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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL MINUTA DE JULGAMENTO FLS. *** QUARTA TURMA ***

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RECURSO ESPECIAL Nº RS (2003/ )

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AGRAVO INTERNO EM APELACAO CIVEL

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RECURSO ESPECIAL Nº RO (2003/ )

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Transcrição:

RECURSO ESPECIAL Nº 701.153 - SC (2004/0160676-7) RELATOR : MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADORES : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO RECORRIDO : FLORIPA TECNOLOGIA E COMÉRCIO LTDA ADVOGADO : MARCELO RUPP EMENTA TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL E COMPROVAÇÃO DO DIREITO ALEGADO. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7 DO STJ. IMPORTAÇÃO DE SOFTWARE DESTINADO À EDITORAÇÃO DE VÍDEOS E SONS. ART. 20, 2º, DO DECRETO Nº 2.498/98. NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO - II E IPI. 1. Não se comportam no âmbito cognitivo do recurso especial o exame das circunstâncias fáticas e probatórias da causa, seja para verificar a alegada ocorrência de inépcia da inicial, seja para fazer juízo sobre a procedência do pedido. Aplicação da Súmula 07/STJ. 2. Confirmação do acórdão recorrido no sentido de que "a interpretação que desvela efetivamente a incidência do 2º do art. 20 do Decreto nº 2.498/98 é aquela que demonstra que a tributação ocorre nestes moldes quando a mercadoria, ou seja, o 'software' compreende gravação de 'som, cinema e vídeo', e não como é no caso, quando servem para desenvolver estas atividades por quem as adquirir". 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer parcialmente do recurso especial e, nessa parte, negar-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Denise Arruda, Benedito Gonçalves, Francisco Falcão e Luiz Fux votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 11 de novembro de 2008. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI Relator Documento: 834918 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 19/11/2008 Página 1 de 9

ERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA Número Registro: 2004/0160676-7 REsp 701153 / SC Número Origem: 200172000051808 PAUTA: 04/11/2008 JULGADO: 04/11/2008 Relator Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI Presidente da Sessão Exma. Sra. Ministra DENISE ARRUDA Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. DEBORAH MACEDO DUPRAT DE BRITTO PEREIRA Secretária Bela. MARIA DO SOCORRO MELO RECORRENTE PROCURADORES RECORRIDO ADVOGADO AUTUAÇÃO : FAZENDA NACIONAL : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO : FLORIPA TECNOLOGIA E COMÉRCIO LTDA : MARCELO RUPP ASSUNTO: Tributário - Imposto de Renda - Pessoa Jurídica CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Adiado por indicação do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Brasília, 04 de novembro de 2008 MARIA DO SOCORRO MELO Secretária Documento: 834918 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 19/11/2008 Página 2 de 9

RECURSO ESPECIAL Nº 701.153 - SC (2004/0160676-7) RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADORES : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO RECORRIDO : FLORIPA TECNOLOGIA E COMÉRCIO LTDA ADVOGADO : MARCELO RUPP RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI: Trata-se de recurso especial interposto contra acórdão proferido em apelação em mandado de segurança, no qual se objetiva o desembaraço aduaneiro de mercadoria importada sem o pagamento de impostos federais sobre o valor de softwares (dados ou instruções) destinados à editoração de vídeos e sons. O Tribunal de origem acolheu o pedido, ao fundamento de que, na mencionada importação, não incidem o Imposto sobre Produtos Industrializados e o Imposto de Importação, pois "a interpretação que desvela efetivamente a incidência do 2º do art. 20 do Decreto nº 2.498/98 é aquela que demonstra que a tributação ocorre nestes moldes quando a mercadoria, ou seja, o 'software' compreende gravação de 'som, cinema e vídeo', e não como é no caso, quando servem para desenvolver estas atividades por quem as adquirir" (fls. 102-105). Nas razões do recurso especial (fls. 107-111), fundado na alínea a do permissivo constitucional, a recorrente aponta ofensa aos artigos 267, I, e 295, I e parágrafo único, I e II, do CPC, porquanto a petição inicial é inepta. Indica, ainda, violação ao parágrafo 2º do artigo 20 do Decreto nº 2.498/98 ao argumento de que os softwares importados têm gravações de som, cinema e vídeo e, por isso, estão enquadrados na exceção do mencionado dispositivo, razão pela qual os tributos relativos à importação devem ser "calculados sobre o total da operação e não apenas sobre o valor do suporte físico (manuais, Cds e dongles )" (fl. 111). Afirma, ainda, que não há, nos autos, prova suficiente para garantir a pretensão da demanda. Sem contra-razões (fl. 113). É o relatório. Documento: 834918 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 19/11/2008 Página 3 de 9

