Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social Conselho Pleno



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Transcrição:

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social Conselho Pleno Documento: 152.936.398-2 Tipo do Processo: Benefício Unidade de Origem: Nº de Protocolo do Recurso: Recorrente(s): INSS Recorrido(s): Nilza Isabel do Prado Assunto/Espécie Benefício: Aposentadoria por Tempo de Contribuição Relator(a):Ana Cristina Evangelista RELATÓRIO Trata-se de Pedido de Uniformização de Jurisprudência, formalizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em razão do Acórdão nº 6296/2012, prolatado pela 4ª Câmara de Julgamento, que negou provimento ao seu Recurso Especial (fls.113/116 e 119). O referido acórdão reconheceu o direito da segurada, Senhora NILZA ISABEL DO PRADO, à aposentadoria por tempo de contribuição, na forma prevista no art. 188 do Regulamento da Previdência Social- RPS, aprovado pelo Decreto 3.048 de 06 de maio de 1999. Em 16/05/2011, a interessada requereu aposentadoria por tempo de contribuição pleiteando o enquadramento de períodos alegados como exercidos em condições especiais em exposição à agentes biológicos. Ainda em fase instrutória, foram apresentados Perfil Profissiográfico Previdenciário PPP dos períodos abaixo e Declarações emitidas pelos empregadores, fls.40/46: 01/12/1986 a 16/11/1994, alegada como laborada na atividade de Atendente de Enfermagem em exposição à risco material perfuro cortante, postura incorreta e acuidade visual e; 02/08/1995 a 12/05/2011, alegada como laborada na atividade de Técnica de Enfermagem em exposição à risco vírus, bactérias e produtos químicos (medicamentos) e informando responsável pelos registros ambientais e monitoração biológica a partir de 06/11/2007, Dr. Henrique Alberto O. Lippelt. 152.936.398-2 1

Declaração do Chefe de Departamento do Hospital da Fundação de Caridade de S. Lourenço informando que a segurada exerceu as mesmas funções do profissional de enfermagem, dentro e fora do setor cirúrgico, durante o período de 01/12/86 a 16/11/94 e de 02/08/95 até 2011; Nova declaração, emitida pelo Senhor Chefe de Departamento do Hospital da Fundação de Caridade de S. Lourenço, informando que desde 02/01/1999 o preenchimento do PPP é de responsabilidade do Dr. Henrique Alberto O. Lippelt; Declaração de que o referido médico está autorizado pela empresa a assinar o formulário PPP; Laudo Técnico de Insalubridade, fls. 47, assinado pelo Técnico de Segurança do Trabalho Senhor Luis Fernando Guimarães, em 12/05/10; O INSS enquadrou o período de 01/12/86 a 16/11/94 por categoria profissional, código 2.1.3 do Decreto 53.831/64. A SST - Seção de Saúde do Trabalhador enquadrou o período de 02/08/95 a 05/03/97 por exposição à agente nocivo, fl.56. A controvérsia persistiu sobre o período de 06/03/97 a 12/05/11, não enquadrado sob a justificativa de falta de previsão legal. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) indeferiu o pedido por falta de tempo de contribuição após o computo de 26 anos, 05 meses e 11 dias. A interessada interpôs Recurso Ordinário à Junta de Recursos (fls. 71/73), oportunidade em que descreveu suas atividades e reafirmou que foram comprovadas por meio do Laudo Técnico apresentado. Indagou sobre a inércia autárquica em realizar pesquisas no local para identificar os agentes nocivos e as razões pelas quais o médico perito estaria contrariando os peritos que trabalham no próprio Hospital São Lourenço. A 07ª Junta de Recursos/MG enquadrou o período de 06/03/97 a 12/05/2011 (código 3.0.1) e concedeu aposentadoria por tempo de contribuição proporcional, conforme acórdão nº 5008/2012. Às fls. 87 e 97 a SST - Seção de Saúde do Trabalhador emitiu novo pronunciamento ratificando a impossibilidade de enquadramento. Reiterou ainda, o argumento de que a segurada não teria exercido suas atividades em estabelecimento de saúde em contato, exclusivamente, com pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas ou manuseio de materiais contaminados. O INSS apresentou Recurso Especial às Câmaras de Julgamento invocando a competência da SST - Seção de Saúde do Trabalhador para análise 152.936.398-2 2

