Palavras-chave: Variabilidade cardíaca, hipotireoidismo, cão. Keywords: Heart rate variability, Hypothyroidism, dog.
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- Washington Weber Lima
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1 1 DIMINUIÇÃO DA VARIABILIDADE CARDÍACA PÓS-TRATAMENTO COM LEVOTIROXINA EM CADELA COM HIPOTIREOIDISMO DECREASE POST-TREATMENT OF CARDIAC VARIABILITY WITH LEVOTIROXIN IN DOG WITH HYPOTHYROIDISM Karen Denise da Silva Macambira BARBOSA 1, Jorge Luís de Souza NETO 1, Maressa Holanda DOS SANTOS 1, Leonardo Alves Rodrigues CABRAL 1, Joana Mazaro MARTINS 3, Danilo Galvão ROCHA 3, Paula Priscila Correia COSTA 4. 1 Médica (o) Veterinária, Fortaleza, Ceará. karendenisemacambira@gmail.com 2 Graduanda em Medicina veterinária, Faculdade Terra Nordeste, Caucaia, Ceará. 3 Mestrando em Farmacologia, Universidade Federal do Ceará 4 Professora de Clínica Médica de Pequenos Animais, Universidade Estadual do Ceará. Resumo: O hipotireoidismo é a doença endócrina mais comum em cães. Os sinais clínicos são variados e pode afetar diversos sistemas do organismo, inclusive o cardiovascular. A bradicardia é o sinal cardiovascular mais facilmente detectado. Outras alterações incluem: anormalidades na condução do estímulo eléctrico, na contractilidade miocárdica, na frequência cardíaca e na função diastólica. O objetivo deste trabalho foi avaliar o valor prognóstico da presença de manifestações clínicas, dos índices de variabilidade de frequência cardíaca (VFC) e das arritmias supraventriculares ou ventriculares registradas à monitorização eletrocardiográfica com Holter antes e após o tratamento com Levotiroxina sódica em um cão apresentando hipotireoidismo. Palavras-chave: Variabilidade cardíaca, hipotireoidismo, cão. Keywords: Heart rate variability, Hypothyroidism, dog. Introdução: O hipotireoidismo é uma afecção clínica endócrina causada por produção ou secreção ineficiente de hormônios tireoidianos. É a endocrinopatia mais frequentemente diagnosticada em cães nos Estados Unidos, com incidência entre 0.2% e 0,8% da população canina (PANCIERA, 2007). A doença ocorre mais frequentemente nos cães de idade mediana de raças de médio a grande porte, como Golden Retriever, miniatura, Dachshund, Cocker Spaniel e Doberman, Setter Irlandês, Schnauzer Airedale Terrier, não havendo predisposição sexual mas bastante observada em cadelas castradas Anais do 38º CBA, p.1367
2 2 (BIRCHARD e SHERDING, 1998). O diagnóstico baseia-se nos achados dos exames complementares, como hemograma completo e bioquímica sérica e dosagem dos hormônios tireoidianos em conjunto com o exame clínico. Os sinais clínicos comuns incluem letargia, ganho de peso, problemas dermatológicos recorrentes e alterações cardiovasculares. Em humanos, o envolvimento cardiovascular corresponde a 68,35% dos pacientes e incluem bradicardia sinusal, hipertensão diastólica, derrame pericárdico, dislipidemia, cardiomiopatia e insuficiência cardíaca congestiva (KOTOKEY et al., 2014). Em cães há poucos estudos, mas são relatados sinais de bradicardia, amplitude reduzida da onda P e R, e bloqueios átrio-ventriculares de primeiro e segundo grau (PANCIERA, 1994; SWINNEY E MALIK, 1998). A disfunção autonômica cardíaca pode se desenvolver em pacientes com deficiência clínica ou subclínica de hormônio tireoidiano, podendo contribuir para a morbidade cardiovascular. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC), através do Holter, são utilizadas para avaliar alterações nas funções autonómicas cardíacas e também utilizadas para fornecer estratificação de risco em doenças cardíacas e não cardíacas (CELIK et al., 2011). O objetivo desse estudo foi avaliar os parâmetros da variabilidade da frequência cardíaca em uma cadela com hipotireoidismo por meio da eletrocardiografia ambulatorial contínua Holter de 24 horas, a fim de identificar marcadores precoces de modificações na atividade elétrica cardíaca, e a influência autonômica no sistema cardiovascular nessa espécie antes e após a terapia de reposição do hormônio tireoidiano. Descrição do Caso Uma cadela Dálmata de 7 anos, previamente diagnosticada com hipotireoidismo conforme recomendado em literatura, foi encaminhada com histórico de letargia progressiva, ganho de peso, cansaço, tosse, intolerância ao exercício para acompanhamento cardíaco pré e pós tratamento de reposição hormonal através do Holter. O objetivo principal era a investigação por meio do estudo da variabilidade cardíaca da existência de desequilíbrio simpato-vagal, o que implicaria em riscos aumentados de surgimento de arritmias malignas. Ao exame físico, foi auscultado sopro sistólico II/IV no hemitórax esquerdo, além de ritmo bradicárdico. O Holter pré tratamento durou 23h59min, apresentando frequência cardíaca (FC) média de 78bpm. Foi Anais do 38º CBA, p.1368
