Documento assinado digitalmente, conforme MP n /2001, Lei n /2006 e Resolução n. 09/2008, do TJPR/OE. Página 1 de 8

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1 Certificado digitalmente por: LUIS CESAR DE PAULA ESPINDOLA AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº , DA VARA CÍVEL E DA FAZENDA PÚBLICA DO FORO REGIONAL DE PINHAIS DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - 18ª CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ NÚMERO UNIFICADO: AGRAVANTE : CAMINHO REAL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA. AGRAVADO : PAULO VICTOR JUNQUEIRA DA CUNHA RELATOR : DES. LUÍS ESPÍNDOLA AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS DE TERCEIROS. INDEFERIMENTO DO PEDIDO LIMINAR DE IMEDIATO CANCELAMENTO DA AVERBAÇÃO DA EXISTÊNCIA DA AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER (OUTORGA DE ESCRITURA DE DAÇÃO EM PAGAMENTO). MEDIDA DETERMINADA NOS AUTOS EM APENSO COM BASE NO PODER GERAL DE CAUTELA. ANOTAÇÃO QUE VISA APENAS CONFERIR PUBLICIDADE À LIDE, RESGUARDANDO INTERESSE DA PARTE EMBARGADA E DE TERCEIROS DE BOA-FÉ. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO À PARTE EMBARGANTE, ORA RECORRENTE, JÁ QUE A PROVIDÊNCIA NÃO GERA RESTRIÇÃO AO DIREITO DE PROPRIEDADE. PRECEDENTES. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Página 1 de 8

2 Agravo de Instrumento nº fl. 2 VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº , da Vara Cível e da Fazenda Pública do Foro Regional de Pinhais da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, em que é Agravante CAMINHO REAL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA. e Agravado PAULO VICTOR JUNQUEIRA DA CUNHA. ACORDAM os Excelentíssimos Senhores Desembargadores integrantes da Décima Oitava Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Paraná, por unanimidade de votos, em conhecer e negar provimento ao agravo, nos termos do voto do Relator. PARTICIPARAM do julgamento, além deste Relator, os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Péricles Bellusci de Batista Pereira, presidente com voto, e Vitor Roberto Silva. I - RELATÓRIO: Trata-se de recurso de agravo de instrumento interposto pelo embargante, Caminho Real Empreendimentos Imobiliários Ltda., em face da r. decisão prolatada nos autos de Embargos de Terceiros, nº , da Vara Cível de Pinhais, que indeferiu o pedido liminar formulado com o objetivo de se determinar o imediato levantamento da averbação da existência da ação ordinária de obrigação de fazer, nº , junto à matrícula nº , do CRI de Pinhais, por entender o Douto Juízo Singular que a ordem foi prolatada pelo Eg. Tribunal de Justiça, descabendo ao juízo se manifestar novamente a respeito, destacando, Página 2 de 8

3 Agravo de Instrumento nº fl. 3 outrossim, que a cessão de direitos juntada no mov. 1.6 referente ao imóvel objeto dos autos, revela uma complexa relação entre sociedades empresárias, todas geridas por Dirceu Ozimbro Pastre, que figura como parte na ação de obrigação de fazer, onde determinada a questionada averbação, e que é administrador da Embargante, e de sua sócia Mansão Empreendimentos. (decisão agravada de fls. 214/219-TJ) Em suas razões, o Agravante aduz que o pedido de averbação da ação ordinária ajuizada pelo réu, ora agravado, em face de AMF Urbanismo e Mansão Empreendimentos, à margem do imóvel matriculado sob o nº. 2471, atual nº , do CRI de Pinhais, recaiu sobre bem de sua propriedade, terceiro estranho àquela demanda, e por isso requer o levantamento de tal averbação. Assevera que a determinação da averbação no bojo do agravo de instrumento nº não impede a análise da liminar pleiteada pelo Agravante, especialmente porque o Tribunal não avaliou a possibilidade de permanência da anotação, inclusive porque a pretensão está restrita a porção do imóvel matriculado sob o nº (antiga matrícula ), e que irrelevante a consignada relação complexa entre as sociedades empresárias, ressaltando que o imóvel pertence a Agravante, pouco importando que seu administrador, seja também administrador da Mansão Empreendimentos, que é ré da ação ordinária ajuizada pelo ora Agravado. Defende a existência da probabilidade de seu direito, assim como o perigo de dano, pugnando pelo deferimento da antecipação dos efeitos Página 3 de 8

4 Agravo de Instrumento nº fl. 4 da tutela recursal, a fim de determinar o levantamento da averbação constante da matrícula do imóvel nº , do CRI de Pinhais, provendo o recurso ao final com a confirmação da liminar inicialmente deferida. Admitido o processamento do recurso, restou indeferido o pedido liminar - despacho inicial de fls. 241/242-TJ. na origem. Deixou-se de intimar a parte contrária, porque ainda não citado quo. Não vieram informações complementares do Douto Juízo a É a breve exposição. II - VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO: recurso merece ser conhecido. Presentes os pressupostos recursais de admissibilidade, o Da análise dos elementos probatórios existentes nos presentes autos, vislumbra-se que Paulo Victor Junqueira da Cunha, ora agravado, ajuizou ação de obrigação de fazer em face da também ora agravada AMF Urbanismo Ltda., visando compeli-la a assinatura de escritura pública de dação em pagamento sobre fração ideal do imóvel adquirido pela ora Agravante, em razão do Instrumento Particular de Confissão de Dívida e Dação em Página 4 de 8

