ISSN: 2236-0123 Saúde em Foco, Edição nº: 07, Mês / Ano: 09/2013, Páginas: 29-34



Documentos relacionados
Apresentação. O que significam os itens da Tabela de Informação Nutricional dos rótulos

ROTULAGEM DE ALIMENTOS

Anvisa - Alimentos - Informes Técnicos

O manipulador de alimentos tem que conferir todas as informações do rótulo?

O consumidor deve estar atento às informações do rótulo?

Light ou diet? O consumo de produtos diet e light cresceu em grande escala no mercado mundial. É visível

Profa Tânia Maria Leite da Silveira

DOCUMENTO DE REFERÊNCIA PARA GUIAS DE BOAS PRÁTICAS NUTRICIONAIS

A ROTULAGEM DE ALIMENTOS PROMOVENDO O CONTROLE SANITÁRIO E A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Regulação de Alimentos GARANTIA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL. CamPo E Na CidAde 5ª Conferência Nacional de. Segurança Alimentar e Nutricional

Convivendo bem com a doença renal. Guia de Nutrição e Diabetes Você é capaz, alimente-se bem!

Perspectivas legais de alegações de propriedades funcionais e ou de saúde

Comissão apresenta proposta sobre alegações nutricionais e de saúde para informar melhor os consumidores e harmonizar o mercado

COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA

JUSTIFICATIVA OBJETIV OS:

* Rótulos dos Alimentos. Equipe: Divair Doneda, Vanuska Lima, Clevi Rapkiewicz, Júlia S. Prates

VI CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM DIABETES DIETOTERAPIA ACADÊMICA LIGA DE DIABETES ÂNGELA MENDONÇA

Informe Técnico n. 67, de 1º de setembro de 2015.

Preferências alimentares individuais; Disponibilidade dos alimentos no mercado; Influência das propagandas no mercado, na televisão.

Nutrientes. E suas funções no organismo humano

Marcas e Publicidade e Mercado Ilegal de Produtos de Consumo

ALERTA AOS CONSUMIDORES: Fique atento com os suplementos alimentares!

Multivitamínicos Minerais. Regulamentação no Brasil

Manual de Rotulagem de Alimentos

CARACTERIZAÇÃO COMERCIAL DE MARGARINA, HALVARINA E CREME VEGETAL: PARÂMETROS DA LEGISLAÇÃO

ROTULAGEM DE ALIMENTOS

Tabela de Composição de Fenilalanina em Alimentos

1. O que é gordura trans?

RESOLUÇÃO - RDC Nº. 18, DE 27 DE ABRIL DE Dispõe sobre alimentos para atletas.

Regulamentação das águas no Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

OCORRÊNCIA DE PRODUTOS FORA DA VALIDADE EM GÔNDOLAS DE HIPERMERCADOS DA GRANDE SÃO PAULO - SP

Trabalho elaborado por: 5/29/2007 USF Valongo. Enf. Anabela Queirós

APOGOM. Compromissos da indústria alimentar sobre Alimentação, Actividade Física e Saúde

NOTA TÉCNICA SPEIS/VISA nº 02/2015

MITOS E VERDADES SOBRE ALIMENTOS E SAÚDE

Vida saudável. Dicas e possibilidades nos dias de hoje.

VI ENEL CAMPINA GRANDE Regulamento Técnico de Rotulagem de Produto de Origem Animal Embalado

RDC 60. Perguntas e Respostas. RDC nº 60, RDC 60 - PERGUNTAS E RESPOSTAS

COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE ATLETAS NO PRÉ TREINO DE UMA CIDADE DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO

PORTARIA N 29, DE 13 DE JANEIRO DE 1998

Rotulagem de alimentos embalados. Prof. Ismar Araújo de Moraes Departamento de fisiologia e Farmacologia da UFF Medico Veterinário S/SUBVISA-RIO

Questões relevantes levantadas pela Indústria

INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR A PRODUTOS ALIMENTARES GOURMET

Tipos de Diabetes e 10 Super Alimentos Para Controlar a Diabetes

A Importância dos Alimentos. Prof.: Andrey Oliveira Colégio Sete de Setembro Disciplina: Educação Física

Frutas e Hortaliças embaladas Aspectos Legais

Escola: Escola Municipal Rural Sucessão dos Moraes

Natural versus Artificial

PROJETO DE LEI N.º 4.316, DE 2012 (Do Sr. Eros Biondini)

Genéricos - Guia Básico. Autor: Cesar Roberto CRF-RJ: 7461

VOCÊ SABE O QUE ESTÁ COMENDO?

