SETOR SUCROALCOOLEIRO E A REGULAÇÃO DO ETANOL
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- Nicolas Olivares Lacerda
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1 SETOR SUCROALCOOLEIRO E A REGULAÇÃO DO ETANOL Antonio de Padua Rodrigues Presidente Interino da União da Indústria de Cana-de-açúcar São Paulo, 07 de agosto de 2012
2 ROTEIRO 1. Situação atual e margens do setor produtivo Evolução recente da produção Retração dos investimentos Custos e margens na produção Situação financeira das empresas 2. Regulação da produção e mercado de etanol 3. Perspectivas de longo prazo e retomada dos investimentos no setor sucroenergético Projeção de oferta e demanda de combustíveis Mandatos de longo prazo Matriz de combustíveis
3 EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL Desaceleração do crescimento Milhões ton neladas de cana /01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 e A moagem de cana-de-açúcar neste ano será similar aquela observada na safra 2008/2009 (quatro anos atrás) Fonte: UNICA e MAPA. Nota: * estimativa
4 EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE NOVAS UNIDADES PRODUTORAS NA REGIÃO CENTRO-SUL / / / / / / / /13* Até 2015 apenas 4 novas unidades produtoras deverão ser construídas. Não existem projetos previstos para início de operação após essa data Fonte: UNICA. Nota: 2012/13* - estimativa.
5 POR QUE HOUVE RETRAÇÃO NOS INVESTIMENTOS E QUEDA NO RITMO DE CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO? 1. Fatores conjunturais Econômicos/financeiros Crise financeira mundial em 2008 e preços pouco remuneradores promoveram maior endividamento das unidades, deslocamento dos investimentos para a compra de empresas em dificuldades e redução na taxa de replantio dos canaviais. Agronômicos/climáticos Problemas climáticos nas últimas três safras reduziram a produtividade agrícola da lavoura e o rendimento industrial (excesso de chuva em 2009, seca em 2010, florescimento e geada em 2011, etc). 2. Fatores estruturais Aumento nos custos de produção e teto virtual para o preço do etanol levaram à redução de margens do setor produtivo
6 PREÇOS DA GASOLINA NA REFINARIA 1,80 Preço de faturamento com impostos federais (CIDE e Pìs/Cofins) 1,60 1,40 Preço líquido recebido pela Petrobrás R$/litro 1,20 1,00 0, % 0,60 Enquanto os preços de bomba permaneceram estáveis, o preço líquido recebido pelas refinarias aumentou 26% via redução da tributação 0,40 0,20 0, Fonte: ANP. Elaboração: UNICA jul-12
7 AGRAVAMENTO DA CONDIÇÃO FINANCEIRA DO SETOR PRODUTIVO Unidades produtoras que interromperam suas atividades nos últimos anos unidades produtoras encerraram as suas operações no País Até jun/12 Fonte: UNICA.
8 AGRAVAMENTO DA CONDIÇÃO FINANCEIRA DO SETOR PRODUTIVO As 41 unidades que encerraram as suas atividades promoveram uma redução da capacidade de processamento de 32 milhões de toneladas de cana, com perda de 13 mil empregos diretos e outros 32 mil indiretos (somente indústria). Desde 2008, 37 unidades produtoras registraram pedido de recuperação judicial Nesse mesmo período, houve requerimento de falência para 9 unidades
9 AGRAVAMENTO DA CONDIÇÃO FINANCEIRA DO SETOR PRODUTIVO 1/6 das unidades em operação no setor possuem dívida superior a R$ 100/t de cana processada. No último ano, o faturamento médio por tonelada de cana foi de R$ 115/t de cana Portanto, nessas empresas a dívida é equivalente ao faturamento bruto Se esse cenário não for revertido, poderemos ter uma perda adicional de capacidade produtiva equivalente a 100 milhões de toneladas de cana nos próximos anos
10 ROTEIRO 1. Situação atual e margens do setor produtivo Evolução recente da produção Retração dos investimentos Custos e margens na produção Situação financeira das empresas 2. Regulação da produção e mercado de etanol 3. Perspectivas de longo prazo e retomada dos investimentos no setor sucroenergético Projeção de oferta e demanda de combustíveis Mandatos de longo prazo Matriz de combustíveis
11 REGULAÇÃO DO ETANOL COMBUSTÍVEL Lei Federal nº /2011 (Publicada em 19/09/2011 Origem: MP 532/2011). Alterou: (i) a Lei do Petróleo (Lei.9478/97) e (ii) a Lei do Abastecimento Nacional de Combustíveis (Lei 9.847/99). Novos Objetivos da Política Energética Nacional: 1. Incrementar a participação dos biocombustíveis na matriz energética nacional em bases econômicas, sociais e ambientais (desde 2005). 2. Incentivar a geração de energia elétrica a partir da biomassa. 3. Promover a competitividade no mercado internacional de biocombustíveis. 4. Atrair investimentos em infraestrutura para transporte e estocagem de biocombustíveis. 5. Fomentar a pesquisa e o desenvolvimento relacionados à energia renovável. 6. Mitigar as emissões de gases causadores de efeito estufa e de poluentes nos setores de energia e de transportes, inclusive com o uso de biocombustíveis.