RECURSO ESPECIAL Nº 701.153 - SC (2004/0160676-7) RELATOR : MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADORES : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO RECORRIDO : FLORIPA TECNOLOGIA E COMÉRCIO LTDA ADVOGADO : MARCELO RUPP EMENTA TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL E COMPROVAÇÃO DO DIREITO ALEGADO. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7 DO STJ. IMPORTAÇÃO DE SOFTWARE DESTINADO À EDITORAÇÃO DE VÍDEOS E SONS. ART. 20, 2º, DO DECRETO Nº 2.498/98. NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO - II E IPI. 1. Não se comportam no âmbito cognitivo do recurso especial o exame das circunstâncias fáticas e probatórias da causa, seja para verificar a alegada ocorrência de inépcia da inicial, seja para fazer juízo sobre a procedência do pedido. Aplicação da Súmula 07/STJ. 2. Confirmação do acórdão recorrido no sentido de que "a interpretação que desvela efetivamente a incidência do 2º do art. 20 do Decreto nº 2.498/98 é aquela que demonstra que a tributação ocorre nestes moldes quando a mercadoria, ou seja, o 'software' compreende gravação de 'som, cinema e vídeo', e não como é no caso, quando servem para desenvolver estas atividades por quem as adquirir". 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI(Relator): 1. Não se comportam no âmbito cognitivo do recurso especial o exame das circunstâncias fáticas e probatórias da causa, não apenas para efeito de fazer juízo sobre a procedência do pedido, mas também para verificar a alegada ocorrência de inépcia da inicial. Em ambos os casos incide a Súmula 07/STJ. Quanto ao segundo aspecto, os seguintes precedentes: "(...) 4. A alegada ofensa ao art. 267, inciso V, e 3.º do Diploma Processual, consubstanciada na ocorrência de litispendência, bem como a verificação de inépcia da inicial, não são passíveis de análise, na hipótese dos autos, em razão do óbice da Súmula n.º 07 desta Corte, que veda o reexame de fatos e provas (...)" (AgRg no Ag 775.304/PR, 5ª T., Min. Laurita Vaz, DJ de 05.02.2007). "(...) II. A conclusão de que a inicial da ação cautelar continha pedido hábil para a providência requerida pela requerente não pode ser elidida sem que se proceda ao exame das circunstâncias fáticas da causa, para declarar o inverso, o que é vedado ao Documento: 834918 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 19/11/2008 Página 4 de 9

STJ, nos termos da Súmula n. 7(...)" (REsp 453876/RJ, 4ª T., Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ de 24.02.2003). "(...) As circunstâncias fáticas que levaram à conclusão de que a petição inicial é inepta não são incontroversas, incidindo o teor da Súmula n. 7/STJ e ficando prejudicado o exame do dissídio jurisprudencial (...)" (AgRg no REsp 246025/SP, 2ª T., Min. Eliana Calmon, DJ de 08.04.2002). "III - Inafastável a aplicação da Súmula 07/STJ, no que se refere à análise do recurso quanto à violação ao artigo 282 do CPC e à divergência jurisprudencial, pois para mudar o entendimento do Tribunal a quo de que a petição inicial é inepta, teríamos que adentrar no exame dos elementos de convicção que serviram de fundamento para o juízo assim decidir. IV - Agravo regimental improvido. (AgReg no Resp 262120/SP, Primeira Turma, Min. Francisco Falcão, DJ de 03.10.2005). Não se conhece, portanto, do recurso quanto à matéria processual invocada. 2. No que diz respeito à apontada violação ao 2º do artigo 20 do Decreto nº 2.498/98, o recurso pode ser conhecido, já que cabível quando apontada violação a decreto autônomo do Presidente da República. No mérito, porém, é de se negar provimento. É o seguinte o dispositivo questionado: "Art. 20. O valor aduaneiro de suporte físico que contenha dados ou instruções para equipamento de processamento de dados será determinado considerando unicamente o custo ou o valor do suporte propriamente dito, desde que o custo ou o valor dos dados ou instruções esteja destacado no documento de aquisição (Decisão 4.1 do Comitê de Valoração Aduaneira). 1º O suporte físico a que se refere este artigo não compreende circuitos integrados, semicondutores e dispositivos similares, ou artigos que contenham esses circuitos ou dispositivos. 2º Os dados ou instruções referidos no caput deste artigo não compreendem as gravações de som, cinema ou vídeo". Depreende-se, portanto, que: "(...) o suporte informático, dentro do qual se insere o programa de computador procedente do exterior, está sujeito ao imposto sobre produtos industrializados e ao imposto de importação (...). O valor aduaneiro do suporte informático não abrange o custo ou valor do programa, desde que esse custo ou valor conste no documento de aquisição, destacadamente do custo ou do valor do suporte físico propriamente dito. Caso não conste tal distinção, o valor aduaneiro para fins de incidência do imposto albergará o valor total da transação" (in Lei do software e seu regulamento: Lei nº 9.609, de 12-9-98 / Pricewaterhouse Coopers. - São Paulo: Atlas, 1999 - Série legis-empresa nº 6, p. 45). Em outras palavras: Documento: 834918 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 19/11/2008 Página 5 de 9