Pesquisa Nacional Fiesp/IBOPE sobre o Perfil do Consumo de Alimentos no Brasil

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Alimentação Saudável

TÍTULO: ROTULAGEM NUTRICIONAL: AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM ALIMENTOS DIET E LIGHT

Modelo para elaboração do Plano de Negócios

PROJETO. Denise de Oliveira Resende Gerente-Geral de Alimentos

ROTULAGEM NUTRICIONAL: VOCÊ

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador MARCELO CRIVELLA I RELATÓRIO

Compromisso da Mondelēz Brasil

ALIMENTOS PARA CÃES E GATOS VISÃO GERAL

Sugestão de Editorial

PORTARIA NORMATIVA Nº 2, DE 26 DE JANEIRO DE 2010

Panorama Nutricional da População da América Latina, Europa e Brasil. Maria Rita Marques de Oliveira

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

CURSO DE GASTRONOMIA Disciplina : matérias primas Conceito e Tipo de Matéria Prima

Nutrição. tica (SND) Disciplina:Nutrição para Enfermagem Curso: Enfermagem Semestre: 4º. Profa. Dra. Andréia Madruga de Oliveira Nutricionista

Promotores: 23 a 25 de fevereiro de 2012

Eliane Petean Arena Nutricionista - CRN Rua Conselheiro Antônio Prado 9-29 Higienópolis Bauru - SP Telefone : (14)

DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

Rotulagem dos alimentos: impacto do regulamento de informação ao consumidor Perspetiva da distribuição Reg. (UE) nº 1169/2011

REGULAMENTO TÉCNICO MERCOSUL DE PORÇÕES DE ALIMENTOS EMBALADOS PARA FINS DE ROTULAGEM NUTRICIONAL

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE Art. 2.º Para os efeitos desta lei, considera-se:

TEMA: Dieta enteral de soja para paciente portadora de doença de Alzheimer e de adenocarcinoma gástrico.

CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE TERCEIRIZAÇÃO PARA PRODUTOS FARMACÊUTICOS NO ÂMBITO DO MERCOSUL

Palavras-chave Rotulagem de alimentos, consumidores, supermercados, hipermercados

Ivo Bucaresky CONBRAFARMA. Diretor ANVISA. Agosto de 2015

O trabalho do CFN amplia o campo de atuação dos nutricionistas.

COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS DIABÉTICOS DE FLORIANÓPOLIS - SC

Jornal Oficial da União Europeia L 150/71

Profª Marília Varela

Unidade: GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO

ANÁLISE DOS INQUÉRITOS SOBRE OS HÁBITOS ALIMENTARES

FICHA TÉCNICA DO ALIMENTO

Histórico. O Outubro Rosaéum movimento popular dedicado a alertar as mulheres para a importância da prevenção e da detecção precoce do câncer de mama.

Análise Nutricional do Contador de Pontos (Carinhas)

25 Dicas Para Viver Com Menos Açúcar

RECOMENDAÇÃO Nº 05/2009

Para que serve o alimento?

5 Alimentos que Queimam Gordura IMPRIMIR PARA UMA MAIS FÁCIL CONSULTA

III Mostra Nacional de Produção em Saúde da Família IV Seminário Internacional de Atenção Primária/ Saúde da Família. Brasília, 08 de Agosto de 2008

Processo de Implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade

PORTARIA CRN-3 N. 262/2012

POLÍTICA DE DESCARTE DE MEDICAMENTOS NA FARMÁCIA ENSINO DO SAS

Atuação do Nutricionista no Desenvolvimento de Produtos Mais Saudáveis

Cursos e-learning sobre Composição de Alimentos

INTERATIVIDADE FINAL EDUCAÇÃO FÍSICA CONTEÚDO E HABILIDADES DINÂMICA LOCAL INTERATIVA AULA. Conteúdo: Treinamento e nutrição.

