O DIREITO À CIDADE, AS DESIGUALDADES URBANAS E O ACESSO A TERRA
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- Alfredo Camarinho Cabral
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1 PROGRAMA DE FORMAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E O DIREITO À CIDADE Unidade: Política Habitacional e o Direito à Moradia Digna Curso de Capacitação e Formação para a Elaboração, Monitoramento e Acompanhamento do Plano Local de Habitação de Interesse Social Rio de Janeiro O DIREITO À CIDADE, AS DESIGUALDADES URBANAS E O ACESSO A TERRA Adauto Lucio Cardoso IPPUR/UFRJ Observatório das Metrópoles
2 Direito à Moradia e Direito à Cidade Conferência Internacional do Habitat (1996) a completa e progressiva realização do direito à moradia adequada Constituição Federal Moradia incluída dentre os direitos sociais Função social da cidade e da propriedade Estatuto da Cidade (Lei ): Direito a cidades sustentáveis Lei do Sistema e do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (Lei ): MORADIA DIGNA COMO VETOR DE INCLUSÃO SOCIAL
3 O QUE É MORADIA DIGNA? O QUE É MORADIA ADEQUADA?
4 Moradia Digna? CORTIÇO, 1906
5 Moradia Digna? CORTIÇO, 1906
6 Moradia Digna? FAVELA, 1914
7
8 Moradia Digna? REMOÇÃO DE FAVELAS, VILA KENNEDY, CIDADE DE DEUS, ANOS 50 E 60
9 SE ISSO NÃO É MORADIA DIGNA, COMO PODEMOS DEFINIR O QUE SEJA?
10 MORADIA DIGNA 3 Dimensões Básicas: Segurança Conforto Acessibilidade
11 SEGURANÇA Segurança física: Estabilidade da Construção - sem riscos de desabamento, incêndio, etc. Salubridade da construção e dos ambientes (ambiente não gerador de doenças) Localização fora de áreas de risco Segurança de posse: Situação jurídica do título do terreno Regularidade urbanística (adequação ás leis municipais) Segurança contra a violência: Do Estado Do crime (tráfico de drogas, milícias, etc.)
12 CONFORTO Dimensões adequadas ao tamanho da família Condições térmicas e acústicas Iluminação e ventilação naturais Ausência de problemas construtivos (vazamentos, áreas de inundação, etc.) Privacidade Flexibilidade - Capacidade de adaptação às mudanças nas necessidades das famílias Diversidade tipológica e estética (evitar o efeito pombal )
13 ACESSIBILIDADE ENTORNO IMEDIATO RELAÇÃO COM A CIDADE A moradia não pode ser pensada isoladamente do seu entorno (loteamento, conjunto, comunidade, bairro) e da sua relação com a cidade (localização em áreas centrais e meios de transporte adequados para ter acesso às áreas centrais)
14 MORADIA DIGNA Localização - Acesso a: Oportunidades de trabalho e renda Transportes Comércio e Serviços Serviços públicos (Educação, saúde, etc.) Lazer e cultura Infraestrutura (saneamento, energia, pavimentação, iluminação pública, etc.) Redes sociais e de vizinhança Acesso à moradia com dimensionamento adequado à circulação de veículos (ambulância, lixo), sem obstáculos (escadas, becos) para a locomoção a pé.
15 Meu Pombal, Minha Vida
16 Minha Casa Minha Vida Cadê a cidade?
17 Minha Casa Minha Vida Cadê a cidade?
18 Por que não se consegue produzir moradia popular que garanta minimamente critérios dignos ou adequados?
19 O argumento que se repete é sempre o custo - ou seja, dizem que construir casas é caro e para fazer mais é preciso reduzir os custos.