12 REGULAÇÃO DO ETANOL COMBUSTÍVEL ESTOQUES MÍNIMOS E CONTRATOS DE FORNECIMENTO ( único do art. 8º da Lei 9.478/97): ANP pode exigir de agentes (combustíveis e biocombustíveis): (i) (ii) Manutenção de estoques mínimos instalações próprias ou de terceiros. Garantia e comprovação de capacidade de atendimento ao mercado, como, por exemplo, apresentação de contratos de fornecimento entre os agentes. Condições Necessárias: (i) Ênfase na garantia do abastecimento nacional de combustíveis; e (ii) Bases econômicas sustentáveis. Impossibilidade de imposição de obrigação de estocagem ou contratação sem instrumentos que as viabilizem economicamente.
13 PRINCIPAIS RESOLUÇÕES DA ANP, APÓS A MP 532: (I) COMERCIALIZAÇÂO DE ETANOL ANIDRO: RESOLUÇÃO ANP 67/2011. Etanol Anidro: é aquele com baixo teor de água (> 99%), adicionado na gasolina vendida nos postos, entre 18% a 25% (Hoje é 20%). Induz a contratação do fornecimento de etanol anidro entre produtor e distribuidor. Prazo: por pelo menos uma safra, até 30 de abril do ano seguinte. Contratação compatível: Até 1º de abril: contratação de 70% do volume comercializado pelo distribuidor no ano anterior. Até 1º de junho: contratação de 90% do volume comercializado pelo distribuidor no ano anterior. Distribuidora que não contratar: terá de demonstrar mensalmente estoque físico de anidro para adquirir gasolina.
14 PRINCIPAIS RESOLUÇÕES DA ANP, APÓS A MP 532: (I) COMERCIALIZAÇÂO DE ETANOL ANIDRO: RESOLUÇÃO ANP 67/2011 (CONT). PONTOS RELEVANTES SOBRE A CONTRATAÇÃO: Segurança para Contratos: Planejamento indispensável. Nível da Mistura (de 18% a 25%) deve ser definido antes do início da Safra (setembro ou outubro) e mantido inalterado durante a Safra. Volume a Contratar: Necessário o aperfeiçoamento do planejamento, de forma a compatibilizar o volume contratado com as necessidades da nova Safra (e não ser um percentual do volume da Safra encerrada). Atualização Periódica: a cada Safra, na medida em que são testadas as regras da Resolução, de forma a garantir máxima efetividade. Etanol Hidratado (vendido puro para o consumidor): Contratos são o melhor instrumento de garantia de produções e de abastecimento; importante a realização de estudos sobre normas indutoras de contratação de hidratado por longo prazo.
15 PRINCIPAIS RESOLUÇÕES DA ANP, APÓS A MP 532: (II) ESTOCAGEM DE ETANOL ANIDRO: RESOLUÇÃO ANP 67/2011 (CONT). INDÚSTRIAS DE ETANOL: Que não contratarem 90% do comercializado na safra anterior: 25% de estoque mantido em 31 de janeiro. Que contratarem 90% ou mais: 8% em 31 de março. DISTRIBUIDORES DE COMBUSTÍVEIS: Estoque em 31 de março: 15 dias da comercialização no mesmo mês do ano anterior.
16 PRINCIPAIS RESOLUÇÕES DA ANP, APÓS A MP 532: (III) RESOLUÇÃO EM ELABORAÇÃO: PRODUÇÃO DE ETANOL. i. Etanol: poderá ser originado de qualquer biomassa (cana, sorgo, arroz etc.). ii. iii. iv. Indústria Autorizada: Entre a fermentação e o carregamento de etanol. Projetos Novos: dependerão de autorização pela ANP, atendidos requisitos, tais como, a apresentação de projeto técnico e de licença ambiental. Projetos Antigos: 5 anos para adequação às novas regras. v. Tancagem Mínima: Suficiente para armazenar 1/3 da produção anual (pode ser compartilhada com indústrias do mesmo grupo). vi. Controle de Produção: Previsão de instalação de medidores de produção, conforme normas técnicas a serem expedidas pela ANP (já previsto em lei do PIS/Cofins). vii. Informações: Envio mensal de dados de produção/comercialização (Acompanhamento) e de estimativa de safra anualmente (Planejamento).
