Envolvimento de pacientes e familiares visando uma melhor adesão à higiene das mãos: revisão de literatura

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Transcrição:

Envolvimento de pacientes e familiares visando uma melhor adesão à higiene das mãos: revisão de literatura Priscila Gonçalves Enf.ª Serviço Controle de Infecção Hospitalar Hospital Israelita Albert Einstein

Introdução Apesar da reconhecida importância da higiene das mãos (HM) na prevenção das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), a adesão a essa medida pelos profissionais da saúde (PS) ainda é baixa; Várias estratégias vêm sendo desenvolvidas e aplicadas para aumentar esta adesão, sendo uma delas o envolvimento de pacientes;

1997 2001 2005 2009 - Recomendações de Viena. -IOM: Cruzando o abismo da qualidade. - Fundação Nacional de Segurança dos Pacientes dos EUA. - Aliança mundial para a segurança do paciente. - Primeiro desafio global: Uma assistência limpa é uma assistência mais segura. - Diretrizes da OMS sobre Higienização das Mãos. - Pacientes pela Segurança do Pacientes. - Empoderamento do paciente.

Introdução Preocupação de Instituições/Organizações de referência: Institute for Healthcare Improvement (IHI), Instituto Picker Europa/EUA, The Joint Comission, Planetree e ANVISA.

Introdução A questão norteadora desta pesquisa é: Quais são as estratégias utilizadas para envolver pacientes e familiares na melhoria da adesão à higiene das mãos dos profissionais de saúde?

Justificativa Conhecer as estratégias eficazes no envolvimento de pacientes e familiares visando uma melhor adesão à HM pelos PS irá possibilitar o desenvolvimento de ações junto à instituição e os PS, estabelecendo e/ou fortalecendo a cultura de segurança organizacional.

Objetivos Analisar as estratégias utilizadas para envolver os pacientes e familiares na melhoria da adesão à higiene das mãos pelos profissionais de saúde. Avaliar o impacto do envolvimento dos pacientes e familiares na melhoria da higiene das mãos dos profissionais da saúde.

Material e Método Tipo de estudo: Estudo descrito discursivo, realizado por meio de revisão de literatura narrativa. Base de dados: A busca de dados ocorreu nos meses de abril e maio de 2012, nas bases de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), SciELO (Scientific Eletronic Library Online); PUBMED (National Library of Medicine/NLM) e CINAHAL (Cumulative Index to Nursing & Allied Health Literature). Também foi realizada busca de referências secundarias nas publicações obtidas a partir das bases de dados com o objetivo de encontrar outros estudos não localizados com a busca eletrônica.

Material e Método Descritores: Lavagem de mãos (handwashing) e/and participação do paciente (patient participation). Critérios de inclusão: Artigos publicados entre 2002 e 2012 nos idiomas inglês, espanhol ou português, que abordassem estratégias utilizadas com pacientes e familiares na melhoria da adesão à higiene das mãos. Critérios de exclusão: Editoriais, cartas, entrevistas, artigos anteriores a 2002 e que não abordaram o envolvimento de pacientes e familiares como estratégia de melhoria na adesão à higiene das mãos.

Resultados Critérios de Inclusão Artigos localizados 19 Artigos selecionados 11 Tipo de Estudo: Descritivo (7) Revisão de literatura (3) Relato de caso (1)

Quadro I: Estudos selecionados de acordo com objetivos e critérios de inclusão. Estudo Título Autores Ano País Periódico Tipo de Estudo Conclusão E1 Evaluation of a patient education model for increasing hand hygiene compliance in an inpatient rehabilitation unit McGuckin M. Taylor A. Martin V. Porten L. Salcido R. 2004 EUA American Journal of Infection Control Descritivo com abordagem quantitativa Após educar pacientes e familiares quanto à importância da HM e convidando-os a serem parceiros no seu próprio cuidado, o cumprimento de HM pelos PS aumentou em 94% durante a intervenção de 6 semanas, 34% em 6 semanas pós intervenção, e 40% em 3 meses de acompanhamento. E2 Involving patients in staff hand hygiene Pearson L. Duncanson V 2006 Inglaterra Nursing times Revisão bibliográfica narrativa Campanhas de HM envolvendo pacientes como parceiros, por exemplo, a campanha Clean Your Hands da Agência Nacional de Segurança do Paciente 2004 é uma ferramenta útil para aumentar a adesão à HM dos PS. Entretanto as instituições devem estar preparadas para abraçar este novo conceito, evitando afetar o relacionamento entre pacientes e PS e experiência dos pacientes de cuidado. E3 Brief report: Hospitalized patients attitudes about and participation in error prevention Waterman A.D. Gallagher T.H. Garbutt J. Waterman B.M. Fraser V. Burroughs T.E. 2006 EUA Journal of general internal medicine Descritivo com abordagem quantitativa Os pacientes estão dispostos e interessados em ajudar na prevenção de erros. No entanto, o conforto dos pacientes em atuar na prevenção de erro varia e eles não estão totalmente envolvidos em todas as atividades. Em relação a HM,os pacientes demonstraram que não estão muito confortáveis em pedir para o PS higienizar as mãos. São necessárias intervenções educativas para aumentar conforto dos pacientes, tornando-os mais engajados

