Caso prático: Um contrato de desempenho energético num hotel de cinco estrelas. pág. 22
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1 Caso prático: Um contrato de desempenho energético num hotel de cinco estrelas. pág. 22
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3 Corínthía Hotel Lisbon "Energy Performance Contracting" num hotel de cinco estrelas 0 Corinthia Hotel Lisbon quer ser mais eficiente e diminuir a sua dependência energética. A Galp Soluções de Energia e o ISQ Energia responderam com a implementação de um contrato de desempenho energético e convidaram a nossa revista a seguir o processo, 0 objectivo é dar a connecer todas as fases deste projecto onde a solução é a aplicação de um contrato de performance energética. Sendo o maior hotel de cinco estrelas em Lisboa, o Corinthia Hotel Lisbon (CHL) deparou-se, inevitavelmente, com os elevados custos de energia. Com 518 quartos, o hotel apresentava elevados consumos energéticos que o expunham ao risco de enfrentar as consequências de um aumento exponencial do preço da energia e à volatilidade do mercado energético. A isso, refere Pedro Ferreira, director regional de Engenharia do CHL, juntou-se "a pressão económica para uma maior eficiência energética e a questão do impacto ambiental" que levaram o hotel a desenvolver um "projecto que permitisse não só estar em conformidade com as Directivas Europeias em matéria ambiental como controlar os custos de energia". A solução surgiu nas empresas de serviços energéticos (ESE), com a implementação de um contrato de desempenho energético (EPC nas siglas em inglês), com base no qual se vão aplicar medidas que permitam ao CHL gerir e reduzir mais de 20% do consumo energético e ainda produzir a sua própria energia. O desafio foi apresentado ao mercado e, depois de seis meses, de reuniões, discussões de projecto e apresentação de propostas, a Galp Soluções de Energia foi a escolhida. "Porque apresentaram as melhores soluções técnicas e pelo seu envolvimento para com este projecto inovador na hotelaria em Portugal", refere Pedro Ferreira. Para este projecto, a equipa da Galp Soluções de Energia conta com o apoio técnico do ISQ tnergia. Do lado do CHI, Pedro Ferreira é quem assume o comando. Para o responsável, serão dois os grandes benefícios deste projecto: reduzir o consumo de energia, por via da optimização da eficiência energética, e a produção de energia de forma autónoma e com recurso a fontes renováveis. O objectivo é "criar uma identidade que seja uma referência na utilização eficiente de energia e respectiva produção autónoma, nomeadamente, através de fontes renováveis", explicam os especialistas do ISQ Fnergia. UM CASO PIONEIRO EM PORTUGAL No nosso país, os contratos de desempenho energético não são ainda muito comuns, havendo até uma grande indefinição sobre as melhores formas para a sua aplicação, que é particularmente evidente no programa Eco.AP para os edifícios da Administração Pública (ver pág. 6). "A celebração de um contrato onde o investimento nas medidas de eficiência energética é realizado pela ESE e onde o retorno desse investimento é feito com base na energia não consumida, isto é, na energia poupada pela implementação daquelas medidas, terá de ter como suporte um estudo técnico sólido que garanta que, durante a exploração do contrato, não haja dúvidas relativamente às reais poupanças geradas por aquele investimento", considera Jorge Borges de Araújo, director-geral do ISQ Energia. A hotelaria é um dos sectores promissores para o mercado das ESE, com potenciais de poupança relevantes, paralelamente aos edifícios públicos. "No caso concreto dos hotéis, a factura energética é um dos principais itens na rubrica de custos da sua conta de exploração, sendo o potencial de poupança significativo através da eficiência energética dos equipamentos e boas práticas de utilização e operação das instalações", refere Pedro Louro da Galp Soluções de Energia. QUATRO FASES A estratégia para o CHL está a desenvolver-se em quatro fases. A primeira consistiu na identificação e avaliação preliminai do potencial de eficiência energética. Aqui foi efectuada a recolha de informação sobre consumos de energia (gás, electricidade), água, dados sobre os perfis de consumo e taxas de ocupação. Esta análise foi feita anteriormente à visita preliminar do edifício e com o intuito de avaliar as condições de funcionamento e estado de manutenção das instalações. "Esta avaliação reveste-se da maior importância porque é aqui que se avalia o potencial de poupança e se define a estratégia para a execução da avaliação energética do edifício e dos equipamentos", explica Paulo Oliveira, especialista do ISQ Fnergia. "Na avaliação energética, é efectuada a medição do consumo de energia dos sistemas, o rendimento dos equipamentos e, entre outros dados, é também analisado o perfil de utilização das diversas instalações no edifício com vista à identificação das oportunidades de redução do
