Aula 16 26/04/2010 Economia TP002 Bibliografia: Cap. 13 Mankiw (2007) Texto: A feia fumaça e o casaco verde limão. Noção de externalidades.



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3.1 Da c onta t bil i i l d i ade nacio i nal para r a t e t ori r a i ma m cro r econômi m c i a Det e er e mi m n i a n ç a ã ç o ã o da d

Transcrição:

Aula 16 26/04/2010 Economia TP002 Bibliografia: Cap. 13 Mankiw (2007) Texto: A feia fumaça e o casaco verde limão. Noção de externalidades. CUSTOS DE PRODUÇÃO: A economia é composta por milhares de empresas. Até agora vimos que as decisões de oferta dependem da oferta da empresa. Por que Curitiba tem diversas pizzarias e só duas empresas de telefonia fixa? Esse fato está relacionado com os custos de produção. O que são custos? Imagine Hellem, uma pessoa que tem uma loja de doces. O custo total de Hellen é o que ela paga pelos doces e tudo mais o que precisa para tocar seu negócio. Custos como custos de oportunidade Os custos estudados aqui em economia são considerados apenas como custos de oportunidade. Lembrando a primeira aula, temos que custo de oportunidade é o custo daquilo que você desiste para obter determinada coisa. Custos podem ser: Custos explícitos Custos que você desembolsa (exemplo: pagamento de jujubas para vender na loja de Helem) Custos implícitos custos que você poderia estar ganhando. Ex: ao invés de Hellem abrir uma loja de biscoitos ela poderia estar trabalhando em outro lugar. Por exemplo, programando computador. E ganhando 10 mil por mês. Diferença entre custos econômicos e custos contábeis: A tarefa de um contador é analisar a empresa com base nos fluxos de entrada e saída de dinheiro. Assim, uma empresa para um contador pode ter lucro quando gasta menos do que arrecada. O lucro econômico leva em conta o custo de oportunidade. Por exemplo, se uma pessoa possui doutorado em engenharia espacial e possui capacidades para atuar de forma brilhante nessa área resolve trabalhar em um emprego que lhe pague menos, ela estará auferindo lucros contábeis (pois está recebendo dinheiro), entretanto estará auferindo prejuízos econômicos, na medida em que poderia estar recebendo um salário mais elevado. Exemplo de custo de oportunidade: Hellem precisa de 100 mil para abrir uma empresa. Essa

empresa consegue arrecadar 500 reais por mês de lucro líquido. Ela está tendo lucro ou prejuízo considerando uma taxa de poupança de 0,7%? Lucro contábil ela está auferindo, de 500 reais. Entretanto não aufere lucro econômico, na medida em que o dinheiro na poupança renderia 700 reais. Economistas: Contadores: Lucro Econômico Lucro Contábil Receita Custos Implícitos Custos Explícitos Receita Custos de Oportunidade Totais Custos Explícitos Fonte: MANKIW (2007) EXEMPLO TOCADOR DE BANJO: Ele é o melhor professor de banjo da região. Ganha $20 por hora aula. Um dia resolveu largar as aulas e passou plantando sementes que custaram $100 durante 10 horas. Se a colheita der $200, ele tem lucro contábil? Sim, de $100! E lucro econômico? Prejuízo de $100, já que poderia estar dando 10 horas de banjo e ganhando $200,00. Custos: Quantidade de Limonada (copos / hora) Custo Total Custo Fixo Custo Variável Custo Fixo Médio Custo Variável Médio Custo Custo Total Médio 0 $ 3,00 $ 3,00 $ 0,00 - - - 1 3,30 3,00 0,30 3,00 $ 0,30 $3,30 2 3,80 3,00 0,80 1,50 0,40 1,90 3 4,50 3,00 1,50 1,00 0,50 1,50 4 5,40 3,00 2,40 0,75 0,60 1,35 5 6,50 3,00 3,50 0,60 0,70 1,30 6 7,80 3,00 4,80 0,50 0,80 1,30 7 9,30 3,00 6,30 0,43 0,90 1,33 8 11,00 3,00 8,00 0,38 1,00 1,38 9 12,90 3,00 9,90 0,33 1,10 1,43 10 15,00 3,00 12,00 0,30 1,20 1,50 Fonte: MANKIW (2007) Custo Marginal $0,30 0,50 0,70 0,90 1,10 1,30 1,50 1,70 1,90 2,10

