutico no nosso país e ainda outros investimentos que devem ser relevados, tais como a CSN-Companhia Siderúrgica Nacional, a Weg Motores, a Marcopolo, o anterior investimento da Embraer nas OGMA, a Odebrecht, a Camargo Correa e a Andrade Gutierrez (construção civil e obras públicas) e a Haco (etiquetas), entre outros. O Brasil considera que "Portugal é a porta de entrada para a União Europeia", tendo demonstrado interesse em várias empresas públicas inseridas no actual processo de privatizações. O investimento bruto português no Brasil ao longo do período de 2007 e 2011, registou também oscilações, atingindo perto de 1,7 mil milhões de euros em 2010, um montante superior a qualquer dos registos anuais verificados a partir do ano de 2002, mas aquém da média do investimento bruto realizado entre 1998 e 2001 que rondou os 3,5 milhões de euros. Investimento Directo de Portugal no Brasil (10 3 EUR) 2007 2008 2009 2010 2011 Var % a 07/11 Investimento bruto 665.733 539.194 518.356 1.681.061 554.905 33,6 Desinvestimento 326.848 271.107 75.980 1.780.201 216.011 516,5 Investimento líquido 338.885 268.087 442.376-99.140 338.894 -- Fonte: Banco de Portugal Nota: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2007-2011 O desinvestimento também foi elevado em relação a este fluxo de investimento, correspondendo em 2007 e 2008 em cerca de 50% do investimento bruto, atingindo em 2010 os 106%, o que resultou um investimento líquido negativo. 20

De acordo com as informações do Banco de Portugal, em 2011, as actividades financeiras e de seguros (39,9% do total), o comércio por grosso e a retalho (22,4%) e ainda as industrias transformadoras (16,9%) foram os principais sectores de incidência dos fluxos de IDPE no Brasil que, em conjunto, totalizaram aproximadamente 79% do total do investimento realizado neste mercado. Em termos de evolução, destaca-se a diminuição do peso das actividades financeiras e seguros que representavam 48% do total investido em 2007, das de consultadoria (8,5% em 2007 e 4,7% em 2011) e das relacionadas com a electricidade, gás e água (10,3% em 2007 e 2,9% em 2011). As actividades do comércio por grosso e a retalho ganharam importância relativa (12% em 2007 e 22,4% em 2011) e as relacionadas com a construção mantiveram a sua quota (5% em 2007, 5,8% em 2008 e 5,4% em 2011). Existem muitos exemplos de investimentos portugueses no Brasil, desde os turísticos, dos quais se destaca os desenvolvidos pelo Grupo Vila Galé, pelo Grupo Espírito Santo, pelo Grupo Pestana, pelo Aquiraz Golf & Beach Villas, pelo Grupo Dom Pedro e pelo Solverde. Para além dos investimentos já referidos na área do turismo, apontamos outros realizados por empresas portuguesas que, pela sua importância, merecem destaque: a hidroeléctrica de Peixe Angical (no Estado do Tocantins) cuja construção foi da responsabilidade da EDP Energias do Brasil em parceria com a estatal Furnas, constituindo uma grande obra infraestrutural. Mais recentemente, novos investimentos da EDP e da GALP avolumam esta área de internacionalização, enquanto outras grandes parcerias estão em perspectiva. 3.4 Turismo De acordo com o Turismo de Portugal 4, em 2010 Portugal posicionou-se no 4º lugar dos países de destino de férias dos brasileiros em mercados externos, acolhendo 362 mil turistas que representaram uma quota de 7,3% 5 e registaram um crescimento médio anual de 3,9%, entre 2008 e 2010. O Brasil é dos principais mercados emissores para Portugal fazendo parte do TOP 10. Em 2011, Portugal acolheu cerca de 459,1 mil hóspedes brasileiros (+ 22,9% face a 2010), registando cerca de um milhão de dormidas (+ 23,8%) e 382 milhões de euros em receitas (+ 13,4% face a 2010). Em 2011, o número de dormidas registadas na hotelaria global posicionaram este mercado no 6º lugar do ranking face a outros países, com uma quota de 3,9% e o 5º lugar quer em relação às receitas geradas em Portugal, quer quanto ao número de hóspedes. No período de 2007 a 2011, constata-se, por um lado, que todos os indicadores de turismo mencionados registaram taxas médias anuais positivas (entre os 17% e os 24%) e, por outro lado, quebras em 2009, as receitas uma redução na ordem dos 12% face a 2008, o número de hóspedes registado decresceu cerca de 12% e as receitas diminuíram também aproximadamente 12%. 4 Turismo de Portugal Brasil Dossier de Mercado Outubro de 2011. 5 Em 2010, o Brasil foi responsável por cerca de 4,9 milhões de chegadas de turistas aos diversos destinos mundiais. 21

Turismo do Brasil em Portugal 2007 2008 2009 2010 2011 Var % a 07/11 Receitas b 176.907 235.216 209.737 336.761 381.997 24,0 % Total c 2,4 3,2 3,0 4,4 4,7 -- Posição d 10ª 7ª 7ª 5ª 5ª -- Hóspedes b 253.142 312.062 274.558 373.752 459.162 17,6 % Total c 3,6 4,4 4,2 5,5 6,2 -- Posição d 8ª 7ª 7ª 5ª 5ª -- Dormidas b 558.749 672.970 595.511 828.510 1.025.356 18,0 % Total c 2,1 2,6 2,6 3,5 3,9 -- Posição d 10ª 8ª 8ª 7ª 6ª -- Fontes: INE - Instituto Nacional de Estatística; Banco de Portugal Unidades: Receitas (Milhares de euros); Hóspedes e Dormidas (Unidades) Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2007-2011 (b) Inclui apenas a hotelaria global (c) Refere-se ao total de estrangeiros (d) Receitas - num conjunto de 55 mercados; Dormidas e Hóspedes - num conjunto de 18 mercados Segundo o Turismo de Portugal, Lisboa foi a principal região de destino dos turistas brasileiros, com uma quota de 64% em 2010, seguida da região do Norte (20%). 4. Relações Internacionais e Regionais A República Federativa do Brasil é membro do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID) e da Organização das Nações Unidas (ONU) e suas agências especializadas, de entre as quais se destaca o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). Integra a Organização Mundial de Comércio (OMC), desde 1 de Janeiro de 1995. A nível regional, este país faz parte do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), da Associação Latino- Americana de Integração (ALADI), do Sistema Económico Latino-Americano e do Caribe (SELA), da Organização dos Estados Americanos (OEA - mais conhecida pela sigla em inglês OAS Organization of American Sates), da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e é membro associado da Comunidade Andina (CAN). O MERCOSUL (http://www.mercosur.int/), cujos membros fundadores são o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (a Venezuela assinou tratado de adesão em 2006 e aguarda apenas pela ratificação do parlamento do Paraguai para se tornar no quinto membro deste bloco sul-americano) foi criado em 26 de Março de 1991, pelo Tratado de Assunção, e traduz-se, em termos gerais, num projecto de integração sub regional, que visa promover o progresso económico e social entre os seus membros, através da constituição gradual de um Mercado Comum. 22