29º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: CONCEITO, MÉTODO E TÉCNICAS
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1 29º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: CONCEITO, MÉTODO E TÉCNICAS Área temática: Meio Ambiente Maurício Couto Polidori 1 Juliano Moreira Coimbra 2, Maurício Couto Polidori, Juliana Diel de Arruda 3, Luana Pavan Detoni 4 Palavras-chave: Plano Local de Habitação de Interesse Social, Santa Vitória do Palmar, Análise Multicritérios. Resumo O Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS) é um instrumento do Ministério das Cidades que objetiva promover o planejamento das ações no setor habitacional. O presente trabalho visa dar suporte à implantação do PLHIS no município de Santa Vitória do Palmar-RS, indicando os vazios urbanos mais próprios para ocupação com habitação de interesse social, através de análise multicritérios e análises espaciais em SIG; propondo cenários de futuro simulados com diferentes tipologias habitacionais, modeladas em ambiente virtual 3D. Introdução Segundo o Ministério das Cidades, o Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS) é um instrumento de implantação do sistema Nacional de Habitação (SNHIS), que objetiva promover o planejamento das ações do setor habitacional de forma a garantir o acesso à moradia digna, a expressão dos agentes sociais sobre a habitação de interesse social e a integração dos três níveis de governo. O processo de elaboração contempla três etapas: propostas metodológicas, diagnóstico do setor habitacional e estratégias de ação, que resultam em um conjunto de objetivos, metas, diretrizes e instrumentos de ação e intervenção para o setor habitacional. Este artigo pretende relatar o processo de escolha de terrenos adequados para a implantação do PLHIS em Santa Vitória do Palmar, município gaúcho localizado no extremo sul do Brasil, próximo à divisa com o Uruguai, levando em conta os estudos realizados a respeito da cidade e sua situação atual. Primeiramente, tomamos conhecimento do que se trata o PLHIS conceitualmente e como ele vem sendo posto em prática em outras cidades, pois o plano em questão é muito recente e requer consciência do que sugere e quais parâmetros devem ser seguidos. Em seguida, foram locados os vazios urbanos passíveis de serem ocupados com habitações de interesse social que contemplam condições para amparar a população que ali vai se formar. 1 Arquiteto e Urbanista, Doutor em Ecologia, Docente do departamento de Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAUrb) Universidade Federal de Pelotas (UFPel). mauricio.polidori@terra.com.br. 2 FAUrb-UFPel. Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo, 6º semestre. 3 FAUrb-UFPel. Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo, 10º semestre. 4 FAUrb-UFPel. Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo, 6º semestre.
2 Para avaliar essas glebas, foi utilizado o método de análise multicritérios, conferindo pesos diferenciados a um conjunto de critérios e quantificando benefícios e necessidades básicas, ordenando as glebas de acordo com suas potencialidades e possibilitando o conhecimento da situação local. Estudantes de arquitetura foram entrevistados para avaliarem as glebas locadas, que por notas retrataram a importância de cada critério em questão. Com as glebas avaliadas, tipologias habitacionais genéricas foram lançadas de acordo com o PLHIS, modeladas em ambiente virtual 3D no software Google SketchUp, construindo cenários para a visualização do produto e finalização do projeto. Metodologia Buscando avaliar os vazios urbanos de Santa Vitória do Palmar, levando em consideração os mais diferentes fatores como, por exemplo, proximidade à equipamentos urbanos, infraestrutura urbana local, tamanho do lote, entre outros, foi utilizada a análise multicritérios. Esta ferramenta é o conjunto de métodos e técnicas que servem para ajudar o decisor a controlar os dados que são complexos, em direção à melhor estratégia. Além de melhorar a transparência do processo de decisão, define, precisa e coloca em evidência a responsabilidade do decisor (Soares, 2003). Como complementação fundamental, utilizou-se banco de dados em SIG (Sistema de Informações Geográficas) do município, representado em diversos mapas, incluindo o de vazios urbanos, levantado por turmas da disciplina de Projeto Arquitetônico e Urbanístico IX da Faculdade de Arquitetura, FAUrb-UFPel. Primeiramente, cada lote sem uso dentro da área urbana do município foi listado e nomeado por um código. Em seguida, com base no banco de dados, foi atribuída uma nota representando o desempenho do lote em relação a cada um dos quesitos considerados. São estes: a) Infraestrutura: abastecimento de água, sistema de esgoto, energia elétrica, pavimentação, iluminação pública, sistema de lixo urbano, comunicação, arborização; b) distância de equipamentos: postos policiais, postos de saúde, escola de ensino fundamental, escola de ensino médio, escola de ensino superior, área de lazer, acesso dos bombeiros, transporte escolar; c) ambiente natural: áreas alagadiças, vegetação; d) morfologia urbana: gabarito viário, tecido urbano, dimensões, e hierarquia viária. A especificação dos pesos dos critérios se deu por grau de importância, como na tabela abaixo Tabela 1 - Graus de importância utilizados na avaliação Fonte - Autor A partir destes dados foi realizada a análise pareada, que consiste na avaliação par a par de critérios, onde todos os critérios são avaliados uns com os outros, e entre seus grupos. Alunos e professores da FAUrb preencheram as tabelas utilizadas no processo, atribuindo os valores do grau de importância, avaliando par a par cada critério dentro do seu grupo e par a par entre os grupos também. Com esses valores foi