"(...) o valor aduaneiro do suporte informático estará sujeito à incidência do Imposto de Importação - II, do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e dos Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS. (...) Sobre o valor do suporte físico do software, que contém o trabalho intelectual, incidirá o II, o IPI, o ICMS, bem como o IO/Câmbio e a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira CPMF. (...) Quanto à base de cálculo dos produtos importados, esta será o valor aduaneiro do suporte físico do software em moeda estrangeira, convertido para moeda nacional pela cotação do câmbio na data de desembaraço aduaneiro, acrescido do II, das taxas e encargos para o desembaraço e do ICMS" (Marcelo Ricardo Escobar e Antonio Calos Godoy. "Importação de Software - Prestação de Consultoria Pela Empresa Exportadora". Brasil 01/06/2002. sítio da internet: www.lexuniversal.com - LEXUNIVERSAL Global Virtual Law Connection. 13.10.2008, 17h). Assim não há censura a ser feita ao acórdão recorrido. Reporto-me ao elucidativo voto-condutor, de lavra da Desembargadora Federal Maria Lúcia Luz Leiria: "Trata-se de identificar se os 'softwares' importados estão corretamente enquadrados para fins de tributação. Pela documentação acostada aos autos, efetivamente os equipamentos importados constituem-se em 'softwares' estando acompanhados de instrução em vídeo e som para o usuário, o que em hipótese alguma confirma a exceção do 2º do art. 20 do Decreto nº 2.498/98. Por isso, muito bem andou o MM. Juízo de primeiro grau ao fundamentar a sentença nos seguintes termos: '(...) Quanto à matéria de fundo, impende inicialmente registrar que a impetrante, ao relatar os fatos na inicial, obrou em equívoco, ao afirmar que a retenção das mercadorias importadas deu-se em razão da imposição injusta de IRRF. Conforme o impetrado esclareceu em suas informações, o motivo da referida retenção foi na verdade o não pagamento do II e do IPI sobre os 'softwares' propriamente ditos, e não apenas sobre o meio físico que os contém e o respectivo frete internacional. A confusão do autor, no entanto, não justifica por si só o não conhecimento do mérito, ou a denegação da segurança, pois o ato que motivou a impetração do 'writ' a retenção das mercadorias efetivamente ocorreu. Além disso, não causa surpresa que, em se tratando de procedimentos aduaneiros regidos por grande quantidade de atos ilegais e normativos, e processados de forma automática por sistemas informatizados, tenha a impetrante cometido equívoco quanto à correta identificação do tributo, ou tributos, efetivamente devidos. Quanto ao mérito propriamente dito, impõe-se a concessão da segurança pleiteada. O impetrado entende devida a incidência do II e do IPI também sobre os valores dos softwares, ou programas de computador, por entender que os mesmos contém gravações de som e vídeo (conforme análise administrativa efetivada sobre os documentos de fls. 52/58), enquadrando-se assim na regra de exceção prevista no art. 20, 2º, do Decreto nº 2.498/98. Esta a redação do referido dispositivo: Art. 20. O valor aduaneiro de suporte físico que contenha dados ou instruções para equipamento de processamento de dados será determinado Documento: 834918 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 19/11/2008 Página 6 de 9