de especialidade de períodos laborais; reiterou os fundamentos técnicos do parecer pericial e que a matéria está pacificada no âmbito do CRPS. Nessa oportunidade, transcreveu o acórdão nº 8905/2011 proferido pela 1ª. Câmara de Julgamento. Conforme acórdão nº 6.296/2012, a 4ª Câmara de Julgamento negou provimento ao Recurso Especial do INSS (fls. 113/116), orientada pelas seguintes motivações: I após análise do Laudo Técnico foi observado que as atividades exercidas pela segurada pressupõem o contato com portadores de natureza infecto-contagiosa e/ou em contato com materiais contaminados; II que o entendimento da exposição permanente não implica na manutenção contínua da nocividade, a todo o momento, durante todo o tempo. Ainda que existam pequenos períodos de tempo durante a jornada de trabalho, em que não exista a exposição direta, sendo tal variação inerente a atividade, estará configurada a exposição permanente. Da argüição do Incidente de Uniformização de Jurisprudência apresentado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS): Ainda inconformado, o INSS argüiu incidente processual ensejador de necessária Uniformização de Jurisprudência, fl.119. Em suas alegações destacou, em síntese, que: I a 4ª Câmara de Julgamento não teria observado a necessidade de exposição ao agente biológico de forma exclusiva; que o enquadramento do período de 06/03/97 a 12/05/11 estaria em desacordo com o Código 3.0.0 do Anexo IV ao RPS; II que a atividade ensejadora de enquadramento deve ser exercida exclusivamente em ambiente insalubre; que os pareceres da SST - Seção de Saúde do Trabalhador foram contrários ao pleito; III que o acórdão estaria divergente das decisões proferidas nos Acórdãos nº 8.905/2011, nº 5.979/2010, nº 8.067/2012, prolatados pela 1ª, 2ª e 3ª Câmaras de Julgamento e; III que a divergência residiria na forma de comprovação da exposição habitual e permanente aos agentes biológicos, conforme tem decidido o CRPS. O Pedido foi submetido ao presidente da 4ª Câmara de Julgamento, que por sua vez, não reconheceu a divergência apontada entre seu acórdão e os 152.936.398-2 3

apresentados como acórdãos paradigmas, no tocante à habitualidade e permanência. Ressaltou que o Incidente de Uniformização tem requisito de admissibilidade restrito à matéria de direito, vedada as discussões fáticas; que no caso em questão, o INSS estaria provocando apenas a reapreciação da matéria, com a devolução integral à composição plenária do CRPS de toda a questão probatória, o que não encontra amparo legal e atenta contra a credibilidade institucional deste CRPS, fls.120/121. Conforme despacho de fls. 125/126, a Divisão de Assuntos Jurídicos determinou a abertura de prazo para que segurada exercesse seus direitos inerentes à ampla defesa e ao contraditório. A segurada, por meio de procurador, reiterou seu direito aos enquadramentos e decorrente manutenção do acórdão prolatado pela 4ª Câmara de Julgamento. Em atenção ao regramento estabelecido pelo Regimento Interno do CRPS, aprovado pela Portaria 548/GAB/MPS, de 13 de setembro de 2011, a matéria foi submetida ao Senhor Presidente do CRPS. Conforme fl.141, o Senhor Presidente determinou a instauração do procedimento de Uniformização de Jurisprudência, nos limites de sua competência. Ato contínuo, os autos foram distribuídos à presente relatora, representante do governo. É em síntese, o relatório. VOTO EMENTA: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ESPECIALIDADE DAS ATIVIDADES DESEMPENHADAS. 1. A DIVERGÊNCIA ENTRE O ACÓRDÃO OBJETO DO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO E O PARADIGMA DIZ RESPEITO A MATÉRIA FÁTICA, NÃO SUSCETÍVEL DE UNIFORMIZAÇÃO PELO CONSELHO PLENO. PEDIDO NÃO CONHECIDO. Da Divergência em Sede de Cognição Sumária 152.936.398-2 4