3 estabelecida uma média aritmética e mesclado esse resultado com a avaliação feita de cada gleba. Notas de 1, 3, 6 e 9 foram atribuídas, representando maior ou menor desempenho em cada item. Tabela 2 - Resultado da opinião dos entrevistados (médias) Fonte - Autor As tabelas aplicadas aos entrevistados contêm os critérios propostos a avaliar os vazios urbanos (Tabela 2). Os critérios considerados foram listados de acordo com itens básicos, tais como a presença de água potável, energia elétrica, proximidade de equipamentos urbanos como escolas, creches, postos de saúde, a localização em uma área urbanizada, se inserida na malha urbana, tamanho da gleba, hierarquia viária, ou mesmo fatores do grupo ambiente natural que são a localização em áreas alagadiças ou de vegetação. Com o preenchimento dessas tabelas pelos potenciais entrevistados, a cada critério avaliado, o terreno ganha um peso proporcional entre os outros, de modo que os mais altos são melhores e seguindo esse raciocínio o terreno mais bem avaliado é o melhor. Tabela 3 - Pontuação final atribuída a cada vazio urbano Fonte: Autor
4 Figura 1 - Posição do lote "S" na malha urbana Dentre as áreas avaliadas, várias glebas obtiveram resultados próximos (Tabela 3). Assim, foi possível identificar que as áreas com desempenhos muito próximos podem ser agregadas, formando agrupamentos por áreas maiores e criando regiões. Apesar disso, para efeito de um resultado final, pode ser assumido que a gleba de maior nota está codificada como letra S, pois se mostrou com mais atribuições perante as outras (Figura 1 - Posição do lote "S" na malha urbana). Feito os estudos pertinentes para ter conhecimento dos vazios urbanos mais qualificados para a implantação do PLHIS e tendo o terreno chamado S como o expoente mais destacado, o trabalho avançou para a simulação de diferentes cenários possíveis, utilizando-se de três tipologias habitacionais bem conhecidas: residência unifamiliar solta no lote (Figura 2), casas geminadas (Figura 3) e habitação multifamiliar de quatro pavimentos (Figura 4). O terreno S. Localiza-se entre as ruas Barão do Rio Branco, Dr. Francisco Oswaldo Anselmi e Conde de Porto Alegre. Possui por dimensões 44,02m de largura por 118,81m de comprimento, e área total de 5229,80m². Tabela 4 Exemplo de estudo padrão aplicado na primeira simulação CENÁRIO 1 RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR ISOLADA NO LOTE Número de unidades 24 Número de pavimentos 1 Área por unidade 42m² Área do terreno 218m² Área total construída 1008m² Área livre 4224m² Fonte: Autor
5 Figura 2 Primeira simulação com residências unifamiliares Figura 3 - Simulação com casas geminadas Figura 4 - Implantação de residência multifamiliar de quatro pavimentos
6 Conclusões Levando em conta a iniciativa do PLHIS e as características locais de Santa Vitória do Palmar, podemos afirmar que o município além de deter espaço físico e condições de receber o plano, está apto a desenvolver o projeto em questão. O método empregado de análise multicritérios foi o que possibilitou a avaliação das glebas selecionadas e definiu por meio de matrizes matemáticas os resultados dos critérios e assim o ranking pretendido. Com base nos estudos realizados, chegamos à conclusão que das glebas avaliadas, duas delas apresentaram os melhores desempenhos por dispor de maior oferta de requisitos básicos para abrigar tal plano. Assim, com as glebas avaliadas e ordenadas, a S de maior desempenho foi testada com tipologias habitacionais em diversos casos e demonstrou resultado positivo ao gerar números e imagens dos modelos virtuais que podem servir como base para os órgãos públicos competentes na implantação do Plano Local de Habitação de Interesse Social para o município de Santa Vitória do Palmar. Referências SOARES, Sebastião Roberto. Análise multicritério como instrumento de gestão ambiental. UFSC Centro Tecnológico Departamento de engenharia sanitária e ambiental. Florianópolis, COSTA, Marcela da Silva. Mobilidade urbana sustentável: um estudo comparativo e as bases de um sistema de gestão para Brasil e Portugal p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Paulo, SOUZA, Angela Gordilho. Aprendendo com a cidade. Universidade Federal da Bahia. Salvador, ROCHA, Silvio J. J. Tipologias habitacionais populares, forma e custo construtivo estudos comparativos entre casa em fitas e casas em centro de lote Disponível em: < Acesso em 28 de novembro de TORALLES, Christiano. Revista Projectare. v. 2, n. 2, p Ed: Pelotas Ufpel. Primavera, JANNUZZI, Paulo de Martino. Construção de Indicadores e mapas de pobreza e riqueza nos municípios brasileiros Universidade de Brasília. Brasília, Plano Local de Interesse Social - PLHIS. Disponível em: < Acesso: 11 de maio de 2009.
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