Implantação do 5S para qualidade nas empresas de pequeno porte na região central do Rio Grande do Sul



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Transcrição:

Implantação do 5S para qualidade nas empresas de pequeno porte na região central do Rio Grande do Sul Nadia Cristina R. dos Santos (UFSM) nadia_crs@yahoo.com.br Alberto Souza Schmidt (UFSM) alberto.schmidt@smail.ufsm.br Leoni Pentiado Godoy (UFSM) leoni@smail.ufsm.br Aline Soares Pereira (UFSM) aline_soarespereira@yahoo.com.br Resumo: O presente estudo foi realizado em empresas de pequeno porte, do segmento da construção civil, localizadas na região central do Rio Grande do Sul. Este trabalho tem por finalidade apresentar os benefícios de utilização da metodologia 5Ss para a melhoria da qualidade dessas empresas. O 5Ss tem uma grande importância no processo de mudanças, na implantação de um programa de qualidade total. O trabalho caracteriza-se como um estudo de campo exploratório. As empresas aderiram a um programa de extensão empresarial, com o propósito de ter um diagnóstico estratégico, que fornecesse um suporte para a melhoria da qualidade. Os dados coletados foram gerados por meio de relatórios e fotos. A análise desses dados possibilitou um diagnóstico claro, da situação das empresas estudas, evidenciando a necessidade da utilização da metodologia 5Ss. Visando promover a competitividade no mercado com lucratividade, o Programa 5Ss caracterizou-se como a ferramenta ideal para a consolidação estratégica das empresas de pequeno porte. Palavras-chave: 5Ss; Gestão pela qualidade; Empresas de pequeno. 1. Introdução As empresas de pequeno porte devem utilizar-se de estratégias competitivas para se manterem no mercado, com lucratividade. A vantagem competitiva, hoje, surge da habilidade das empresas de pequeno porte em implementarem, a partir de recursos próprios, estratégias que acrescentem valor ao seu negócio. Com o aumento da competitividade, percebe-se que empresas, principalmente de pequeno porte, estão em busca de um caminho onde possam evoluir cada vez mais rápido, e de forma dinâmica. Quando tal vantagem é livre das ações dos competidores, ela se constrói como uma vantagem competitiva sustentável. Assim, muitas dessas empresas investem em tecnologias e esquecem da importância de fatores primordiais, como o gerenciamento de funcionários e de equipamentos. O treinamento dos funcionários é de suma importância para a eficiência e eficácia do negócio. Para sobreviver à concorrência, a busca pela melhoria da qualidade está tornando-se uma preocupação permanente para as empresas de pequeno porte. Assim, o presente trabalho vem mostrar o quão importante é a implantação de programas de qualidade, nessas empresas da região central-rs. Dessa forma, a implantação de uma metodologia 5Ss foi sugerida como um plano estratégico, por tratar-se de um ponto de partida no gerenciamento, em busca da qualidade e produtividade. As empresas de pequeno porte aderiram ao Programa de Extensão Empresarial uma parceria da Universidade Federal de Santa Maria-UFSM com o Governo do Estado (SEDAI), com o propósito de fornecer um diagnóstico às empresas. Esse programa vem prestando assessoria às empresas, de forma a identificar seus pontos fracos e fortes, bem como oportunidades de melhoria. A proposta de implantação do programa 5Ss foi sugerida como base para a implementação de um programa de qualidade total. 2. Metodologia A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo exploratório. Foram analisadas empresas 1