considerando unicamente o custo ou o valor do suporte propriamente dito, desde que o custo ou o valor dos dados ou instruções esteja destacado no documento de aquisição (Decisão 4.1 do Comitê de Valoração Aduaneira). 1º O suporte físico a que se refere este artigo não compreende circuitos integrados, semicondutores e dispositivos similares, ou artigos que contenham esses circuitos ou dispositivos. 2º Os dados ou instruções referidos no caput deste artigo não compreendem as gravações de som, cinema e vídeo. A regra acima transcrita, no entanto, não pode ser interpretada de forma extensiva. O disposto no 2º supra por certo diz respeito não apenas a informações multimídia passíveis de serem gravadas em meio físico para processamento em computadores, mas também (e principalmente) destina-se a outras formas de manifestação multimídia, como Compact Disc (CD) de músicas, e DVD e fitas VHS de filmes e documentários. O dispositivo, portanto, deve ser interpretado restritivamente, de forma a abranger apenas os 'dados ou instruções para equipamento de processamento de dados' que correspondam, em sua totalidade, ou predominância absoluta, a 'gravações de som, cinema e vídeo'. Assim, não se pode admitir que todo e qualquer 'software' caracterizado como 'ferramenta de trabalho' (termo comum no jargão da informática) seja enquadrado no 2º do art. 20 supratranscrito, tão-somente pelo fato de trazer exemplos básicos de vídeo e som criados pelo criador do produto com o fito de proporcionar a iniciação do usuário em seus trabalhos de editoramento multimídia. Nesta hipótese, os exemplos de vídeo e som não correspondem à totalidade do produto, tratando-se apenas de acessório destinado ao objetivo principal, que é instruir e facilitar a utilização do 'software' ao usuário comprador. Da mesma forma, e por decorrência lógica do raciocínio acima traçado, o simples fato do 'software' ser destinado à editoração de vídeos e sons não o enquadra no dispositivo legal em questão. Não se pode confundir a destinação do 'software', com os produtos derivados de sua utilização. Sendo assim, impõe-se concluir que a impetrante já cumpriu com suas obrigações tributárias referentemente à importação dos produtos identificados à fl. 17, pagando o II e o IPI calculados conforme a declaração simplificada de importação de fls. 19/22, por intermédio de débito bancário informatizado, conforme fazem prova os comprovantes de fls. 23 e 66 (transação identificada com o código SISCOMEX 2975599 resultado da soma das quantias referidas à fl. 21, R$ 182,06 e R$ 174,93, a título de II e IPI, respectivamente). Ante o exposto, concedo a segurança, autorizando em definitivo o desembaraço das mercadorias importadas pela impetrante sem pagamento de II e IPI sobre o valor dos dados ou instruções. (...)' De outro lado, a interpretação que desvela efetivamente a incidência do citado 2º é aquela que demonstra que a tributação ocorre nestes moldes quando a mercadoria, ou seja, o 'software' compreende gravação de 'som, cinema e vídeo', e não como é no caso, quando servem para desenvolver estas atividades por quem as adquirir. Documento: 834918 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 19/11/2008 Página 7 de 9

Neste sentido, também a manifestação do Ministério Público Federal: '(...) Desta descrição concluiu a autoridade aduaneira que a mercadoria ajusta-se ao descrito no 2º do art. 20 do Decreto 2.498/98, resultando na tributação por II e IPI no valor total da fatura. Esta não se mostra a melhor interpretação do dispositivo. A exceção contida no 2º do artigo 20 do Decreto 2.498/98 destina-se a tributar mercadoria que possui, como seu conteúdo econômico a gravação de som e vídeo. Não é o caso em tela. Os softwares importados são programas de ensino no uso de outros softwares para desenvolvimento de produtos multimídia, no caso editoração de vídeo para TV. Esta descrição é da própria autoridade impetrada. O conteúdo econômico dos softwares é justamente seu uso didático, em que gravações de som e vídeo são parte apenas em razão da espécie de programa que pretende ensinar o uso (programa de editoração de vídeo profissional). O artigo 20 do Decreto 2498/98 exige, ainda que o 'custo ou o valor dos dados ou instruções esteja destacado no documento de aquisição'. Verifica-se da fatura (fl.17) que os programas possuem descrição, valor unitário e total destacados dos respectivos suportes físicos, pelo que está atendido o requisito. Ante o exposto, opina o Ministério Público Federal pelo não provimento do recurso interposto pela União.' Assim, com fundamento também no parecer do Ministério Público Federal, voto no sentido de negar provimento à apelação e à remessa oficial." (fls. 102v-103v). 3. Diante do exposto, conheço parcialmente do recurso especial e, nessa parte, nego-lhe provimento. É o voto. Documento: 834918 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 19/11/2008 Página 8 de 9

ERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA Número Registro: 2004/0160676-7 REsp 701153 / SC Número Origem: 200172000051808 PAUTA: 04/11/2008 JULGADO: 11/11/2008 Relator Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI Presidente da Sessão Exma. Sra. Ministra DENISE ARRUDA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. AURÉLIO VIRGÍLIO VEIGA RIOS Secretária Bela. MARIA DO SOCORRO MELO RECORRENTE PROCURADORES RECORRIDO ADVOGADO AUTUAÇÃO : FAZENDA NACIONAL : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO : FLORIPA TECNOLOGIA E COMÉRCIO LTDA : MARCELO RUPP ASSUNTO: Tributário - Imposto de Renda - Pessoa Jurídica CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, conheceu parcialmente do recurso especial e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Denise Arruda, Benedito Gonçalves, Francisco Falcão e Luiz Fux votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 11 de novembro de 2008 MARIA DO SOCORRO MELO Secretária Documento: 834918 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 19/11/2008 Página 9 de 9