5 Agravo de Instrumento nº fl. 5 Pagamento então firmado entre eles. No Agravo de Instrumento nº , com base no poder geral de cautela, restou concedido o registro da demanda (Obrigação de Fazer) na matrícula do imóvel em litígio, visando resguardar os interesses de eventuais terceiros de boa-fé. Caminho Real Empreendimentos Imobiliários Ltda., ora agravante, opôs embargos de terceiro contra as partes da Ação de Obrigação de Fazer, pleiteando liminarmente pelo cancelamento da referida averbação junto à matrícula do imóvel, pretensão esta indeferida pelo Juízo singular, objeto do presente instrumento. Em que pesem os argumentos, as razões de inconformismo não comportam acolhimento. É que, ainda que a Agravante seja terceira em relação aos autos da Ação de Obrigação de Fazer, de onde tirada a ordem de averbação da demanda à margem da matrícula de sua propriedade, é relevante que naquela ação, o dever de transferir fração do imóvel matriculado sob o nº , CRI de Pinhais, teria sido assumido pela empresa AMF Urbanismo, dirigida por Dirceu Ozimbro Pastre (f. 68-TJ), que também é administrador da Agravante, e administrador da sócia Mansão Empreendimentos, detentora de 75% das cotas sociais da Agravante. Nesta esteira, considerando que o registro da compra e venda Página 5 de 8

6 Agravo de Instrumento nº fl. 6 pela Agravante se deu em julho/2012, ou seja, após a cessão de direitos firmada pela AMF Urbanismo e suposta confissão de dívida, ambas assinadas em setembro/2011, não é possível descartar desde logo, eventual confusão originada pela mesma administração da ora terceira-agravante, e daquela que teria se obrigado na suposta confissão de dívida que é cobrada na Obrigação de Fazer. Outrossim, não se pode perder de vista que a determinação de averbação da existência da demanda junto à matrícula do imóvel é uma medida de natureza cautelar, que visa assegurar o direito da parte autora e resguardar terceiros de boa-fé, dando-se efeito ao princípio da publicidade. E foi deferida naqueles autos de obrigação de fazer por estarem presentes os requisitos necessários ao deferimento da medida com base no poder geral de cautela. Ademais, ao contrário do que quer fazer crer a Agravante, a mera anotação da existência da lide na matrícula do imóvel não importa em restrição ao direito de propriedade, nem indisponibilidade do bem, que continua a integrar o patrimônio do proprietário, podendo ser livremente alienado, permutado, incorporado etc. A rigor, a providência sequer é hábil a gerar prejuízo à agravante, porque não torna inalienável o bem, nem gera presunção de fraude em caso de nova alienação, conferindo apenas publicidade ao processo. Nesse sentido já se manifestou diversas vezes esta Corte: Página 6 de 8

7 Agravo de Instrumento nº fl. 7 AGRAVO DE INSTRUMENTO. MEDIDA CAUTELAR. AVERBAÇÃO DA EXISTÊNCIA DA AÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL OBJETO DA LIDE. PEDIDO DE CANCELAMENTO DA AVERBAÇÃO FORMULADO POR TERCEIRO INTERESSADO. PLEITO INDEFERIDO. DECISÃO MANTIDA. PODER GERAL DE CAUTELA. ART. 798, CPC. IMPOSSIBILIDADE DE ALIENAÇÃO DO IMÓVEL POR PREÇO VIL. RECURSO DESPROVIDO. (TJ/PR; 17ª C. Cível; AI nº ; Rel. Lauri Caetano da Silva; Unânime; J. 20/05/2015). AGRAVO DE INSTRUMENTO. COHAPAR. DECISÃO QUE DETERMINOU A AVERBAÇÃO DA EXISTÊNCIA DA AÇÃO JUDICIAL NA MATRÍCULA DO IMÓVEL OBJETO DO FEITO. POSSIBILIDADE. OBJETIVO DE DAR PUBLICIDADE A ATOS OU FATOS JURÍDICOS QUE POSSAM ALTERAR O REGISTRO IMOBILIÁRIO. RESGUARDO DO DIREITO DE TERCEIROS. INEXISTÊNCIA DO RISCO DE LESÃO À PARTE AGRAVANTE. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. (TJ/PR; 7ª C. Cível; AI nº ; Rel.: Victor Martim Batschke; Unânime; J ). Assim sendo, ao menos nesse momento inicial, é de ser mantida íntegra a r. decisão que indeferiu o pedido liminar de cancelamento da averbação da existência da demanda na matrícula do imóvel. Página 7 de 8

8 Agravo de Instrumento nº fl. 8 III - CONCLUSÃO: provimento ao recurso. Face ao exposto, voto no sentido de conhecer e negar Curitiba, 08 de fevereiro de [assinado digitalmente] DES. LUÍS ESPÍNDOLA Relator Página 8 de 8