de pequeno porte, da região central-rs, as quais optaram pela implantação de programas de gestão pela qualidade. O 5Ss, foco deste estudo, foi a ferramenta utilizada na metodologia, pela assessoria da extensão empresarial. Dessa forma, caracteriza-se, também, como uma pesquisa de campo pois, de acordo com Triviños (1987), há a possibilidade de estudar duas, ou mais entidades, sem a preocupação de comparar entre si os resultados obtidos. Os relatórios, desenvolvidos pelos consultores que prestaram assessoria e orientação na implantação do programa 5Ss, nas empresas, foram utilizados e deram um maior suporte à pesquisa. Cabe destacar que, segundo Richardson (1999), nos pressupostos do estudo científico pode-se afirmar houve dois grandes métodos de pesquisa: quantitativo e qualitativo. Assim sendo, neste estudo foram utilizados os métodos estatísticos, com a finalidade de caracterizar os tipos de empresas estudadas. E qualitativo para a análise do material fotográfico e relatórios desenvolvidos pelos consultores. 3. Referencial teórico 3.1 O programa 5Ss O 5Ss é visto como um importante programa participativo e propulsor da qualidade. O programa oferece o conhecimento necessário a todos os participantes, para o desempenho e manutenção adequados de suas funções. Dessa forma, por ser um programa integrado, onde seus sensos agem interligados, o mesmo proporciona resultados surpreendentes em todos os aspectos, tanto na vida dos colaboradores quanto no ambiente organizacional. Para a melhoria da qualidade e produtividade, deve-se iniciar com a mudança de hábitos de todos os colaboradores quanto à organização, limpeza, asseio e ordem do local de trabalho. Dessa forma, o Programa 5Ss influencia positivamente a organização, as pessoas e o ambiente, potencializando a melhoria da qualidade. O programa muda o comportamento e as atitudes das pessoas através do envolvimento, engajamento e comprometimento que surgem com a implantação e manutenção dessas ações (GODOY et al 2001). Segundo Silva et al (2001), o Programa 5Ss tem como objetivo básico a melhoria do ambiente de trabalho, nos sentidos físico (layout da organização) e mental (mudança de paradigmas das pessoas). O programa proporciona adequar, da melhor maneira possível, e de forma organizada, o espaço físico da empresa, otimizando espaços, melhorando o ambiente e evitando desperdícios. Além disso, auxilia na parte psicológica das pessoas, as quais se tornam mais comprometidas com o processo e com a empresa, deixando de lado velhos paradigmas. 3.2 Motivos de resistência ao programa O programa 5Ss caracteriza-se por ser de fácil entendimento. Porém, o mesmo não se pode dizer da sua implantação, pois promove mudanças comportamentais, nos hábitos e atitudes, pessoais. Essa afirmação reitera-se através de uma pesquisa realizada em 2000, pelo Sebrae, sobre Gestão pela Qualidade Total nas pequenas e médias empresas do terceiro setor, onde verificou-se que 72% dos programas 5Ss fracassaram (SEBRAE 2000). Em pesquisa realizada por Silva et al (2001), são descritos alguns dos motivos que conduzem ao fracasso do Programa 5Ss. Por exemplo: os funcionários, gradualmente, deixam de conversar, questionar sobre o tema; os avaliadores de 5Ss deixam de realizar algumas auditorias, o que faz com que o programa perca a credibilidade, ocorrendo falta de planejamento das ações para as etapas seguintes. Para Soares et al (2001), a impossibilidade de reunir todos os colaboradores, em muitas situações, é um entrave à condução do programa. Outro fator relevante, na dificuldade de implantação, consiste na difícil quebra de paradigmas organizacionais. Esses, criados no 2