17 ROTEIRO 1. Situação atual e margens do setor produtivo Evolução recente da produção Retração dos investimentos Custos e margens na produção Situação financeira das empresas 2. Regulação da produção e mercado de etanol 3. Perspectivas de longo prazo e retomada dos investimentos no setor sucroenergético Projeção de oferta e demanda de combustíveis Mandatos de longo prazo Matriz de combustíveis
18 DEMANDA BRASILEIRA DE ETANOL CARBURANTE PROJETADA PELA EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA Valores em mil barris/dia ? Nº de novas usinas projetadas pela EPE Ano Novas usinas Se o cenário atual com baixo incentivo para investimento em novas unidades permanecer, a produção máxima de etanol carburante projetada para 2020 será muito inferior a demanda estimada pela EPE Fonte: UNICA e EPE (Plano Decenal de Expansão de Energia 2020). Nota: na estimativa de novas unidades, para 2012 e 2013 EPE considerou os projetos anunciados; para considerou a capacidade média de moagem das futuras unidades produtoras e os volumes incrementais de etanol necessários a cada ano para atendimento da demanda projetada.
19 DEMANDA POR COMBUSTÍVEIS EM 2021 Mil barris de ga asolina eq. dia Gap atualmente suprido por importação (aprox. 100 mil barris/dia ou 6 bilhões de litros) Projeção para o mercado de combustíveis do ciclo Otto Demanda ciclo Otto Gap futuro Como será suprido? 535 mil barris/dia ou 31 bilhões de litros Oferta atual de etanol Oferta projetada de GNV Produção atual de gasolina Oferta de etanol e de gasolina precisarão crescer para atender a demanda prevista Elaboração: UNICA. Nota: a oferta potencial de etanol pode sofrer pequenas variações de acordo com a proporção de etanol anidro e de hidratado no consumo total (esse valor poderá ser ajustado quando a oferta de gasolina for inserida no modelo); a conversão do volume anual para barris/dia foi obtida a partir da divisão do valor por 365; para a composição do cenário, assumiu-se que o volume produzido durante o ano safra é equivalente aquele disponível para consumo no ano civil; consumo total do ciclo Otto foi calculado a partir da seguinte equação: consumo ciclo Otto = consumo GNV + consumo de gasolina C + consumo de etanol hidratado * 0,7 ; para a conversão do volume de etanol hidratado em gasolina equivalente, foi utilizada a equivalência técnica de 70%.
20 PRODUTIVIDADE E PRODUÇÃO DE ETANOL POR HECTARE NA REGIÃO CENTRO-SUL litros de etanol/ha ,2 78,6 85,3 89,1 86,9 86,7 84, ,8 93,5 85, ,9 74, ton cana/ha * Litros de etanol/ha Produtividade (ton/ha) 0 Em 2020 espera-se que a produção de etanol atinja litros por hectare. Fonte: CTC e Unica. Elaboração: Unica.
21 Objetivos finais VISÃO DO FUTURO Plano Estratégico do Etanol e da Bioeletricidade da Cana 2012/ Cumprimento da meta de 30% de redução de CO 2 no País para energia 2. Participação na matriz energética, que hoje está em 15,7%, da energia total consumida 3. Participação do etanol na matriz de ciclo Otto, atualmente é 36%, mas já foi 50%. 4. Participação na oferta de eletricidade pela cogeração de cana-de-açúcar, incluindo retrofit, que hoje está em 3% Qual deverá ser a participação do etanol na matriz energética, no Ciclo Otto e na oferta de eletricidade em 2020?
22 MANDATOS DE PRAZO LONGO COMO INDUTORES DO INVESTIMENTO PRIVADO 1. Etanol anidro: De 18% a 25% (2012) De 25% a 30% (2020) a ser tecnicamente viabilizado e fixado anualmente até 30 de setembro do ano anterior em função da oferta prevista 2. Etanol hidratado: índices de participação anual na matriz do ciclo Otto 3. Contratação: estabelecimento de mecanismos de contratação que assegurem o suprimento de combustível sem sobressaltos (benchmarks avaliam energia elétrica, biodiesel) 4. Desenvolvimento de mercado futuros de etanol: aumento dos volumes transacionados
23 COMO RESTAURAR A COMPETITIVIDADE DO ETANOL? GAP DE COMPETITIVIDADE Business plan para usina state of the art indica que é necessário visão de longo prazo para o preço do etanol no mercado doméstico, parametrizado ao preço da gasolina no mercado internacional risco conhecido pelos investidores
24 CONSIDERAÇÕES FINAIS O papel da ANP não se encerra na regulação da produção e do mercado de etanol combustível A agência deve participar do planejamento estratégico e energético médio e longo prazos de No papel de agência reguladora é a detém os dados relevantes do setor para o planejamento (capacidade instalada, produção/comercialização anual etc.), bem como o domínio dos instrumentos regulatórios mais eficazes para a consecução do planejamento energético (juntamente com o EPE e o Ministério responsáveis).
25 Obrigado!
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