Fonte: MANKIW (2007) Em um primeiro momento podemos separar os custos fixos (CF) dos custos variáveis (CV). Custos fixos podem ser o aluguel e o salário de um vigia, por exemplo. Custos variáveis podem ser o custo dos limões, do açúcar, dos empregados que atuam na produção da limonada, etc. O que se observa no gráfico de custo total da limonada é que o custo total são crescentes, ou seja, se elevam com a quantidade produzida. O custo total de Thelma é a soma dos custos variáveis e dos fixos (CT=CF+CV). Além disso, podemos vislumbrar os custos de modo a verificar como se comportam com a variação da quantidade produzida. Assim, podemos incluir os conceitos de custo total médio, custo marginal, custo fixo médio e custo variável médio. Matematicamente temos: Custo Total Médio CTM=CT/Q Custo Marginal CMg= CT/ Q Custo Fixo Médio CFM=CF/Q Custo Variável Médio CVM=CV/Q Para diferenciar o custo médio do custo marginal podemos pensar no seguinte exemplo: Imagine que o custo para a Honda produzir quatro veículos é de 225 mil reais. Para produzir cinco veículos, o custo é de 250 mil. Qual é o custo médio para produção de cinco veículos? R: 50 mil reais. Qual é o custo marginal do quinto veículo? R: 25 mil reais. Utilizando-se a tabela anterior, tem-se o seguinte gráfico:

Fonte: MANKIW (2007) Do gráfico acima podemos tirar as seguintes conclusões, a respeito do formato das curvas: CUSTO FIXO MÉDIO DESCENDENTE Independente do aumento da quantidade, o custo fixo sempre será constante. Assim, com o aumento da quantidade e a permanência do custo fixo no mesmo patamar, tem-se que o custo fixo médio é decrescente. CUSTO MARGINAL ASCENDENTE: Isso reflete a propriedade do produto marginal decrescente. Quando Thelma está produzindo uma pequena quantidade de limonada, ela tem poucos trabalhadores e grande parte de seu equipamento não está sendo utilizada. Como ela pode facilmente colocar esses recursos ociosos em uso, o produto marginal de um trabalhador extra é alto e o custo marginal de um copo extra de limonada é baixo. Por outro lado, quando ela está produzindo uma grande quantidade de limonada, sua barraca está lotada de empregados e a maior parte de seu equipamento está sendo plenamente utilizada. Thelma pode produzir mais se contratar mais trabalhadores, mas esses novos funcionários terão que trabalhar em condições de superlotação e podem ter de esperar para usar os equipamentos. Por essa razão, quando a quantidade de limonada produzida já é elevada, o produto marginal de um trabalhador adicional é baixo e o custo marginal de um copo adicional de limonada é elevado.

CUSTO TOTAL MÉDIO EM FORMA DE U No exemplo da barraca de limonada de Thelma a curva de custo total médio tem o formato de U. O custo total médio é a soma do custo fixo médio e do custo variável médio. O custo fixo médio sempre diminui à medida em que a quantidade aumenta porque se distribui em um número maior de quantidades. O custo variável médio costuma aumentar quando a produção aumenta por causa do produto marginal decrescente. O custo total médio reflete o formato das curvas de custo fixo médio e de custo variável médio. A níveis de produção muito baixos, como 1 ou 2 copos por hora o custo total médio é alto porque o custo fixo se divide entre poucas unidades. O custo total médio passa a diminuir quando a produção aumenta, até atingir 5 copos por hora, quando o custo total médio cai para $ 1,30 por copo de limonada. Quando a empresa produz mais do que 6 copos, o custo total médio passa a subir novamente porque o custo variável médio aumenta substancialmente. A parte mais baixa da curva em U se dá na quantidade que minimiza o custo total médio. Esta quantidade é chamada de escala eficiente da empresa. Curvas de custo típicas: No caso da barraca de limonada da Thelma o produto marginal é decrescente desde o primeiro trabalhador. Em algumas empresas, entretanto, o produto marginal pode ser crescente por uma faixa após a contratação de um trabalhador, o que justifica os ganhos de escala. Ganhos de escala são ganhos obtidos pela produção de mais unidades. Na prática o que ocorre é que pode ser vantajoso e menos custoso para uma empresa produzir mais quantidades do produto. Entretanto devido à restrições no fornecimento dos insumos (os recursos são escassos, se alguma empresa demandar uma quantidade maior de determinado insumo os preços deles sobem, conforme estudado no modelo de oferta e demanda), em determinado ponto o custo total médio para de ser decrescente e se torna crescente e as empresas passam a produzir por um custo mais elevado. Os formatos destas curvas mais condizentes com a realidade estão no quadro da pg 281 do livro de introdução à economia do MANKIW. Termo Definição Descrição matemática Custos explícitos Custos que exigem desembolso de dinheiro pela - empresa. Custos implícitos Custos que não exigem desembolso de dinheiro - pela empresa. Custos fixos Custos que não variam com a quantidade CF produzida. Custos variáveis Custos que variam com a quantidade produzida. CV

Custo total O valor de mercado de todos os insumos que a CT=CF+CV empresa usa na produção. Custo fixo médio Custos fixos divididos pela quantidade CFM=CF/Q produzida. Custo variável médio Custos variáveis divididos pela quantidade CVM=CV/Q produzida. Custo total médio Custo total dividido pela quantidade produzida. CTM=CT/Q Custo marginal O aumento do custo total decorrente da CMg= CT/ Q produção de uma unidade adicional. Fonte: MANKIW (2007)