A Uniformização de Jurisprudência, em tese e incidentalmente no caso concreto, estão disciplinadas pelos artigos 15, 62 e 64 do Regimento Interno do CRPS, aprovado pela Portaria 548/GAB/MPS, de 13 de setembro de 2011, o qual transcreve parcialmente: Art. 15. Compete ao Conselho Pleno: (...) II - uniformizar, no caso concreto, as divergências jurisprudenciais entre as Juntas de Recursos nas matérias de sua alçada ou entre as Câmaras julgamento em sede de recurso especial, mediante a emissão de resolução. (...) Art. 62. A uniformização, em tese, da jurisprudência administrativa previdenciária poderá ser suscitada para encerrar divergência jurisprudencial administrativa ou para consolidar jurisprudência reiterada no âmbito do CRPS, mediante a edição de enunciados. (...) Art. 64. O Pedido de Uniformização de Jurisprudência poderá ser requerido em casos concretos, pelas partes do processo, dirigido ao Presidente do respectivo órgão julgador, nas seguintes hipóteses: I - quando houver divergência na interpretação em matéria de direito entre acórdãos de Câmaras de Julgamento do CRPS, em sede de recurso especial, ou entre estes e resoluções do Conselho Pleno; ou II - quando houver divergência na interpretação em matéria de direito entre acórdãos de Juntas de Recursos do CRPS, nas hipóteses de alçada exclusiva previstas no artigo 18 deste Regimento, ou entre estes e Resoluções do Conselho Pleno. 1º A divergência deverá ser demonstrada mediante a indicação do acórdão divergente, proferido nos últimos cinco anos, por outro órgão julgador, composição de julgamento, ou, ainda, por resolução do Conselho Pleno. 2º É de trinta dias o prazo para o requerimento do Pedido de Uniformização de Jurisprudência e para o oferecimento de contrarrazões, contados da data da ciência da decisão e da data da intimação do pedido, respectivamente. 3º Reconhecida em sede cognição sumária a existência da divergência pelo Presidente do órgão julgador, o processo será encaminhado ao Presidente do Conselho Pleno para que o pedido seja distribuído ao relator da matéria. 4º Do não recebimento do pedido de uniformização pela Presidência do órgão julgador, caberá recurso ao Presidente do CRPS, no prazo de trinta dias da ciência da decisão comprovada nos autos. 5º O pedido de uniformização poderá ser formulado pela parte uma única vez, tratando-se do mesmo caso concreto ou da mesma matéria examinada em tese, à luz do mesmo acórdão ou resolução indicados como paradigma. 152.936.398-2 5