3 3 detectada arritmia sinusal associada a bloqueio sinoatrial (BSA) de 2º grau e raros momentos de taquicardia sinusal, além de ocorrência de extrassístoles ventriculares prematuras plurifocais. Com a confirmação de diagnóstico de Hipotireoidismo Primário, lançou-se do tratamento com Levotiroxina na dose de 0,913 mg, BID. Após 150 dias do início do tratamento foi realizado um novo Holter, onde obteve os seguintes resultados: frequência média de 89 bpm, além da observação de 3 ectopias ventriculares isoladas e sem nenhuma arritmia supraventricular. As variáveis analisadas com o Holter antes e após o tratamento foram relacionadas ao domínio da frequência. Os componentes do domínio da frequência são: HF (High Frequency): variação de 0,15 a 0,4Hz que corresponde à modulação respiratória e é um indicador da atuação do nervo vago sobre o coração; LF (Low Frequency): variação entre 0,04 e 0,15Hz, decorrente da ação conjunta dos componentes parassimpático e simpático sobre o coração, com predominância do simpático; VLF (Very Low Frequency) e ULF (Ultra Low frequency): são índices menos utilizados por não ter explicação fisiológica bem estabelecida. No entanto, observou-se uma diminuição na variabilidade cardíaca, e uma alta variabilidade cardíaca está relacionada com uma boa adaptação, caracterizando indivíduos com um sistema nervoso autônomo eficiente, enquanto uma baixa variabilidade cardíaca está relacionada a uma adaptação baixa ou ineficiente, sendo um fator preditivo de mortalidade em humanos com infarto agudo do miocárdio. Os resultados são expressos na tabela 1, comparando o holter 1 ( pré tratamento) ao 2 ( pós tratamento). Tabela 1 - Valores da Variabilidade da Frequência Cardíaca no domínio da frequência do canino atendido com hipotireoidismo, Fortaleza/CE. Variáveis Holter 1 Holter 2 LF (nu) 32,16 67,50 HF (nu) 67,84 32,50 LF/HF 0,46 2,08 PT 5205, ,00 Anais do 38º CBA, p.1369
4 4 Discussão: O hipotireoidismo é uma doença endócrina comum e pode acometer o sistema cardiovascular (PANCIERA, 1994; SWINNEY & MALIK, 1998), e o presente relato descreve sua ocorrência em uma cadela dálmata de 7 anos, concordando com a literatura em relação à maior prevalência em raças grandes e de meia idade (BIRCHARD e SHERDING, 1998) As alterações clínicas indicaram insuficiência cardíaca esquerda inespecífica, com presença de alterações no ritmo como bradicardia e bloqueios atrioventriculares, que corroboram com os achados em literatura (PANCIERA, 1994; SWINNEY & MALIK, 1998). A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é um método simples e de grande valor para avaliar alterações nas funções autonómicas cardíacas e o possível aparecimento de arritmias malignas (CELIK et al., 2011). A observação de que a variável PT diminuiu após o tratamento representa uma menor variabilidade da frequência cardíaca, o que serve de alerta para um acompanhamento cardiológico mais prolongado e adequação da dose do medicamento, já que o mais comumente relatado é a melhora dos índices frente à terapia estipulada (CELIK et al., 2011). Conclusão: O hipotireoidismo pode ocasionar problemas cardíacos que prejudicam a sobrevida dos animais. A variabilidade cardíaca constitui uma ferramenta prática e de bastante valia para a investigação de desequilíbrio simpato-vagal, e possível surgimento de arritmias malignas decorrentes desta patologia. Apesar das consequências cardiovasculares e a investigação destas por meio do monitoramento holter em pacientes com hipotireoidismo serem bastante estudados na medicina humana, poucos casos são relatados na medicina veterinária, principalmente no Brasil. Para que possamos conhecer a real prevalência e suas consequências cardiovasculares do hipotireoidismo no Brasil e garantir diagnóstico mais precoce e preciso, são necessários mais trabalhos sobre o tema. Referências: BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R. G. Manual Saunders: Clínica de Pequenos Animais. 1. ed. São Paulo: Roca, 1998, 2072 p. Anais do 38º CBA, p.1370
5 5 CELIK, A.; AYTAN,.P; DURSUN, H.; KOC, F.; OZBEK, K.; SAGCAN, M.; KADI, H.; CEYHAN, K.; ONALAN, O.; ONRAT, E. Heart rate variability and heart rate turbulence in hypothyroidism before and after treatment. Annals of Noninvasive Electrocardiology, Nova Iorque, v.16, n.4, p , KOTOKEY, R.K; BEZ, N.; PURKAYASTHA,S.; CHALIHA, M.S. Study of cardiovascular manifestations in hypothyroidism. Indian Heart Journal, Índia, v. 66, n.2, p. 117, MAHAJAN, A.S.; LAL, R.; DHANWAL, D.K.; JAIN, A.K.; CHOWDHURY, V. Evaluation of autonomic functions in subclinical hypothyroid and hypothyroid patients. Indian Journal of Endocrinology and Metabolism, Índia, v. 17, n.3, p , PANCIERA, D. An echocardiographic and electrocardiographic study of cardiovascular function in hypothyroid dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, Nova Iorque, v. 205, n. 7, p , PANCIERA, D. L.; CAAR, A. P. Endocrinologia para o clínico de pequenos animais. 1. ed.. São Paulo: Roca, 2007, 200p. SWINNEY, R.; MALIK, R. Intermittent heart block in a lethargic dog. Australian Veterinary Journal, Austrália,v. 76, p , Anais do 38º CBA, p.1371
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