Fórum da Competitividade. As medidas fiscais do OE 2019

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Transcrição:

Maria Antónia Torres, M&A Tax Lead Partner Fórum da Competitividade As medidas fiscais do OE 2019 consequências para o investimento empresarial 1

Ponto de partida A carga fiscal As receitas fiscais continuam a ser a principal fonte de receita do Estado, tendo a carga fiscal continuado a subir para 31,2% do PIB no primeiro semestre de 2018. Em 2019, continuará a subir de acordo com a nossa análise do OE 2019. Veremos. Já é difícil perspectivar que possa subir mais, mesmo em caso de necessidade. Dívida pública com os valores mais elevados de sempre As Politicas Fiscais O orçamento de Estado é um exercício político que condiciona (i) onde o Estado quer utilizar os recursos, (ii) qual o nível de receita de que necessita para essa utilização e, por fim, (iii) onde e como entende ir obter essa receita (como vimos falamos sobretudo de receitas fiscais). Não seria possível uma utilização diferente de recursos visando obter uma maior sustentabilidade económica para o país? O preço da instabilidade e da tentação de tributar A instabilidade fiscal afecta o investimento mais do que o nível de tributação. É preciso não ceder à tentação de tributar tudo que é sector em crescimento. Uma certa aleatoriedade também assusta os investidores. O que era isento, deixa de estar, o que era especial, excepcional e temporário passa a permanente. Acresce a relação contribuinte/at e a morosidade do sistema de justiça. 2

Que medidas poderiam impulsionar o investimento? Alguns exemplos do que poderia estar contemplado na Proposta do OE e não está Descida da taxa nominal base de IRC, quer por via da taxa geral quer da derrama municipal ou estadual Criação de benefícios fiscais (p.e., taxa reduzida) para empresas que invistam em Portugal com compromisso de longo prazo Aplicação de uma taxa reduzida de IRC para empresas maioritariamente exportadoras Alargar, novamente, o prazo de reporte de prejuízos fiscais e promover a estabilidade a este nível Medidas relacionadas com a justiça, com a relação com a AT e o Estado em geral, com a sustentabilidade económica do país a médio-longo prazo, etc. 3

IRS em Portugal % 4

IRS Taxas gerais de IRS Previsão das taxas gerais de IRS para 2019 Sem que se verifique a atualização dos escalões nem das deduções, acaba por existir um aumento implícito da tributação sobre as famílias portuguesas A proposta do OE19 mantém os escalões do IRS inalterados face ao ano transato Escalões 2019 Rendimento coletável ( ) Taxa Parcela a Abater ( ) Até 7.091 14.5% 0 Mais de 7.091 até 10.700 23.0% 602.74 Mais de 10.700 até 20.261 28.5% 1191.24 Mais de 20.261 até 25.000 35.0% 2508.2 Mais de 25.000 até 36.856 37.0% 3008.2 Mais de 36.856 até 80.640 45.0% 5956.68 Mais de 80.640 48.0% 8375.88 Escalões 2018 Rendimento coletável ( ) Taxa Parcela a Abater ( ) Até 7.091 14.5% 0 Mais de 7.091 até 10.700 23.0% 602.74 Mais de 10.700 até 20.261 28.5% 1191.24 Mais de 20.261 até 25.000 35.0% 2508.2 Mais de 25.000 até 36.856 37.0% 3008.2 Mais de 36.856 até 80.640 45.0% 5956.68 Mais de 80.640 48.0% 8375.88 OE2019: Retenção na fonte separada da remuneração do trabalho suplementar Não reduz a tributação mas traz liquidez. Taxa de retenção aplicável à remuneração Escalões 2013 Rendimento coletável ( ) Taxa Parcela a Abater ( ) Até 7.000 14.5% 0 Mais de 7.000 e 20.000 28.5% 980.0 Mais de 20.000 e 40.000 37.0% 2680.0 Mais de 40.000 e 80.000 45.0% 5880.0 Mais de 80.000 48.0% 8280.0 do mês em questão. Mesmo regime para pagamento de remunerações de anos anteriores. 5

IRS Taxas gerais de IRS Comparáveis na União Europeia Portugal apresenta uma taxa máxima de IRS superior em c. 10 pp face à da média dos países da União Europeia. Face às principais economias, a diferença não é tão significativa. A média europeia baixou face ao ano transacto (Suécia, Luxemburgo, outros) Contudo, esta comparação não tem em consideração a taxa adicional de solidariedade suportada pelos contribuintes portugueses. 6