Por que sua organização deve implementar a ABR - Auditoria Baseada em Riscos

Transcrição:

ISSN: 2236-0123 Saúde em Foco, Edição nº: 07, Mês / Ano: 09/2013, Páginas: 29-34 AVALIAÇÃO DA ROTULAGEM DE BARRAS DE CEREAIS COM RELAÇÃO À ADEQUADA CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEOR DE FIBRAS ALIMENTARES Karime Elisandra Assunção Paulo¹, Samanta Cordeiro Silva², João Vitor Fornari 2, Anderson Senna Bernabe 2, Demetrius Paiva Arçari 2,3, Renato Ribeiro Nogueira Ferraz 4*. 1- Especialista em Segurança Alimentar e Qualidade dos Alimentos pela Universidade Gama Filho SP 2- Universidade Nove de Julho UNINOVE. Departamento de Saúde. 3- Centro Universitário Amparense UNIFIA. 4- Universidade Nove de Julho UNINOVE. Docente do Programa de Pós Graduação em Administração Gestão em Sistemas de Saúde. Resumo Introdução: As barras de cereais foram introduzidas há cerca de uma década como alternativa saudável de confeito, quando consumidores se mostraram interessados em saúde e dieta. Objetivo: Verificar em barras de cereais as quantidades de fibras alimentares, avaliando se são consideradas fonte de fibras ou enriquecidas por fibras. Resultados: Foram avaliadas quatro marcas de barras de cereais: A: 2,1 g de fibra alimentar (9%); B: 2,7 g de fibra alimentar (8%); C: 2,0 g de fibra alimentar (7%) e D: 1,8 g de fibra alimentar (9%). Com relação às marcas avaliadas, nenhuma atingiu as quantidades mínimas recomendadas: fonte de fibras (mínimo de 3 g de fibras / 100 g de alimento sólido) e alto teor de fibras (mínimo de 6 g de fibras / 100 g de alimento sólido), como são rotuladas em suas embalagens. Conclusão: As barras de cereais avaliadas não apresentavam rotulagem adequada à quantidade de fibras que continham. Este estudo sugere que os órgãos responsáveis devem exercer uma fiscalização mais rigorosa, a fim de garantir e proteger os direitos dos consumidores. Palavras-chave: Fibras alimentares; Barra de cereal; Dieta. *Renatoferraz@uninove.br Página 29

INTRODUÇÃO As barras de cereais foram introduzidas há cerca de uma década como uma alternativa saudável de confeito, quando consumidores se mostravam mais interessados em saúde e dietas (BOWER, 2000). Alternativa saudável às barras de chocolate, o produto foi direcionado no Brasil inicialmente aos adeptos de esportes radicais e, com o tempo, conquistou até executivos (LAJOLO, 2001). Neste contexto de mudanças alimentares, a importância das fibras na alimentação é parâmetro de uma alimentação saudável, pois indica que a alimentação é rica em alimentos vegetais integrais e relativamente pouco refinados e, por isso, rica em vitaminas, minerais e outros nutrientes (BRASIL, 2005). As barras de cereais são alimentos de fácil consumo, não requerem nenhum preparo e, durante muito tempo, seus valores nutritivos foram pouco enfatizados (ESTEVEZ, 1995). Os principais aspectos considerados na elaboração desse produto incluem a escolha do cereal, a seleção do carboidrato apropriado de forma a manter o equilíbrio entre o sabor e a vida de prateleira, o enriquecimento com vários nutrientes, e sua estabilidade no processamento. Também tem sido considerado importante o quesito valor nutricional, sendo preferidas aquelas com alto conteúdo de fibras e baixo teor, ou isentos, de gordura, porém com alto aporte energético (ESCOBAR, 1998). Os rótulos são elementos essenciais de comunicação entre produtos e consumidores, surgindo daí a importância da clareza e facilidade de compreensão das informações da rotulagem, podendo estas serem utilizadas para orientar a escolha adequada de alimentos. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA é o órgão responsável pela regulação da rotulagem de alimentos, estabelecendo as informações que um rótulo deve conter, visando à garantia de qualidade do produto e a saúde do consumidor. A escolha de alimentos saudáveis reduz o risco de certas doenças, como obesidade, diabetes, câncer e hipertensão. Hoje, o rótulo nutricional dos produtos comercializados no país já deve apresentar informações como o nome do produto e a lista de ingredientes em ordem decrescente de quantidade (isto é, o ingrediente que estiver em maior quantidade deve estar primeiramente disposto, e assim por diante), conteúdo líquido (quantidade ou volume que o produto apresenta), prazo de validade do produto (dia e mês para produtos com duração mínima menor de 3 meses, e mês e ano para produtos com duração superior a 3 meses), identificação da origem (identificação do país ou local de produção daquele produto), instrução para uso (quando necessário), dentre outros. No *Renatoferraz@uninove.br Página 30