4 consumo de energia", completa. De acordo com os profissionais, esta avaliação é mais do que uma auditoria simplificada para a certificação do edifício, já que é necessário efectuar um estudo profundo e detalhado das instalações e do seu funcionamento e calcular o seu impacto no consumo energético do edifício. "É fundamental detectar vícios e erros nas instalações, assim com a razão para o seu consumo de energia, ainda que aparentemente normal", referem. Nesta primeira fase, a análise do tarifário dos diferentes vectores de energia que fornecem o hotel é também indispensável, no sentido de avaliar o potencial de redução do custo da factura por via da gestão da procura da energia. Posteriormente, numa segunda fase, avança-se para a auditoria energética e concepção do projecto de eficiência energética, havendo já um acordo prévio com o cliente, que evolui para o contrato de performance. Daí decorrem as fases de implementação e exploração do projecto de eficiência energética (estas fases serão acompanhadas em detalhe nas próximas edições da Climatizacão). MUDANÇAS EM TRÊS VERTENTES A par do investimento na eficiência energética, o contrato implica uma estratégia em três vectores fundamentais: mudança tecnológica, comportamental e organizacional, O primeiro prende-se com uma análise técnica aos equipamentos e instalações, como controlo de energia, tecnologias de construção, motores, iluminação, climatização, instalações eléctricas, etc. A mudança comportamental prevê a actuação junto dos hóspedes e funcionários no cue respeita ao uso da energia. "Os seus hábitos têm um impacto significativo sobre os consumos", referem. "Os colaboradores do CHL são parte importante de uma organização eficiente em termos energéticos, pois possuem informações claras e factuais que podem ajudar a melhorar a sua implementação e compreensão. É necessário informá-los sobre novas iniciativas e modernizações. Os colaboradores têm de estar bem informados e os mais qualificados deverão actuar como embaixadores da eficiência energética para os clientes do hotel". Relativamente à mudança organizacional, os responsáveis explicam que "os procedimentos e a normalização auxiliam a reduzir custos. Nesta última linha estratégica é fundamental, para a implementação da política energética, o empenho da gestão de topo, que no CHL terá uma implementação facilitada pois esta
5 A POLÍTICA ENERGÉTICA PARA O HOTEL CORINTHIA "Alterar o pensamento na direcção certa, abordando preocupação está interiorizada na gestão de topo, particularmente personificada no Eng Pedro Ferreira, que desde cedo demonstrou a mesma vontade na obtenção de resultados importantes e apoiou a estratégia definida". Nesse sentido, o projecto aposta, paralelamente, na formação e sensibilização dos colaboradores. "A integração de pessoal com formação especializada em engenharia e de manutenção é importante considerar. A formação técnica em sistemas, eficiência energética, utilização racional de energia térmica e eléctrica permitirá ao pessoal técnico modificar as operações e eumentar a eficiência", esclarecem. SUSTÊNTABILIDADÊ A ambição do projecto vai além da sustentabilidade energética: "no projecto para o CHL, concentramo-nos não apenas na sustentabilidade energética mas também na sustentadilidade económica e social, pois só assim seria possível obter o sucesso ambicionado", referem. Desta forma, graças à redução do custo da energia, o hotel poderá aumentar os resultados financeiros, obter um serviço mais competitivo, orientando-se melhor para o "hóspede". Para além da competitividade energética e todas as vantagens económicas associadas a uma maior eficiência energética, este contrato pretende ter outras mais-valias, tais como: os edifícios de forma integrada e definindo a política energética para cada edifício" é o objectivo dos profissionais envolvidos neste projecto. Com base nesta linha orientadora foi concebido o conceito de Hotel Energeticamente Eficiente que "pretende criar uma identidade que seja uma referência na utilização eficiente de energia e respectiva produção autónoma nomeadamente, através de fontes renováveis". Dessa forma, definiram-se cinco eixos centrais: "Conservação de Energia, como o primeiro recurso para a redução dos consumos de energia. Isolar, sombrear, recuperar são algumas Melhorar as condições de conforto e os níveis de satisfação; Reduzir os custos com a manutenção e falhas nos sistemas, actuando na simplificação das instalações e reduzir a intensidade de matérias-primas no processo; Aumentar a vida útil dos equipamentos e o valor patrimonial; das formas económicas de conservar a energia e de não a degradar, possibilitando também a redução da intensidade de matérias-primas nas alterações necessárias a efectuar à instalação, controlando desse modo o investimento; Eficiência Energética mais vocacionada para os equipamentos e para a utilização eficaz das diferentes formas de energia. A eficiência energética está intimamente ligada com o aumento da intensidade de serviço dos equipamentos, garantindo dessa forma melhores performances e menores custos de investimento; Gestão da Procura de Energia, não para aumentar a eficiência directa do edifício mas para actuar principalmente na redução do custo com a factura de energia. Transferência de consumos, alteração dos perfis de consumo e recurso a soluções passivas são algumas das medidas que permitem efectuara gestão da procura de energia, reduzindo também o "peak load" e contribuindo assim para uma melhor gestão da rede eléctrica nacional; Utilização de recursos endógenos, que, sendo um objectivo social, é também uma forma de proporcionar autonomia no abastecimento e reduzir a dependência de fontes primárias de energia; A diversificação dos vectores energéticos com viabilidade tecnológica e económica, permitirá uma maior segurança no abastecimento de energia e controlar a gestão da procura de energia". Progredir na cidadania corporativa, contribuindo para reduzir as emissões de CO para atmosfera.
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