decorrer da história da organização provocam uma resistência quanto às mudanças. Assim, o programa deve ser realimentado sistematicamente, com palestras, divulgação de resultados, treinamentos, entre outras formas. 3.3 O significado dos cinco sensos Os cinco sensos é a base para qualquer empresa que busque implantar um Programa de Qualidade Total. Os 5Ss têm um importante efeito sobre a motivação para a qualidade, visto que seus resultados são rápidos e visíveis. O termo 5Ss é derivado de cinco palavras, em japonês, que tem por início a letra S. SEIRI (senso de utilização): é o primeiro passo a ser dado no Programa 5Ss. Consiste em selecionar e eliminar o que é desnecessário do local de trabalho. Para que este senso tenha êxito, é preciso definir claramente o que é, ou não, útil no local de trabalho, ou que se tenha previsão de uso em breve. Com este senso, os benefícios são vários, como: maior espaço no local de trabalho, segurança, facilidade de limpeza e manutenção, melhor controle de estoque, redução de custos, entre outros benefícios. SEITON (senso de ordenação): este define os locais apropriados e critérios para estocar, guardar ou dispor os materiais, ferramentas, equipamentos e utensílios. O importante, neste senso, diz respeito à organização pessoal, onde todos devem reservar um tempo para planejar o dia de trabalho, anotar compromissos na agenda e consultá-la sempre que preciso, e, também priorizar os mesmos por ordem de importância, para otimizar tempo. SEISO (senso de limpeza): busca eliminar a sujeira, ou objetos estranhos, para manter limpo o ambiente, bem como manter dados e informações atualizadas, garantindo, assim, a correta tomada de decisões. Este senso não é, apenas, o ato de limpar, mas o ato de não sujar. Nesse aspecto, poderão existir algumas resistências por questões culturais dos funcionários, dificultando a quebra de paradigmas. O senso de limpeza, implantado, resulta em: ambiente agradável e saudável; melhoria do relacionamento interpessoal e, por conseguinte, do trabalho em equipe e, ainda, melhor conservação de móveis, equipamentos e ferramentas, reduzindo os desperdícios. SEIKETSU (senso de asseio): apresenta suas respectivas particularidades como higiene, saúde e integridade. Ele cria condições favoráveis à saúde física e mental, mantendo o ambiente livre de agentes poluentes proporcionando uma melhor qualidade nas condições de trabalho. Este senso busca manter os três primeiros Ss, de forma contínua e padronizada. Este senso, ao abordar a saúde mental, enfoca o comportamento ético, de forma que as relações interpessoais criem um ambiente saudável, de respeito mútuo. SHITSUKE (autodisciplina): caracterizado pela educação e o compromisso. Desenvolve o hábito de observar e seguir normas e procedimentos, como a atender às especificações. Este senso caracteriza-se pelo desenvolvimento mental, moral e físico, para a disciplina inteligente, que é o respeito a si próprio e aos outros. Disciplinar é praticar, para que as pessoas façam as coisas certas, naturalmente. É uma forma de criar bons hábitos. É um processo de repetição e prática. Saliente-se que esses sensos movem a organização da posição atual para uma posição futura desejável, adotando mudanças de comportamento, e relacionamento interpessoal contribuindo com o desenvolvimento da empresa. 4. Estudo de campo em empresas da região central do Rio Grande do Sul As empresas de pequeno porte, escolhidas para o desenvolvimento deste estudo, foram diagnosticadas no primeiro semestre de 2005. Consultores do Programa da Extensão Empresarial fizeram, inicialmente, um levantamento de dados, detectando várias falhas e inconvenientes, os quais vinham prejudicando, tanto o processo produtivo, quanto a força de 3