Estudo Título Autores Ano País Periódico Tipo de Estudo Conclusão E4 Patients feelings about hand washinginformation Duncan C.P. Dealey C. 2007 Inglaterra British Journal of Nursing Descritivo com abordagem quantitativa No geral, a maioria dos pacientes eram mais confiantes do que ansiosos em participar de uma campanha em que teriam que pedir para os PS higienizar as mãos. Existem algumas particularidades como: pacientes eram mais ansiosos para perguntar se tinham poucas internações anteriores e se recebiam pouca informação na admissão, pacientes que tinham contraído MRSA no passado eram menos ansiosos, já que tinham uma melhor compreensão da doença. Além disso, mais pacientes se sentiriam menos ansiosos em pedir para o PS higienizar as mãos se os mesmos utilizassem um crachá dizendo Está tudo bem em perguntar. É fundamental uma mudança cultural nas instituições de saúde para tornar uma rotina à prática de envolver pacientes na melhoria da HM. E5 Healthy hands, healthy facility. A provider does more than reduce influenza rates with a hand-sanitizing program that is implemented by residents. Stone D. Staley E. 2009 EUA Provider Relato de caso Residentes voluntários de um centro de reabilitação foram capacitados e encorajados a monitorar e incentivar todos os funcionários, visitantes e demais residentes a higienizar as mãos. Todos colaboraram ativamente higienizando as mãos. Um resultado positivo foi alcançado e o grande segredo do sucesso foi o envolvimento dos residentes.

Estudo Título Autores Ano País Periódico Tipo de Estudo Conclusão E6 Engaging the patient as observer to promote hand hygiene compliance in ambulatory care Bittle M.J. LaMarche S. 2009 EUA The Joint Commission Journal on Quality and Patient Safety Descritivo com abordagem quantitative Os pacientes foram convidados para participar do processo de monitoramento da adesão à higiene das mãos dos PS como observadores. A estratégia não teve impacto negativo no processo de atendimento, além de ser viável e benéfica. A adesão à HM observada pelos pacientes foi de 88%. E7 Patients beliefs and perceptions of their participation to increase healthcare worker compliance with hand hygiene. Longtin Y. Sax H. Allegranzi B. Hugonnet S. Pittet D. 2009 Suíça Infection Control and Hospital Epidemiol. Descritivo Transversal Aproximadamente 40% dos pacientes entrevistados acreditam que os pacientes devem lembrar os PS para higienizar as mãos, e 29,4% achavam que esta estratégia ajudaria na prevenir de IRAS. Os pacientes também demonstram ser menos provável a intenção de pedir para um médico do que para uma enfermeira realizar a HM. Além disso, se um convite explícito partir de um PS para perguntar sobre a higiene das mãos, a intenção de pedir dobra. E8 Evaluation of patient participation in a patient empowerment initiative to improve hand hygiene practices in a Veterans Affairs medical center Lent V. Eckstein E.C. Cameron A.S. Budavich R. Eckstein B.C. Donskey C.J. 2009 EUA American Journal of Infection Control Descritivo com abordagem quantitativa Pacientes foram educados e incentivados a lembrarem os PS a realizar HM e os resultados iniciais demonstraram uma baixa participação do paciente (3%). Foi proposta uma nova estratégia onde os pacientes eram encorajados a agradecer o PS verbalmente ou por meio de um cartaz pela higienização mãos e 45% dos pacientes afirmaram que agradeceram o PS, entretanto não foi observada essa atitude durante o processo da assistência. Houve uma discrepância entre participação dos pacientes autorelatada e a real.