20 Reduzir os custos significaria, então, reduzir a qualidade e produzir moradia indigna e inadequada?
21 Mas, por que a moradia é cara? O QUE DETERMINA ESSE CUSTO?
22 Custo da Moradia Custo da Terra - proprietário Custo da Obra e custos relacionados: Projeto Material Mão de Obra Comercialização = 5% do valor comercializado Lucro do construtor = 15 a 20% do custo da obra Lucro do incorporador = (Valor de Vendas - Custo total), representado como um percentual sobre o valor da terra. Auto gestão(ou gestão pública) sem lucro de incorporação
23 Produção da Moradia Gargalos Financiamento a longo prazo da aquisição da moradia, com taxa de juros baixa e recursos não onerosos para subsídios Terra urbanizada (Em alguns lugares e em algumas conjunturas custo e disponibilidade de materiais e custo e disponibilidade de mão de obra)
24 Produção da Moradia Financiamento e subsídios Financiamento a longo prazo com taxa de juros baixa Caderneta de Poupança e FGTS (criado na época do BNH e continuando em vigor) Recursos não onerosos para subsídios viabilizados hoje através do FNHIS, Fundos estaduais e municipais, Minha Casa Minha Vida recursos extraordinários do FGTS (desde 2005)
25 Produção da moradia PROBLEMA NÃO RESOLVIDO: TERRA
26 Terra urbana MERCADORIA DIFERENTE : SE VALORIZA SEM O INVESTIMENTO DIRETO DO PROPRIETÁRIO
27 FATORES DE VALORIZAÇÃO DA TERRA INVESTIMENTO PÚBLICO NAS PROXIMIDADES (PAVIMENTAÇÃO REDE DE ÁGUA, ESGOTO, LUZ, ETC.) EQUIPAMENTOS PÚBLICOS NO ENTORNO (ESCOLAS, POSTOS DE SAÚDE, ETC.) EQUIPAMENTOS COMERCIAIS NO ENTORNO ACESSO A MEIOS DE TRANSPORTE ACESSO A AMENIDADES (PRAIA, PRAÇAS, ÁREAS DE LAZER, ETC.) MUDANÇAS NA LEI TRANSFORMANDO O USO (RESIDENCIAL PARA COMERCIAL, POR EXEMPLO) OU AUMENTANDO A DENSIDADE (DE 1 PARA 10 PAVIMENTOS, POR EXEMPLO)
28 Terra e Especulação QUAL DEVE SER O COMPORTAMENTO DO PROPRIETÁRIO QUE QUER QUE A SUA TERRA VALORIZE? ESPERA A VALORIZAÇÃO, DEIXANDO A TERRA VAZIA (NÃO UTILIZADA, SUB-UTILIZADA) ENQUANTO O ENTORNO VAI SENDO OCUPADO PRESSIONA O PODER PÚBLICO (PREFEITURA, CÂMARA DE VEREADORES) PARA QUE HAJA INVESTIMENTO PÚBLICO NAS PROXIMIDADES DO SEU TERRENO
29 Terra e Especulação Essas características da mercadoria terra fazem com que, quando há recursos financeiros para investimentos em habitação, o preço da terra suba e a moradia fique mais cara. Esses recursos acabam indo para o bolso dos proprietários. Por isso, a Constituição Federal criou e o Estatuto da Cidade regulamentou a Função Social da Propriedade
30 FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE CONTROLE DA ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA REGULARIZAÇÃO DA POSSE DA TERRA: USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA (TERRAS PRIVADAS) CONCESSÃO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA (TERRAS PÚBLICAS)
31 CONTROLE DA ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA INSTRUMENTOS (USO SUCESSIVO) PARCELAMENTO / EDIFICAÇÃO COMPULSÓRIOS (2 ANOS) IPTU PROGRESSIVO (3 ANOS) DESAPROPRIAÇÃO COM PAGAMENTO EM TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA
32 ESTATUTO DA CIDADE NOVOS INSTRUMENTOS PARA CONTROLE DA ESPECULAÇÃO E PARA A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA: ÁREAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL: PERMITE DEFINIR UM USO SOCIAL PARA AS ÁREAS OCUPADAS E PARA AS TERRAS NÃO UTILIZADAS OU SUB UTILIZADAS
33 PLANO DIRETOR DEVE DELIMITAR AS ÁREAS EM QUE SERÃO USADOS OS INSTRUMENTOS DE CONTROLE DA ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA DEVE SER ELABORADO COM PARTICIPAÇÃO POPULAR, A PARTIR DE UM DIAGNÓSTICO QUE IDENTIFIQUE (ENTRE OUTRAS COISAS) AS NECESSIDADES HABITACIONAIS DA POPULAÇÃO E AS ÁREAS NÃO UTILIZADAS OU SUBUTILIZADAS PARA VIABILIZAR PROGRAMAS HABITACIONAIS QUE POSSIBILITEM REDUZIR O CUSTO DE PRODUÇÃO DA MORADIA, SEM REDUZIR A SUA QUALIDADE
34 PLANO DIRETOR DEVE DELIMITAR AS ÁREAS EM QUE SERÃO USADOS OS INSTRUMENTOS DE CONTROLE DA ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA DEVE SER ELABORADO COM PARTICIPAÇÃO POPULAR, A PARTIR DE UM DIAGNÓSTICO QUE IDENTIFIQUE (ENTRE OUTRAS COISAS) AS NECESSIDADES HABITACIONAIS DA POPULAÇÃO E AS ÁREAS NÃO UTILIZADAS OU SUBUTILIZADAS
35 E o que aconteceu com o Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro? NADA DISSO FOI REGULAMENTADO
36 PLANO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL(PMHIS) Nova trincheira de luta para que se consiga instituir princípios, estratégias, políticas e programas que viabilizem a MORADIA DIGNA
37 Existem outras possibilidades...
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