6º O Conselho Pleno poderá pronunciar-se pelo não conhecimento do pedido de uniformização ou pelo seu conhecimento e seguintes conclusões: I - edição de Enunciado, com força normativa vinculante, quando houver aprovação da maioria absoluta de seus membros; II - edição de Resolução para o caso concreto, quando houver aprovação da maioria simples de seus membros; Dos requisitos de admissibilidade: Conforme normas transcritas, a admissibilidade do incidente de Uniformização de Jurisprudência está condicionado à comprovação de divergência de interpretação quanto à matéria de direito. A finalidade do Pleno é resguardar a correta aplicação da lei e do Regimento Interno do CRPS, de modo à uniformizar a jurisprudência e garantir segurança jurídica das decisões no âmbito do CRPS. Friso, não há previsão para acolhimento de incidente decorrente de divergência de interpretação fática. Em hipótese alguma, o Conselho Pleno, pode ser utilizado como terceira instância, onde o segurado ou a autarquia busquem reavaliar os julgados e fazer justiça conforme seus próprios interesses. Sem pretender adentrar ao mérito, verifico que a 4ª CaJ enquadrou o período de 06/03/97 a 12/05/11, laborado como Técnica de Enfermagem pela interessada, após exame probatório e verificação das condições delineadas no código 3.0.1 do Quadro anexo IV ao Decreto nº 2.172/97 e 3038/99, vejamos: Analisando o Laudo Técnico à fl. 47, observo que as atividades exercidas pela segurada pressupõem o contato com portadores de natureza infectocontagiosa e/ou em contato com materiais contaminados Cumpre salientar, que os acórdãos citados como paradigmas, sequer foram anexados aos presentes autos. Em sede de Recurso ao Presidente do CRPS, contra o indeferimento de seu Pedido de Uniformização, a autarquia resignou-se, precariamente, a transcrever trechos de legislação e frases soltas utilizadas nos julgados. 1ª. CaJ Acórdão 8.905/23011- processo 36994.000692/2011-59: Segundo dispõe o código 3.0.0 (agentes biológicos) do Anexo IV dos Decretos 2.172/97 e 3.048/99 a exposição aos agentes biológicos ocorre 152.936.398-2 6

unicamente nas atividades relacionadas no código 3.0.1 do referido anexo que são: micro organismos e PARASITAS INFECCIOSOS VIVOS E SUAS TOXINAS em: trabalhos em estabelecimentos de saúde em contato com pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas ou com manuseio de materiais contaminados; trabalhos em laboratórios infectados para tratamento ou para o preparo de soro, vacinas e outros produtos trabalhos em laboratórios de autópsia, de anatomia e anátomo-histologia; trabalho de exumação de corpos e manipulação de resíduos de animais deteriorados; trabalhos em galerias, fossas e tanques de esgoto; Esvaziamento de biodigestores; Coleta e industrialização do lixo; Pela descrição das atividades desempenhadas pela segurada nos PPP s apresentados, referentes ao período em tela, não ocorreu nenhuma das situações previstas na legislação pertinente, acima reproduzida, que enseje seu enquadramento como especial. Grifei 1ª. CaJ - Acórdão nº 5979, de 16/11/2010 - processo 36988.004265/2009-12: Analisando o período verificamos que, conforme informações do formulário PPP, não trata-se de áreas específicas de pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas e o manuseio não é exclusivamente de materiais provenientes dessas áreas, portanto período comum. Grifei 3ª CaJ - Acórdão nº 8067/2011 - processo 35132.001363/2010-21: Quanto a categoria da postulante é importante ressaltar, que o Anexo 14 da NR 15 aponta como insalubre os trabalhos e operações em contato permanente com pacientes em hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes não previamente esterilizados). O código 3.0.1 do Decreto 3.048/99 indica a possibilidade de enquadramento, por exposição a agentes biológicos somente de trabalhos em estabelecimentos de saúde em contato com pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas ou com manuseio de materiais contaminados podem ser enquadrados como especial. A descrição das atividades da segurada indica que havia atendimento dos mais variados tipos de doenças e pacientes. Eventualmente pode haver o 152.936.398-2 7