caso de produtos importados, as informações acima devem estar em português. Em 21 de março de 2001, foi publicada a resolução que estabelece que todos os alimentos e bebidas embalados devem apresentar informação nutricional. Isso significa que, a partir de 21 de setembro de 2001, além de informações gerais, os fabricantes de alimentos foram obrigados a disponibilizar também informações com respeito ao valor calórico e as quantidades de carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, colesterol, fibra alimentar, cálcio, ferro e sódio (ANVISA, 2001). Com o mesmo objetivo de auxiliar o consumidor na escolha de seus alimentos, evitando que ele possa se enganar na hora da compra, foram regulamentadas algumas informações que os rótulos de alimentos não podem declarar. São elas palavras, sinais ou desenhos que possam tornar a informação do rótulo falsa, insuficiente, incompreensível ou que possam levar a um erro do consumidor; atribuir ao produto qualidades que não possam ser demonstradas; destacar a presença ou ausência de componentes que são próprios dos alimentos; declarar que leite, queijo ou iogurte são alimentos ricos em cálcio, pois todos estes alimentos são ricos em cálcio; declarar que óleo vegetal apresenta vitamina E, pois todos os óleos vegetais apresentam vitamina E; declarar que óleo vegetal não apresenta colesterol, pois todos os óleos vegetais não apresentam colesterol em sua composição; ressaltar em certos produtos a presença de alguma substância que é adicionada como ingrediente em todos os alimentos da fabricação semelhante; realçar qualidades que possam induzir a engano do consumidor com relação às propriedades terapêuticas verdadeiras ou supostas, que algum nutriente possa ter quando consumido em quantidades diferentes daquelas presente nos produtos; indicar que o alimento possui propriedades terapêuticas ou medicinais; e aconselhar o uso do produto para melhorar a saúde, para evitar doenças ou como ação curativa (ANVISA, 2001). As fibras são um tipo de carboidrato presente em muitos tipos de alimentos de origem vegetal, como frutas e hortaliças, pães integrais e outros. A presença delas na nossa alimentação é essencial. A ingestão de fibras diminui o risco de doenças do coração, câncer de intestino, diabetes e hemorróidas. Devemos consumir 30 gramas de fibras por dia. Para alcançar essa quantidade, a informação nutricional presente nos rótulos pode ser de grande ajuda. Em relação às fibras alimentares, para que o alimento pronto para o consumo seja considerado fonte de fibras deve conter mínimo de 3g de fibras em 100g de alimento sólido. Para ser considerado com alto teor de fibras deve conter no mínimo de 6g de fibras em 100g de alimento sólido (ANVISA, 2001). Perante o exposto, julgamos importante avaliar se barras de cereais disponíveis em *Renatoferraz@uninove.br Página 31

mercados atendem à regulamentação com relação ao teor de fibras, buscando identificar a veracidade das informações contidas em seus rótulos e, possivelmente, fornecer informações que possam nortear os programas de fiscalização dos órgãos responsáveis pela regulamentação dessas informações. individualmente, classificados e expostos em forma de tabela. A quantidade de marcas que se adequaram ao exposto bem como seu % relativo à amostra também foram considerados. Não foi permitida a divulgação de qualquer informação que pudesse identificar o produto ou o seu fabricante. OBJETIVO RESULTADOS O presente trabalho tem por objetivo avaliar a rotulagem de barras de cereais com relação à adequada classificação quanto ao teor de fibras alimentares. Neste trabalho foram avaliadas quatro marcas de barras de cereais de diferentes fabricantes. A Tabela 1 mostra os valores das fibras alimentares contidas nas mesmas: METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, prospectivo de abordagem quantitativa, realizado em um hipermercado da cidade de Mogi-Mirim - SP, no mês de Outubro 2011. Os objetos deste estudo constituíram-se de cinco marcas de barras de cereais de diferentes fabricantes, dos quais se observou o teor de fibras e a classificação proposta pelo fabricante. Para fins de classificação, foram consideradas como FONTE DE FIBRAS aquelas cuja quantidade de fibras era no mínimo de 3g de fibras em 100g de alimento sólido, e com ALTO TEOR DE FIBRAS foram consideradas as marcas com no mínimo de 6g de fibras em 100g de alimento sólido. Os valores de cada marca avaliada foram apresentados Tabela 1: Marca, peso e teor de fibras das barras avaliadas FABRICANTE PESO (g) FIBRAS (g) A 20 g 2,1 g 9 B 22 g 2,7 g 8 C 21 g 2,0 g 7 D 20 g 1,8 g 9 Importante ressaltar que, nenhuma das marcas avaliadas era realmente fonte, ou mesmo apresentava alto teor de fibras, conforme indicado na rotulagem. DISCUSSÃO A quantidade de fibras alimentares na alimentação é parâmetro de uma alimentação saudável, pois indica que a alimentação é rica em % *Renatoferraz@uninove.br Página 32