Estudo Título Autores E9 Patient Participation: Current Knowledge and Applicability to Patient Safety Longtin Y. Sax H. Leape L.L. Sheridan S.E. Donaldson L. Pittet D. Ano País 2010 Suíça Periódico Tipo de Estudo Conclusão Mayo Clinic Proc. Revisão bibliográfica narrativa A participação do paciente pode diminuir os erros médicos e aumentar a aderência das equipes com as boas práticas, como por exemplo, a higiene das mãos. E10 Involving the patient to ask about hospital hand hygiene: a National Patient Safety Agency feasibility study Pittet D. Panesar S.S. Wilson K. Longtin Y. Morris T. Allan V. Storr J. Cleary K. Donaldson L. 2011 Inglaterra Journal of Hospital Infection Descritivo exploratório com abordagem quantitativa Após três anos de introdução da campanha Clean Your Hands, uma avaliação da percepção de pacientes, PS e coordenadores em relação ao envolvimento pacientes e suas famílias na melhoria da HM demonstrou que há a um padrão no nível de entendimento e aceitação por parte de todos os envolvidos. Houve diferença na percepção na eficácia das várias intervenções, entretanto as intervenções preferidas são os PS utilizando algo dizendo "OK perguntar ', ou profissionais que expliquem para os pacientes que ele tem direito a perguntar, e forneça uma amostra com produto alcoólico. O envolvimento dos pacientes deve ser considerado como parte da cultura de segurança organizacional. E11 Patient Empowerment and Multimodal Hand Hygiene Promotion: A Win-Win Strategy McGuckin M. Storr J. Longtin Y. Allegranzi B. Pittet D. 2011 EUA American Journal of Medical Quality Revisão bibliográfica narrativa Estratégias de promoção à HM que envolvam o empoderamento do paciente devem fazer parte de uma abordagem multifacetada e incluir pelo menos um dos seguintes elementos: ferramentas educacionais, ferramentas de motivação e lembretes. Eles também devem incluir a permissão explícita ao paciente para lembrar o PS sobre a HM.

Resultados As estratégias utilizadas no envolvimento dos pacientes e seus familiares visando a melhoria da adesão à HM foram: 1. Pacientes convidados para participar ativamente na observação e na cobrança da HM dos PS (três estudos - E1, E5, E8); 2. Pacientes convidados a atuarem como auditores da prática da HM dos PS. (um estudo E6); 3. As revisões de literatura reforçaram a participação do paciente como parte de uma assistência segura e de um clima de segurança institucional (três estudos E2, E9, E11); 4. Os demais estudos apenas avaliaram a percepção dos pacientes e familiares sobre o seu envolvimento na melhoria da adesão à HM dos PS, por meio de questionários e entrevistas (quatro estudos E3, E4, E7, E10).

O impacto na melhoria a adesão à HM: Estratégia Pacientes convidados para participar ativamente na observação e na cobrança da HM dos PS. Impacto E1: Indireto avaliação do consumo de produto para HM. O cumprimento de HM pelos PS aumentou em 94%. E5: Durante a temporada de gripe sazonal, não houve nenhum caso registrado. E ocorreu redução de 50% nos casos de IRAS. E8: Observado que o envolvimento do paciente e eficaz, quando são encorajados a oferecerem um reforço positivo aos PS, ou utilizarem lembretes visuais. Além disso, pode ocorrer um impacto indireto no aumento da adesão à HM, quando os PS sabem que os pacientes estão observando. Pacientes convidados a atuarem como auditores da prática da HM dos PS. As revisões de literatura reforçaram a participação do paciente como parte de uma assistência segura e de um clima de segurança institucional. E6: Viável e benéfica. A adesão à HM observada pelos pacientes foi de 88% vs 67,8% de adesão àhm na auditória tradicional. E2, E9, E11: Envolver pacientes pode melhorar a adesão àhm. Énecessário desenvolver um programa de preparação e educação para PS, líderes e pacientes. Avaliação da percepção dos pacientes e familiares sobre o seu envolvimento na melhoria da adesão àhm dos PS, por meio de questionários e entrevistas. E3: Os pacientes estão interessados e dispostos a ajudar, entretanto não estão totalmente confortáveis em questionar um PS sobre HM. Intervenções educativas para aumentar conforto podem ajudar os pacientes se tornam mais engajados. E4: A maioria dos pacientes eram mais confiantes do que ansiosos em participar em pedir para os PS higienizar as mãos. E estariam mais confortáveis em pedir para o PS higienizar as mãos se os mesmos utilizassem um crachá dizendo Está tudo bem em perguntar. E7: Um convite explícito de um PS para perguntar sobre a higiene das mãos, dobra a intenção de pedir. E10: PS utilizando algo dizendo "OK perguntar ou PS voluntários orientando

Conclusão Estratégias utilizadas: Pacientes convidados para participar ativamente na observação e na cobrança da HM dos PS. Pacientes convidados a atuarem como auditores da prática da HM dos PS. A abordagem é voltada a pacientes, e os familiares não são convidados a serem parceiros ativos. Impacto na HM: Poucos trabalhos (3), avaliaram o impacto no aumento na adesão à HM. Houve um aumento na adesão à HM: observação direta e consumo de produto para HM. Redução de IRAS: geral e gripe sazonal.