atendimento de pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas, mas essa não é a regra, não caracterizando a exposição permanente, como definido no art. 65 do Regulamento dos Benefícios da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999. Grifei 3ª CaJ Acórdão 10.453/2012 processo 35132.001127/2011-96 Desse modo, o período de 06/03/1997 a 13/05/2011 deverá ser computado como atividade comum, uma vez que não cabe o enquadramento no código 3.0.1 do Anexo IV dos Decretos n ºs 2.172/97 e 3.048/99 a exposição aos agentes biológicos só ocorrem através do trabalho em estabelecimentos de saúde em contato com pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas ou com manuseio de materiais contaminados. Grifo no original 1ª CaJ Acórdão 7.966/2011 processo 35132.001549/2010-81 Dessa forma, para a conversão do período no código 3.0.1, deveria haver o contato habitual e permanente aos agentes biológicos nos trabalhos em contato com pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas ou com manuseio de materiais contaminados. O requerente realizava consultas e atendimentos médicos, implementava ações para promoção de saúde, coordenava programas e serviços em saúde, efetuava perícias, auditorias e sindicâncias médicas. Portanto, não se mostra evidente que a exposição aos agentes biológicos se dava de forma habitual e permanente no decorrer de toda a jornada de trabalho. 3ª CaJ Acórdão 12695/2012 processo 35132.001231/2011-81 De acordo com as disposições contidas no Anexo 14 da NR 15, a indissociável vinculação entre o ambiente de trabalho e o agente, nesses casos, é reconhecida como os trabalhos ou operações, em contato permanente com pacientes em isolamento por doenças infecto contagiosas, aplicando, portanto, unicamente ao pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente esterilizados. Na hipótese dos autos, o Perfil Profissiográfico Previdenciário de fls. 23/24, não faz qualquer referência ao contato da interessada com tais pacientes ou ao manuseio dos citados materiais. Grifei 152.936.398-2 8

Ressalte-se que caso de exposição a agentes biológicos, a especialidade é reconhecida para aqueles que trabalham em estabelecimentos de saúde, em contato com pacientes portadores de doenças infecto contagiosas ou com manuseio de materiais contaminados (anexo IV, código 3.0.1). Esse é entendimento do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 2.172, de 1997, recepcionado pelo Decreto 3.048, de 1999. Pela leitura dos fragmentos acima, é possível constatar que não houve enquadramento por exposição à agentes biológicos nos acórdãos paradigmas. Contudo, a razão de convicção utilizada nos respectivos acórdãos nada tem haver com a forma de exposição ao referido agente. O não enquadramento decorreu de razões especificas após análise e valoração probatória dos Perfis Profissiográficos Previdenciários, apresentados em cada um dos processos. Embora a autarquia tenha apresentado Pedido de Uniformização de Jurisprudência, não demonstrou divergência de interpretação em matéria de direito. Ao que parece, a autarquia pretendeu reexame probatório utilizando-se de via equivocada para satisfazer sua pretensão atribuindo caráter protelatório à suas razões. Portanto, inobstante o Acórdão nº 6296/2012 (ora atacado) ter enquadrado o período de 1997/2011, o antagonismo não decorreu de divergência quanto à matéria de direito e sim por divergências factuais intrínsecas aos respectivos casos concretos. Por tais razões, proponho NÃO CONHECER DO PEDIDO DO INSS por falta de adequação à espécie prevista pelo art. 64 do Regimento Interno do CRPS, aprovado pela Portaria 548/GAB/MPS, de 13 de setembro de 2011. Ana Cristina Evangelista Representante do Governo 152.936.398-2 9

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social Conselho Pleno Decisório RESOLUÇÃO nº 23 /2014 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros do Conselho Pleno, por unanimidade, em NÃO CONHECER DO PEDIDO DO INSS, de acordo com o voto da Relatora e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento os (as) Conselheiros (as): Lívia Valéria Lino Gomes, André Rodrigues Veras, Paulo Sérgio de Carvalho Costa Ribeiro, Maria Madalena Silva Lima, Maria Cecília de Araujo, Geraldo Almir Arruda, Rafael Schmidt Waldrich, Nádia Cristina Paulo dos Santos Paiva, Edilânia Vieira da Costa, Maria Lúcia Missagia Mattos de Castro, Ionária Fernandes da Silva, Rodolfo Espinel Donadon, Maria Cecília Martins Lafetá e Ana Paula Fernandes. Brasília DF, 27 de novembro de 2014. Ana Cristina Evangelista Relatora Carlos Alexandre de Castro Mendonça Presidente 152.936.398-2 10