alimentos vegetais integrais e relativamente pouco refinado e, por isso, rica em vitaminas, minerais e outros nutrientes (BRASIL, 2005). De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para que o alimento pronto para o consumo seja considerado fonte de fibras, tem que possuir no mínimo de 3 g de fibras em 100 g de alimento sólido e para ser considerado com alto teor de fibras tem que possuir no mínimo de 6 g de fibras em 100 g de alimento sólido (ANVISA, 2001). Com relação às marcas avaliadas, nenhuma atingiu as quantidades mínimas recomendadas pelo órgão regulamentador. De acordo com o código do consumidor artigo 37, 1, CDC, o legislador proíbe a publicidade enganosa e a define como:... qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitária, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviço (SILVA, 2004). Sendo assim, o fato dos rótulos avaliados não conterem informações verídicas, constituí-se um crime contra o consumidor, previsto no código penal e possível de penalidades. O parágrafo primeiro do artigo 66 CDC, trata do patrocínio de oferta, ou seja, há uma norma de extensão que determina as mesmas penas para quem patrocinam a oferta, no caso três meses a um ano e multa (SILVA, 2004). Sendo as fibras alimentares um importante componente da dieta, mais especificamente indicadas para pacientes portadores de condições clínicas como constipação (prisão de ventre), câncer de intestino, diabetes e hemorróidas (ANVISA, 2001), esses indivíduos podem sofrer consequências diretamente relacionadas ao problema aqui exposto como, por exemplo, a prisão de ventre que, além do desconforto, pode provocar hemorroidas, problemas de pele e distúrbios intestinais, que certamente irão interferir no humor, na disposição e autoestima do indivíduo, já que os alimentos que contêm fibras funcionam como laxantes naturais (SALGADO, 2002). Formular adequadamente os rótulos dos alimentos constitui-se em uma obrigação dos fabricantes, que devem respeitar as legislações vigentes, respeitando assim os direitos dos consumidores. Os órgãos de fiscalização devem manter-se atentos ao problema aqui levantado. Embora este estudo tenha sido realizado com uma pequena amostra de produtos e identificado apenas uma inconformidade pontual, sugere-se a realização de novos estudos com um número maior de marcas de barras de cereais, além de outros produtos, especialmente aqueles que contêm fibras, a fim de verificar se os mesmos estão atendendo as recomendações impostas pela legislação. *Renatoferraz@uninove.br Página 33

CONCLUSÃO As marcas avaliadas nesse estudo não apresentaram quantidades significativas que as considerassem fonte ou com alto teor de fibras, como são rotuladas nas embalagens, ferindo os direitos dos consumidores. Sugerimos uma fiscalização mais rigorosa dos órgãos responsáveis, não apenas para o produto citado no estudo, mas para todos os produtos do seguimento alimentício, medida esta, que irá resguardar os direitos dos consumidores e punir os fabricantes que usam de má fé. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOWER, Juan Antony. Sensory characteristics and consumer linking for cereal bar snack foods. Journal of Sensory Studies, v.15, n.3, p. 327-345, 2000. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia Alimentar para a População Brasileira. Brasília, DF, 10p., 2005. ESTEVEZ, Ana Maria; VASQUEZ, E. Cereal and nut bars, nutricional quality and storage stability. Plant Foods for Human Nutrition, v. 47, n.4, p. 309-317, 1995. LAJOLO, Fernando Marcos et al. Fibra dietética in iberoamérica: tecnologia y salud-obtención, caracterización, efecto fisiológico y aplicación em alimentos. São Paulo: Varela, 2001. 469p. Alimentos/Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Universidade de Brasília: Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Universidade de Brasília, 2001. 56p. SILVA, Marcus. Artigo-monografia sobre o consumidor. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, 16, 29/02/2004 (Internet). Disponível em http: www.ambito-juridico.com.br SALGADO, Jocelem Mastrodi. Faça do Alimento o seu Medicamento. 6. ed. São Paulo: Madras, 2002. 120-121p. *Renatoferraz@uninove.br Página 34