IRS Proposta do OE 2019 Principais benefícios e incentivos fiscais Regime especial para os emigrantes que regressem ao país Proposta a exclusão de tributação de 50% dos rendimentos de categoria A ou B que ex-residentes aufiram após o regresso a Portugal Têm acesso a este regime os emigrantes que regressem a Portugal em 2019 ou 2020 Os sujeitos passivos em causa não podem ter sido considerados residentes em território português nos 3 anos anteriores à sua entrada e têm que o ter sido antes de 31 de Dezembro de 2015 A exclusão de tributação é aplicável aos rendimentos auferidos no ano em que o sujeito passivo se torna residente em Portugal e nos 4 anos seguintes Taxa de retenção na fonte a aplicar será determinada com base em apenas metade dos rendimentos pagos ou colocados à disposição Qualquer sujeito passivo que tenha solicitado a sua inscrição como residente não habitual fica excluído deste regime 7

IRC em Portugal % 8

IRC Taxa total nominal de IRC Evolução das diferentes componentes da taxa de IRC IRC 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Taxa de IRC Derrama estadual (taxa máxima) Derrama municipal (taxa máxima) Taxa total nominal Aumento da tributação efetiva por outras vias (Medidas OE 2019) - Apesar das taxas nominais se manterem inalteradas, a tributação autónoma incidente sobre encargos relacionados com viaturas ligeiras de passageiros, ligeiras de mercadorias, motos e motociclos é aumentada de 10% para 15% (no primeiro escalão) e de 35% para 37,5% (no último escalão) - Novas limitações à dedução fiscal de imparidades para créditos de cobrança duvidosa sobre empresas irmãs ou primas que sejam detidas pelo mesmo sócio em, pelo menos, 10% - Vedada a dedução fiscal do custo de ativos intangíveis adquiridos a partes relacionadas 9

IRC Taxa total nominal de IRC Comparáveis na União Europeia As taxas representadas são taxas nominais base Portugal apresenta uma taxa nominal base de IRC equivalente à da média dos países de União Europeia Contudo, esta comparação não tem em consideração o efeito das derramas (municipal e estadual), bem como da tributação autónoma, que elevam a taxa efetiva de imposto para valores muito superiores 10

IRC Proposta do OE 2019 Principais benefícios e incentivos fiscais Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI) A dedução à coleta prevista no Código Fiscal do Investimento relativa ao RFAI aumentará com o OE19 O limite do investimento elegível que beneficia da aplicação da taxa de 25%, passa de 10m para 15m Mantém-se a taxa de 10% para investimentos superiores ao novo limite Dedução Lucros Retidos e Reinvestidos (DLRR) O montante máximo dos lucros retidos e reinvestidos é aumentado para 10m (atualmente 7,5m) À dedução por lucros retidos e reinvestidos prevista no Código Fiscal do Investimento é adicionada uma majoração de 20% no caso de se tratarem de investimentos elegíveis realizados nos territórios do interior Pagamento especial por conta Mediante solicitação de dispensa no Portal das Finanças, as empresas poderão usufruir de dispensa da realização de pagamentos especiais por conta A referida dispensa é valida por 3 períodos de tributação 11

CESE Limitação na isenção aplicável às energias renováveis A isenção aplicável à produção de eletricidade por intermédio de centros eletroprodutores que utilizem fontes de energia renováveis mantém-se, mas exceciona-se a produção abrangida por regimes de remuneração garantida A isenção para produtores de energia renovável encontrava-se prevista desde a criação da CESE, em 2014 Com esta alteração, apenas beneficiarão da isenção os produtores que operem com preços de mercado (que são atualmente uma percentagem residual do total) Os restantes pagarão CESE à taxa normal de 0,85% sobre o valor do seu ativo líquido Prevê-se que a limitação da isenção tenha um impacto significativo ao nível dos produtores de energias renováveis Sendo os ativos relativos a energias renováveis um dos principais atrativos na economia nacional (com elevada taxa de rotação no mercado das fusões e aquisições), esta medida poderá vir a ter um impacto adverso novembro 2017 12

Quanto tempo para pagar impostos? 13

Nº de horas utilizadas Portugal Quanto tempo para pagar impostos? Comparáveis na União Europeia Número de horas para pagar impostos (2018) 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 - Fonte: World Bank Group &, Paying Taxes 2018 IRC IRS Impostos sobre o consumo Total Em 2018, Portugal foi o 6.º país da União Europeia em que os taxpayers despenderam de mais tempo a pagar impostos, dedicando em média 243 horas (só ultrapassado pela Eslovénia, República Checa, Polónia, Hungria e Bulgária), enquanto que a média é de apenas 171 horas (nós mantivemos mas a média desceu 5 horas) 14

Maria Antónia Torres, M&A Tax Lead Partner Obrigada 15