vendas, gerando altos custos. Cabe destacar que essas empresas não tinham contato, anterior, com programas de qualidade. Isso deve-se, talvez, à falta de visão e/ou conhecimento dos empresários sobre o custo gerado pela implantação da qualidade nas empresas, mas o custo da não-qualidade é sempre maior e, mais significativo do que uma implantação. A implantação da qualidade, é capaz de prover postura adequada aos novos desafios de uma economia globalizada e altamente competitiva, onde as mudanças ocorrem em alta velocidade, no entanto, a qualidade utiliza estratégias que atendam às necessidades dos clientes, no sentido de sustentar a sua posição no mercado. A partir da adesão ao programa, diagnósticos foram possíveis, bem como a sensibilização dos empresários, do quanto suas empresas vinham gerando custos altos, caracterizados por: desperdícios, má gestão de estoques, layouts ultrapassados, ou, até mesmo, por questões de segurança no processo produtivo. A aplicação da metodologia proposta, na priorização das demandas, bem como a identificação dos processos críticos, foram ações fundamentais para se atingir, com êxito, os propósitos estabelecidos pelo Programa de Extensão Empresarial. 4.1 Histórico e caracterização das empresas As empresas de pequeno porte, em estudo, são do segmento da construção civil, onde algumas têm suas atividades ligadas ao setor secundário, e outras ao setor terciário. Para uma melhor caracterização do perfil das empresas, a Figura 1 mostra o tipo de atividade que as mesmas desenvolvem. 9% 37% 36% 18% Comércio de materiais de construção Beneficiamento e comércio de mármores e granitos Beneficiamento e comércio de madeiras Comércio e serviços de equipamentos eletrônicos FIGURA 1 Ramo de atividade empresas de pequeno porte Fonte: Extensão empresarial (núcleo central do RS). A concentração maior de empresas, 37%, está no ramo de comércio de materiais de construção, 36% no ramo de madeiras e 18% nas marmorarias. As de menor proporção, na região, com apenas 9%, são as empresas de equipamentos eletrônicos, tais como comércio de furadeiras, serras, entre outras. 4.2 Instalações e áreas de trabalho das empresas No desenvolvimento das atividades, durante o processo produtivo, em determinadas empresas, observou-se a falta de equipamentos de proteção individual (EPI S), tais como: luvas de raspas, calçados fechados, protetores auriculares, óculos e máscaras, conforme mostra a Figura 2. Uma grande quantidade de material extraído, tais como pó, cavacos, madeiras, serragem, entre outros pode ser observado na Figura 3. Os mesmos estavam dispostos na área de trabalho e de circulação, dificultando o acesso do trabalhador às máquinas. O ambiente de trabalho não possui uma sinalização de segurança, a qual deveria existir para alertar principalmente sobre os riscos de acidentes. É importante destacar que a sinalização de 4

segurança é regulamentada pela NR-26. Figura 2 Figura 3 FIGURAS 2 e 3 EPI s não utilizados e área de produção obstruída Fonte: Empresas. Outro problema observado, na maioria das empresas, refere-se às instalações elétricas, o que pode ser visto acima, nas Figuras 4 e 5. Essas instalações estão inadequadas e apresentam precárias condições de trabalho, podendo vir a causar graves acidentes. De acordo com a NR- 10, que regulamenta as instalações e serviços em eletricidade, determina, no item 10.2.1.1, que as instalações elétricas devem ser projetadas de modo a prevenir choques elétricos e qualquer outro tipo de acidente. Figura 4 Figura 5 FIGURAS 4 e 5 Fiações elétricas expostas, gerando risco de choques elétricos Fonte: Empresas. Analisando as Figuras 6 e 7, pode-se identificar riscos à saúde humana. O acúmulo de água, na área de produção, combinado ao uso de máquinas elétricas, poderia ocasionar um choque elétrico, entre outros sérios acidentes.o mais alarmante foi constatar que os funcionários dessas empresas têm, à disposição os EPI S, mas não os usam, como se evidencia na Figura 7. Percebe-se que as empresas de pequeno porte precisam trabalhar de forma árdua, para se adequarem às normas de segurança e qualidade de vida do trabalhador, visando um melhor gerenciamento do bem estar do trabalhador e uma redução de desperdícios. 5

Figura 6 Figura 7 FIGURAS 6 e 7 Acúmulo de água no local de produção e não utilização de EPI Fone: Empresas. 4.2.1 Layout organizacional Neste item, verificou-se que os empresários não possuem uma preparação adequada para gerenciarem estoques e distribuição de equipamentos, de forma visual e otimizada. As Figuras 8 e 9 exemplificam essas deficiências, relativas à estocagem e armazenamento de produtos. Observa-se estoques empilhados acima de sua capacidade, os quais podem gerar acidentes de trabalho, produtos mal dispostos nas prateleiras, dificultando a localização e, ainda, a má aparência do local. Figura 8 Figura 9 FIGURAS 8 e 9 Layout organizacional deficiente Fonte: Empresas. As empresas precisam melhorar seu layout, tanto interno quanto externo, conforme evidenciam as Figuras 10 e 11. Nestas últimas figuras observa-se o piso com rachaduras, paredes precisando de pintura, vidros quebrados e falta de identificação visual. Essa última questão é imprescindível para qualquer empresa que queira ser reconhecida e ter uma boa imagem no mercado atual. 6