Considerações Finais Envolver pacientes como parceiros na promoção da melhoria da adesão à HM dos PS é uma estratégia útil e promissora e que deve fazer parte da cultura de segurança das instituições de saúde. São necessários mais estudos experimentais com estratégias multimodais que avaliem o impacto do envolvimento de pacientes e familiares na adesão à HM e na redução das IRAS. Não foi localizado nenhum estudo brasileiro sobre este tema, o que demonstra a necessidade de uma maior discussão e aplicação dessa estratégia em todos os níveis de atendimento de saúde do país.

Referências bibliográficas 1. World Health Organization. World Alliance for Patient Safety: Clean care is safer care global patient safety challenge. [Internet] Geneva: WHO; 2005-2006. [acessado em: 25/04/2012]. Disponível em: http://www.who.int/patientsafety/events/05/gpsc_launch_english_final.pdf 2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos. Brasília: Anvisa, 2009. 3. World Health Organization. Hand Hygiene Self-Assessment Framework Global Survey: Summary Report. [Internet] Geneva: WHO; 2011. [acessado em: 25/04/2012]. Disponível em: http://www.who.int/gpsc/5may/summary_report_hhsaf_global_survey_may12.pdf 4. World Health Organization. A Guide to the Implementation of the WHO Multimodal Hand Hygiene Improvement Strategy. [Internet] Geneva: WHO; 2009. [acessado em: 25/04/2012]. Disponível em: http://www.who.int/gpsc/5may/guide_to_implementation.pdf 5. World Health Organization. WHO Guidelines on Hand Hygiene in Health Care. First Global Patient Safety Challenge Clean Care is Safer Care. Geneva: WHO; 2009. 6. Thompson MA. Patient Safety. In: Association for Professionals in Infection Control and Epidemiology (APIC): Of infection control and epidemiology. 3ª ed. Washington: 2009. 12-1/15. 7. World Health Organization. Guidance on Engaging Patients and Patient Organizations in Hand Hygiene Initiatives. [Internet] Geneva: WHO; 2009. [acessado em: 29/04/2012]. Disponível em: http://www.who.int/gpsc/5may/tools/safety_climate/en/ 8. Agência Nacional de Vigilância Sanitária: Higienização das mãos em serviços de saúde, 2007. 9. Institute of Medicine. Crossing the quality chasm: a new health system for the 21st century. [Internet] EUA: IOM; 2001. [acessado em: 29/04/2012]. Disponível em: http://www.nap.edu/html/quality_chasm/reportbrief.pdf 10. Joint Commission International. Facts about the Safety Culture Project. [Internet] EUA: JCI; 2011. [acessado em: 30/04/2012]. Disponível em: http://www.centerfortransforminghealthcare.org/assets/4/6/cth_sc_fact_sheet_10_14_11.pdf

Referências bibliográficas 1. World Health Organization Europe. Health promoting hospital working for health: The Vienna Recommendations on Health Promoting Hospitals. [Internet] Vienna: 1997. [acessado em: 30/04/2012]. Disponível em: http://hpe4.anamai.moph.go.th/hpe/data/hph/viena_recommendation.pdf 2. The National Patient Safety Foundation. National Agenda for Action: Patients and Families in Patient Safety - Nothing About Me, Without Me. [Internet] Chicago: NPSF; 2000. [acessado em: 30/04/2012]. Disponível em: http://www.npsf.org/wpcontent/uploads/2011/10/nothing_about_me.pdf 3. World Health Organization. Patients for Patient Safety. [Internet] [acessado em: 30/04/2012]. Disponível em: http://www.who.int/patientsafety/patients_for_patient/en/ 4. Institute for Healthcare Improvement. Positive Patient Experience: Key approaches to improve the patient and family experience with care and increase willingness to recommend the hospital. [Internet] EUA: IHI; 2009. [acessado em: 05/05/2012]. Disponível em: http://app.ihi.org/imap/tool/processpdf.aspx?processguid=21af4892-1cf3-483f-81afe71b6a3736c3

Obrigada! priscilag@einstein.br