Figura 10 Figura 11 FIGURAS 10 e 11 Piso em mau estado de conservação e fachada sem identificação Fonte: Empresas. 5. Conclusões Os resultados gerados pelo presente estudo concluem que as empresas de pequeno porte terão que rever seus conceitos em relação aos atuais sistemas de gestão. As empresas devem adotar, de forma rápida, procedimentos de melhorias, uma vez que foram verificadas inúmeras deficiências. Uma grande dificuldade foi observada com relação aos empresários: não reconhecerem seus erros nos processos de gestão. Com o diagnóstico da assessoria do Programa de Extensão empresarial, foi possível convencer os empresários de que suas empresas estavam distantes dos padrões desejados de qualidade. Nesse contexto, destaca-se a importância de os empresários e dirigentes olharem suas organizações de fora para dentro, ou seja, na visão do cliente, abandonando a visão rotineira que se têm no dia-a-dia. A perda de lucratividade está intimamente relacionada ao desperdício, uma vez que está embutida nos custos gerados por esses, e que são enormes nas empresas analisadas. Esses desperdícios foram detectados, tanto no processo produtivo, quanto em outras áreas. No layout, as máquinas dispostas de maneira inadequada para o trabalho, sem manutenção preventiva, acarretando desperdício de tempo e movimentação de pessoas e materiais, o que é refletido no tempo de produção, além de evidenciar o desgaste precoce dessas máquinas. Conclui-se que, para essas empresas tornarem-se mais competitivas, necessitam, o mais rápido possível, modificar seus paradigmas culturais. Conforme os consultores, a implantação do Programa 5Ss denota o movimento das organizações, da posição atual, para uma posição futura, desejável e competitiva no mercado. Cabe salientar que o passo inicial já está sendo dado, o da implantação de um Programa de 5Ss, bem como a utilização de cursos de conscientização para empregados e empregadores, visando mostrar a todos os colaboradores o desafio de criar um ambiente de mudança comportamental. Dessa forma, destaca-se que o programa 5Ss é o mais adequado para as empresas de pequeno porte. Pode-se confirmar, através deste estudo, que a estruturação de um sistema de qualidade, baseado no programa 5Ss viabiliza a implantação de outros programas, os quais poderão vir a acelerar a modernização dessas empresas, fornecendo a base cultural para a implantação de um programa de qualidade total. O desenvolvimento de estratégias, nessas empresas, permitirá uma visão integrada, com foco na visão de futuro, podendo, inclusive, servir de referência a outros tipos de empresas, desse porte, em outras regiões brasileiras. 7

6. Referências Bibliográficas ABRANTES, José. Programa 8S: da alta administração à linha de produção: o que fazer para aumentar o lucro?: a base da filosofia Seis Sigma. Rio de Janeiro: Interciência, 2001. CAMPOS, V.F. TQC Controle da Qualidade Total (no estilo japonês). 8. ed. Belo Horizonte: Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1999. p.173 174. DRUGG, Kátia Issa & ORTIZ, Dayse Domeone. O desafio da Educação: a Qualidade Total. São Paulo: Makron books, 1994. MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de monografias e dissertações. São Paulo: Atlas, 2000. GODOY, L.P.; BELINAZO, D.P. & PEDRAZZI, F.K. Gestão da qualidade total e as contribuições do programa 5S s. XXI ENEGEP, 2001. LAPA, Reginaldo Pereira. Praticando os 5 Sensos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998. RICHARDSON, Roberto J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999. SEBRAE. O GQT nas empresas de serviço. Brasília, 2000. SILVA, C.E.S.; SILVA, D.C.; NETO, M.F. & SOUSA, L.G.M. 5S Um programa passageiro ou permanente? XXI ENEGEP, 2001. SOARES, J.C.S. & JUNGES, W. O 5S num supermercado de pequeno porte. XXI ENEGEP, 2001. TRIVIÑOS, August N. S. Introdução a pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. YIN, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. 8